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Os princípios de proteção do consumidor a serem apresentados são diferentes princípios gerais insculpidos em outras
normas. Exemplo típico desta assertiva é o entendimento do princípio da vulnerabilidade que é ínsito (de forma
exclusiva) ao consumidor, por via de consequência inaplicável a outro sujeito de direito que não o já citado
(consumidor).
Analisaremos os princípios consumeristas em espécie, quais sejam, o princípio da vulnerabilidade e suas espécies, o
da boa-fé e suas funções, o da transparência, da segurança e harmonia.
OBJETIVOS
Como exemplo maior de princípio, a Constituição de 1988 contém os fundamentos valorativos aceitos pela sociedade,
portanto, a CF/88 é o plano diretor do sistema jurídico brasileiro, ordenando não somente os princípios, como também,
as leis e os procedimentos necessários para que todos possam ser aplicados com correção.
1. Princípio Da Vulnerabilidade
Fonte da Imagem:
Art, 4, (...)
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
O princípio da vulnerabilidade é de suma importância porque estabelece a igualdade dentro da relação de consumo,
coisa que antes do Código de Defesa do Consumidor não existia e o fornecedor estava sempre em posição de
vantagem.
Caracterizamos o princípio da vulnerabilidade como aquele em que o consumidor está em desvantagem jurídica,
decorrente de uma expressa determinação legal oriunda da L.8.078 de 1990, art. 4, I. Independentemente de sua
situação social, pelo simples fato de ser consumidor, já o faz ser classificado como vulnerável.
Também não se pode esquecer que todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente. Este
princípio é o resultado da “qualidade” especial do consumidor. Pois, além de lhe ser inerente, é a identificação
permanente da subordinação, do desequilíbrio entre o consumidor e o fornecedor.
BOA FÉ
Art. 4. (...)
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do
consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos
quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas
relações entre consumidores e fornecedores [...]
É o regramento de conduta social de agir com lealdade e honestidade. Fazer o que é certo e na medida do prometido.
Importante!
, A Boa-fé Objetiva - A Teoria do Risco do Empreendimento (ou do negócio)., , Significa atuação refletida, uma atuação observando,
pensando no outro, no parceiro contratual, respeitando-o, respeitando seus interesses legítimos, suas expectativas razoáveis,
seus direitos, agindo com lealdade, sem abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem excessiva., , Cooperando para
atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento do objetivo contratual e a realização dos interesses das partes.
A relevância do tema é positivada nos seguintes fundamentos:
Constituição Federal – 5; V, X, XXII; §2
Código Civil – 112; 113; 166, VI; 167, § 2; 171; 172; 186; 187; 309; 317; 421; 422; 423; 424; 425; 478; 479; 480; 927, §
único; 1201 e 1208.
Código de Processo Civil – 374, I, III e IV;
Código de Defesa do Consumidor – 1; 4, III; 39, V; 51, IV; 54; 84
TRANSPARÊNCIA
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito a sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria
da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes
princípios [...]
Não basta que o fornecedor informe ao consumidor sobre seu produto ou serviço, é necessário que tal informação seja
prestada de maneira clara, possibilitando ao consumidor que adquira o bem de consumo de forma consciente.
SEGURANÇA
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito a sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria
da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes
princípios:
Art. 4º [...]
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e
serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
No que diz respeito à segurança, o Código não estabelece um sistema de segurança absoluta para produtos e serviços.
O que se quer é uma segurança dentro dos padrões da expectativa legítima dos consumidores.
HARMONIA
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria
da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes
princípios [...]
O princípio da harmonia (ou equidade) é um princípio de técnica de hermenêutica que deve estar presente na aplicação
da lei. É a justiça diante do caso concreto.
ATIVIDADE PROPOSTA
Questão de concurso para Fiscal do PROCON - PROCON-Itumbiara/GO - Ano: 2014 - Banca: UEG - Direito do
Consumidor - Código de Defesa do Consumidor.
Ao tratar da defesa do consumidor como garantia fundamental, determinando ao legislador a adoção de norma
específica para sua proteção, a Constituição Federal de 1988 abriu caminho para a criação de um microssistema que
se concretizou com a edição da Lei 8.098/90 (Código de Defesa do Consumidor). Assim, além dos princípios
constitucionais, outros foram adotados pela legislação consumerista. Indique e discorra brevemente sobre os
princípios que regem o microssistema de defesa do consumidor.
Resposta Correta
Questão 1: Com referência às características do CDC e aos princípios que o fundamentam, assinale a opção correta.
As normas do CDC são imperativas e de interesse social, devendo prevalecer sobre a vontade das partes.
Compete aos juízes de primeiro e segundo graus o conhecimento de ofício das cláusulas abusivas insertas em contratos
bancários.
Os dispositivos do CDC devem retroagir para abranger os contratos celebrados antes de sua vigência.
Justificativa
Questão 2: Vários princípios informam as relações de consumo, que são regulamentadas por lei especial no Brasil.
Entre esses princípios, podem ser identificados, os seguintes, exceto:
Boa-fé
Transparência
Prevenção
Veracidade
Ambivalência
Justificativa
Questão 3: No sistema das relações de consumo reguladas pelo Código de Defesa do Consumidor, a identificação de
que existe um elo mais fraco na relação traduz o reconhecimento da:
Qualidade
Impessoalidade
Vulnerabilidade
Referibilidade
Informalidade
Justificativa
Glossário