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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

O Brasil adota a Teoria do Risco Administrativo, ou seja, o Estado sempre


responderá pelos danos a particulares causados pelos seus agentes, salvo se
comprovar culpa exclusiva da vítima ou fato de terceiro.

▪ Evolução histórica da responsabilidade do Estado:

1. IRRESPONSABILIDADE: O Rei Era “divino” e “não errava”. Nesse sentido,


o Estado nunca era responsabilizado pelos seus atos.
2. PREVISÃO LEGAL: O Estado era responsável apenas quando houvesse
previsão legal específica.
3. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: o Estado era responsabel apenas
quando comprovada a culpa ou dolo do agente público.
4. CULPA DO SERVIÇO: o Estado era responsabilizado quando houvesse
demonstração da má prestação do serviço no caso concreto.

5. RESPONSABILIDADE OBJETIVA: Teoria existente desde a Constituição


de 1946 no Brasil. Basta comprovar que a conduta do agente público causou dano ao
particular para que o Estado seja responsabilizado.

CF DE 88: art. 37, §6º RESPONSABILIDADE OBJETIVA

DISSECANDO O ARTIGO 37, §6º DA CF:

1. QUEM SÃO OS AGENTES PÚBLICOS?


O Estado responde por ações ou omissões dos agentes públicos. Nesse sentido,
consideram-se agentes públicos todos aqueles que colaboram na gestão da coisa
pública, sejam trabalhadores diretos, indiretos, estatutários, celetistas, estagiários.
Para que os danos se configurem na teoria da responsabilidade objetiva do
Estado, precisam ser causados em serviço ou, se o agente não estiver em serviço,
com instrumentos destes, como armas, carros e etc. Importante sempre verificar a
pertinência temática da ação (se esta possui ou não relação com a atividade do
agente).

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Disciplina de Responsabilidade Civil – Direito Civil IV
Material de apoio elaborado pela Profa. Monique Pereira
2. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO E
DAS PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO
Além de abarcar o Estado como responsável objetivo (União, Estados,
Municípios e DF), o §6º do art. 37 da CF ainda prevê a responsabilidade objetiva das
prestadoras de serviço público.
As prestadoras de serviço público que não fazem parte da administração direta
ou indireta são empresas em regime de direito privado que atuam no serviço público
prestando o serviço público. Nesse sentido, para verificar que a empresa atua
prestando serviço público, basta verificar se o serviço é iminentemente público, e que
o particular está ali no lugar deste. Não se considera serviço público aquele
considerado como exploração da atividade econômica pelas empresas estatais,
conforme demonstrado abaixo.

3. EMPRESAS ESTATAIS
São consideradas empresas estatais aquelas pertencentes à
Administração indireta, ou seja, as Empresas Públicas (capitais 100% público) e
Sociedades de Economia Mista (quando a administração é a maior acionista, com
mais da metade das ações).
A essas empresas não se aplica a teoria da responsabilidade objetiva do
Estado, pois a elas se aplicam o regime jurídico de direito privado (Lei 13.303/16 –
Estatuto das Empresas Públicas). Elas só responderão objetivamente se estiverem
prestando serviço eminentemente público, onde não há concorrência com a iniciativa
privada.

4. AÇÃO DE REGRESSO
Verificou-se que o Estado responde objetivamente pelos danos causados
pelos seus agentes, nesta qualidade. É possível que, depois de reparar o dano, o
Estado cobre, através de ação de Regresso aquilo que despendeu do agente?
A resposta é positiva, porém para que o agente seja responsabilizado a
ressarcir aquilo que o ente despendeu, o Estado deverá comprovar que o agente
público agiu com culpa (negligencia, imprudência ou imperícia) ou dolo.

PRAZO 3 anos

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▪ Juízes somente se comprovado
▪ Promotores de Justiça que agiram com
▪ Procuradores Federais dolo ou fraude
▪ Defensores Públicos

5. AÇÃO DEVERÁ SER AJUIZADA CONTRA QUEM?


Doutrina e jurisprudência divergem muito acerca do assunto. Depois da
entrada em vigor no CPC de 2015 a discussão ficou ainda mais acirrada. Há todo
tipo de entendimento.
Há quem entenda que a vítima pode escolher, há entendimentos de que
ela deve ingressar com a ação diretamente contra o Estado, e este em Ação de
Regresso cobra do agente.
Para fins didáticos seguiremos o entendimento do STF
(TEORIA DA DUPLA GARANTIA):
Vítima cobra do Estado, no prazo prescricional de 5 ANOS.

Estado cobra do agente quando culpa ou dolo, no prazo de 3 ANOS.

TEORIA DO RISCO SOCIAL

Os cidadãos precisam suportar algumas nuances em decorrência da vida em


sociedade. O ato ilícito só gera obrigação de indenizar quando o dano é específico e
anormal. Em benefício de todos alguém pode ser especificadamente prejudicado. É
o que se chama de duplo efeito do ato administrativo.
RESPOSABILIDADE POR OMISSÃO SUBJETIVA

Quando não foi o Estado propriamente dito quem causou o dano, mas sua
omissão contribuiu, seja por omissão propriamente dita ou por ineficiência do serviço,
aplica-se a responsabilidade subjetiva, analisando como foi a conduta do agente
representante do Estado.
Além da MÁ PRESTAÇÃO DO SERVIÇO, tem que demonstrar a OMISSÃO
OU
O RISCO CRIADO PELO ESTADO

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São muitos os exemplos de omissão, como as piscinas públicas (quandoo
alguém lá se afoga e morre), os presos que são mortos dentro dos presídios (em razão
tanto das más condições prisionais, quanto da falta de zelo).

Quando o Estado tiver algo ou alguém sobre sua RESPONDE


guarda e essa coisa ou pessoa sofre algum dano OBJETIVAMENTE

Responsabilidade do Estado em algumas situações específicas:

▪ Por ato judicial as decisões judiciais são recorríveis e, portanto não há


dano indenizável. Exceção: aquele que for preso por erro judiciário
(responsabilidade objetiva do Estado), e a ação de regresso só poderá ser
intentada contra o(s) Magistrado(s) se comprovada fraude ou dolo deste(s).

▪ Responsabilidade por ato legislativo depende do tipo de ato.


Lei de efeitos concretos – é ato, portanto se uma lei de efeitos concretos que causa
dano a alguém, como no exemplo da desapropriação, o Estado é obrigado a indenizar.
Lei oriunda do Poder Legislativo – decorre de lei material e formal, e gera efeitos
abstratos e de caráter geral, assim, a simples existência da lei não gera dano, salvo
raras exceções. Para gerar o dever de indenizar, a lei deve ter causado um dano direto
e alguém, e, cumulativamente, deve ser declara inconstitucional pelo STF, em sede
de controle concentrado de constitucionalidade.

▪ Responsabilidade por obra pública Má execução de uma obra pública


que gera dano ao particular só se configura quando realizada por agente público
(Estado).
Quando quem executa é um agente privado não se trata de serviço público, e, sendo
assim, a responsabilidade é subjetiva (devendo ser comprovada a culpa).
O Estado somente será responsabilizado se for omisso na fiscalização da obra.

Dano por existência da obra trata-se da responsabilidade pela simples


existência da obra que gera dano a alguém. Nesse caso, o a responsabilidade é
objetiva. Exemplo de um cemitério que é construído em frente a um restaurante
panorâmico, por exemplo – causa danos ao restaurante, devendo indenizar de forma
objetiva.

▪ Responsabilidade por ator de Notários e Registadores trata-se de


responsabilidade direta do Estado, assegurada ação de regresso no caso de culpa
ou dolo do registrador/notário.

▪ Dano ambiental O Estado responde se ficar comprovado que sua omissão


na fiscalização foi determinante para que o dano acontecesse.
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