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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS

LETÍCIA LOPES ALVES – 011.5785

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

Trabalho apresentado na Disciplina de


Direito Civil VI do 6º Semestre no Ano
2022, Curso de Direito. Faculdade de Direito
do Centro Universitário da Grande Dourados
(UNIGRANDourados).

Professor Gilberto Ferreira Marchetti Filho.

Dourados
2022
SUMÁRIO

1. NOÇÕES GERAIS.................................................................................................. 03

2. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO ..................................... 03

3. RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA DO ESTADO ................................... 04

4. RESPONSABILIDADE DO ESTADO E A OMISSÃO NA IMPLEMENTAÇÃO DE


POLITICAS PÚBLICAS.......................................................................................... 05

5. A RESPONSABILIDADE DO ESTADO E O RIDEIRO DE REGRESSO CONTRA


O AGENTE PÚBLICO ............................................................................................ 07
6. A RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ATO ILICÍTO ............................... 08

7. A RESPONSABILIDADE DO ESTADO E OS DANOS PROVADOS POR


CARTÓRIOS EXTRAJUDICAIS ............................................................................ 08
8. REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 10
NOÇÕES GERAIS

Atualmente a responsabilidade civil do Estado, apresenta um entendimento de que o


Estado deve responder objetivamente pelos danos que seus agentes ou prepostos derem causa,
ou seja, o Estado é responsável pelos atos praticados por seus agentes, tendo,
consequentemente, o dever de ressarcir às vítimas por eventuais danos causados, adotando a
teria do risco administrativo. Porém, existem formas em que o Estado poderá se eximir dessa
responsabilidade, quando for possível, por exemplo, provar alguma excludente de
responsabilidade civil, como, culpa exclusiva da vitima, caso furtuito ou força maior, que
afastam o nexo de causalidade.
Antigamente entendia que o Estado responderia subjetivamente pelos seus atos, na qual
a vitima deveria provar a culpa do agente publico para que pudesse haver a indenização, então
é possível verificar que nessa época era necessário provar a culpa da vitima sendo diferente da
atualidade. Agora desde que haja relação de causalidade entre o dano experimentado pela
vitima e o ato do agente, surge o dever de indenizar.
É importante destacar que quem pratica a conduta não é o Estado propriamente dito,
mas os servidores públicos ou seus agentes, dessa forma, o Estado, como pessoa jurídica atua
por intermédio de seus representantes e, por isso, respondem pelos atos que eles praticam.
Porém, quem paga a conta não é o agente que praticou o ato danoso, mas sim os brasileiros já
que quem sustenta o Estado são os recursos obtidos dos pagamentos dos tributos que são
cobrados, que pode chegar a ser mais de 35% da renda do brasileiro. Desse modo, devemos
analisar a responsabilidade civil do Estado com muito cuidado, já que seus recursos não são
infinitos, pois em ultima analise quem paga a conta da indenização é o contribuinte, através da
alta carga tributaria.

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO


A responsabilidade objetiva do Estado tem por base legal o art. 37 § 6º, da constituição
Federal, na qual frisa que “as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras
de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” Com
isso, é possível analisar que não são apenas pessoas jurídicas que pertencem a Administração
Pública que é responsabilizada objetivamente por danos causados por seus agentes, mas também
entidades particulares prestadores de serviços públicos, na qual se refere a qualquer empresa de
natureza privada que esteja executando um serviço público. Já em relação às pessoas jurídicas de
direito publico quem responde é a união, Estados-membros, Distrito Federal, Municípios, suas
autarquias e fundações.
Para valer da responsabilidade objetiva do Estado o dano deve ser provocado pelo
agente público ou funcionário do prestador de serviço publico, assim, o dano deve ter relação
direta ou indireta com o serviço prestado pelo o agente, ou provocado em razão dele, durante
o exercício de suas funções. Portanto, a responsabilidade só vai existir quando o dano for
provocado durante o exercício da função publica ou serviço delegado ou em razão dele.
Embora a regra seja esta, os tribunais já decidiram que se o servidor se valeu da sua qualidade
para provocar o dano, O Estado também é responsável, como ocorre no caso do policial mia
que, quando estava de folga utilizou a arma da corporação para praticar homicídio.
A responsabilidade civil do Estado e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras
de serviço público é objetiva pela teoria do risco administrativo, na qual, a vítima fica
dispensada da prova da culpa da Administração, mas esta poderá demonstrar a culpa total ou
parcial do lesado no evento danoso. Com tudo, quando se tratar de hipótese de
responsabilidade civil objetiva do Estado, é necessário a demonstração da ação
governamental, nexo de causalidade e dano e somente ira afastar a responsabilidade se o
evento danoso resultar de caso fortuito ou força maior, ou decorrer de culpa da vítima.
Assim, hoje prevalece o entendimento de que as pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de Serviço público respondem objetivamente pelos atos de seus funcionários que
causarem danos tanto os usuários do serviço quanto a terceiros não usuários. Por outro lado,
em se tratando de ato Omissivo, embora esteja a doutrina dividida entre as correntes da
responsabilidade objetiva e da responsabilidade subjetiva, prevalece, na Jurisprudência, a
teoria subjetiva do ato omissivo, só havendo indenização quando for culpa do preposto. Por
fim, a responsabilidade civil do Estado é objetiva, principalmente quando se tratar de risco
criado por ato Comissivo de seus agentes.

RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA DO ESTADO

A Constituição Federal entende que se tratando de ato omissivo do poder público, a


responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, em razão de
negligência, a imperícia ou a imprudência, dessa forma, a omissão é caracterizada pela falta
do serviço, ou seja, quando este não funciona, devendo funcionar, funciona mal ou funciona
atrasado, ocorri aqui a presunção de culpa. Além disso, não basta a mera objetividade de um
dano relacionado com um serviço estatal. Cumpre que exista algo mais, ou seja, culpa (ou
dolo), elemento tipificador da responsabilidade subjetiva.
Em relação à presunção de culpa, a vítima do dano fica desobrigada de comprová-la.
Tal presunção, entretanto, não elide o caráter subjetivo desta responsabilidade, pois, se o
Poder Público demonstrar que se comportou com diligência, perícia e prudência, estará isento
da obrigação de indenizar.
Através desse entendimento, cabe dizer que a culpa se relaciona com a negligência,
imprudência ou imperícia, devendo o Estado responder pela falta de serviço, portanto,
situações em que o dano somente foi possível em decorrência da omissão do Poder Público (o
serviço não funcionou, funcionou mal ou tardiamente), deve ser aplicada a teoria da
responsabilidade subjetiva.
Vale lembrar que essa omissão não dispensa o requisito da causalidade, por exemplo:
“latrocínio praticado por quadrilha da qual participava um apenado que fugira da prisão
tempos antes: neste caso, não há falar em nexo de causalidade entre a fuga do apenado e o
latrocínio.” Dessa forma, não dispensa o requisito da causalidade, vale dizer, do nexo de
causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder público e o dano causado à terceiro.
Deve ser demonstrada a presença concomitante do dano, da negligência administrativa e do
nexo de causalidade entre o evento danoso e o comportamento ilícito do Poder Público.

RESPONSABILIDADE DO ESTADO E A OMISSÃO NA IMPLEMENTAÇÃO DE


POLÍTICAS PUBLICAS

A responsabilidade civil do Estado em relação à implementação de políticas públicas, o


Superior Tribunal de Justiça já decidiu que a responsabilidade civil do Estado com a
implementação de programas de prevenção e combate à dengue, é possível verificar nas
seguintes situações: “quando não são implementados tais programas; quando, apesar de
existirem programas de eficácia comprovada, mesmo que levados a efeito em países
estrangeiros, o Estado, em momento de alastramento de focos epidêmicos, decida pela
implementação experimental de outros; quando verificada a negligência ou imperícia na
condução de aludidos programas".
Já em relação a responsabilidade civil ambiental o STJ tem entendido pela “admissão da
responsabilidade civil do Estado por omissão no seu dever controle fiscalização, no que se
refere a suas obrigações constitucionais e legais de proteção a saúde pública e do ambiente.
Além disso, no âmbito dos direitos sociais, “não só administração publica recebeu a
incumbência de criar e implementar politicas públicas necessárias à satisfação dos fins
constitucionalmente delineados, como também, o poder judiciário teve sua margem de
atuação ampliada, como forma de fiscalizar e zelar pelo fiel cumprimento dos objetivos
constitucionais”.
Cabe destacar que “a jurisprudência predominante no stj é no sentido de que, em
matéria de proteção ambiental, há responsabilidade civil do Estado quando a omissão de
cumprimento adequado do seu dever de fiscalizar for determinante para a concretização ou o
agravamento do dano causado pelo seu causador direito. Trata-se, todavia, de
responsabilidade de subsidiária, cuja execução poderá ser promovida caso o degradador direto
não cumprir a obrigação, ‘seja por total ou parcial exaurimento patrimonial ou insolvência,
seja por impossibilidade ou incapacidade por qualquer razão, inclusive técnica, de
cumprimento da prestação judicialmente imposta, assegurado, sempre, o direito de
regresso.(art. 934 Código Civil), coma desconsideração da personalidade jurídica conforme
preceitua o artigo 50 do Código Civil’ (REsp 1.071.741/sP 9a É; Min. Herman Benjamin, DJe
de 16/12/2010)"
Outro tema importante a ser discutido é a responsabilidade civil do Estado pela
“violação a direitos fundamentais causadora de danos pessoais a detentos em
estabelecimentos carcerários". A respeito disso, o Supremo Tribunal Federal atribuiu ao
Estado “o dever de ressarcir danos, inclusive morais, efetivamente causados por ato de
agentes estatais ou pela inadequação dos serviços públicos decorre diretamente do art. 37, 8
6º, da Constituição, disposição normativa autoaplicável" isso porque “a violação de direitos
fundamentais causadora de danos pessoais a detentos em estabelecimentos carcerários não
pode já simplesmente relevada ao argumento de que a indenização não tem alcance para
eliminar o grave problema prisional globalmente considerado, que depende da definição e da
implantação de políticas públicas específicas, providências de atribuição legislativa e
administrativa, não de provimentos judiciais. Esse argumento, se admitido, acabaria por
justificar a perpetuação da desumana situação que se constata em presídios como o de que
trata a presente demanda"
Por essa razão, inaplicável, no entendimento da Suprema Corte Constitucional, o
princípio da reserva do possível, considerando que “o Estado é responsável pela guarda e
segurança das pessoas submetidas a encarceramento, enquanto permanecerem detidas”. É seu
dever mantê-las em condições carcerárias com mínimos padrões de humanidade estabelecidos
em lei, bem como, se for o caso, ressarcir danos que daí decorrerem.
No que se trata da responsabilidade civil do Estado por danos morais decorrentes da
superlotação carcerária o supremo Tribunal Federal fixou a tese de que “considerando que é
dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões
mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico é de sua responsabilidade, nos
termos do art. 37, 8 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais,
comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das
condições legais de encarceramento".

A RESPONSABILIDADE DO ESTADO E O DIREITO DE REGRESSO


CONTRA O AGENTE PÚBLICO

É certo que as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de


serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes causarem, porém é possível o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Portanto deve haver a
prova da culpa do agente, tanto na ação quanto na omissão, porquanto aqui a responsabilidade
é, em regra, subjetiva.
Em relação a quem ser proposta a demanda, ou seja, se seria possível entrar com uma
ação apenas contra o causador do dano ou somente contra o Estado, a resposta é que nessa
situação há uma relação de solidariedade passiva entre o Estado e o agente causador do dano,
dessa forma, aplica-se as regras da solidariedade passiva, em tese, a vítima, como credora,
teria o direito de propor a ação contra qualquer um deles (Estado ou agente) ou contra ambos.
Porém existe divergência sobre o tema.
O supremo tribunal federal já decidiu sobre o tema frisando que o art. 37, § 6º da
Constituição Federal consagra “dupla garantia: uma, em favor do particular, possibilitando-
lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público, ou de direito privado que
preste serviço público, dado que bem maior, praticamente certa, a possibilidade de pagamento
do dano objetivamente sofrido. Outra garantia, no entanto em prol do servidor estatal, que
somente responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro
funcional se vincular. Recurso extraordinário a que se nega provimento".
Por outro lado há o princípio da exclusividade, no qual preza que apenas o Estado pode
ser acionado e não o agente, com isso, os prazos prescricionais, não seria os mesmos caso
fosse aceito a possibilidade de ação contra o Estado, de índole objetiva ou contra o agente, de
índole subjetiva: seria cinco anos contra o Estado e três anos se contra o agente, conforme o
Código Civil. Portanto em regra a responsabilidade civil do Estado é objetiva, dispensando a
prova do elemento culpa, já contra o agente a responsabilidade em regra será subjetiva,
devendo a vítima provar sua culpa, o que dificulta o caminho a ser trilhado.
Em relação à denunciação da lide sobre esse tema, o STJ entende que “a denunciação à
lide na ação de indenização fundada na responsabilidade extracontratual do Estado é
facultativa, haja vista o direito de regresso estatal estar resguardado, ainda que seu preposto,
causador do suposto dano, não seja chamado a integrar o feito”. Portanto, a respeito dessa
temática o Artigo 125, inciso II, do CPC, aponta que “é admissível a denunciação da lide,
promovida por qualquer das partes àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a
indenizar, em ação de regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo.” O direito de
regresso portanto poderá ser exercido em ação autônoma, quando não for possível de outra
forma, ou seja, quando a denunciação da lide for indeferida, ou não for promovida ou não for
permitida.
A RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ATO LÍCITO

Nessa situação, é possível que o Estado fique obrigado a indenizar a pessoa que teve
danos por um ato lícito praticado pelo agente público, O Superior Tribunal de Justiça já
decidiu que “o Estado tem obrigação de reparar tanto o dano decorrente de ação lícita, quanto
ilícita. O que muda são as características para que o dano seja tomado como ressarcível”.
É certo que , “os danos decorrentes de atividade ilícita são sempre antijurídicos e devem
reunir somente duas características para serem reparados, serem certos e não eventuais e
atingirem situação legítima, capaz de traduzir um direito, ou ao menos um interesse legítimo.
Já os danos oriundos de atividade lícita demandam outras duas características para serem
suscetíveis de reparação, serem anormais, inexigíveis em razão do interesse comum, e serem
especiais, atingindo pessoa determinada ou grupo de pessoas”
Portanto, “a responsabilidade objetiva do Estado em decorrência de atos comissivos
lícitos depende da configuração de violação a direito pelo ato estatal, de que resulte dano real
especifico e anormal a justificar o dever de reparação”.

A RESPONSABILIDADE DO ESTADO E OS DANOS PROVOCADOS POR


CARTÓRIOS EXTRAJUDICIAIS

Sobre esse tema o Supremo Tribunal Federal entendeu que, dada a *natureza estatal das
atividades exercidas pelos serventuários titulares de cartórios e registros extrajudiciais,
exercidas em caráter privado, por delegação do Poder Público", há “responsabilidade objetiva
do Estado pelos danos praticados a terceiros por esses servidores no exercício de tais funções,
assegurados O direito de regresso contra o notário, nos casos de dolo ou culpa (C.F., art. 37, §
6º)
Além disso, o STF em sua decisão frisa que “responde o Estado pelos danos causados
em razão de reconhecimento de firma considerada assinatura falsa". Isso porque “em se
tratando de atividade cartorária exercida à luz do artigo 236 da Constituição Federal, a
responsabilidade objetiva é do notário, no que assume posição semelhante à das pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos - 8 6º do artigo 37 também da
Carta da República”.
Cabe destacar que o Estado terá direito de regresso contra o titular da serventia
causadora do dano. E este terá também direito de regresso contra o funcionário que
originariamente cometeu o erro ou ilícito danoso. Mormente porque “em princípio, a
responsabilidade dos titulares de Cartórios Extrajudiciais é pessoal e intransmissível.
Contudo, o art. 22 da Lei 8.935/94 assegura o exercício, por estes, do direito de regresso em
face de seus prepostos nas hipóteses de dolo ou culpa”.
Assim, para uma maior explicação vemos que: “se um preposto do Cartório”, na
qualidade de Oficial Substituto, atesta a regularidade de uma matrícula e, posteriormente, ao
assumir a titularidade do Cartório, cancela a mesma matrícula cuja legitimidade atestara, é
possível que o prejudicado ajuíze diretamente em face dele uma ação para apurar sua
responsabilidade civil. “Isso porque, nas hipóteses em que haja dolo ou culpa, seria dele de
todo o modo, a responsabilidade final pelo incidente”.
Por fim “O Estado responde objetivamente pelos danos causados a terceiros em
decorrência a atividade notarial, cabendo direito regresso contra o causador do dano no caso
de dolo e culpa, nos termos do artigo 37, § 6 º da Constituição Federal”.
REFERÊNCIAS

FILHO, Gilberto Ferreira Marchetti. Estudos de Direito - Direito Civil:


Responsabilidade Civil, 1º ed. Campo Grande: Contemplar, 2018.

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