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Princípios do Direito do Consumidor

I) Introdução

O Código de Defesa do Consumidor é uma lei principiológica, que prevê normas


norteadoras e que promovem a interpretação legislativa para conferir direitos ao consumidor, que
ocupa a posição de vulnerável na relação de consumo, bem como a impor as obrigações ao fornecedor.

O referido código positiva os Princípios Gerais da Defesa do Consumidor, que prevê a


proteção do consumidor a fim de reparar as disparidades ocasionadas pela relação jurídica frente ao
fornecedor.

Cumpre salientar ainda a existência de princípios oriundos dos Direitos Básicos do


Consumidor, cuja disposição legal consta do art. 6º CDC, que serão explicitados a seguir e ao final
será estabelecido um paralelo acerca da finalidade exercida por parte dos princípios.

II) Exposição dos Princípios

1 - Princípio da Vulnerabilidade - A previsão legal consta no art. 4º, I CDC, que


reconhece a fragilidade intrínseca ao consumidor na relação de consumo independente do seu poderio
econômico, pois esse não possui técnica, conhecimento jurídico, posição de monopólio
socioeconômico e o poderio informacional. Assim, o objetivo do referido princípio é reequilibrar a
relação consumerista.

2 - Hipossuficiência do Consumidor - É importante salientar que não se confunde com


as questões de ordem financeira e econômica, está previsto no art. 6º, VIII CDC, trata da
hipossuficiência técnica, ou seja, é a disparidade de conhecimentos técnicos e informacionais
existentes entre consumidor e fornecedor. Quando a hipossuficiência técnica é reconhecida a previsão
legal dispõe que será concedida a inversão do ônus da prova.
3 - Princípio da Intervenção Estatal - Em conformidade com a disposição do art. 4º, II
CDC o Estado deve atuar na defesa do consumidor para propiciar uma proteção eficaz ao vulnerável,
devendo promover a tutela por meio de elaboração de normas que atendam o interesse coletivo e pela
efetiva prestação jurisdicional, criação de incentivos para as associações representativas e pelo
constante estudo do funcionamento do mercado de consumo.

3 - Princípio da Harmonia - O inciso III, art. 4º CDC prevê que a relação de consumo
deve ser harmônica por meio da compatibilização dos interesses do consumidor e fornecedor, que
deve se alinhar com a proteção do pólo vulnerável da referida, de modo a favorecer o
desenvolvimento econômico e tecnológico.

4 - Princípio da Boa-fé Objetiva - Surge do princípio da harmonia da relação de


consumo, de maneira que o contrato de consumo deve guardar o máximo respeito entre as partes,
assim é dever de ambos agir em conformidade com os parâmetros da honestidade e lealdade, para
promover o almejado equilíbrio na relação.

5 - Princípio da Informação - Consta no inciso IV, art. 4º c/c art. 6, III CDC, entende
que é dever do Estado e do fornecedor promover a informação e a educação do consumidor acerca
das características do produto ou serviço contratado, modo de utilização, risco e respectivos preços.
Merece destaque que tal informação deve ocorrer de modo claro e adequado.

6 - Princípio da Qualidade e Segurança - Previsto no art. 4º, V CDC dispõe os


fornecedores devem promover o controle de qualidade aos produtos e serviços para que esses não
venham a oferecer risco à saúde ou segurança do consumidor.

7 - Princípio da Reparação Integral - O legislador no art. 6º, VI CDC visa prevenir as


práticas abusivas no mercado de consumo, com a fiscalização tais condutas e na hipótese da falha de
tal intento visa reparar os danos morais e patrimoniais ocasionados ao consumidor.

8 - Princípio da Responsabilidade Solidária - É reconhecida a solidariedade na cadeia


de fornecedores, de modo que o consumidor deverá eleger quem irá acionar ou até mesmo poderá
acionar todos os sujeitos que colocaram o referido produto ou serviço no mercado de consumo.
9 - Princípio da Proibição da Publicidade Ilícita - Disposto no art. 37 CDC estabelece
a vedação de qualquer informação ou comunicação publicitária enganosa, ou seja, parcial ou
inteiramente falsa ou quando deixa de informar dado essencial do produto ou serviço. Também é
defesa a publicidade abusiva, aquela que pode ferir os valores da coletividade.

10 - Princípio da Função Social do Contrato - É resultado da mitigação do Pacta Sunt


Servanda, assim compreende de maneira tácita que a função social a fim de que sejam afastadas as
cláusulas abusivas.

11 - Proteção à Práticas Abusivas - A previsão legal consta no art. 39 CDC, traz um rol
exemplificativo de práticas abusivas vedadas, com o objetivo de proibir o fornecedor de usar sua
posição proeminente na relação de consumo para agir de forma abusiva.

12 - Princípio da Transparência - Previsto no art. 36 CDC dispõe que o fornecedor ao


lançar mão da publicidade deve fundamentá-la de acordo com os dados fáticos, técnicos e científicos
que possam sustentar a informação, a fim de guardar a maneira de agir com transparência e lealdade.

III) Conclusão

De acordo com o supracitado o Código de Defesa do Consumidor é denso quando se trata


de princípios norteadores do direito, todavia apesar de ser um número extenso de normas
principiológicas todas confluem em uma finalidade específica.

Diante da fragilidade do consumidor perante ao fornecedor o Estado precisou intervir e


balizar parâmetros para a proteção daquele que é hipossuficiente, por meio de princípios que visam
evitar a violação das normas consumeristas protetivas, bem como punir as violações das disposições
da codificação.

Para tanto, resta claro que a função primordial dos princípios explicitados é promover o
reequilíbrio de uma relação que desde o surgimento possui uma disparidade intrínseca, de modo a
evitar injustiças e o abuso de poder.

IV) Bibliografia
DE ALMEIDA, Fabrício Bolzan. Direito do Consumidor Esquematizado. 7ª edição. ed. atual. e
revisada. São Paulo: Saraiva, 2018. 667 p.

DE CARVALHO, Desembargador Maldonado. Princípios Gerais do CDC e Direitos Básicos do


Consumidor. [S. l.]: Emerj, 2013. Disponível em:
https://www.emerj.tjrj.jus.br/paginas/publicacoes/cadernos_de_direito_do_consumidor/edicoes/cad
ernos_de_direito_do_consumidor_9.pdf. Acesso em: 6 abr. 2020.

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