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RITA LEE, registrada civilmente como Rita Lee Jones de Carvalho, brasileira,
solteira, artista e política, inscrita no CPF sob o nº 070.399.573-86, portadora da
CIRG nº 07.143.567-9 SSP/SP, residente e domiciliada na Rua Joaquim Távora, n.º
670, Vila Mariana, em São Paulo/SP, CEP 04015-011, com o seguinte endereço
eletrônico: ritalee@gmail.com, por intermédio de seus procuradores que ora
subscrevem, com o devido acato e respeito e com fundamento no Código Civil e no
Código de Processo Civil, vem perante Vossa Excelência propor:
II. DO DIREITO
Logo, não há o que se discutir quanto ao descaso da Ré, uma vez que é fato
que essa REQUERENTE não teve o efetivo sigilo e proteção de dados, o qual
esperava ter ao fornecê-los para o empreendimento REQUERIDO. Ao acordar o
contrato acerca da prestação de serviços, evidencia-se que essa REQUERIDA
obrigava-se reservar um cuidado especial à manutenção das informações
pessoais da REQUERENTE.
Nessa toada, há de se observar o dispositivo legal do Código Civil acerca da
conduta ilícita da ré, que causou expresso dano moral à autora:
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Como se infere dos artigos, violar-se um dever jurídico, causando dano para
outra pessoa, configura-se ato ilícito. Nessa toada, em conformidade com o art. 927,
do Código Civil, àquele que, por ato ilícito, causar dano para outrem, fica obrigado
repará-lo. A partir disso, nasce uma obrigação de reparar o dano por parte da
REQUERIDA, bem como um direito para essa REQUERENTE de ver reparado seus
prejuízos.
Sendo assim, considera-se que o direito já está estabelecido, em razão da
ação praticada pela ré quando registrou o boletim de ocorrência apenas 96 (noventa
e seis) horas depois da invasão hacker (mov. 1.4), bem como pela omissão quanto à
falta de um sistema de segurança em seus computadores (mov.1.7), demonstrando,
assim, o caráter culposo acerca da negligência e da imprudência do ato que
enseja essa lide.
Relativamente à segurança esperada pela REQUERENTE, observa-se que,
conforme o art. 44, da Lei Geral de Proteção de Dados, o tratamento de dados
pessoais será considerado irregular quando não se observar o que dispõe o
dispositivo da lei ou por ele não fornecer uma efetiva segurança para qual o titular
espera tratamento, devendo-se considerar, segundo uma leitura do seu inciso I, o
modo pelo qual ele é realizado. Portanto, verifica-se que essa REQUERENTE desde
o dia da pactuação do contrato, acreditava fielmente que suas informações estavam
sendo tratadas e protegidas da melhor maneira, tendo sido, sobretudo, surpreendida
com o vazamento dessas, o que configura exatamente o evento irregular presente
no artigo em comento e o direito de ação da REQUERENTE.
No mais, é de conhecimento notório que o empreendimento REQUERIDO
atende diversas pessoas públicas, cujos dados pessoais e sensíveis não devem e
não podem permanecer à disposição de terceiros alheios à empresa. Ora, pois já
deveria, como se acreditava pela REQUERENTE, estar acostumada com uma
conduta adequada, uma vez que sua prestação de serviço depende deste
cuidado.
Sendo assim, não se podem ignorar as faces da dimensão que o erro da Ré
custou à Autora. Se não fosse pelo desleixo com as informações da contratante,
esta jamais haveria de sofrer tanta discriminação.
GASTOS MATERIAIS
R$ 200.000,00 ÷ 2 (gastos
Valores pagos mensalmente com o
divididos com o Partido
cumprimento do contrato até o dia do
Guitarra Elétrica) =
vazamento dos dados
R$ 100.000,00
Estimativa de ganhos se não tivesse perdido
R$ 150.000,00
inúmeros trabalhos
Nessa perspectiva, uma vez que o quantum indenização mede-se pelo dano,
constata-se na presente lide o disposto na Teoria da Perda de uma Chance, uma
vez que o dano sofrido pela conduta da ré é irreversível, não possuindo essa autora
condições de restabelecer o desfecho das eleições.
A doutrina, por conseqüência, reconhece o cenário de indenização por perda
de uma chance, quando uma pessoa tem frustrada legítima expectativa ou
oportunidade futura em razão de conduta ilícita de outra pessoa, que, dentro da
lógica razoável, ocorreria se as coisas tivessem seguido normalmente. Então, para
que o dano seja configurado, é necessário:
Nesse nexo, vale salientar outro entendimento adotado pelo Egrégio Tribunal
de Justiça do Estado de São Paulo, pelo qual se pode entender que o instituto da
responsabilidade pelo vazamento de dados em virtude da falta de segurança da
empresa é objetiva, salvo se não provado efetivo dano. Ademais, nota-se que o
prestador de serviços deve zelar pela total segurança do seu sistema, evitando
acesso e fraude por terceiros, além de assumir os riscos de sua atividade
empresarial.
Da mesma forma, tais constatações são somadas ao fato de que as empresas
somente se eximem dessa responsabilidade objetiva quando não houver violação à
legislação de proteção de dados ou quando o dano decorrer de culpa exclusiva de
terceiro, o que não é o caso da presente lide, visto que fica provado que o
empreendimento REQUERIDO deixou de adotar medida de segurança presente na
estipulação inter partes, dando, assim, causa para que terceiros tivessem acesso
àqueles dados. Vejamos:
Então, não restam dúvidas que o fato em tela gerou transtornos à autora, os
quais ultrapassam o mero aborrecimento, quando não houve boa-fé por parte da ré
em avisar, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, essa autora acerca do vazamento
dos dados, o que poderia evitar, em boa parte, tanta depreciação moral. Haja vista
tamanha desconsideração da ré verifica-se no presente caso que essa autora teve
violação de um de seus direitos fundamentais. Sendo assim, pede-se aplicação na
presente lide do disposto no art. 5º, inciso X, da Carta Magna brasileira de 1988,
como forma de tentar ressarcir-se pelos danos materiais e morais, bem como pela
perda da chance da autora, ensejados em questão, vejamos o que dispõe:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: