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DOS FATOS
DO DIREITO
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O legislador, visando a proteger amplamente o consumidor, afirmou
ser enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter
publicitário que tenha a capacidade de induzi-lo em erro. Portanto, não há que se
falar no argumento de que o nome da empresa não se enquadra no artigo 37 do
CDC, visto que, mesmo que não constitua propriamente publicidade, ele tem, ainda
que secundariamente, uma natureza publicitária.
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LEI DO GLÚTEN (LEI 8.543/92 AB-ROGADA PELA
LEI 10.674/2003) E EVENTUAL ANTINOMIA COM
O ART. 31 DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. MANDADO DE SEGURANÇA
PREVENTIVO. JUSTO RECEIO DA IMPETRANTE
DE OFENSA À SUA LIVRE INICIATIVA E À
COMERCIALIZAÇÃO DE SEUS PRODUTOS.
SANÇÕES ADMINISTRATIVAS POR DEIXAR DE
ADVERTIR SOBRE OS RISCOS DO GLÚTEN AOS
DOENTES CELÍACOS. INEXISTÊNCIA DE
DIREITO LÍQUIDO E CERTO. DENEGAÇÃO DA
SEGURANÇA.
[...]
4. O ponto de partida do CDC é a afirmação do
Princípio da Vulnerabilidade do Consumidor,
mecanismo que visa a garantir igualdade formal-
material aos sujeitos da relação jurídica de consumo,
o que não quer dizer compactuar com exageros que,
sem utilidade real, obstem o progresso tecnológico,
a circulação dos bens de consumo e a própria
lucratividade dos negócios.
5. O direito à informação, abrigado expressamente
pelo art. 5°, XIV, da Constituição Federal, é uma das
formas de expressão concreta do Princípio da
Transparência, sendo também corolário do Princípio
da Boa-fé Objetiva e do Princípio da Confiança,
todos abraçados pelo CDC.
[...]
7. Entre os direitos básicos do consumidor, previstos
no CDC, inclui-se exatamente a “informação
adequada e clara sobre os diferentes produtos e
serviços, com especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade e preço, bem
como sobre os riscos que apresentem” (art. 6°, III).
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8. Informação adequada, nos termos do art. 6°, III,
do CDC, é aquela que se apresenta
simultaneamente completa, gratuita e útil, vedada,
neste último caso, a diluição da comunicação
efetivamente relevante pelo uso de informações
soltas, redundantes ou destituídas de qualquer
serventia para o consumidor.
9. Nas práticas comerciais, instrumento que por
excelência viabiliza a circulação de bens de
consumo, “a oferta e apresentação de produtos ou
serviços devem assegurar informações corretas,
claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa
sobre suas características, qualidades, quantidade,
composição, preço, garantia, prazos de validade e
origem, entre outros dados, bem como sobre os
riscos que apresentam à saúde e segurança dos
consumidores” (art. 31 do CDC).
10. A informação deve ser correta (= verdadeira),
clara (= de fácil entendimento), precisa (= não prolixa
ou escassa), ostensiva (= de fácil constatação ou
percepção) e, por óbvio, em língua portuguesa.
11. A obrigação de informação é desdobrada pelo
art. 31 do CDC, em quatro categorias principais,
imbricadas entre si: a) informação-conteúdo (=
características intrínsecas do produto e serviço), b)
informação-utilização (= como se usa o produto ou
serviço), c) informação-preço (= custo, formas e
condições de pagamento), e d) informação-
advertência (= riscos do produto ou serviço).
12. A obrigação de informação exige comportamento
positivo, pois o CDC rejeita tanto a regra do caveat
emptor como a subinformação, o que transmuda o
silêncio total ou parcial do fornecedor em patologia
repreensível, relevante apenas em desfavor do
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profissional, inclusive como oferta e publicidade
enganosa por omissão. [...]”2
Do Elemento Subjetivo
2
REsp 586.316/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/04/2007,
DJe 19/03/2009
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enganosas. Tal responsabilidade toca aos
fornecedores-anunciantes, que a patrocinaram
(CDC, Arts. 3º e 38).
IV - O CDC, quando trata de publicidade, impõe
deveres ao anunciante - não às empresas de
comunicação (Art. 3º, CDC). [...]”3
3
REsp 604172/SP, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMA, julgado
em 27/03/2007, DJ 21/05/2007, p. 568
4
MIRAGEM, Bruno. Direito do Consumidor: fundamentos do direito do consumidor; direito material e
processual do consumidor; proteção administrativa do consumidor; direito penal do consumidor. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008, páginas 166 e 167.
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má-fé. A intenção (dolo) e a prudência (culpa) só
ganham destaque no tratamento penal do fenômeno.
Logo, sempre que o anúncio for capaz de induzir o
consumidor em erro – mesmo que tal não tenha sido
querido pelo anunciante –, caracterizada está a
publicidade enganosa.
[...] Tudo o que se exige é prova de
que o anúncio possui a tendência ou capacidade
para enganar, mesmo que seja uma minoria
significante de consumidores. A essência do desvio
(a enganosidade) não é a má-fé, a negligência, ou
mesmo o descumprimento de um dever contratual
ou paracontratual. Em suma: uma prática é
enganosa mesmo quando inexiste qualquer intenção
de enganar. Pelo mesmo raciocínio, não elide a
enganosidade os esforços efetuados pelo
anunciante no sentido de preveni-la. Finalmente, o
fato de ser uma determinada prática enganosa
corrente no mercado, não dá salvo-conduto aos seus
adeptos para utilizá-las em detrimento dos
consumidores.”5
DOS REQUERIMENTOS
5
BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcellos [et al.]. Código brasileiro de defesa do consumidor:
comentado pelos autores do anteprojeto. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 9ª edição, 2007,
página 340
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propositura de ação coletiva para a defesa de interesse difuso, com base no artigo
81, parágrafo único, inciso I do CDC, e legitimado pelo artigo 82, inciso I do referido
código, para que haja a suspensão da exposição da propaganda enganosa e,
conforme permite o artigo 83, impor a contrapropaganda à UNICENID –
FACULDADE DE CIÊNCIAS GERENCIAIS.
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