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1. Excludentes da Responsabilidade Civil do estado

Uma vez que a nossa CF adota a teoria do RISCO ADMINISTRATIVO, existem


fatores que afastam a responsabilidade do Estado, pois ele não é um “segurador
universal”. Na Teoria do Risco, a ideia de culpa é substituída pelo nexo de causalidade
entre o ato e o dano sofrido, conforme a doutrina:

É chamada teoria da responsabilidade objetiva precisamente por prescindir


da apreciação dos elementos subjetivos (culpa ou dolo); é também chamada
teoria do risco, porque parte da ideia de que a atuação estatal envolve um
risco de dano, que lhe é inerente. (DI PIETRO, 2015, p. 789).

Existe hipóteses em que há a exclusão da responsabilidade do agente, objetiva


e subjetiva. São três as possibilidades de exclusão: a culpa exclusiva da vítima, o fato
de terceiro e o caso fortuito ou força maior.

1.1 Culpa exclusiva da vítima

O agente envolvido no dano estará isento do dever de indenizar quando o


evento aconteça independentemente de sua contribuição, isto é, se em nada
contribuiu para que o dano ocorresse, sendo somente o instrumento de materialização
daquele, devendo ser excluído o nexo de causalidade e, por consequente, o dever de
indenizar. Um dos exemplos mais comuns é o caso do pedestre que sai de trás do
ônibus para atravessar a rua e é atropelado. Ora, nessas situações não há como
responsabilizar o motorista, pois não há que se prever a imprudência do pedestre,
motivo pelo qual não há nexo causal entre a conduta do motorista e o dano
(atropelamento).

1.2 Fato de terceiro

Nesse caso tanto a vítima quanto o agente não dão causa ao dano, sendo este,
então, causado por um terceiro. Aqui, o fato é imprevisível e inevitável, não sendo
correto atrelar o dano ao agente, pois o fato de terceiro rompe o nexo causal e, desse
modo, não há o dever de indenizar para aquele. Exemplo danos causados por atos
de multidão ou por delinquentes quando não a omissão do estado.

1.3 Caso fortuito ou força maior

Nessa hipótese, a exclusão da responsabilidade é a situação de caso fortuito


ou força maior, podendo decorrer da ação humana ou de eventos da natureza. Por
serem imprevisíveis, inevitáveis e estranhos à vontade das partes, afastam a
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responsabilização do Estado. Exemplo: Raio que derruba um poste público em cima


de um carro particular. Tremor de terra que faz viaduto cair sobre carros.

Diante dessa hipótese e mesmo havendo motivo de força maior ou caso


fortuito, a responsabilidade do Estado poderá ficar configurada, se houver, também, a
omissão do Poder Público. Por exemplo, quando as chuvas provocam enchente na
cidade, inundando casas e destruindo objetos, o Estado responderá se ficar
demonstrado que a realização de determinados serviços de limpeza dos bueiros teria
sido suficiente para impedir a enchente. Porém, nesse caso, a responsabilidade do
Estado será subjetiva.

A mesma regra aplica-se quando se trata de atos de terceiros, como é o caso


de danos causados por atos de multidão ou por delinquentes. O Estado responderá
se ficar caracterizada a sua omissão, ocorrendo falha na prestação do serviço público.
O ato de terceiro, em princípio, é fator de exclusão. No entanto, se houver omissão do
Estado, ele responderá. Na hipótese de culpa concorrente entre a vítima e o Estado:
a responsabilidade do Estado será atenuada. José dos Santos C. Filho traz como
hipótese de culpa concorrente a circunstância de o semáforo encontrar-se com
defeito, em cruzamento de artérias públicas de acentuado movimento, o que impõe
ao condutor redobrada cautela. Se assim o motorista não procede, age
imprudentemente, mitigando o limite da responsabilidade do Poder Público. Assim, os
advogados do Estado vão tentar, na via judicial, demonstrar algum fator de exclusão
para afastar a responsabilidade do Poder Público.

REFERÊNCIAS:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 28ª Ed.. São Paulo. Atlas,
2015.

CARVALHO FILHO, José dos santos. Manual de Direito Administrativo. 22ª Ed.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.

MEIRELLES, Hely Lopes et al. Direito Administrativo Brasileiro. 39ª Ed.. São
Paulo, Malheiros, 2013.

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