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Direito da Saúde

Responsabilidade por danos em saúde

João Valente Cordeiro Paula Lobato Faria


joao.cordeiro@ensp.unl.pt pa.lobfaria@ensp.unl.pt
Objetivos
1. Distinguir os vários tipos jurídicos de responsabilidade
por danos;

2. Identificar os princípios e pressupostos essenciais da


responsabilidade civil;

3. Distinguir diferentes regimes de responsabilidade civil


aplicados pelos tribunais portugueses (em contraponto com
outras ordens jurídicas)

4. Identificar os princípios e pressupostos essenciais da


responsabilidade penal;

5. Identificar os principais tipos criminais na área da saúde.


Alguns casos paradigmáticos…
Talidomida e
focomelia

Frances Oldham Kelsey


CREDIT: US FDA/FLICKR
HTTPS://WWW.SCIENCEMAG.ORG/CAREERS/2015/08/LEGACY-DRUG-SAFETY
Sangue contaminado (França)

Guardian, 24 Out 1992


Sangue contaminado (França)

Guardian, 24 Out 1992


https://arquivos.rtp.pt/conteudos/processo-do-caso-dos-hemofilicos/
https://www.publico.pt/2003/07/21/sociedade/noticia/supremo-tribunal-de-justica-confirma-prescricao-do-caso-dos-hemofilicos-1158115
Albertine Sarrazin (1937-1967)
Processo judicial condena cirurgião e anestesista, em1972
Andy Warhol (1928-1987)
Morre de forma inesperada durante cirurgia à vesícula num hospital em Nova Iorque
Betsy Lehman (1928-1987)

Jim Conway HSPH Harvard


https://slideplayer.com/slide/4955764/
Tereza Coelho (1959-2009)
Tipos de responsabilidade
(cumulativos)

- Penal

- Civil

- Disciplinar (Profissional)

- Disciplinar (Administrativa)
Tipos de responsabilidade
(cumulativos)

- Penal (Responsabilidade pela prática de


crimes; finalidade preventiva e repressiva)

- Civil (responsabilidade por danos causados


a outrem; finalidade preparatória ou
compensatória)

NOTA: De acordo com o Princípio da Adesão, caso


esteja em curso processo crime pelos mesmos
factos, o pedido de indemnização civil deve ser
realizado no processo-crime e não em ação cível
autónoma.
Tipos de responsabilidade
(cumulativos)

- Penal (julgado perante um tribunal criminal, MP investiga,


Arguido defende-se e Assistente também pode intervir/
acusar; decisão de condenação consiste numa sanção, por ex.
privação da liberdade, multa, proibição de conduta, ou outra)

- Civil (julgado perante um tribunal cível, as partes - Autor e


Réu - apresentam os seus argumentos e a decisão
geralmente consiste numa indemnização/compensação pelos
danos sofridos)

- Disciplinar (profissional) (apreciado pelo órgão


disciplinar de uma Ordem Profissional, arguido defende-se e
decisão de condenação consiste numa sanção, por ex.
advertência, censura, suspensão ou expulsão)
Tipos de responsabilidade
(cumulativos)

- Penal (julgado perante um tribunal criminal, MP investiga,


Arguido defende-se e Assistente também pode intervir/
acusar; decisão de condenação consiste numa sanção, por ex.
privação da liberdade, multa, proibição de conduta, ou outra)

- Civil (julgado perante um tribunal cível, as partes - Autor e


Réu - apresentam os seus argumentos e a decisão
geralmente consiste numa indemnização/compensação pelos
danos sofridos)

- Disciplinar (profissional) (apreciado pelo órgão


disciplinar de uma Ordem Profissional, arguido defende-se e
decisão de condenação consiste numa sanção, por ex.
advertência, censura, suspensão ou expulsão)

Também pode ocorrer responsabilidade


Disciplinar (administrativa), por ex por
violação dos deveres funcionais do trabalhador
(profissional de saúde) que pode redundar em
decisão que fundamente um despedimento por
justa causa. Pode também ter vertente contra-
ordenacional no âmbito da atuação das entidades
reguladoras, ex ERS ou IGAS.
Responsabilidade Disciplinar
(profissional)

- Destina-se a manter a coesão e o prestígio de um

determinado grupo profissional

- As Ordens Profissionais exercem poder disciplinar

sobre os seus membros


Factores preditivos do aumento de casos
judiciais de responsabilidade por danos em
saúde

• Aumento crescente do número de doentes e


de actos médicos;

• Novas tecnologias e cada vez mais


diferenciadas;

• Mais terapias e medicamentos inovadores;

• Contenção de despesas: menos pessoal, menos


condições técnicas, menos recursos;

• Maior poder reivindicativo das vítimas de dano.


Aspetos particulares da
responsabilidade civil
por danos em saúde
Responsabilidade civil
por danos em saúde

- Matéria jurídica de grande


complexidade (“labiríntica”);

- Inadequação da lei geral à matéria


específica do dano em saúde;

- Grandes dificuldades de prova em


tribunal.
Tipos de
Responsabilidade civil

- Subjetiva (por facto ilícito e culposo)

- Objetiva (pelo risco, i.e. independente da culpa)

- Por atos lícitos (pelo sacrifício).


Albertine Sarrazin (1937-1967)
Processo judicial condena cirurgião e anestesista, em1972

- AS morre após ter sido submetida a uma


nefrectomia.

- Nada fazia prever tal desfecho.

- Prova-se a negligência do cirurgião e dos


anestesistas durante várias fases: análises,
mudança de posições, falta de vigilância no recobro,
etc.

- O cirurgião e o anestesista envolvidos são


condenados a pagar uma indemnização.

Se estes factos ocorressem hoje, em Portugal,


qual seria o tipo de responsabilidade civil que
estaria em causa?
Tipos de
Responsabilidade civil

- Subjetiva (é regra em Portugal)

- Objetiva (é menos comum)

- Por atos lícitos (muito rara).


Responsabilidade civil
por danos em saúde
REGIMES LEGAIS APLICÁVEIS
Setor Cuidados de Setor
Público saúde Privado

Mesmo ato de cuidados de saúde significa o mesmo


regime legal de responsabilidade civil por danos?
Setor Cuidados de Setor
Público saúde Privado

Mesmo ato de cuidados de saúde significa o mesmo


regime legal de responsabilidade civil por danos?

NÃO.
Setor Cuidados de Setor
Público saúde Privado

• Responsabilidade civil • Responsabilidade


extracontratual civil contratual
• Direito Público • Direito Privado
• Lei 67/2007, de 31/12 • Código Civil
Responsabilidade Civil Extracontratual do
Estado e Pessoas Coletivas de Direito Público • Tribunais Cíveis
• Tribunais Administrativos • Prescrição 20 anos
• Prescrição: 3 anos
Setor Cuidados de Setor
Público saúde Privado

• Responsabilidade civil • Responsabilidade


extracontratual civil contratual
• Direito Público • Direito Privado
• Lei 67/2007, de 31/12 • Código Civil
Responsabilidade Civil Extracontratual do
Estado e Pessoas Coletivas de Direito Público • Tribunais Cíveis
• Tribunais Administrativos • Prescrição 20 anos
• Prescrição: 3 anos

Mas nem tudo é diferente…


Responsabilidade Civil:
Requisitos/pressupostos gerais

- Facto (voluntário)
- Ilicitude (não cumprimento de um dever juridicamente imposto)
- Culpa (dolo ou negligência)
- Dano
- Nexo de causalidade ente facto e dano

O preenchimento de todos os
pressupostos tem que ser provado
em Tribunal.
Responsabilidade Civil:
Requisitos/pressupostos gerais

- Facto (voluntário)
- Ilicitude (não cumprimento de um dever juridicamente imposto)

- Culpa* (dolo ou negligência)


- Dano

- Nexo de causalidade ente facto e dano*

* Mais difíceis de
provar em Tribunal.
Responsabilidade Civil:
Requisitos/pressupostos gerais

Facto ilícito:
Acto voluntário (não acidental ou
fortuito) contrário ao Direito,
incluindo a violação das Leges
Artis (definidas pelas melhores
evidências científicas internacionais)
Responsabilidade Civil:
Requisitos/pressupostos gerais

Culpa (sentido lato):

• Dolo (ato intencional)

• Negligência (mera culpa, desvio do


padrão médio de zelo e diligência)
Responsabilidade Civil:
Requisitos/pressupostos gerais

Aferição da Culpa (negligência):

Art. 10.º, n.º1 da Lei 67/2007, de 31/12:


“A culpa dos titulares de órgãos, funcionários e agentes
deve ser apreciada pela diligência e aptidão que seja
razoável exigir, em função das circunstâncias de
cada caso, de um titular de órgão, funcionário ou agente
zeloso e cumpridor.”

Art. 487.º, n.º2 do Código Civil:


“A culpa é apreciada, na falta de outro critério legal, pela
diligência de um bom pai de família, em face das
circunstâncias de cada caso”.
Responsabilidade Civil:
Requisitos/pressupostos gerais

Graus de culpa (negligência):

- Culpa Grave (negligência grosseira): aquela


em que não incorre o agente minimamente zeloso e
diligente

- Culpa Leve: aquela em que não incorre o agente


médio zeloso e diligente

- Culpa Levíssima: aquela em que só não incorre o


agente excepcionalmente zeloso e diligente (com
especial habilidade ou conhecimento singular)
Responsabilidade Civil:
Requisitos/pressupostos gerais

Presunção de culpa (negligência):

Art. 10.º, n.º 2 da Lei 67/2007, de 31/12:


“Sem prejuízo da demonstração de dolo ou culpa grave,
presume-se a existência de culpa leve na prática de
actos jurídicos ilícitos.”

Art. 487.º, n.º1 do Código Civil:


“É ao lesado que incumbe provar a culpa do autor da
lesão, salvo havendo presunção legal de culpa.”
(regra geral)

Art. 799.º, n.º1 do Código Civil:


“Incumbe ao devedor provar que a falta de
cumprimento ou o cumprimento defeituoso da
obrigação não procede de culpa sua.”
(regra especial da resp. civil contratual)
Responsabilidade Civil
Graus de culpa (negligência) e
responsabilidade solidária
(Setor Público):

- Culpa Grave (negligência grosseira): O


Estado ou a instituição pagam a indemnização na
totalidade* mas tem direito de regresso sobre
o(s) profissional(is) (Art. 8.º, da Lei 67/2007, de
31/12)

- Culpa Leve: O Estado ou a instituição pagam a


indemnização na totalidade* (Art. 7.º, n.º 1 da Lei
67/2007, de 31/12)

* A responsabilidade é solidária, i.e.. cada devedor responde pela


totalidade da indemnização (524.º do CC) mas “O direito de
regresso entre os responsáveis existe na medida das respectivas culpas e
das consequências que delas advieram, presumindo-se iguais as
culpas das pessoas responsáveis.”
art. 497.º do CC ex vi art. 10.º, n.º 4 da L 67/2007
Responsabilidade Civil

Responsabilidade solidária
(Setor Privado):

- Na responsabilidade civil contratual a


regra é a da responsabilidade ser conjunta
e não solidária, i.e. cada um dos devedores
responde na proporção da sua culpa/prestação
(mas a solidariedade pode ser convencionada entre as
partes, cfr. art. 513.º do CC)

- Contudo, a Instituição pode acabar a pagar a


totalidade da indemnização por força da
aplicação do art. 800.º* do CC.

* 1. O devedor é responsável perante o credor pelos actos dos seus


representantes legais ou das pessoas que utilize para o
cumprimento da obrigação, como se tais actos fossem praticados
pelo próprio devedor.
2. A responsabilidade pode ser convencionalmente excluída ou
limitada, mediante acordo prévio dos interessados, desde que a
exclusão ou limitação não compreenda actos que representem a
violação de deveres impostos por normas de ordem pública”
Responsabilidade Civil:
Requisitos/pressupostos gerais

Danos:

• Patrimoniais (passíveis de serem


aferidos por referência direta a um valor
monetário): danos emergentes (despesas) e
lucros cessantes (perda de rendimentos)

• Não patrimoniais (não passíveis de


serem aferidos por referência direta a um
valor monetário): sofrimento, morte, lesões
físicas, lesões estéticas, “perda de chance”
Responsabilidade Civil:
Requisitos/pressupostos gerais

Nexo de causalidade entre o


facto (ilícito e culposo) e o dano
É condição adequada para produzir o
dano aquela que, para além de poder de facto
produzir o dano, se deva considerar que, em
condições normais, segundo as regras da
experiência, previsivelmente produziria o dano,
ou então que o haja produzido, por razões
excepcionais conhecidas do agente.

Teoria da causalidade adequada


Art. 563.º do CC

Existem outras teorias: sine qua non, da equivalência das condições, da


última condição, do escopo da normma, da condição eficiente, etc.
Diferentes regimes de responsabilidade civil por
danos em saúde

Responsabilidade Finlândia,
Portugal civil por danos em Suécia,
saúde Austrália, por ex

• Para se obter indemnização


tem que se interpor • A indemnização é requerida
obrigatoriamente uma ação num impresso próprio junto
em tribunal (ou acordar do Ministério da Saúde, sem
extrajudicialmente com a outra parte) que seja preciso provar a
culpa de alguém. O nexo de
causalidade presume-se
existente.
Diferentes regimes de responsabilidade civil por
danos em saúde

In Finland, the "Patient Injury Act" came into force on 1 May 1987. The legislation covers
all patients given medical treatment in Finland. Injuries defined by the law fall into four
categories: actual treatment injury, infection injury, accidental injury and diagnostic injury.
The claim can be entered without any evidence of fault or causation.

[The Patient Injury Act in Finland] Ranta H. Rev Belge Med Dent (1984).
1993;48(1):43-8.

The Finnish Patient Insurance Centre


https://www.pvk.fi/en/
The French ONIAM
https://www.oniam.fr/
The French ONIAM
https://www.oniam.fr/
Exemplo final

Morte pós-operatória, no quarto

- Anestesista (saiu da clínica logo após operação, sem deixar rasto);

- Cirurgião (sabia que anestesista era negligente);

- Clínica (não tinha meios de ressuscitação, nem sala de recobro).

Intentada ação judicial contra os três.


Exemplo final

Desfecho

- Prova-se a culpa dos três, mas é a clínica que é condenada a


pagar a totalidade da indemnização;

- Clínica tem direito de regresso contra anestesista e cirurgião


na medida das suas culpas.
Exemplo final

Desfecho

- Prova-se a culpa dos três, mas é a clínica que é condenada a


pagar a totalidade da indemnização;

- Clínica tem direito de regresso contra anestesista e cirurgião


na medida das suas culpas.

- Anestesista é ainda condenado pelo crime de homicídio


negligente;
Aspetos particulares da
responsabilidade
penal por danos em
saúde
Primeira norma penal médica

- Código de Hamurabi (circa 1750 aC)

- Os artigos do Código de Hamurabi descreviam casos que


serviam como modelos a serem aplicados em questões
semelhantes.

- Para limitar as penas, o Código anotou o princípio de Talião,


sinônimo de retaliação. Por esse princípio, a pena não seria uma
vingança desmedida, mas proporcional à ofensa cometida pelo
criminoso. E sendo assim "olho por olho, dente por dente”

“218. Se um médico fizer uma larga incisão com uma faca de operações e
matar o paciente, ou abrir um tumor com uma faca de operações e cortar o
olho, suas mãos deverão ser cortadas. 219. Se um médico fizer uma larga
incisão no escravo de um homem livre, e matá-lo, deverá substituir o escravo
por outro.”
Responsabilidade penal
por danos em saúde
REGIMES LEGAIS APLICÁVEIS

- Código Penal

- Legislação penal avulsa


Responsabilidade penal
por danos em saúde
Princípios fundamentais

- Nullum crimen sine lege

- Interdição de retroactividade

- Comissão por acção e por omissão

- Nulla poena sine culpa

- Pessoalidade (com excepções)

- Tentativa pode ser punível

- Causas de exclusão da ilicitude e da culpa


Responsabilidade penal
por danos em saúde
Sanções (penas e medidas de segurança)

- Privação da liberdade

- Multa
- Coima (sanção contra-ordenacional, natureza penal)

- Proibição do exercício da função (Art. 66.º Código Penal)

- Suspensão do exercício da função (Art. 67.º CP)

- Interdição de actividades (Art.100.º CP)


Responsabilidade Penal:
Requisitos/pressupostos gerais

- Facto (voluntário)
- Ilicitude (não cumprimento de um dever juridicamente
imposto em norma penal incriminadora)

- Culpa (dolo ou, excepcionalmente, negligência)


- Resultado jurídico (lesão ou, nalguns casos, perigo
concreto da mesma)

- Nexo de causalidade ente facto e resultado


jurídico

O preenchimento de todos os
pressupostos tem que ser provado em
Tribunal.
Responsabilidade Penal

Culpa (sentido lato):


• Dolo (ato intencional) (art. 14.º CP)
• Directo (intenção de cometer o crime)
• Necessário (o crime é consequência
necessária da conduta)

• Eventual (prevê-se o crime como


consequência da acção e não se evita)

• Negligência (mera culpa, desvio do


padrão médio de zelo e diligência, prevendo
(negligência consciente) ou não
(negligência inconsciente) o resultado)
(art. 15.º CP)
Responsabilidade Penal

Artigo 13.º do CP
Só é punível o facto praticado
com dolo ou, nos casos
especialmente previstos na lei,
com negligência.
Responsabilidade penal
por danos em saúde
Principais crimes na área da saúde (I)
(Código Penal)

- Homicídio privilegiado (art.133.º)

- Homicídio a pedido da vítima (art. 134.º)

- Incitamento ou ajuda ao suicídio (art. 135.º)

- Homicídio por negligência (art.137.º)

- Aborto (arts. 140.º a 142.º)

- Ofensa à integridade física (arts. 143.º e segs.)


Responsabilidade penal
por danos em saúde
Principais crimes na área da saúde (II)
(Código Penal)

- Intervenções e tratamentos médico-


cirúrgicos sem observação das leges artis
(art.150.º)

- Intervenções e tratamentos médico-


cirúrgicos arbitrários (art.156.º)
- Dever de esclarecimento (art.157.º)

- Procriação artificial não consentida (art.


168.º)
Responsabilidade penal
por danos em saúde

Intervenções e tratamentos médico-cirúrgicos


(art. 150.º do CP)

- Não se consideram ofensa à integridade física as


intervenções e tratamentos que segundo o estado dos
conhecimentos e da experiência da medicina forem
levados a cabo:

- de acordo com as leges artis;

- por um médico ou por outra pessoa legalmente


autorizada;

- com intenção de prevenir, diagnosticar, debelar ou


minorar doença, sofrimento, lesão ou fadiga corporal, ou
perturbação mental.
Responsabilidade penal
por danos em saúde

Intervenções e tratamentos médico-cirúrgicos


arbitrarios
(art. 156.º do CP)

As pessoas indicadas no artigo 150.º que, em vista das


finalidades nele apontadas, realizarem intervenções ou
tratamentos sem consentimento do paciente, são
punidas com pena de prisão até 3 anos ou com pena de
multa.
Responsabilidade penal
por danos em saúde
Dever de esclarecimento
(art. 157.º do CP)

O consentimento só é eficaz quando o paciente tiver


sido devidamente esclarecido sobre o diagnóstico e a
índole, alcance, envergadura e possíveis consequências da
intervenção ou do tratamento, salvo se isso implicar a
comunicação de circunstâncias que a serem conhecidas pelo
paciente, poriam em perigo a sua vida ou seriam
susceptíveis de lhe causar grave dano à saúde, física e
psíquica.

Ex. de excepção: situação de emergência em que o consentimento


foi dado para um determinado ato e, durante este, apresenta-se
necessário realizar outro tipo de ato, não se podendo obter novo
consentimento, sem prejuízo da saúde ou da vida do paciente.
Responsabilidade penal
por danos em saúde
Principais crimes na área da saúde (III)
(Código Penal)

- Devassa da vida privada (art.192.º)

- Violação de segredo (art.195.º)

- Omissão de auxílio (art. 200.º)

- Atestado falso (art.260.º)

- Corrupção de substâncias alimentares ou


medicinais (art.282.º)
Responsabilidade penal
por danos em saúde
Principais crimes na área da saúde (IV)
(Código Penal)

- Propagação de doença, alteração de


análise e de receituário (art.283.º)
- Recusa de médico (art.284.º)

- Agravação pelo resultado (art.285.º)


Responsabilidade penal
por danos em saúde
Principais crimes na área da saúde (IV)
(Código Penal)

Crime de propagação de doença contagiosa


(Crime de perigo Comum)
art. 283.º do Código Penal (Introduzido em
1995):
“Quem propagar doença contagiosa (...) e criar
deste modo perigo para a vida ou perigo
grave para a integridade física de outrem é
punido com pena de prisão de 1 a 8 anos”
Responsabilidade penal
por danos em saúde
Principais crimes na área da saúde (IV)
(Código Penal)

Alteração de receituário
(art. 283.º)
Quem, como farmacêutico ou empregado de
farmácia fornecer substâncias medicinais em
desacordo com o prescrito em receita
médica e criar deste modo perigo para a
vida ou perigo grave para a integridade física
de outrem é punido com pena de prisão de 1 a
8 anos.
A negligência é punida.
Nota final
É importante lembrar sempre que erro não é equivalente a culpa.

- A maior parte dos erros é praticada sem negligência, isto é,


sem culpa dos profissionais.

- A causa dos erros é muitas vezes consequência de um


deficiente desenho do sistema (no caso do setor público pode
discutir-se “faute du service” ou culpa administrativa, cfr. art. 7.º, n.º3 da L67/2007, de 31/12).

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