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1. Considerações Gerais:
Diz respeito a como a pessoa jurídica estatal vai se responsabilizar civilmente pelos danos que
seus representantes (agentes públicos) provoquem a terceiros (administrados).
O Estado pode provar danos aos particulares no exercício de suas atividades, ensejando na sua
Responsabilização Civil (é uma Responsabilidade Civil Extracontratual, ou seja, não é ligada a
uma relação obrigacional, como o contrato). A Responsabilidade Civil Contratual é aquela
oriunda do descumprimento de cláusulas contratuais. A Responsabilidade Extracontratual é a
responsabilidade que surge do direito, do ordenamento, das regras do direito e não de um
contrato.
O ilícito não é pressuposto da Responsabilidade Civil. Dessa forma, a prática de ilícitos pode
gerar somente danos a serem reparados, não imputando uma Responsabilização Civil do Estado.
Não se cogita a não responsabilização do Estado por danos gerados a terceiros por terceiros.
Exemplo > obras públicas são lícitas, mas podem provocar danos e o
estado vai responder, mesmo que não haja ilicitude.
O Dano Lesivo é o dano moral e/ou patrimonial. Uma ação de um agente público pode causar
nas duas esferas e o Estado, na hora de se responsabilizar, vai se responsabilizar por ambas.
A Teoria do Risco é a mais aceita em nosso ordenamento jurídico. Vejamos a evolução histórica:
Teoria do Risco foi recepcionada pela Constituição Federal de 1946, dando início à
Responsabilidade Objetiva. institui a responsabilidade objetiva, mas assegura ao Estado o
direito de reaver do seu agente o que pagou, nos casos de dolo ou culpa – responsabilidade
subjetiva.
Este artigo (37, parágrafo 6, CF) disciplina duas relações jurídicas de responsabilidade: O
Estado-Vítima (responsabilidade objetiva) e o Agente-Estado (responsabilidade subjetiva) –
Estado só consegue responsabilizar o agente caso comprove que este agiu com dolo/culpa.
O agente público, ao causar dano ao cidadão, deverá estar no pleno exercício das suas funções
para que o estado se responsabilize.
Dessa forma, a Constituição criou duas relações de Responsabilidade, sendo (i) o Estado perante
as vítimas da sociedade (responsabilidade objetiva) e (ii) do agente perante o Estado
(responsabilidade subjetiva, pois o Estado vai ter que provar que o agente produziu o dano ou
agiu com imprudência, imperícia ou negligência).
A vítima precisa comprovar o (i) comportamento estatal (comissivo ou omissivo), o (ii) dano e o
(iii) nexo de causalidade. Não é necessário a demonstração de culpa do agente causador do
dano. A doutrina entende que somente a conduta comissiva do Estado gera responsabilidade
objetiva.
A ilicitude não é pressuposta da responsabilidade civil, o Estado pode ser responsabilizado por
causar danos a civis através da prática de atos lícitos também.
Exemplo > Ainda que tenha obedecido a todas as regras de segurança em
uma obra pública, é possível que o Estado gere danos a terceiros, como a
desvalorização imobiliária.
Exemplo > Você está andando na via pública e cai em sua cabeça um
pedaço de concreto,
Obs: No caso de o Estado ser culpado, mas ocorreu por culpa ou dolo da empresa privada, o
Estado vai reaver através de uma ação regressiva com essa empresa.
Obs: Sobre obra pública executada por terceiros, uma vez concluída, a responsabilidade será
sempre do Estado, podendo exercer o direito de regressos nos casos que se caracterizam culpa
de terceiro.
Se o Estado causar o dano (ato comissivo) ele será objetivamente responsável, não sendo
necessário dolo ou culpa.
Exemplo > quando um policial bate em um preso, é uma ilicitude; obras públicas que causem
dano a um terceiro, lícito. O elemento ilicitude é irrelevante na responsabilidade civil.
Entretanto:
Exemplo > Cidadão bêbado no volante foi parado em uma blitz, policial
não apreendeu o veículo e o sujeito continuou a dirigir embriagado, se
envolvendo em um acidente. Nessas circunstâncias, ao passar na blitz do
Estado embriagado, há uma omissão qualificada/relevante, se tornando
mais plausível se sustentar a responsabilidade do Estado.
c. Responsabilidade Objetiva:
Caso haja causa exclusiva, o Estado não responderá em relação ao evento danoso. Por outro
lado, na hipótese de culpa concorrente, haverá apenas uma mitigação ou redução na
responsabilidade do Estado.
Resuminho: As concausas são causas paralelas atribuídas ao Estado e que evitam a incidência
das excludentes de sua responsabilidade. Dessa forma, uma vez ocorrendo, mesmo que haja
também causa das causas de excludentes, a responsabilidade do Estado será mantida, pois elas
desqualificam as casas de excludentes de responsabilidade.
5. Direito de Regresso:
a. Pressupostos:
O art. 37, § 6º da CF permite o ente administrativo cobrar ao agente causador do dano aquilo
que se pagou à vítima do dano. Há de se apresentar culpa ampla + efetivo pagamento dos
prejuízos da vítima. Precisa haver vontade de cometer o crime.
Este artigo possui dois pressupostos: dolo/culpa do agente causador do dano + configuração do
efetivo prejuízo (Estado precisa REALMENTE pagar a vítima).
Não possui dispositivos legais, é contemplado pela doutrina e jurisprudência. Em 2006, o STF
consolidou entendimento de que a vítima do dano não deve acionar o agente causador do dano ,
deve acionar o Estado. Dessa forma, predomina a impossibilidade de a vítima acionar
DIRETAMENTE o causador do dano (agente público).
Resuminho: Atualmente, o entendimento predominante é de que a CF/88 estabelece dupla
garantia: aos administrados e aos agentes públicos, que só responderão pelos seus atos, nos
casos de dolo ou culpa e, exclusivamente, perante o Estado.
d. Prazo de Prescrição:
e. Obrigatoriedade na Propositura:
O Poder Legislativo é autônomo para exercer as suas funções típicas de legislar e fiscalizar. Se
determinada lei é declarada inconstitucional pelo controle concentrado de constitucionalidade
(STF/TJ) e o agente público causar danos a terceiros, o Estado será responsabilizado.
Exemplo > Lei estadual que obriga a trocar de redes telefônicas faz com
que muitas pessoas tenham que arcar com o ônus financeiro. Depois essa
lei foi declarada inconstitucional. A vítima pode cobrar os valores pagos.
Se o juiz fraudar um processo cível, caberá à vítima buscar responsabilizar o juiz pessoalmente
mediante a comprovação de dolo/culpa – não o Estado.
(Responsabilidade do Estado por Atos Judiciais) Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso
além do tempo fixado na sentença.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente,
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.