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Código Civil
Estético
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS
ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE
• Responsabilidade depende da natureza do serviço prestado:
– Atos essencialmente médicos: responsabilidade objetiva indireta
– Atos paramédicos: responsabilidade objetiva
– Atos extramédicos: responsabilidade objetiva
1. Conforme disposto no decisum agravado, o Tribunal de origem, ao reconhecer a responsabilidade estatal sobre os danos morais sofridos pela
recorrida em decorrência do óbito de sua filha e de seu neto nascituro, majorou o quantum indenizatório com base nos seguintes fundamentos:
"Em casos de danos morais decorrentes de negligência médica que resulta na morte do filho (encontrado nos precedentes desta Câmara Cível), a
indenização tem sido fixada em quantias que variam entre R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), adotando-se este
último montante como valor básico inicial, considerando a gravidade e a extensão do abalo emocional.
Na segunda fase para a fixação definitiva da indenização, sem descuidar do valor básico anteriormente determinado, ajustando-se às
circunstâncias particulares do caso, devem ser considerados os seguintes fatores: a) a vítima era uma jovem de 18 (dezoito) anos, residia com a
sua genitora, a parte Autora, e não exercia ocupação laboral; b) a gestação tinha ultrapassada a 37ª (trigésima sétima) semana, ou seja, havia
alcançada a etapa final, aproximando-se da data do parto; c) o nascituro estava bem desenvolvido, ou seja, era plenamente viável o seu
nascimento com vida, de modo que ele também pode ser considerado vítima da negligência médica, nos termos do art. 2°, última parte, do
CC/2002. Desse modo, considerando especialmente o óbito do nascituro, entende- se por bem adotar como referência da indenização o valor de
R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), haja vista que a jurisprudência iterativa das Câmaras Cíveis estabelece que, em caso de morte do ser humano
já concebido, cujo nascimento é dado como certo. Por consequência, nesta segunda fase, soma-se o valor de referência da indenização com o
valor estabelecido na primeira fase (R$ 100.000,00 + R$ 50.000,00), totalizando a quantia de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), a qual
reduzo para o montante R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais), adequando-a ao pedido formulado nas razões recursais e aos parâmetros do
método bifásico de liquidação das indenizações de danos morais" (fls. 310-311, e-STJ).
3. Dessa forma, aplicar posicionamento distinto do proferido pelo aresto confrontado implica reexame da matéria fático-probatória, o que é
obstado ao STJ, como determina a Súmula 7/STJ: "A pretensão de simples reexame de prova não enseja Recurso Especial".
(AgInt no REsp n. 1.948.045/AC, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 28/3/2022, DJe de 12/4/2022.)
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. SÚMULA Nº 7/STJ.
INOCORRÊNCIA. QUANTUM IRRISÓRIO. DEMORA EM PROCEDIMENTO MÉDICO. NECESSIDADE DE PARTO POR
CESARIANA. RECONHECIMENTO TARDIO. MORTE DA CRIANÇA NO VENTRE MATERNO. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO PELO JUIZ. MÉTODO BIFÁSICO. VALORIZAÇÃO DO INTERESSE JURÍDICO
LESADO E CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO. DECISÃO MANTIDA.
1. Nos termos da jurisprudência pacífica do STJ, é possível a modificação do quantum indenizatório quando os danos morais
forem flagrantemente irrisórios ou exorbitantes, hipótese verificada na espécie à luz do método bifásico, inexistindo razão para
aplicar a Súmula nº 7/STJ. Precedentes do STJ.
2. O método bifásico, como parâmetro para a aferição da indenização por danos morais, atende às exigências de um
arbitramento equitativo, pois, além de minimizar eventuais arbitrariedades, evitando a adoção de critérios unicamente
subjetivos pelo julgador, afasta a tarifação do dano, trazendo um ponto de equilíbrio pelo qual se consegue alcançar razoável
correspondência entre o valor da indenização e o interesse jurídico lesado, bem como estabelecer montante que melhor
corresponda às peculiaridades do caso. 3. Na primeira fase, o valor básico ou inicial da indenização é arbitrado tendo-se em
conta o interesse jurídico lesado, em conformidade com os precedentes jurisprudenciais acerca da matéria (grupo de casos).
4. Na segunda fase, ajusta-se o valor às peculiaridades do caso com base nas suas circunstâncias (gravidade do fato em si,
culpabilidade do agente, culpa concorrente da vítima, condição econômica das partes), procedendo-se à fixação definitiva da
indenização, por meio de arbitramento equitativo pelo juiz.
5. Irrisório, no caso, os danos morais em R$ 10 mil, devendo ser elevados para R$ 90 mil, mantido o julgado de origem quanto
à correção monetária, juros de mora e honorários advocatícios. Recurso especial provido.
6. Agravo interno não provido.
(AgInt no REsp n. 1.608.573/RJ, relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 20/8/2019, DJe de
23/8/2019.)
RESPONSABILIDADE • PROPOSIÇÃO LEGISLATIVA: ISENÇÃO DE
CIVIL DO MÉDICO E RESPONSABILIDADE POR SIMPLES NEGLIGÊNCIA
COVID-19
• Art. X Dadas as circunstâncias urgentes e dramáticas em que
médicos, profissionais de saúde e outros provedores do
setor médico precisam prestar serviços, o Estado deve
garantir que a partir de 20 de março de 2020 até o final da
declaração de emergência esses profissionais não sejam
responsabilizados por eventos adversos relacionados a
covid-19, exceto em casos de grave negligência.
• § 1º O mesmo se aplica a outros profissionais e titulares de
cargos públicos que tiveram que tomar decisões rápidas e
difíceis diretamente relacionadas à crise da covid-19.
Rosenvald, Nelson. Por uma isenção • § 2º Essas isenções não se aplicam ao Estado, que
de responsabilidade dos
profissionais de saúde por simples permanece responsável de acordo com o regime específico
negligência em tempos de de responsabilidade existente.
pandemia. Migalhas, 05 mai. 2020.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO E COVID-19
• Indenização se mede pela extensão do dano (art. 944 CC), não
pelo grau de culpa do agente
• Na pandemia da covid-19, a demanda por serviços de saúde
ultrapassa a oferta disponível. Prestadores de serviços de saúde
- principalmente médicos na linha de frente - tomam decisões
de vida ou morte sobre o racionamento de serviços de saúde.
• A responsabilidade pessoal do médico se mantém subjetiva
(arts. 951, CC c/c 14, § 4º, CDC), porém a avaliação casuística
do “cuidado razoavelmente exigível” será contextualizada ao
quadro de exceção. Rosenvald, Nelson; Pereira, André Dias;
Doménech, Javier Barceló. Proteção jurídica dos
profissionais de saúde envolvidos no atendimento
em contexto da pandemia da COVID-19.
Cadernos Ibero-Americanos de Direito Sanitário,
Brasília, 10 (2), abr./jun. 2021.
Obrigada!