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Estágio V – ADM/CONST/TRIBUTÁRIO

Atividade/caso Peça 3 = Petição inicial de ação de


responsabilidade civil contra o Estado

Prof. Me. Gustavo Abrahão dos Santos


 Advogado (desde 2001)
• Professor de Ensino Superior (desde 2005)
• Mestre em Direito pela UNISANTOS (2014/2016)
Pós-Graduado em Direito Empresarial pela UNISANTOS (2008)
Pós-Graduado em Ética, Valores e Cidadania na pela USP (2011/2012)
Pós Graduado em Direito Tributário e Procesos Tributário pelo LEGALE (2022)
• Graduado em Direito pela UNISANTOS (1995/1999)
• Graduando em Gestão Pública (2019/2021)

 E-mail: gustavo.abrahao@unibr.edu.br

Todas as atividades/casos das peças serão colocadas


semanalmente no moodle antes da aula.
Acessar para trazer para sala de aula a atividade/caso.
No moodle também está o local para entrega da peça.
As peças são obrigatórias, não tem faltas do aluno no estágio e
nem prova com nota, somente crédito/horas de estágio.
Conteúdo: DIREITO ADMINISTRATIVO, CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO
1
Caso de responsabilidade civil do Estado
• Processo n. 0007450-89.2015.8.15.2001 – TJ/PB.

• U.R.S, qualificada nos autos processuais, através de Advogado legalmente constituído,


ingressou com a presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR ATO ILÍCITO c/c DANOS
MORAL, contra a ESTADO DA PARAÍBA, pessoa jurídica de direito público interno,
igualmente qualificado(a), aduzindo, em apertada síntese, que (a) foi presa em
02/06/2013, por ato praticado na cidade de Taperoá/PB; (b) que permaneceu detida por
cinco dias na ala masculina, separada apenas pelas grades da prisão; (c) que foi
submetida a situação vexatória, sendo objeto de desejo sexual dos apenados, com
xingamentos diários, recebendo ameaças, além de presenciar, a todo instante, homens
se masturbando em sua direção, situação que considera estupro psicológico; (d) que
aquele erro absurdo resultou em dano aos elementos de sua personalidade, razão pela
qual busca o manto judiciário para reparar a sua honra, moral, dignidade e saúde
psicológica. Pretende a condenação do ente público, estimado em R$ 200.000,00
(duzentos mil reais), para fins de desestimular atos futuros, praticados contra a
mulher, e de caráter educativo. Juntou documentos (...) 2
Caso de responsabilidade civil do Estado

• Processo n. 0007450-89.2015.8.15.2001 – TJ/PB (CONTINUAÇÃO).

• Fundamento da sentença (...)

• Resta claro e evidente que os transtornos e a angústia


sofrida pela autora ultrapassam o mero dissabor, razão
pela qual faz jus ao recebimento da indenização
perseguida. (...)
3
Caso de responsabilidade civil do Estado
• Processo n. 0007450-89.2015.8.15.2001 – TJ/PB (CONTINUAÇÃO).
• Fundamento da sentença (...)

• No caso dos autos, esmiuçando as circunstâncias do fato, as condições das


partes e, principalmente, a extensão do dano, levando-se em conta,
sobretudo, “que a reparação de danos morais ou extrapatrimoniais, deve ser
estipulada 'cum arbitrio boni iuri', estimativamente, de modo a desestimular a
ocorrência de repetição de prática lesiva; de legar à coletividade exemplo
expressivo da reação da ordem pública para com os infratores e compensar
a situação vexatória a que indevidamente foi submetido o lesado, sem
reduzi-la a um mínimo inexpressivo, nem elevá-la a cifra enriquecedora” (AC
96,01.15105-2/BA, Desembargador Federal Mário César Ribeiro), entendo
que a fixação em R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) se apresenta
razoável a atender ao fim a que se destina. 4
Caso de responsabilidade civil do Estado
• Processo n. 0007450-89.2015.8.15.2001 – TJ/PB (CONTINUAÇÃO).
• Dispositivo da sentença:

• ISTO POSTO, por tudo que dos autos consta, com esteio no art. 487, I, do
Código de Processo Civil, JULGO PROCEDENTE, em parte, o pedido
exordial, condenando o Estado a pagar a parte autora a importância de
R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), a título de dano moral, devidamente
atualizado, a partir desta decisão, e com juros de mora a contar da citação,
pelo que extingo o processo com resolução de mérito, com esteio no art.
487, I, do Código de Processo Civil.
• Condeno o promovido ao pagamento das custas e despesas processuais
das quais não esteja legalmente isento, bem como ao pagamento de
honorários advocatícios que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor
da condenação, em razão da menor complexidade da matéria.
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Ação de Responsabilidade Civil contra o Estado

• A Responsabilidade civil do Estado ocorre pelas condutas omissiva e


comissiva.

• “Art. 37, CF/88. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)

• Parágrafo 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito


privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”

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Ação de Responsabilidade Civil contra o Estado
• A responsabilidade do Estado pode ser contratual ou extracontratual.

• Na primeira, existe um vínculo contratual entre o Estado e o terceiro.

• Por isso, o Estado será responsabilizado quando a administração descumprir os


termos desse contrato.

• A lei 8.666/1993, hoje revigorada na Lei 14.133/2021 regula esse tipo de


responsabilidade.

Por outro lado, na responsabilidade extracontratual não há vínculo


contratual entre as partes. Portanto, a obrigação de reparação do dano independe
de contrato firmado.
7
Ação de Responsabilidade Civil contra o Estado
• Atualmente, responsabilidade civil, utiliza-se a teoria do risco administrativo representa
o fundamento da responsabilidade objetiva do Estado. 

• Para gerar responsabilidade do Estado, devem surgir três elementos: a conduta


administrativa, o dano e o nexo causal.

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Causas excludentes ou atenuantes da
responsabilidade do Estado
• A teoria do risco administrativo admite algumas hipóteses de exclusão de
responsabilidade civil. Portanto, são elas: Caso fortuito ou força maior, culpa exclusiva
da vítima e fato exclusivo de terceiro.

São considerados casos fortuitos ou força maior eventos humanos ou da natureza dos
quais não se poderia prever ou evitar. Por exemplo: enchentes, terremotos, tsunamis,
entre outros.

• Contudo, existem casos de omissões culposas do Estado, pode-se haver


responsabilização subjetiva da administração.

Há também casos em que a culpa é exclusiva da vítima. Todavia, o ônus da prova é do


Estado. Há que se destacar que a culpa pode ser exclusiva da vítima, o que não há que
se falar em responsabilidade do Estado. Ou atenuação da responsabilidade, quando
há concorrência de culpa.
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Causas excludentes ou atenuantes da
responsabilidade do Estado
• E, por último, atos exclusivos de terceiros.

• Esse é o caso de eventos com multidões ou muitas pessoas e não há


controle da situação.

• Nesse caso, o Estado só poderá ser responsabilizado de forma subjetiva


(com comprovação de culpa ou dolo) em casos de omissões.

• Por exemplo, se em um show de música houver violência contra a


mulher durante o evento, não há que se responsabilizar o Estado pelo
caso. O Estado só poderia ser responsabilizado, se houvesse possibilidade
do controle da situação pelos policiais e os agentes se omitiram.
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Teoria do risco integral
• A teoria do risco integral também exige responsabilidade objetiva do Estado.

• Porém, diferencia-se da teoria do risco administrativo, já que neste caso não


aceita excludentes na responsabilidade da administração.

• Por isso, o Estado deve suportar os danos sofridos por terceiros em qualquer
hipótese.

Assim, mesmo que se comprove culpa exclusiva de terceiro ou força maior, o
Estado deverá ressarcir o particular pelos danos sofridos.

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Responsabilidade direta
• Os ditames constitucionais alcançam:

• Autarquias e fundações públicas de direito público;


• Empresas públicas e sociedades de economia mista quando prestarem serviço
público;
• Pessoas privadas que prestam serviço público por delegação do Estado.

• Logo, ressalta-se que Sociedade de economia mista exploradora de atividade


econômica será regida pelas normas do direito privado.

• Quanto à responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas de direito privado


prestadoras de serviço público, o entendimento atual do STF é que ela alcança os
usuários e os não usuários do serviço.
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Responsabilidade indireta
• A atuação do agente público deve ser imputada ao órgão que ele representa. Portanto, o
terceiro que se sentir prejudicado diante da atitude de um agente, deve procurar o Estado
para reaver os seus direitos.

• Porém, o Estado tem o direito de regresso contra o agente público. Mas, só pode ocorrer o
direito de regresso no caso de o agente público ter agido com culpa ou dolo. Ou seja, a
responsabilidade do agente público é sempre subjetiva.

• Vamos exemplificar: no caso de um carro da polícia ter batido no carro de José. José deve
solicitar a responsabilização do Estado pelos danos ocorridos na batida. E em caso de o
Estado conseguir provar que houve culpa ou dolo do agente público que estava dirigindo a
viatura, pode entrar com direito de regresso contra o agente.

• Resumindo: a responsabilidade do Estado é objetiva. O agente público responde


subjetivamente.
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Responsabilidade por omissão do Estado
• A responsabilidade por omissão do Estado existe, mas deve ser levada em
consideração outra Teoria. 

• Quando o ato que determinou a responsabilização for uma ação do Estado, é


usado a Teoria do risco administrativo (teoria objetiva), por outro lado, no caso
de omissão do Estado, a teoria utilizada é a da culpa administrativa, ou seja, a
teoria subjetiva.

Por isso, neste caso é necessário que o lesado comprove que deixou de agir quando
deveria agir.

• Portanto, para a responsabilização derivar de uma omissão, o Estado deve ter


obrigação de agir e se omitiu.
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Caso: Ação de Responsabilidade Civil contra o Estado
• Responsabilidade civil do Estado por falhas da autoridade policial na condução de
investigação – injusta condenação penal – danos morais configurados

• “1. Evidenciada a falha no aparato estatal na prestação de serviço público, aqui identificada pelos
equívocos da polícia judiciária na fase preliminar de persecução criminal, dando ensejo a uma série de
equívocos que, por fim, induziram à injusta condenação penal do apelante, não há como afastar o
reconhecimento do dano moral decorrente da responsabilização civil da Administração prevista pelo art.
37, § 6º, da CF. 2. Conquanto o art. 5º, LXXXV, da CF, em sua literalidade, reporte-se apenas às
reparações pecuniárias por erro judiciário e excesso de prisão, os atos policiais também geram
obrigação de indenizar quando constatada a culpa do serviço. 3. Diante dos critérios que norteiam a
fixação do quantum devido a título de dano moral, sopesando-se, de um lado, a angústia e
sofrimento experimentados em virtude da indevida privação de liberdade pelo significativo período de 2
(dois) anos e 10 (dez) meses, bem como, a gravidade do prejuízo social e, de outro lado, a razoabilidade
e proporcionalidade com casos semelhantes, considera-se que o valor de R$ 100.000,00 (cem mil
reais) se mostra mais adequado para a justa reparação na hipótese em exame."
• Acórdão 1394500, 07078131620208070018, Relator: JOSAPHA FRANCISCO DOS SANTOS, 5ª
Turma Cível, data de julgamento: 26/1/2022, publicado no PJe: 9/2/2022. 15
Caso 3: Como fazer a peça 3 do estágio?
• Apolônia Silva, ré primária, foi encarcerada há 4 anos e 2 meses pela prática do crime de tráfico de
entorpecentes, em razão de decisão penal transitada em julgado proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado
Alfa, que o condenou à pena de dez anos de reclusão.

• A cerca de dois meses atrás, por seu advogado, solicitou a progressão do regime de pena, por Apolônia ter
cumprido 2/5 da pena, conforme a alteração da Lei de entorpecentes, dada pela Lei 11.464/2007, mas que até
os dias ATUAIS, ainda não foi atendida pelo Poder Judiciário.

• No último mês, ocorreu uma rebelião, e Apolônia foi morta dentro do presídio feminino. Na mesma rebelião,
numerosos condenadas foram assassinadas a tiros, sendo certo que as armas ingressaram no local mediante
pagamento de propina aos agentes penitenciários.

• Inconformada, Maria da Silva, MULHER, mãe de ApolôniA, procurou você para, na qualidade de advogado(a),
tomar as medidas cabíveis, com vistas a obter a responsabilização civil do Estado.

• Ela demonstrou que, ao tempo da prisão, ele era filha única, solteira, sem filhos, trabalhadora, e provia o seu
sustento. Como Maria tem idade avançada e problemas de saúde, ela não tem condições de arcar com os
custos do processo, notadamente porque gastou as últimas economias para proporcionar um funeral digno para
a filha. Redija a peça cabível, mediante apontamento de todos os argumentos jurídicos pertinentes.
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Modelo de inicial da Ação de Responsabilidade Civil contra o Estado
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA
COMARCA DE ____

CASO PROPOSTO N. 3 , ATENÇÃO!!!!

[ JUSTIÇA GRATUITA ]

(MULHER, BELTRANA...), _______, ___________, inscrita no CPF (MF) sob o nº.


111.222.333-44, residentes e domiciliados na Rua das Marés, nº. 333, em Cidade – CEP nº. 112233, inscrito no
CPF (MF) sob o n° 555.666.777-88, um e outro igualmente com endereço eletrônico ficto@ficticio.com.br, ora
intermediados por seu procurador ao final firmado – instrumento procuratório acostado –, esse com endereço
eletrônico e profissional inserto na referida procuração, o qual, em obediência à diretriz fixada no art. 287, caput,
do CPC, indica-o para as intimações que se fizerem necessárias, vem, com o devido respeito à presença de
Vossa Excelência, com suporte no art. 186 e art. 948, inc. II, ambos do Código Civil c/c art. 37, § 6º, da
Constituição Federal, ajuizar a presente AÇÃO DE RESPONSABILDIADE CIVIL PARA REAPRAÇÃO POR
DANOS MATERIAIS E MORAIS contra o ESTADO de.... na pessoa da FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO,
pessoa jurídica de direito público interno, com endereço referido para citações na Av. das Tantas, nº. 0000, em
Cidade (PP) – CEP 332211, endereço eletrônico desconhecido, em razão das justificativas de ordem fática e de
direito, tudo abaixo delineado. 17
• 1. Dos Fatos.

• Narração lógica dos fatos do caso.

• A seguir colocar o Direito , e pedidos de acordo com o caso


proposto.

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2) DA LEGITIMIDADE ATIVA

(...)

3) DA LEGETIMIDADE PASSIVA

(...)

4) MÉRITO

Teoria da responsabilidade civil.


Doutrina.
Legislação aplicável.
Súmula
Entendimento jurisprudencial

5) DANO MATERIAL (...)


6) DANO MORAL (...)

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7) DOS PEDIDOS

Por exposto, requer a vossa Excelência a total procedência da ação a fim de condenar o Requerido aos seguintes pagamentos:

I) Verba para indenização moral nunca inferior a R$ 900.000,00 (novecentos mil reais)

II) Verba de DANOS MATERIAIS na quantia de R$ 5.000 (cinco mil reais), referente as despesas com funeral de Apolônia, e demais despesas a
serem apuradas em liquidação de Sentença;

III Juros compensatórios, nos termos do o C.C. ;

IV) Honorários Advocatícios dos patronos do autor, no percentual que V.Ex ª., arbitrar sobre o total da condenação ;

V) Intimação das testemunhas arroladas abaixo;

VI) Protesta pela produção de todas as provas necessárias e em direito admitidas, entre as quais testemunhais, cujo rol segue em anexo, pede pelo
depoimento pessoal do representante legal do Requerido, que deverá da presente ser citado através de seu procurador nesta Comarca, a fim de
contestá-la, querendo, sob pena de revelia.

VII) Citação da ré na pessoa de seu representante legal para contestar a demanda se assim entender necessário;

Dá-se à causa o valor de R$ 905.000.00 (novecentos e cinco mil reais) apenas para efeitos fiscais.

Termos em que
Pede Deferimento.

Local, data e assina


Advogado 20
OAB

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