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Direito do consumidor Princípios do direito do consumidor

1- P. da preservação da dignidade humana


As origens constitucionais do CDC
No Código de Defesa do Consumidor, como não
Muito ao revés, sua origem é constitucional, o que
poderia deixar de ser, ele emerge cristalino, do seu
lhe confere muito maior força e autoridade.
artigo 4º, segundo o qual a Política Nacional das
Assim é que, logo no artigo 5º, que trata dos Relações de Consumo tem por objetivo o
direitos e deveres individuais e coletivos, atendimento das necessidades dos consumidores e
determinou-se que o Estado promoverá, na forma o respeito à sua dignidade.
da lei, a defesa do consumidor.
A vedação expressa das cláusulas abusivas,
Ao discipliná-la, a Constituição Federal, em seu fulminando-as com a sanção da nulidade, é outro
artigo 170, incluiu no inciso V a defesa do eficiente mecanismo de proteção da dignidade do
consumidor como sendo inerente à existência consumidor.
digna, conforme os ditames da justiça social.
Art. 4º A Política Nacional das Relações de
Art. 170. A ordem econômica, fundada na Consumo tem por objetivo o atendimento das
valorização do trabalho humano e na livre necessidades dos consumidores, o respeito à
iniciativa, tem por sua dignidade......
fim assegurar a todos existências dignas,
conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes 2- P. do reconhecimento da vulnerabilidade do
consumidor
princípios:
Enquanto o Código Civil, viga mestra do direito
V - defesa do consumidor; privado, parte do pressuposto da igualdade entre
as pessoas, ainda que apenas formal, e a todas
trata igualmente, o Código de Defesa do
Mas para que estes comandos não se perdessem, Consumidor se coloca em posição oposta,
esquecidos pela burocracia legislativa, o reconhecendo que as partes são desiguais.
constituinte, no Ato das Disposições
Tratá-las igualmente seria a perpetuação da
Constitucionais Transitórias – ADCT, assim
desigualdade. A vulnerabilidade do consumidor é
ordenou, em seu artigo 48:
evidente, e sentida há muitos séculos, como
Art.48 ADCT- O Congresso Nacional, dentro de procuramos demonstrar no início deste livro.
cento e vinte dias da promulgação da
Art. 4º A Política Nacional das Relações de
Constituição, elaborará código de defesa do
Consumo tem por objetivo o atendimento das
consumidor.
necessidades dos consumidores, o respeito à
sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de
seus interesses econômicos, a melhoria da sua
Art. 1°, CDC- O presente código estabelece qualidade de vida, bem como a transparência e
normas de proteção e defesa do consumidor, harmonia das relações de consumo, atendidos
de ordem pública e interesse social, nos termos os seguintes princípios:
dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da
I - Reconhecimento da vulnerabilidade do
Constituição Federal e art. 48 de suas
consumidor no mercado de consumo;
Disposições Transitórias.
3-P. da boa-fé decidir, com segurança e pleno conhecimento, se
lhes interessa, ou não, celebrar o contrato e quais
Após o advento do Código do Consumidor e do
os riscos que está disposto a suportar.
Código Civil de 2002, objetivou-se a boa-fé, que se
transformou em dever jurídico, regra obrigatória Já no artigo 4º, antes referido, que trata da Política
de conduta, e não apenas uma exortação ética. Nacional de Consumo, faz-se referência expressa à
transparência e harmonia que devem presidir as
Para se ter ideia da evolução do conceito, basta
relações de consumo.
dizer que a boa-fé se inseriu no novo Código Civil,
assumindo três funções fundamentais, que A publicidade, a que alude o artigo 36, deve ser
também estão presentes no Código do veiculada de tal forma que o consumidor possa fácil
Consumidor, como a seguir se verá. e imediatamente a identificar como tal, o que
significa a transparência da mensagem.
A primeira é hermenêutica, a que se refere o artigo
113 do Código Civil, segundo o qual a interpretação Art. 4º A Política Nacional das Relações de
dos negócios jurídicos se fará pelas regras da boa- Consumo tem por objetivo o atendimento das
fé e dos costumes do lugar da celebração. necessidades dos consumidores, o respeito à
A segunda é contratual, que representa regra de sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de
conduta obrigatória para as partes, a ser cumprida seus interesses econômicos, a melhoria da sua
em todo e qualquer contrato, e em todas as suas qualidade de vida, bem como a transparência e
fases. É o que se depreende da leitura do artigo 422 harmonia das relações de consumo, atendidos
do Código Civil. os seguintes princípios:

E na terceira, a boa-fé assume o papel de força


equilibradora da equação econômica dos negócios
E diante da possibilidade de o fornecedor malicioso
jurídicos, como se anuncia no artigo 478 do mesmo
violar o dever de transparência, redigindo cláusulas
Código, que trata da resolução dos contratos por
nebulosas, reticentes, sibilinas, o melhor antídoto
onerosidade excessiva.
fornecido pelo Código está em seu art. 47, segundo
Art 4°, III - harmonização dos interesses dos o qual as cláusulas contratuais serão interpretadas
participantes das relações de consumo e de maneira mais favorável ao consumidor.
compatibilização da proteção do consumidor 5- P. da informação
com a necessidade de desenvolvimento
econômico e tecnológico, de modo a viabilizar No art. 6º, entre os direitos básicos do consumidor
os princípios nos quais se funda a ordem se incluiu, no inciso III, a informação adequada e
econômica (art. 170, da Constituição Federal), clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas especificação correta de quantidade,
relações entre consumidores e fornecedores; características, composição, qualidade, tributos
incidentes e preço, bem como sobre os riscos que
apresentem.
Ao elencar as cláusulas abusivas, em seu artigo 51, Em se tratando de produto industrial, terá que vir
o Código nelas inclui, no inciso IV, as que acompanhado de impressos apropriados redigidos
estabeleçam obrigações consideradas iníquas e no idioma nacional.
que coloquem o consumidor em desvantagem
Há produtos que trazem riscos inerentes de dano a
exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé e
quem os utiliza, como defensivos agrícolas, armas,
equidade.
facas, serras elétricas e muitos outros. Nestes
4- P. da transparência casos, em que o consumidor ficava entregue à
própria sorte, terá agora o fornecedor, de maneira
o dever de informar, que recai sobre os ombros dos
fornecedores, para que os consumidores possam
ostensiva e adequada, que informar a respeito de Relação jurídica de consumo
sua nocividade ou periculosidade.
Consumidor
Aliás, convém lembrar que a informação
inadequada ou incompleta se equipara à vício do Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou
produto ou do serviço, gerando responsabilidade jurídica que adquire ou utiliza produto ou
civil do fornecedor. serviço como destinatário final.
6-P da segurança Parágrafo único. Equipara-se a consumidor
a coletividade de pessoas, ainda que
Não se permite, sob pena de severas sanções, que
indetermináveis, que haja intervindo nas
alguém coloque no mercado produtos e serviços
relações de consumo.
defeituosos ou perigosos.
Aqueles que trazem risco inerente, como antes
anotado, deverão conter a informação adequada e Como interpretar o que será um destinatário final,
completa quanto a ele e a maneira de evitá-lo ou o que é absolutamente necessário para identificar
minimizá-lo. uma relação jurídica subsumida ao regime do
7- P. da confiança Código do Consumidor?

O consumidor confia que o produto ou o serviço Existem duas teorias:


que lhe são oferecidos são seguros e correspondem 1- Teoria maximalista ou objetiva
à qualidade descrita pelo fornecedor.
destinatário final deve ser interpretada da maneira
Confia que as informações que lhe foram prestadas mais ampla, bastando que a pessoa, natural ou
são verdadeiras, completas e adequadas, e que, se jurídica, que adquire o produto ou contrata o
apesar disso, sobrevier um dano, ele será serviço os retire da cadeia de produção em que
integralmente reparado. estavam inseridos
É a confiança que confere credibilidade ao mercado Ex:O comerciante de eletrodomésticos que adquire
de consumo, incentivando e aquecendo a geladeiras ou televisores, do fabricante, para
demanda. Ninguém se disporia a adquirir um vendê-los, em sua loja, não será um destinatário
produto, ou contratar um serviço, se suspeitasse final, pois, embora tenha retirado os produtos da
não serem verdadeiras as informações do cadeia de produção, não os excluiu também da
fornecedor, ou que tivesse ele algum defeito. cadeia econômica.
8- P. da equidade Mas o advogado que compra livros jurídicos para
Segundo o artigo 7º, os direitos previstos no Código melhor desempenhar sua atividade profissional
não excluem outros, especialmente os que derivem será um destinatário final, assim como o médico
dos princípios gerais de direito, analogia, costumes que adquire instrumentos cirúrgicos, necessários
e equidade, ou seja o CDC anda junto com os outros às cirurgias que irá realizar.
códigos. 2- Teoria finalista ou subjetiva
No artigo 51, inciso IV, considera-se abusiva e, onde qualquer pessoa que adquiriu ou consumiu o
consequentemente, nula a cláusula que estabelece produto é considerada consumidor
obrigações consideradas iníquas e que sejam
incompatíveis com a equidade e boa-fé. Corrente finalista mitigada ou temperada?
O entendimento atual, adotado pelo STJ, que
admite a incidência das regras do Código do
Consumidor para pequenas empresas ou
profissionais liberais, que se encontram em
situação de vulnerabilidade, como já tínhamos porque não reúnem os pressupostos legais para se
ressalvado acima. constituírem, como é o caso das chamadas
sociedades de fato, ou porque lhes falta a affectio
Consumidor por equiparação
societatis, que é o amálgama formador da
É a coletividade de pessoas, ainda que personalidade jurídica.
indetermináveis, que haja participado das relações
Atividades exercidas pelo fornecedor:
de consumo.
Produção: é entendida como a atividade genérica
Equiparam-se, assim, aos consumidores todas as
que cria um produto
vítimas dos fatos do consumo, ou seja, dos danos
por eles causados (artigo 17), assim como as Montagem: representa, apenas, a sua conclusão,
pessoas, determináveis ou não, expostas às com a colocação final de suas peças ou
práticas nele previstas (artigo 29). componentes, para realizar o todo.
Fornecedor A referência à construção: está mais ligada à
realização de obras, tal como acontece na
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou incorporação imobiliária ou a empreitada.
jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes Transformação: é conceito ainda mais restrito,
despersonalizados, que desenvolvem atividade significando a criação de um produto novo que
de produção, montagem, criação, construção, surge de outro antes existente, tal como acontece
transformação, importação, exportação, na confusão, comistão ou adjunção.
distribuição ou comercialização de produtos ou A distribuição: é resultado da massificação da
prestação de serviços. produção e do consumo.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou
Obs: Nem todo empresário é fornecedor, pois
imóvel, material ou imaterial.
fornecedor pode ser um ente despersonalizado.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida
no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, Os objetos da relação de consumo
financeira, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista. São os produtos e serviços

Na compreensão popular produto é tudo que


resulta do processo de produção ou fabricação,
A pessoa jurídica pode ser pública ou privada, o que mas também no conceito técnico devem ser
confirma que também se considera o Estado como incluídos os de natureza agrícola, desde que
um dos maiores prestadores de serviços, e que não tenham sofrido transformação em decorrência do
poderia se alforriar das obrigações e trabalho humano ou mecânico.
responsabilidades impostas pelo Código.
Alude, ainda, o art. 3º aos entes despersonalizados,
também denominados pessoas formais, e que não
ostentam personalidade jurídica, embora sejam
dotadas de legitimidade ad causam e ad
processum, como são os exemplos da família, da
massa falida, do condomínio, do espólio ou dos
grupos de consórcio.
Ex: Camelôs, Estes entes, acima referidos, não
adquirem personalidade própria ou autônoma, ou
Prévio conhecimento do conteúdo do contrato 6- Principio da boa-fé objetiva

422, “Os contratantes são obrigados a guardar,


assim na conclusão do contrato, como em sua
Art. 46, CDC- Os contratos que regulam as execução, os princípios de probidade e boa-fé
relações de consumo não obrigarão os
consumidores, se não lhes for dada a
oportunidade de tomar conhecimento prévio de
seu conteúdo, ou se os respectivos
instrumentos forem redigidos de modo a
dificultar a compreensão de seu sentido e
alcance.

Art. 47. As cláusulas contratuais serão


interpretadas de maneira mais favorável ao
consumidor.

Tem uma clausula que possibilite dupla


interpretação, então vai ser a interpretação mais
favorável ao consumidor.

1-Princípio da autonomia privada ou autonomia


da vontade
Deve ser livre a vontade de contratar, não se pode
ter vicio e nem coação ao pactuar
2- Princípio da equivalência material
Ambas as partes são iguais
3- Principio da força obrigatória do contrato
Pacta sunt servanda- O contrato faz lei entre as
partes.
4-Princípio da relatividade dos efeitos do contrato
Contrato só gera obrigação para as pessoas que
assinam o contrato.
Exceção: Estipulação em favor de terceiro, pois
nele se pode fazer um contrato onde se estabelece
vantagem para outa pessoa. EX: Um contrato de
seguro de vida.
5- Princípio da função social
O contrato segue as regras gerais da função social
Classisifcação dos contratos Direitos básicos do consumidor

1- Bilaterais e unilaterais Como é possível perceber, a proteção ao


consumidor, parte mais fraca das relações jurídicas
Unilateral: consiste no contrato em que só uma da de consumo, é um comando constitucional, ou seja,
parte tem a obrigação, enquanto a outra apenas o constituinte, diante das contumazes e ilimitadas
concorda com os termos, como no caso do contrato violações aos direitos dos consumidores, dispôs
de doação pura. que é dever do Estado promover a sua defesa, e
que este é um princípio da ordem econômica e,
como tal, cabia ao Congresso Nacional elaborar um
Bilateral: é o contrato no qual há prestação e Código que satisfizesse integralmente estas
contraprestação estipulada entre as partes, como necessidades.
no contrato de compra e venda.
o art. 5º, XXXII, que dispõe que o Estado
2- Quanto a onerosidade : Onerosos e Gratuitos promoverá, na forma da lei, a defesa do
Gratuito: dá-se quando apenas uma das partes tem consumidor; o art. 170, V, que reza que a ordem
vantagem em razão da manifestação de vontade da econômica, fundada na valorização do trabalho
outra parte, como o contrato de mútuo simples humano e na livre-iniciativa, tem por fim assegurar
(empréstimo de bem fungível). a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
[...] defesa do consumidor; e o
Oneroso comutativo: configura-se pela prestação art. 48 do Ato Disposições Constitucionais
mútua e já estabelecidas consequências do Transitórias, que prevê que o Congresso Nacional,
cumprimento ou não do contrato, tendo cada parte dentro de cento e vinte dias da promulgação da
uma obrigação para com a outra já determinada. Constituição, elaborará código de defesa do
consumidor.

3- Quando a forma: Consensuais e Reais Direitos básicos em espécie

Reais: são contratos em que só serão considerados 1- Proteção da vida, saúde e segurança do
firmados com da entrega da coisa objeto do consumidor
negócio jurídico, como no contrato de mútuo. O direito à proteção da vida, saúde e segurança do
Consensual: são aqueles contratos que se consumidor tem, inequivocamente, como objetivo
consideram formados pela simples oferta e o resguardo da sua incolumidade física em face de
aceitação. riscos provocados por produtos ou serviços,
especialmente aqueles considerados perigosos ou
4- Comutativos e Aleatórios nocivos.
comutativo - sabe se os efeitos do contrato desde impõe-se aos fornecedores o dever de zelar pela
o momento da assinatura até sua conclusão final. segurança dos consumidores, adotando diversas
Aleatório vem de álea = sorte ou incerteza. medidas que assegurem a máxima proteção à vida,
saúde e segurança destes, como, por exemplo,
fazendo alertas nos rótulos, nas embalagens, nas
propagandas e em todos os demais meios capazes
de informar aos consumidores dos riscos a que eles
estão sujeitos
caso seja inobservado o dever de segurança pelos
fornecedores, responderão eles
objetivamente pelos danos que causarem. 3- Informação clara e transparente sobre produtos
Modernamente, tem sustentado a doutrina que a e serviços
responsabilidade dos fornecedores se fundamenta
na teoria da qualidade, a qual exige dos produtos e Art 6°, III - a informação adequada e clara sobre
serviços uma qualidade-adequação e uma os diferentes produtos e serviços, com
qualidade-segurança, pelo o que se vislumbrariam especificação correta de quantidade,
duas espécies de vício: o de qualidade por características, composição, qualidade, tributos
inadequação e o de qualidade por insegurança incidentes e preço, bem como sobre os riscos
que apresentem;

2- Educação acerca do adequado consumo e


liberdade de escolha e igualdade de contratação Trata-se de direito que decorre da boa-fé, princípio
que deve nortear todas as relações, sejam elas
O segundo direito básico do consumidor
jurídicas ou não. A boa-fé, outrora subjetiva, e
explicitado no diploma consumerista é aquele que
agora objetiva, ao contrário do que muitos pensam,
assegura a liberdade de escolha e igualdade na
não é uma inovação do Código de Defesa do
contratação, mediante a educação e divulgação
Consumidor.
acerca do consumo adequado dos produtos e
serviços. Esses deveres anexos, exemplificativamente, são
os deveres de informação, de transparência, de
Nesta, devem as pessoas aprender as noções
lealdade, de cooperação, de cuidado, de sigilo e de
fundamentais do que é ser um cidadão, aí
não concorrência desleal, e sua não observância
englobando os seus direitos e deveres básicos.
consiste naquilo que a doutrina convencionou
Trata-se, pois, de um dever também imposto ao
chamar de violação positiva do contrato, ou
Estado.14 Assim, compete a todos os agentes,
cumprimento defeituoso ou imperfeito.
sejam eles públicos ou privados, transmitir às
pessoas essas noções. Um terceiro e não menos importante exemplo é
aquele especificamente dirigido aos contratos de
Especificamente no campo do direito do
concessão de crédito e financiamento. Nesses
consumidor, cabe ao Estado e aos fornecedores,
casos, o consumidor se encontra em posição ainda
por meio de campanhas e propagandas educativas,
maior de desvantagem, e isso porque,
informar e explicitar sobre o adequado consumo de
necessitando de dinheiro – bem inequivocamente
produtos e serviços, possibilitando aos
essencial para a sobrevivência da pessoa –, recorre
consumidores exercer livremente o seu poder de
aos comerciantes do crédito e, muitas vezes, dada
escolha e decisão acerca da necessidade e da
a sua necessidade, acaba se sujeitando a inúmeras
utilidade de se consumir, ou não, determinado
condições degradantes.
produto ou serviço.
Por essa razão, impõe o art. 52 do diploma
Por fim, o art. 6o, II, do CDC prevê, ainda, o direito
consumerista que o fornecedor informe, prévia e
básico à igualdade nas contratações, assegurando
adequadamente, sobre o preço do produto ou
a proibição de práticas discriminatórias ao
serviço em moeda corrente nacional, o montante
consumidor, no tocante, por exemplo, à sua idade,
dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros,
cor, condição social, crença religiosa e, até, opção
os acréscimos legalmente previstos, o número e
sexual. Isso significa que um consumidor, no
periodicidade das prestações, e a soma total a
momento de contratar, não pode sofrer
pagar, com e sem financiamento.
discriminações, ou seja, não pode receber
tratamento diferenciado sem uma causa jurídica
que a justifique, pelo simples fato de ter, por
exemplo, mais ou menos idade, ou esta ou aquela
cor de pele.
4- Proteção contra publicidade enganosa e 5- Reequilíbrio econômico-financeiro do contrato
abusiva e contra praticas ou clausulas abusivas
V - a modificação das cláusulas contratuais que
Nesse dispositivo o legislador trouxe inúmeros estabeleçam prestações desproporcionais ou
direitos do consumidor, notadamente aqueles que sua revisão em razão de fatos supervenientes
visam protegê-lo de práticas enganosas e abusivas que as tornem excessivamente onerosas;
que viciem a sua liberdade de escolha e decisão na
compra de bens, bem como daquelas cláusulas
contratuais que submetam o consumidor a uma
Por essa razão, o Código de Defesa do Consumidor,
condição de desproporcional desvantagem,
em seu artigo 6º, V, assegura às partes, por meio
lesando-o em benefício dos fornecedores.
do Poder Judiciário, pelo dirigismo contratual – que
Publicidade enganosa: nada mais é do que a intervenção do Estado nos
contratos – a modificação de cláusulas que, em seu
A publicidade enganosa é aquela que, nos termos
nascedouro, já estabeleçam prestações
do § 1° do art. 37 do Código de Defesa do
desproporcionais, e a revisão daquelas que, no
Consumidor, contém informação falsa, seja total,
decorrer da relação, por fatos supervenientes, o
seja parcialmente, ou que, de qualquer forma,
tornem excessivamente oneroso.
induza o consumidor a erro.
Lesão
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou
abusiva. A lesão é tratada no Código Civil, em seu art. 157,
como um defeito do negócio jurídico que leva à sua
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de invalidação. Segundo o mencionado dispositivo,
informação ou comunicação de caráter ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, necessidade, ou por inexperiência, se obriga a
por qualquer outro modo, mesmo por omissão, prestação manifestamente desproporcional ao
capaz de induzir em erro o consumidor a valor da prestação oposta.
respeito da natureza, características, qualidade,
quantidade, propriedades, origem, preço e Onerosidade excessiva
quaisquer outros dados sobre produtos e No tocante à onerosidade excessiva, é ela também
serviços. prevista no Código Civil em seu art. 478, o qual
prevê que nos contratos de execução continuada
Publicidade abusiva
ou diferida, se a prestação de uma das partes se
É discriminatória ou incita à violência, explora o tornar excessivamente onerosa, com extrema
medo ou a superstição, aproveita-se da deficiência vantagem para a outra, em virtude de
de julgamento e experiência da criança, acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,
desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz poderá o devedor pedir a resolução do contrato.
de induzir o consumidor a se comportar de forma
prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança.
6- Reparação integral dos danos
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade
discriminatória de qualquer natureza, a que VI - a efetiva prevenção e reparação de danos
incite à violência, explore o medo ou a patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
superstição, se aproveite da deficiência de difusos;
julgamento e experiência da criança,
desrespeita valores ambientais, ou que seja
capaz de induzir o consumidor a se comportar
de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou
segurança.
7- Acesso aos órgãos judiciários e administrativos

VII - o acesso aos órgãos judiciários e


administrativos com vistas à prevenção ou
reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos ou difusos, assegurada a
proteção Jurídica, administrativa e técnica aos
necessitados;

8- Facilitação da defesa de seus direitos na esfera


judicial, inclusive com a inversão do ônus da prova

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos,


inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do
juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;

Consiste ele, em verdade, na garantia


constitucional que assegura às partes o direito de
influenciar no resultado da demanda, ou seja, é por
meio do contraditório que a parte, tendo
conhecimento dos fatos processuais, poderá agir,
ou até quedar-se inerte, alterando o seu resultado,
ou permitindo que o resultado do processo seja o
mesmo daquele já previsto.

Art 7°, Parágrafo único. Tendo mais de um autor


a ofensa, todos responderão solidariamente
pela reparação dos danos previstos nas normas
de consumo.

9- Adequada e eficaz prestação de serviços


públicos

X - a adequada e eficaz prestação dos serviços


públicos em geral.
Dos produtos e serviços e da Art. 14. O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela
responsabilidade pelo fato e pelo vicio reparação dos danos causados aos
do produto e do serviço consumidores por defeitos relativos à prestação
dos serviços, bem como por informações
A responsabilidade civil pressupõe um dano insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
causado a terceiros, resultado da violação ao riscos.
Direito, e que tem como consequência a obrigação
§ 1° O serviço é defeituoso quando não
de se reparar. Por estar no âmbito das relações
fornece a segurança que o consumidor dele
privadas, tal responsabilidade refere-se à ofensa a
pode esperar, levando-se em consideração as
um interesse particular. Deste modo, a reparação
circunstâncias relevantes, entre as quais:
tem cunho patrimonial e visa à restituição do
equilíbrio entre as partes envolvidas. I - o modo de seu fornecimento;
A responsabilidade civil surge, então, para II - o resultado e os riscos que
restabelecer a harmonia e o equilíbrio violados razoavelmente dele se esperam;
pelo dano.
III - a época em que foi fornecido.
A responsabilidade é o dever jurídico de reparação
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso
do dano sofrido pelo seu responsável direto ou
pela adoção de novas técnicas.
indireto.
§ 3° O fornecedor de serviços só não será
Tem como objetivo, portanto, garantir o direito do
responsabilizado quando provar:
ofendido, a partir do ressarcimento do dano por ele
sofrido, além de funcionar como sanção civil, pois é I - que, tendo prestado o serviço, o defeito
decorrente da ofensa a uma norma jurídica. inexiste;
Importante destacar que antes mesmo do advento II - a culpa exclusiva do consumidor ou de
no Código Civil de 2002, o Código de Defesa do terceiro.
Consumidor (CDC) já havia adotado como regra nas
§ 4° A responsabilidade pessoal dos
relações consumeristas a responsabilidade civil
profissionais liberais será apurada mediante a
objetiva, dispensando a concepção de culpa como
verificação de culpa.
pressuposto para a sua configuração. Vigora no
Direito do Consumidor, portanto, a teoria do risco,
apoiando-se na máxima de que o dever de
indenização surge de qualquer lesão sofrida pelo Ex. a pessoa sofre um dano dentro de um hospital
consumidor, independente de culpa do fornecedor. praticada por um médico, a responsabilidade do
hospital é objetiva, logo você vai ver a conduta do
A responsabilidade surge exclusivamente do nexo médico/hospital, o dano que você sofreu e
de causalidade existente entre o consumidor, o correlação entre eles. Intensificado esses 3
produto e/ou serviço e o dano, ressalvadas as elementos terá a responsabilidade objetiva. O que
hipóteses de exclusão da responsabilidade tange o médico a responsabilidade é subjetiva,
previstas na própria legislação especial. além de analisar esses 3 elementos tem que
Exceção a essa regra é a responsabilidade do analisar a culpa.
profissional liberal, por falhas na prestação de (negligencia/imprudência/imperícia) depois de
serviço, que será apurada mediante a verificação analisar os elementos ai terá a responsabilidade do
de culpa, conforme dispõe o art. 14, §4º do CDC. médico.
Nessa situação, a responsabilidade é subjetiva e OBS: analisar os casos isoladamente.
não segue as mesmas regras das demais relações
de consumo.
Os elementos a serem comprovados na espera, levando-se em consideração as
responsabilidade objetiva nos termos do Código de circunstâncias relevantes, entre as quais:
Defesa do Consumidor são:
I – sua apresentação;
→Defeito ou vício do produto ou serviço;
II – o uso e os riscos que razoavelmente dele se
→Evento danoso (eventus damni) ou prejuízo esperam;
causado ao consumidor;
III – a época em que foi colocado em circulação.” 3
→Relação de causalidade entre o defeito/vício e o CDC,
evento danoso/prejuízo.
Quanto à responsabilidade civil no ordenamento
brasileiro temos o art. 186 do CC: “Aquele que, por Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor,
ação ou omissão voluntária, negligência ou nacional ou estrangeiro, e o importador
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, respondem, independentemente da existência
ainda que exclusivamente moral, comete ato de culpa, pela reparação dos danos causados
ilícito”. aos consumidores por defeitos decorrentes de
projeto, fabricação, construção, montagem,
No sistema jurídico brasileiro, quanto à fórmulas, manipulação, apresentação ou
responsabilidade civil, faz-se necessário que fique acondicionamento de seus produtos, bem como
provada a culpa do agente, a fim de que o mesmo por informações insuficientes ou inadequadas
tenha que ressarcir pelos prejuízos causados. Daí sobre sua utilização e riscos.
diz-se que esta responsabilidade civil é subjetiva.
Pelo art. 927 do CC, tal responsabilidade impõe que
aquele que causou o dano tem o dever de repará-
lo: Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e § 1° O produto é defeituoso quando não
187) causar dano a outrem, fica obrigado a repará- oferece a segurança que dele legitimamente se
lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o espera, levando-se em consideração as
dano, independentemente de culpa, nos casos, circunstâncias relevantes, entre as quais:
especificados em lei, ou quando a atividade I - sua apresentação;
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem. Para a II - o uso e os riscos que razoavelmente dele
caracterização da responsabilidade civil é se esperam;
imprescindível a prova da culpa, exceto quando III - a época em que foi colocado em
houver disposição legal permitindo a circulação.
responsabilização objetiva, conforme afirma
Venosa (2003, p. 16): “[...] a teoria da
responsabilidade objetiva não pode, portanto, ser
Dois modelos de responsabilidade
admitida como regra geral, mas somente nos casos
2 CDC, “Art. 12. O fabricante, o produtor, o a) Por vícios de qualidade ou quantidade dos
construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador produtos ou serviços
respondem independentemente da existência de
b) Por danos causados aos consumidores, como
culpa pela reparação dos danos causados aos
acidentes de consumo
consumidores por defeitos decorrentes de projeto,
fabricação, construção, montagem, fórmulas, Exemplo:
manipulação, apresentação ou acondicionamento
Se um consumidor adquire um veículo que
de seus produtos, bem como por informações
apresenta um defeito no sistema de freios, a
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e
revendedora do veículo, na qualidade de
riscos. § 1º O produto é defeituoso quando não
fornecedora imediata, é
oferece a segurança que dele legitimamente se
responsável pela reparação do vício, sujeitando-se, c) defeito de informação ou de comercialização,
se não o fizer, às sanções previstas no § 1º do art. que envolve a apresentação, informação
18 do CDC (substituição do produto, restituição da insuficiente ou inadequada, inclusive a publicidade,
quantia paga ou abatimento do preço). Nesse caso, elemento faltante no elenco do art. 12.
o Código faz alusão à responsabilidade por vícios do
Inovações tecnologias
produto.
§ 2º O produto não é considerado defeituoso
pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido
No entanto, se em razão do aludido vício o colocado no mercado.
consumidor atropela uma pessoa, provoca uma
colisão ou danifica um imóvel, diríamos que o vício
suscitou um dano, isto é, prejudicou terceiros, e,
Causas excludentes
assim sendo, o fabricante do veículo, não mais o
comerciante, nos termos do art. 12 do CDC, é que § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou
deverá reparar os danos materiais e morais importador só não será responsabilizado
sofridos pelo consumidor. quando provar:
Responsabilidade objetiva I - que não colocou o produto no mercado;
O esquema clássico da responsabilidade civil por II - que, embora haja colocado o produto no
danos está sujeito ao temperamento do art. 186 do mercado, o defeito inexiste;
Código Civil, fundado na configuração da culpa em
sentido subjetivo. O dano causado só é indenizável III - a culpa exclusiva do consumidor ou de
quando o agente age com negligência ou terceiro.
imprudência.
Responsáveis pelas perdas e danos
Inciso I exemplo:
Art 12 ° do CDC- O dispositivo – segundo a doutrina
seriam aqueles relacionados com o furto ou roubo
corrente e na esteira das normas previstas na
de produto defeituoso estocado no
Diretiva nº 374/85 – contempla as três categorias
estabelecimento, ou com a usurpação do nome,
clássicas de fornecedores:
marca ou signo distintivo, cuidando-se, nesta
a) o fornecedor real: compreendendo o fabricante, última hipótese, da falsificação do produto.
o produtor e o construtor;
b) o fornecedor: presumido, assim entendido o
importador de produto industrializado ou in Art. 13. O comerciante é igualmente
natura; responsável, nos termos do artigo anterior,
quando:
c)o fornecedor aparente, ou seja, aquele que apõe
seu nome ou marca no produto final I - o fabricante, o construtor, o produtor ou
o importador não puderem ser identificados;
Modalidades de defeitos dos produtos
II - o produto for fornecido sem
a) defeito de concepção, também designado de identificação clara do seu fabricante, produtor,
criação, envolvendo os vícios de projeto, construtor ou importador;
formulação, inclusive design dos produtos;
III - não conservar adequadamente os
b) defeito de produção, também denominado produtos perecíveis.
fabricação, envolvendo os vícios de fabricação,
construção, montagem, manipulação e
acondicionamento dos produtos;
Parágrafo único. Aquele que efetivar o II - o resultado e os riscos que
pagamento ao prejudicado poderá exercer o razoavelmente dele se esperam;
direito de regresso contra os demais
III - a época em que foi fornecido.
responsáveis, segundo sua participação na
causação do evento danoso.

O serviço presume-se defeituoso quando é mal


apresentado ao público consumidor (inc. I), quando
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, sua fruição é capaz de suscitar riscos acima do nível
independentemente da existência de culpa, pela de razoável expectativa (inc. II), bem como quando,
reparação dos danos causados aos em razão do decurso do tempo, desde a sua
consumidores por defeitos relativos à prestação prestação, é de se supor que não ostente sinais de
dos serviços, bem como por informações envelhecimento (inc. III).
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos.

§ 3° O fornecedor de serviços só não será


responsabilizado quando provar:
O art 14 é diferente do art 12, pois no 14 diz
respeito aos serviços I - que, tendo prestado o serviço, o defeito
inexiste;
Mutatis mutandis, valem as considerações já feitas
no sentido de que a responsabilidade se aperfeiçoa II - a culpa exclusiva do consumidor ou de
mediante o concurso de três pressupostos: terceiro.

a) defeito do serviço;
b) evento danoso; e Profissionais liberais
c) relação de causalidade entre o defeito do serviço § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais
e o dano. liberais será apurada mediante a verificação de
Dentre os acidentes de consumo mais frequentes culpa.
nesta sede, podemos arrolar:
-defeito nos serviços relativos a veículos
Advogados, médicos e outros prestadores de
automotores;
serviços solitários, só será responsabilizado quando
-defeito nos serviços de guarda e estacionamento mostrada a sua imprudência, imperícia ou
de veículos; negligência
-defeito nos serviços de hotelaria; Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-
-defeito nos serviços de comunicação e se aos consumidores todas as vítimas do evento.
transmissão de energia elétrica.
Serviço defeituoso

§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece


a segurança que o consumidor dele pode
esperar, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
Responsabilidade por vício do produto ou defeito Imediatização das reparações

Art. 18. Os fornecedores de produtos de § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato


consumo duráveis ou não duráveis respondem das alternativas do § 1° deste artigo sempre que,
solidariamente pelos vícios de qualidade ou em razão da extensão do vício, a substituição
quantidade que os tornem impróprios ou das partes viciadas puder comprometer a
inadequados ao consumo a que se destinam ou qualidade ou características do produto,
lhes diminuam o valor, assim como por aqueles diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto
decorrentes da disparidade, com a indicações essencial.
constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou mensagem publicitária,
respeitadas as variações decorrentes de sua Se não for possível a substituição do bem de
natureza, podendo o consumidor exigir a mesma espécie?
substituição das partes viciadas.
§ 4° Tendo o consumidor optado pela
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo
alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não
máximo de trinta dias, pode o consumidor
sendo possível a substituição do bem, poderá
exigir, alternativamente e à sua escolha:
haver substituição por outro de espécie, marca
I - a substituição do produto por outro da ou modelo diversos, mediante complementação
mesma espécie, em perfeitas condições de uso; ou restituição de eventual diferença de preço,
sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do §
II - a restituição imediata da quantia paga,
1° deste artigo.
monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço. Produtos IN NATURA

§ 5° No caso de fornecimento de produtos in


Redução ou ampliação do prazo de saneamento natura, será responsável perante o consumidor
o fornecedor imediato, exceto quando
§ 2° Poderão as partes convencionar a redução identificado claramente seu produtor.
ou ampliação do prazo previsto no parágrafo
anterior, não podendo ser inferior a sete nem
superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de Entende-se por produto in natura o produto
adesão, a cláusula de prazo deverá ser agrícola ou pastoril, colocado no mercado de
convencionada em separado, por meio de consumo sem sofrer qualquer processo de
manifestação expressa do consumidor. industrialização, muito embora possa ter sua
apresentação alterada em função de embalagem
ou acondicionamento.
No entanto, deverá tomar o cuidado de não deixar
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
que se escoem os prazos decadenciais previstos no
art. 26, a saber: I - os produtos cujos prazos de validade
estejam vencidos;
- 30 dias, tratando-se do fornecimento de produtos
não duráveis; II - os produtos deteriorados, alterados,
adulterados, avariados, falsificados, corrompidos,
- 90 dias, tratando-se do fornecimento de produtos
fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou,
duráveis.
ainda, aqueles em desacordo com as normas
regulamentares de fabricação, distribuição ou
apresentação;
III - os produtos que, por qualquer motivo, se Vícios de serviço
revelem inadequados ao fim a que se destinam.
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos
Vícios de quantidade vícios de qualidade que os tornem impróprios ao
consumo ou lhes diminuam o valor, assim como
Art. 19. Os fornecedores respondem
por aqueles decorrentes da disparidade com as
solidariamente pelos vícios de quantidade do
indicações constantes da oferta ou mensagem
produto sempre que, respeitadas as variações
publicitária, podendo o consumidor exigir,
decorrentes de sua natureza, seu conteúdo
alternativamente e à sua escolha:
líquido for inferior às indicações constantes do
recipiente, da embalagem, rotulagem ou de I - a reexecução dos serviços, sem custo
mensagem publicitária, podendo o consumidor adicional e quando cabível;
exigir, alternativamente e à sua escolha:
II - a restituição imediata da quantia paga,
I - o abatimento proporcional do preço; monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
II - complementação do peso ou medida;
III - o abatimento proporcional do preço.
III - a substituição do produto por outro da
mesma espécie, marca ou modelo, sem os
aludidos vícios;
Reexecução por terceiros
IV - a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem prejuízo de § 1° A reexecução dos serviços poderá ser
eventuais perdas e danos. confiada a terceiros devidamente capacitados,
por conta e risco do fornecedor.

§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do


artigo anterior. Consertos e reparações

permite ao consumidor, diante do vício de Art. 21. No fornecimento de serviços que


quantidade, substituir o produto viciado por outro tenham por objetivo a reparação de qualquer
de espécie, marca ou modelo diversos, mediante produto considerar-se-á implícita a obrigação do
complementação ou restituição de eventual fornecedor de empregar componentes de
diferença de preço. reposição originais adequados e novos, ou que
mantenham as especificações técnicas do
§ 2° O fornecedor imediato será responsável fabricante, salvo, quanto a estes últimos,
quando fizer a pesagem ou a medição e o autorização em contrário do consumidor.
instrumento utilizado não estiver aferido
segundo os padrões oficiais.
Se não o fizer, ficará caracterizada não só a
impropriedade do serviço prestado, como também
Ex: os feirantes são fornecedores imediatos a inadequação da peça utilizada como componente
do produto final, rendendo ensejo à aplicação das
sanções previstas nos arts. 18 ou 20, com vistas à
reposição da peça ou reexecução do serviço
prestado.
Mas o consumidor, por medida de economia,
poderá autorizar, expressamente, a reutilização de
componentes, afastando a incidência desta norma.
Responsabilidade do poder público Esse dever jurídico implica – do ponto de vista do
consumidor – a garantia de adequação do produto
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas ou serviço que, nos termos do art. 24, independe
empresas, concessionárias, permissionárias ou de termo expresso, pois decorre do magistério da
sob qualquer outra forma de empreendimento, lei.
são obrigados a fornecer serviços adequados,
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, Cláusulas de exoneração
contínuos.
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de
Parágrafo único. Nos casos de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a
descumprimento, total ou parcial, das obrigação de indenizar prevista nesta e nas
obrigações referidas neste artigo, serão as seções anteriores.
pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a
§ 1° Havendo mais de um responsável pela
reparar os danos causados, na forma prevista
causação do dano, todos responderão
neste código.
solidariamente pela reparação prevista nesta e
nas seções anteriores.

O art. 22 faz remissão às empresas – rectius § 2° Sendo o dano causado por componente
empresas públicas – concessionárias de serviços ou peça incorporada ao produto ou serviço, são
públicos, entes administrativos com personalidade responsáveis solidários seu fabricante,
de Direito Privado, mas por extensão é aplicável às construtor ou importador e o que realizou a
sociedades de economia mista, fundações e incorporação.
autarquias, posto que omitidas, sempre que
prestarem serviços públicos.
As estipulações exonerativas são mais frequentes
Ignorância dos vícios
nas hipóteses de fornecimento de serviços. As
Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os empresas de guarda e estacionamento de veículos
vícios de qualidade por inadequação dos costumam advertir seus usuários de que não se
produtos e serviços não o exime de responsabilizam pelos valores ou objetos pessoais
responsabilidade deixados no interior dos respectivos veículos.
Todos os envolvidos são solidários para a
ocorrência do dano
Na ordem civil, o alienante está de boa—fé quando
Danos
ignora o vício ou o defeito que afeta a coisa
alienada. Caracteriza-se a má-fé quando tem Danos materiais – são os prejuízos reais que você
conhecimento do defeito oculto. sofre.

Numa e noutra hipótese, a sanção é diversa, pois, Restabelecimento/ ressarcimento.


se está de boa-fé, restituirá somente o valor Reparação daquilo que tinha.
recebido, mais as despesas contratuais. Do
contrário, deverá restituir o valor recebido, com Ex.: Comprou um carro para andar com taxista,
pago 50mil, um desavisado bate no meu carro, levo
perdas e danos (cf. art. 443 do Código Civil).
para o concerto e dar 20mil para concerto. Esse é
Garantia de boa qualidade meu prejuízo, meu dano real.

Art. 24. A garantia legal de adequação do Dano moral - abalos psicológicos – será discutido
produto ou serviço independe de termo em juízo.
expresso, vedada a exoneração contratual do tem aspecto de compensar . Compensar o
fornecedor. prejuízo causado.
Lucro cessante- lucros que deixo de ganhar em Vícios ocultos e decadência
decorrência do ato ilícito praticado.
Ex.: tua renda é o taxi, o carro ficara 20 dias na § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo
oficina, pega a media dos meses que ganho calcula decadencial inicia-se no momento em que ficar
a media que ganha a diária. evidenciado o defeito.

Danos emergentes – diminuição no teu patrimônio


decorrente ao ato ilícito.
Vício oculto, a contrário sensu, é aquele que não se
Ex.: Depois que um carro é batido e concertado ele visualiza de pronto e, portanto, de difícil
perdeu o valor para revenda. constatação (v.ġ., o defeito no sistema elétrico de
qualquer aparelho ou máquina industrial).
Danos por ricochete – São prejuízos causados a
Causa obstativas
terceiros estranhos a relação jurídica.
Ex.: bateu no meu carro e eu acabei batendo em § 2° Obstam a decadência:
outro carro.
I - a reclamação comprovadamente
Ex²: uma mulher gravida é abusada por seu gerente formulada pelo consumidor perante o
o que acaba ocorrendo a perda do bebe, o pai da fornecedor de produtos e serviços até a
criança pode entrar em ação pois também sofreu o resposta negativa correspondente, que deve ser
prejuízo. transmitida de forma inequívoca;
II - (Vetado).
Decadência e prescrição
III - a instauração de inquérito civil, até seu
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios encerramento.
aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento
de serviço e de produtos não duráveis; Causas suspensivas são aquelas que sobrevêm e
paralisam o tempo decorrido si et in quantum, isto
II - noventa dias, tratando-se de é, enquanto perduram os seus efeitos. Terminada a
fornecimento de serviço e de produtos duráveis. suspensão, o prazo retoma o seu curso, com
aproveitamento do tempo anteriormente
decorrido.
Exceção:
As causas interruptivas, quando se instalam,
Súmula 477 do STJ, que dispõe: “A decadência do inutilizam todo o tempo anteriormente decorrido,
art. 26 do CDC não é aplicável à prestação de contas de tal sorte que, verificado o evento interruptivo, a
para obter esclarecimentos sobre cobrança de decadência recomeça a fluir, a partir dessa data.
taxas, tarifas e encargos bancários”.
Prescrição
Termo inicial de decadência
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a reparação pelos danos causados por fato do
partir da entrega efetiva do produto ou do produto ou do serviço prevista na Seção II deste
término da execução dos serviços. Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a
partir do conhecimento do dano e de sua
autoria.
Prescrição é a perda de entrar com uma ação, exigir Desconsideração da personalidade
a pretensão
jurídica
Decadência é a perda do direito material
A personalidade jurídica como já ressaltei foi criada
para satisfazer legítimas necessidades humanas, a
pessoa jurídica e o princípio da separação
patrimonial a ela inerente, foram, no limiar da
história sendo desviados de sua finalidade,
possibilitando que, por detrás de sua estrutura,
escondessem-se pessoas e patrimônios para fins
abusivos e fraudulentos.
A desconsideração da personalidade jurídica vale
pra mim dentro do “contrato”(ver aula 49:30 min)
Ex.: a empresa me causa um dano, entro com
processo a empresa alega que está falida, eu peço
a desconsideração da personalidade jurídica. Ai vai
para o dono ou sócio me ressarci.
Ela não ataca o instituto da pessoa jurídica, mas
o mal uso que dele se faz. Por isso não se anula a
personalidade jurídica, mas, apenas, diante do caso
concreto, suspende-se o véu societário para,
enxergando-se por detrás do mesmo, atingir os
responsáveis por atos abusivos ou fraudulentos.
Há duas teorias para desconsideração
a) Teoria maior

É válida para todas as áreas do direito , precisa


demonstra a questão objetiva ,precisa mostrar o
Desvio de finalidade e Confusão patrimonial.
Característica: abuso de personalidade
b) Teoria menor
É valido para o CDC.
Basta mostra que a empresa não quer pagar.
Característica: abuso de poder,
personalidade...Art.28, principalmente §5°.
Conforme é cediço, a pessoa jurídica é distinta da
pessoa dos seus sócios, não apenas no aspecto
subjetivo, mas também no tocante à questão
patrimonial (aspecto objetivo) segundo a qual os
bens da sociedade não se confundem com o
patrimônio dos respectivos sócios. Aliás,
Hipóteses matérias de incidência Agrupamentos societários

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a § 2° As sociedades integrantes dos grupos


personalidade jurídica da sociedade quando, em societários e as sociedades controladas, são
detrimento do consumidor, houver abuso de subsidiariamente responsáveis pelas obrigações
direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou decorrentes deste código.
ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato
social. A desconsideração também será
efetivada quando houver falência, estado de
insolvência, encerramento ou inatividade da
pessoa jurídica provocados por má De todo modo, devemos considerar que o grupo de
administração. sociedades é constituído pela sociedade
controladora e suas controladas, ou seja, por
sociedades que detêm o controle acionário, ditas
sociedades de comando, e por suas filiadas.
Desconsidera quando houver:
o consumidor lesado poderá prosseguir na
→Abuso de direito
cobrança contra as demais integrantes, em via
→ Excesso de poder subsidiária.
→Infração da lei, fato ou ato ilícito Sociedades consorciadas
→Violação dos estatutos ou contrato social § 3° As sociedades consorciadas são
→Falência, estado de insolvência solidariamente responsáveis pelas obrigações
decorrentes deste código.
→Inatividade da pessoa jurídica
→ Quando de alguma forma, obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados aos O consórcio, nos termos do art. 278 e segs. da Lei
consumidores. das Sociedades Anônimas, é mera reunião de
sociedades que se agrupam para executar um
Obs: É uma faculdade do juiz determinar a
determinado empreendimento.
desconsideração
O consórcio não tem personalidade jurídica e, em
Desconsiderada a pessoa jurídica do fornecedor,
princípio, as consorciadas somente se obrigam em
quem deverá ser responsabilizado pela reparação
nome próprio, sem previsão de solidariedade (cf. §
dos vícios ou pelo ressarcimento dos prejuízos
1º do referido diploma).
causados ao consumidor?
Sociedades coligadas
O §1° que foi vetado, mas pode ser invocado a
título de dúvida determina que efetivação da § 4° As sociedades coligadas só responderão por
responsabilidade da pessoa jurídica recaia sobre o culpa.
acionista controlador, o sócio majoritário, os
sócios-gerentes, os administradores societários e,
no caso de grupo societário, as sociedades que o
Tratando-se de sociedades que se associam a
integram
outras, mas que conservam a respectiva autonomia
patrimonial e administrativa, o Código somente
admite sua responsabilidade na ocorrência de
culpa, vale dizer, em caráter excepcional, quando
ficar demonstrado que participaram do evento
danoso ou incorreram em vício de qualidade ou
quantidade por negligência ou imprudência.
Reexame Práticas abusivas
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou
pessoa jurídica sempre que sua personalidade
serviços, dentre outras práticas abusivas:
for, de alguma forma, obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados aos
consumidores.
Condicionamento do fornecimento de produto

I - condicionar o fornecimento de produto ou de


serviço ao fornecimento de outro produto ou
serviço, bem como, sem justa causa, a limites
quantitativos;

o fornecedor nega-se a fornecer o produto ou


serviço, a não ser que o consumidor concorde em
adquirir também um outro produto ou serviço. É a
chamada venda casada.
A solução também é aplicável aos brindes,
promoções e bens com desconto. O consumidor
sempre tem o direito de, em desejando, recusar a
aquisição quantitativamente casada, desde que
pague o preço normal do produto ou serviço, isto
é, sem o desconto.
Recusa de atendimento à demanda do
consumidor

II - recusar atendimento às demandas dos


consumidores, na exata medida de suas
disponibilidades de estoque, e, ainda, de
conformidade com os usos e costumes;

Veja-se o caso do consumidor que, a pretexto de


ter passado cheque sem fundos em compra
anterior, tem a sua demanda, com pagamento à
vista, recusada. Ou, ainda, o motorista de táxi que,
ao saber da pequena distância da corrida do
consumidor, lhe nega o serviço.
Fornecimento não solicitado

III - enviar ou entregar ao consumidor, sem


solicitação prévia, qualquer produto, ou
fornecer qualquer serviço;
o consumidor recebe o fornecimento como mera Divulgação de informações negativas sobre
amostra grátis, não cabendo qualquer pagamento consumidor
ou ressarcimento ao fornecedor, nem mesmo os
decorrentes de transporte. VII - repassar informação depreciativa, referente
a ato praticado pelo consumidor no exercício de
Parágrafo único. Os serviços prestados e os seus direitos;
produtos remetidos ou entregues ao
consumidor, na hipótese prevista no inciso III,
equiparam-se às amostras grátis, inexistindo Por exemplo, não é lícito ao fornecedor informar
obrigação de pagamento. seus companheiros de categoria que o consumidor
sustou o protesto de um título, que o consumidor
gosta de reclamar da qualidade de produtos e
Aproveitamento da hipossuficiência do serviços, que o consumidor é membro de uma
consumidor associação de consumidores ou que já representou
ao Ministério Público ou propôs ação.
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do
consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, Produtos ou serviços em desacordo com as
conhecimento ou condição social, para impingir- normas técnicas
lhe seus produtos ou serviços;
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer
produto ou serviço em desacordo com as
normas expedidas pelos órgãos oficiais
Exigência de vantagem excessiva competentes ou, se normas específicas não
existirem, pela Associação Brasileira de Normas
V - exigir do consumidor vantagem
Técnicas ou outra entidade credenciada pelo
manifestamente excessiva;
Conselho Nacional de Metrologia, Normalização
e Qualidade Industrial (Conmetro);

basta que o fornecedor, nos atos preparatórios ao


contrato, solicite vantagem dessa natureza para
Recusa de venda direta
que o dispositivo legal tenha aplicação integral.
Serviços sem orçamento e autorização do IX - recusar a venda de bens ou a prestação de
consumidor serviços, diretamente a quem se disponha a
adquiri-los mediante pronto pagamento,
VI - executar serviços sem a prévia elaboração ressalvados os casos de intermediação
de orçamento e autorização expressa do regulados em leis especiais;
consumidor, ressalvadas as decorrentes de
práticas anteriores entre as partes;
Elevação de preço sem justa causa- Preço abusivo

Se o serviço, não obstante a ausência de aprovação X - elevar sem justa causa o preço de produtos
expressa do consumidor, for realizado, aplica-se, ou serviços.
por analogia, o disposto no parágrafo único do art.
39, ou seja, o serviço, por não ter sido solicitado, é
considerado amostra grátis, uma liberalidade do A regra, então, é que os aumentos de preço devem
fornecedor, sem qualquer contraprestação exigida sempre estar alicerçados em justa causa, vale dizer,
do consumidor. não podem ser arbitrários, leoninos ou abusivos.
Reajuste diverso do previsto em lei ou contrato Nenhum serviço pode ser fornecido sem um
orçamento prévio; tal já havia sido previsto no art.
XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, 39, VI. E não cabe o mero “acerto” verbal, de vez
de 22.10.1999, transformado em inciso XIII, que o dispositivo fala em “entrega” do orçamento
quando da conversão na Lei nº 9.870, de ao consumidor.
23.11.1999
O orçamento deve conter, necessariamente,
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste informações sobre:
diverso do legal ou contratualmente
estabelecido. (Incluído pela Lei nº 9.870, a) o preço da mão de obra, dos materiais e
de 23.11.1999) equipamentos;
b) as condições de pagamento;
c) a data de início e término do serviço.
Inexistência ou deficiência de prazo para o
cumprimento da obrigação Validade da proposta de preço

XII - deixar de estipular prazo para o § 1º Salvo estipulação em contrário, o valor


cumprimento de sua obrigação ou deixar a orçado terá validade pelo prazo de dez dias,
fixação de seu termo inicial a seu exclusivo contado de seu recebimento pelo consumidor.
critério.

Orçamento como verdadeiro contrato


Basta que se lembrem os casos dos contratos
imobiliários em que se fixa um prazo certo para a § 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o
conclusão das obras a partir do início ou término orçamento obriga os contraentes e somente
das fundações. Só que para estes não há qualquer pode ser alterado mediante livre negociação das
prazo. partes.

O dispositivo é claro: todo contrato de consumo


deve trazer, necessária e claramente, o prazo de
Serviços de terceiro
cumprimento das obrigações do fornecedor.
Superlotação em estabelecimentos comerciais ou § 3° O consumidor não responde por quaisquer
serviços ônus ou acréscimos decorrentes da contratação
de serviços de terceiros não previstos no
XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos orçamento prévio.
comerciais ou de serviços de um número maior
de consumidores que o fixado pela autoridade
administrativa como máximo. Se, ao contrário, o orçamento é omisso a tal
respeito, o consumidor, por isso mesmo, não
Falta de orçamento como prática abusiva
assume qualquer ônus extra, cabendo ao
Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a fornecedor principal arcar com os encargos
entregar ao consumidor orçamento prévio acrescidos
discriminando o valor da mão-de-obra, dos
materiais e equipamentos a serem empregados,
as condições de pagamento, bem como as datas
de início e término dos serviços.
Tabelamento de preços

Art. 41. No caso de fornecimento de produtos


ou de serviços sujeitos ao regime de controle ou
de tabelamento de preços, os fornecedores
deverão respeitar os limites oficiais sob pena de
não o fazendo, responderem pela restituição da
quantia recebida em excesso, monetariamente
atualizada, podendo o consumidor exigir à sua
escolha, o desfazimento do negócio, sem
prejuízo de outras sanções cabíveis.

Preços devem estar tabelados. Duas são as opções


do consumidor:
a) a restituição da quantia paga em excesso;
b) o desfazimento do negócio.
Da cobrança de dívidas Do banco de dados e cadastros de
consumidores
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor
inadimplente não será exposto a ridículo, nem Os arquivos de consumo – e entre eles,
será submetido a qualquer tipo de notadamente, os bancos de dados – representam
constrangimento ou ameaça. uma das manifestações da sociedade de consumo,
isto é, da velocidade que esta imprime nas relações
contratuais e econômicas em geral. Melhor
O consumidor é abordado, das mais variadas dizendo, trata-se, a um só tempo, de manifestação
formas possíveis, em seu trabalho, residência e e condicionante da sociedade de consumo, pois é
lazer. Utiliza-se toda uma série de procedimentos provável que sem tais organismos não teríamos o
vexatórios, enganosos e molestadores. Seus crédito facilitado e massificado, um dos pilares
vizinhos, amigos e colegas de trabalho são dessa forma de organização do mercado
incomodados.
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto
Não raras vezes vem ele a perder o emprego em no art. 86, terá acesso às informações existentes
face dos transtornos diretos causados aos seus em cadastros, fichas, registros e dados pessoais
chefes. As humilhações, por sua vez, não têm e de consumo arquivados sobre ele, bem como
limites. sobre as suas respectivas fontes.
Perdas e danos

Parágrafo único. O consumidor cobrado em fragmenta-se em três outros direitos específicos.


quantia indevida tem direito à repetição do Tem, portanto, composição tríplice:
indébito, por valor igual ao dobro do que pagou
em excesso, acrescido de correção monetária e a) direito de acesso às informações arquivadas;
juros legais, salvo hipótese de engano b) direito de acesso às fontes do registro;
justificável.
c) direito de acesso à identificação dos
destinatários, isto é, as pessoas, físicas ou jurídicas,
comunicadas do conteúdo do assentamento.
Repetição do debito com valor igual ou em dobro +
Juros e correções Linguagem dos arquivos de consumo
Uma vez que o procedimento do cobrador (o § 1° Os cadastros e dados de consumidores
próprio fornecedor ou empresa de cobrança) cause devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em
danos ao consumidor, moral ou patrimonial, tem linguagem de fácil compreensão, não podendo
este direito à indenização. É a regra do art. 6º, VII. conter informações negativas referentes a
Identificação do fornecedor período superior a cinco anos.

Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança


de débitos apresentados ao consumidor, Exatamente para facilitar seu entendimento pelo
deverão constar o nome, o endereço e o número consumidor e evitar danos à sua posição no
de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF mercado, os arquivos de consumo devem estar
ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – redigidos em linguagem transparente e que reflita
CNPJ do fornecedor do produto ou serviço a realidade exatamente como é, nem mais, nem
correspondente. menos.
Comunicação ao consumidor ordinário. Ex: Habeas data e tutela de urgência

§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e § 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança


dados pessoais e de consumo deverá ser de débitos do consumidor, não serão
comunicada por escrito ao consumidor, quando fornecidas, pelos respectivos Sistemas de
não solicitada por ele. Proteção ao Crédito, quaisquer informações que
possam impedir ou dificultar novo acesso ao
crédito junto aos fornecedores.
não basta que a anotação seja verdadeira. É preciso
comunicá-la ao consumidor, para que ele, ciente da
mesma, não passe pela situação vexatória de tomar § 6º Todas as informações de que trata o caput
conhecimento através de terceiro, recusando deste artigo devem ser disponibilizadas em
conceder-lhe, em razão dela, o pretendido crédito. formatos acessíveis, inclusive para a pessoa com
Sanções administrativas deficiência, mediante solicitação do
consumidor.
São particularmente úteis no controle dos arquivos
de consumo a multa, a suspensão do fornecimento
do serviço (prestação de informações), a suspensão
Arquivos estatais
temporária de atividade e a cassação de licença do
estabelecimento ou da atividade. Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do
Sanção penal consumidor manterão cadastros atualizados de
reclamações fundamentadas contra
estabelece o art. 72: “Impedir ou dificultar o acesso fornecedores de produtos e serviços, devendo
do consumidor às informações que sobre ele divulgá-lo pública e anualmente. A divulgação
constem em cadastro, banco de dados, fichas ou indicará se a reclamação foi atendida ou não
registros: Pena – Detenção de seis meses a um ano pelo fornecedor.
ou multa.”
Direito a correção
Direito ao acesso de arquivos
§ 3° O consumidor, sempre que encontrar
inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá § 1° É facultado o acesso às informações lá
exigir sua imediata correção, devendo o constantes para orientação e consulta por
arquivista, no prazo de cinco dias úteis, qualquer interessado.
comunicar a alteração aos eventuais
destinatários das informações incorretas.
A divulgação, como já dito, limita-se a estampar
alguns dados básicos sobre a conduta do
Instrumentos processuais fornecedor. Abrese, então, a possibilidade de
consulta à totalidade das informações arquivadas.
§ 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a
consumidores, os serviços de proteção ao § 2° Aplicam-se a este artigo, no que couber, as
crédito e congêneres são considerados mesmas regras enunciadas no artigo anterior e
entidades de caráter público. as do parágrafo único do art. 22 deste código.

O consumidor negativado tem a seu dispor um


leque de opções processuais de defesa, de caráter
constitucional e
Prazo máximo
as informações do cadastro de fornecedores não
poderão ser mantidas por “período superior a cinco
anos, contado da data da intimação da decisão
definitiva Vide art. 43, §1°

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