OS PRINCÍPIOS DA HIPOSSUFICIÊNCIA E DA DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
1.1 Princípios da Vulnerabilidade e da Hipossuficiência
A Constituição Federal (BRASIL, 1988), em seu artigo 5º, inciso XXXII
determina que a promoção da defesa do consumidor seja dever do Estado. Neste sentido, o Código de Defesa do Consumidor tem como principal objetivo defender o consumidor, e com isso, fica claro que o princípio da vulnerabilidade é um dos que estão presentes principalmente nas relações de consumo, sendo a base dos direitos protetivos. Deste modo, vale ressaltar que há diferenças que abrangem o princípio da vulnerabilidade e o princípio da hipossuficiência, que para muitos são princípios iguais, mas possuem diferenças entre um e outro. A vulnerabilidade está ligada diretamente ao Direito do Consumidor, tendo em vista que está ligado à fragilidade da categoria. Na grande parte das vezes, a vulnerabilidade está ligada a pessoa física, porém pode ser alegada também pela pessoa jurídica. A hipossuficiência está ligada ao ramo do Direito Processual, tendo em vista ser um critério para a inversão do ônus da prova. A hipossuficiência faz uma análise subjetiva das poucas condições das pessoas físicas ou jurídica. A hipossuficiência e a vulnerabilidade não podem ser confundidas, vez que a primeira se restringe e se materializa no âmbito processual, devendo ser comprovada perante a autoridade judicial competente, e em caso de negativa por parte do magistrado, o consumidor poderá ter o dever de arcar com as custas judiciais e advocatícias. Por outro lado, a vulnerabilidade é um princípio jurídico que tem validade para todo e qualquer consumidor, nos termos do inciso I, do artigo 4º, do CDC. O art. 39, inciso IV, do Código de Defesa do Consumidor, dispõe do aproveitamento da hipossuficiência do consumidor como uma prática de abuso sofrida de consumidor para fornecedor. Antônio Herman V. Benjamin (2003) traz ainda uma observação em relação àqueles que são ainda mais vulneráveis, e merecem uma proteção extra, como os consumidores que possuem pouco ou nenhum conhecimento, de idade reduzida ou extremamente avançada, além daqueles que se encontram em condição de saúde fragilizada, ou aqueles cuja posição social não lhes permite analisar com adequação e rigor técnico os produto ou serviço que pretendem adquirir.
1.2 Princípio da Boa-Fé
Diante todos os princípios, o princípio da boa-fé é um dos principais
princípios que regem o Direito do Consumidor e a relação jurídica. Por meio dele, fica determinado que as partes devem agir de forma coerente e leal, não deixando a parte contrária lesada. Nos contratos consumeristas, é necessário que seja analisado o princípio da boa-fé para que não haja cláusulas abusivas, mantendo sempre manter a reciprocidade das prestações.
1.3 Princípio do Equilíbrio
O princípio do equilíbrio tem como objetivo proteger a parte mais sensível da
relação de consumo, tratando de maneira iguais ambas as partes que celebraram contrato, independentemente do valor que cada teria.
1.4 Princípio da Informação e da Educação
As relações jurídicas devem possuir o princípio da informação. A informação
é de suma importância, ocorrendo assim maiores esclarecimentos diante do produto que é adquirido ou da prestação de serviços que se contrata. Desta forma, é importante que a informação seja passada de forma transparente para que a relação consumidor-fornecedor seja o mais lúcida possível. O princípio da informação é de suma importância como dito anteriormente, pois o mesmo deve prestar informações claras e precisas acerca do produto, visando a proteção e a integridade física daquele que consome. Quanto ao princípio da educação, Oscar Ivan Prux (2013), cita que da mesma forma que o fornecedor deve prestar a devida informação, ele possui o dever da educação para consumir, utilizando o produto de forma racional. Contudo, a educação para consumir um produto contribui para a proteção dos interesses do consumidor. Tratando-se de uma maneira de proporcionar ao consumidor as melhores formas de contrato. 1.5 Princípio da Função Social do Contrato e da Transparência Contratual
De acordo com o Princípio da Função Social, o contrato e o interesse social
devem ser atrelados de maneira que haja concordância com a coletividade. Este princípio está ligado juntamente com o princípio da boa-fé, devendo está presente no contrato de forma objetiva e subjetiva, sob pena de vício no contrato. (DINIZ, 2003)
2.0 Desconsideração da Personalidade Jurídica
A desconsideração da personalidade jurídica é uma aptidão genérica para
adquirir direitos e contrair obrigações. As pessoas jurídicas são entidades fictícias, pessoal e financeiramente independentes de sócios e diretores, o que significa que podem contrair direitos e obrigações contratuais. Sendo assim, uma sociedade jurídica é constituída para limitar os riscos dos sócios ao capital social investido na empresa. O uso indevido do patrimônio da empresa por pessoas físicas constitui violação da personalidade jurídica e vice-versa. Quando um empregador transfere bens que pertencem à empresa, esse procedimento é chamado de desvio reverso da pessoa jurídica. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 21 abr. 2023.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito Civil, vol. 3: Teoria das obrigações contratuais e extracontratuais. 18ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2003.
PRUX, Oscar Ivan. Princípios do CDC: a informação e educação para o
consumo como deveres do fornecedor. 2013. Disponível em: https://tribunapr.uol.com.br/blogs/direito- consumidor/principios-do-cdc-a- informacaoe-educacao-para-o-consumo-como-deveres- dofornecedor/#:~:text=Independente%20da%20obriga%C3%A7%C3%A3o%20de %20p restar,de%20consumo%20e%20a%20coletividade. Acesso em: 21 abr. 2023.
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