Você está na página 1de 3

Conceito

Responsabilidade patrimonial extracontratual do Estado, isto é, a obrigação que lhe incumbe


de reparar economicamente os danos lesivos à esfera juridicamente garantida ao administrado
e que sejam imputáveis em decorrência de comportamentos unilaterais, lícitos ou ilícitos,
comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos.

Portanto, deve ocorrer por parte do Estado uma conduta causadora de um dano ao
particular e existir nexo causal entre a referida conduta e o dano. Essa responsabilidade é
objetiva na modalidade de risco administrativo (ato lesivo ou injusto causado à vítima pela
Administração). Na responsabilidade Objetiva, independentemente de prova de culpa ou dolo,
deve comprovar a ação, o dano e o nexo causal. Na responsabilidade subjetiva (caso de
omissão), deve-se comprovar a culpa e o dolo. Tal responsabilidade é também conceituada
como culpa administrativa e falta de serviço (agente não fez o que deveria ser feito e causou
um dano).

Vejamos os Fundamentos da responsabilidade civil do Estado:

Se o Estado praticar atos ilícitos, por desobediência ao princípio da legalidade, deverá


indenizar o administrado.

Se o Estado praticar atos lícitos e mesmo assim causar danos ao particular, com fundamento
no princípio da distribuição igualitária dos ônus e encargos a que estão sujeitos os
administrados, deverá indenizar o administrado.

Sujeitos da Responsabilidade Civil do Estado

Nos termos do artigo 37, §6 da CF:

§ 6 -As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Assim, os sujeitos da Responsabilidade Civil do Estado são:

Pessoas Jurídicas de Direito Público: União, Estados, Distrito Federal, Municípios, Autarquias,
Fundações Públicas de Direito Público;

Pessoas Jurídicas de Direito Privado prestadoras de Serviços Públicos: Concessionários de


serviços públicos, empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviços
públicos.

Vejamos a decisão do STF no RE 591.874:

As pessoas jurídicas de direito privado, quando prestadoras de serviços públicos, responderão


objetivamente pelos danos causados tanto aos usuários quanto aos não usuários de serviços
públicos.

Responsabilidade do Estado por atos legislativos e judiciais

Atos legislativos: não haverá responsabilidade para o Estado, exceto se houver lei declarada
inconstitucional (ou em controle difuso ou em controle concentrado) causadora de dano ao
particular, por se tratar de atuação indevida por parte do Poder Legislativo.
Atos judiciais: haverá responsabilidade do Estado no caso de erro judiciário conforme
estabelecido no art. 5º, LXXV, da CF:

LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além
do tempo fixado na sentença.

O STF, em 2016, decidiu que a morte de um detento em estabelecimento penitenciário gera


responsabilidade civil do Estado quando houver inobservância do seu dever específico de
proteção. A tese fixada tem a seguinte redação:

Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, XLIX, da
Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte de detento

Exclusão da responsabilidade estatal

Não haverá responsabilidade do Estado quando não for possível demonstrar o nexo causal
entre a conduta do Estado e o dano causado, principais casos:

Culpa exclusiva da vítima: por exemplo quando a vítima deu causa ao evento danoso ao se
atirar sobre as rodas do carro do INSS;

Caso fortuito ou força maior

Ato de terceiro: ocorre quando o prejuízo pode ser atribuído à pessoa estranha aos quadros
da Administração Pública, como é o caso de prejuízos decorrentes de atos de multidão. O
Estado só responderá se ficar configurada sua culpa.

Teoria do risco integral: vertente mais radical da responsabilidade objetiva e somente é


utilizada em nosso ordenamento jurídico nos casos de:

Danos decorrentes de manipulação de material bélico

Danos nucleares

Atos terroristas em aeronaves

Responsabilidade civil do estado em casos de omissão

Haverá a responsabilidade do Estado por omissão, ou seja, a responsabilidade subjetiva, se no


caso concreto estiverem presentes os seguintes elementos:

Conduta estatal omissa

Dano

Nexo causal entre a conduta omissa e dano

Faute du servisse, ou seja, no caso ou serviço não funcionou ou funcionou mal ou atrasado,
por dolo ou culpa por parte do Estado. Se o Estado tivesse atuado e fosse possível atuar, o
dano teria sido evitado (princípio da reserva do possível)

Direito de regresso
O Estado, após pagar indenização para a vítima pelos danos sofridos (responsabilidade
objetiva), poderá, em momento posterior, reaver o que desembolsou e entrar com uma ação
regressiva contra o agente público causador do dano, que agiu com dolo ou culpa, portanto
responsabilidade subjetiva.

Você também pode gostar