Você está na página 1de 26

DIREITO

CIVIL IV
RESPONSABILIDADE CIVIL
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

A responsabilidade civil do Estado é a que impõe à Fazenda Pública


a obrigação de compor o dano causado à terceiros por omissão ou
por atos de seus agentes públicos, no desempenho de suas
atribuições ou a pretexto de exercê-las.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

Entende-se por responsabilidade patrimonial extracontratual do


Estado a obrigação que lhe incube de reparar economicamente os
danos lesivos à esfera juridicamente garantida de outrem e que lhe
sejam imputáveis em decorrência de comportamentos unilaterais,
lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos
(MELLO, 2002:837).
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

De acordo com Celso Antonio Bandeira de Mello:

"um dos pilares do moderno Direito Constitucional é, exatamente, a


sujeição de todas as pessoas, públicas ou privadas, ao quadro da
ordem jurídica, de tal sorte que a lesão aos bens jurídicos de
terceiros engendra para o autor do dano a obrigação de repará-lo"
(MELLO, 2002:838).
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

Leciona Odete Medauar afirmando que a responsabilidade civil do


Estado "diz respeito à obrigação a este imposta de reparar danos
causados a terceiros em decorrência de suas atividades ou
omissões. A matéria também é estudada sob outros títulos:
responsabilidade patrimonial do Estado, responsabilidade civil da
Administração e responsabilidade patrimonial extracontratual do
Estado" (MEDAUAR, 2003:393).
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

O Estado age por intermédio de seus agentes, que são pessoas


físicas incumbidas de alguma função estatal e, invariavelmente,
causa danos ou prejuízos aos indivíduos gerando a obrigação de
reparação patrimonial, decorrente da responsabilidade civil.
o Estado submete-se à responsabilidade civil. A Constituição
Federal assevera que as pessoas jurídicas de direito público e as de
direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ao culpa.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

São dois os fundamentos que justificam a existência da


responsabilização do Estado, leciona Celso Antônio Bandeira de Mello:
"a) No caso de comportamentos ilícitos comissivos ou omissivos,
jurídicos ou materiais, o dever de reparar o dano é a contrapartida do
princípio da legalidade. Porém, no caso de comportamentos ilícitos
comissivos, o dever de reparar já é, além disso, imposto também pelo
princípio da igualdade".
"b) No caso de comportamentos lícitos, assim como na hipótese de
danos ligados a situação criada pelo Poder Público - mesmo que não
seja o Estado o próprio autor do ato danoso
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

o fundamento da responsabilidade estatal é garantir uma equânime


repartição dos ônus provenientes de atos ou efeitos lesivos,
evitando que alguns suportem prejuízos ocorridos por ocasião ou
por causa de atividades desempenhadas no interesse de todos. De
conseguinte, seu fundamento é o princípio da igualdade, noção
básica do Estado de Direito" (MELLO, 2002:849).
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

A responsabilidade patrimonial e extracontratual do Estado, por


comportamentos administrativos, origina-se da teoria da
responsabilidade pública, com destaque para a conduta ensejadora
da obrigação de reparabilidade, por danos causados por ação do
Estado, por via de ação ou omissão. O dever público de indenizar
depende de certas condições: a correspondência da lesão a um
direito da vítima, devendo o evento implicar prejuízo econômico e
jurídico, material ou moral.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

Para obter a indenização basta que o lesado acione a Fazenda


Pública e demonstre o nexo causal entre a fato lesivo (comissivo ou
omissivo) e o dano, bem como seu montante.

Exclusão da responsabilidade do Estado. Para eximir-se desta


obrigação incumbirá à Fazenda Pública comprovar as "causas de
exclusão da responsabilidade do Estado": a força maior e a culpa da
vítima.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

Força maior são fatos da natureza irresistíveis, o dano é inevitável


sendo baldos quaisquer esforços para impedi-lo. "É relevante
apenas na medida que pode comprovar ausência de nexo causal
entre a atuação do Estado e o dano ocorrido. Se foi produzido por
força maior, então não foi produzido pelo Estado" (MELLO,
2002:386).
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

Culpa da vítima. Neste caso a vítima contribui para a existência do


dano sofrido. Tal participação no evento danoso poderá ser total -
culpa exclusiva da vítima - eximindo completamente a
administração de responsabilização; ou parcial - culpa concorrente
da vítima - neste caso a Administração responde parcialmente.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

Silvio de Salvo Venosa ao citar a chamada "Teoria da Garantia"


afirma que "o poder público no exercício de sua atividade em prol
do bem comum, tem como dever garantir os direitos dos
particulares contra danos a ele causados. Se houve lesão de um
particular, sem excludente para o Estado, deve ser reparada. O
estado tem este dever mais que qualquer outra pessoa jurídica,
justamente por sua finalidade de tudo fazer em prol do progresso
da coletividade" (VENOSA, 2002:270).
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

Não só os atos ilícitos, como também os atos lícitos dos agentes


públicos são capazes de gerar a responsabilidade extracontratual
do Estado. Exemplo: policiais civis em perseguição a um bandido,
batem na traseira de um veículo que estava no meio do caminho. A
perseguição policial consiste numa atuação lícita, mas gerou
prejuízos e o estado deverá indenizar os danos causados.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

Teoria do Risco Integral: não admite causas excludentes de


responsabilidade, logo o Estado deveria responder por qualquer
dano, ainda que não tenha dado causa;
Teoria do Risco Administrativo: admite causas excludentes de
responsabilidade como caso fortuito, força maior e culpa exclusiva
da vítima (essas causas serão estudadas logo mais). Trata-se da
teoria adotada em nosso Direito, devendo o Estado responder pelos
prejuízos causados aos administrados, salvo quando presente
alguma das causas acima mencionadas.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

Responsabilidade Objetiva e Subjetiva do Estado


A doutrina e a jurisprudência vêm entendendo que a
responsabilidade objetiva do Estado (que é independente da
existência de dolo ou culpa) só existe diante de uma conduta
comissiva (ação) praticada pelo agente público. Desse modo, no
exemplo da perseguição policial, onde o tiro do policial acerta um
particular, teremos a responsabilidade objetiva do Estado, uma vez
que estamos diante de uma conduta comissiva (ação).
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

Quando estivermos diante de uma omissão do Estado a


responsabilidade deixa de ser objetiva e passa a ser subjetiva, ou
seja, o particular lesado deverá demonstrar o dolo ou a culpa da
Administração, em qualquer de suas modalidades: negligência,
imprudência e imperícia. Ex: fortes chuvas causaram enchentes e
um particular teve sua casa alagada. Nesse caso, não bastará a
comprovação do dano sofrido pela inundação, sendo imprescindível
demonstrar também o dolo ou a culpa do Estado em não limpar os
bueiros e as “bocas de lobo” para facilitar o escoamento das águas,
evitando-se, assim, os prejuízos causados pelas enchentes.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO
Excludentes de Responsabilidade
No tocante a responsabilidade civil extracontratual do Estado, importante
ressaltar que existem algumas causas que, uma vez comprovadas, excluem
a responsabilidade da Administração Pública. São elas:
1ª) Caso Fortuito e Força Maior: existem autores que defendem que a força
maior decorre de fenômenos da natureza, enquanto o caso fortuito seria
decorrente da atuação humana. Por outro lado, há quem defenda
justamente o contrário. Logo, diante de uma divergência doutrinária,
importante buscarmos o posicionamento da jurisprudência, ou seja, o
entendimento dos nossos juízes e tribunais.
A esse respeito, o Supremo Tribunal Federal não faz distinção entre caso
fortuito e força maior, considerando ambas as causas como excludentes
de responsabilidade do Estado.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO
Excludentes de Responsabilidade
Ex.1: um terremoto que destrói casas. O Estado não poderá ser
responsabilizado, pois o fato não ocorreu em razão de uma
conduta da Administração, mas sim de um fato alheio e
imprevisível.
Ex.2: Um assalto em ônibus em que um passageiro é morto exclui
a responsabilidade do Estado ou da empresa concessionária do
serviço público, uma vez que a ação do assaltante não tem
nenhuma conexão com o serviço de transporte (Recurso Especial
nº 142186).
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO
Excludentes de Responsabilidade

2ª) Culpa Exclusiva da Vítima ou de Terceiro: quando a vítima do


evento danoso for a única responsável pela sua causa, o Estado
não poderá ser responsabilizado. Ex: uma pessoa querendo
suicidar-se, se atira na linha do trem. Nesse caso, a família da
vítima não poderá responsabilizar o Estado, uma vez que a morte
só ocorreu por culpa exclusiva da pessoa que se suicidou.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO
Excludentes de Responsabilidade

Por outro lado, quando a culpa for concorrente (e não exclusiva)


da vítima, não haverá exclusão da responsabilidade do Estado,
mas atenuação. Ex: passageiro que viajava pendurado pelo lado
de fora do trem (pingente) caiu e sofreu danos. Nesse caso, O
Superior Tribunal de Justiça reduziu pela metade o pagamento de
indenização, pois concluiu pela culpa concorrente da vítima, isto é,
tanto a vítima quanto a empresa estatal de transporte ferroviário
foram considerados responsáveis pela causação do acidente. O
passageiro não deveria andar pendurado no trem e a empresa
estatal deveria proibir essa conduta (Recurso Especial nº 226348).
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO
Ação de regresso e a proteção (exclusiva) do erário

O § 6°, do Artigo 37 da Constituição Federal assegurou à


Administração o direito de regresso contra o responsável, o
direito da administração obter do agente o pagamento aos
cofres públicos da importância despendida no
ressarcimento da vítima. Condicionado este direito de
regresso à prova da culpa do agente, relação reveste-se de
caráter subjetivo, porque pressupõe dolo ou culpa do
agente (MEDAUAR, 2003:399).
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO
Denunciação da lide "consiste em chamar o terceiro
(denunciado), que mantém um vínculo de direito com a
parte (denunciante), para vir responder pela garantia do
negócio, caso o denunciante saia vencido no processo"
(THEODORO JÚNIOR, 2004:117).

Nas palavras de Moacyr Amaral dos Santos, "denunciação da


lide é ato pelo qual o autor ou o réu chamam a juízo terceira
pessoa, que seja garante do seu direito, a fim de resguardá-
lo no caso de ser vencido na demanda em que se
encontram".
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

Visa-se, com a denunciação da lide a inserção de uma


"demanda implícita do denunciante contra o denunciado, de
indenização por pedras e danos" (GRECO FILHO, 1989:144).

A finalidade precípua da denunciação é a de se liquidar na


mesma sentença o direito que , por acaso, tenha o
denunciante contra o denunciado, de modo que tal
sentença possa vale como título executivo em favor do
denunciante contra o denunciado (GRECO FILHO, 1989:146).
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

A denunciação da lide é obrigatória e assume o denunciado


a posição de litisconsorte do denunciante.

"Trata-se de ato obrigatório (Cód. Po\roc. Civil, art. 70), no


sentido de que a parte, na relação processual, perderá o
direito de regresso contra aquele que é o garante do seu
direito discutido em juízo, se não tiver feito a denúncia a
este e porventura for vencida" (SANTOS, 2002:27).
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO

Na ação regressiva, a relação de responsabilização situa-se entre o


agente causador do dano, e a Administração. Responsabilidade civil
do agente perante a Administração Pública, por danos causados a
terceiros e por esta ressarcidos.

Observamos que para o êxito da ação regressiva da administração


contra o agente causador do dano, exigem-se dois requisitos: a)
que a Administração já tenha sido condenada a indenizar a vítima
do dano sofrido b) que se comprove a culpa do agente no evento
danoso.

Você também pode gostar