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Legislação

Empresarial
Aplicada
Introdução às relações de
consumo
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Bons estudos!

O estudo do direito e da legislação do consumidor é da mais alta relevância, uma vez que trata da legalidade das práticas do
mercado de consumo. Há, de certo, algumas balizas que precisam ser respeitadas como condição para que a relação de
consumo não seja desproporcional e se garantam os direitos básicos do consumidor.

Em virtude disso, nesta webaula, conheceremos alguns exemplos de cláusulas abusivas e entenderemos o que caracteriza a
extinção do contrato de consumo. Além disso, abordaremos a questão do banco de dados e do cadastro do consumidor,
buscando revelar as regras da legislação e a finalidade desses sistemas de informação.

Cláusulas abusivas em contratos de consumo


As cláusulas abusivas têm o intuito de estabelecer uma
relação desigual de vantagens e desvantagens entre as
partes envolvidas na relação consumerista.

As situações que caracterizam abusividade estão previstas,


de modo exemplificativo, no art. 51, do CDC (BRASIL, 1990).
Isso quer dizer que a abusividade das cláusulas presentes no
contrato de consumo depende de avaliação concreta, à luz
do equilíbrio contratual.

Fonte: Shutterstock.

São nulas, por exemplo, cláusulas que:

Impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza no objeto da
prestação.
Subtraem ao consumidor a possibilidade de reembolso de quantia já paga.
Estabeleçam obrigações que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada ou que sejam incompatíveis com a
boa-fé e equidade.
Prevejam inversão do ônus da prova em detrimento do consumidor.
Impeçam o acesso à justiça mediante imposição de arbitragem.
Permitam alteração unilateral de preços.
Obriguem o consumidor a ressarcir custos de cobrança de sua própria obrigação.
Imponham a possibilidade de modificação unilateral do conteúdo do contrato.
Possam infringir normas ambientais e de saúde.
Pesquise mais

O estudo das cláusulas abusivas é de suma importância. Não se deve restringir o estudo apenas às hipóteses previstas
no Código de Defesa do Consumidor, à medida que o Código Civil brasileiro também prevê uma série de cláusulas
abusivas que poderão ser aproveitadas como hipóteses aplicáveis às relações de consumo, tendo em vista que entre o
direito civil e o direito do consumidor há grande proximidade. Neste sentido, vale a pena conferir o artigo escrito por
Lucia Ancona Lopez de Magalhães Dias, disponível na biblioteca virtual, na plataforma da Revista dos Tribunais.

DIAS, L. A. L. de M. Um estudo das cláusulas abusivas no Código de Defesa do Consumidor e no Código Civil de 2002.
Doutrinas Essenciais de Direito do Consumidor, v. 4, p. 383-418, abr. 2011.

Saiba mais

As relações consumeristas, então protegidas no âmbito do Código de Defesa do Consumidor, por uma série de regras e
princípios que visam, especialmente, à tutela do consumidor, como parte vulnerável, também são resguardadas do
ponto de vista penal. Assim, o CDC prevê uma série de infrações penais, os chamados crimes contra as relações de
consumo. Por exemplo, constitui crime previsto no art. 63, do CDC (BRASIL, 1990), a omissão de informações quanto à
novidade ou à periculosidade de produtos. Interessante ressaltar que a publicidade enganosa ou abusiva, quando desta
maneira sabida pelo patrocinador ou fornecedor, também importa no cometimento de crime, tal como descrito no art.
66 do CDC (BRASIL, 1990), além de configurar ilícito a ser tutelado no campo da reparação civil. Igualmente, é infração
penal o ato de dificultar ou impedir que o consumidor tenha acesso as suas informações pessoais, então armazenadas
em cadastros, banco de dados, fichas e registros.

Banco de dados e cadastro do consumidor


Primeiramente, vamos compreender a diferença entre banco de dados e cadastro do consumidor:

Banco de dados 

O banco de dados é voltado ao mercado em geral e as informações são colhidas independentemente da vontade do
consumidor (embora não possam ser difundidas deliberadamente), ou seja, nesse caso, a coleta de informações ocorre
de forma aleatória e sem interesse específico.

Cadastro do consumidor 

O cadastro de consumidores é arquivo que se constitui pelo fornecimento de informações pelo próprio cliente em
diversas situações, como na abertura de conta em banco, abertura de crediário, dentre outras. Esse cadastro serve para
subsidiar eventuais relações jurídicas de consumo.

O Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990) prevê um regramento específico acerca da coleta e do arquivamento de
dados, estabelecendo, assim, nos arts. 43 a 45, que os consumidores terão acesso às suas informações arquivadas em
cadastros, fichas, além de registros e dados pessoais e de consumo. Ainda, é assegurado ao consumidor o direito de retificar
dados incorretos, retirar informações negativas após o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, bem como a comunicação, por
escrito, de abertura de cadastro, ficha ou registro cadastral, com dados pessoais ou de consumo, quando não requerida.

Extinção do contrato de consumo


Via de regra, o contrato termina com o adimplemento pelas
partes: de um lado, a entrega da prestação pelo fornecedor,
e de outro, o pagamento do preço pelo consumidor.

Porém poderá haver a rescisão ou a revisão do contrato de


consumo, tendo em vista a identificação de cláusulas
abusivas ou desde que, em virtude da alteração das
condições fáticas, o contrato incorra em excessiva
onerosidade, sobretudo para o consumidor.

Fonte: Shutterstock.
Por fim, cabe destacar que, desde a formação até a conclusão do contrato, tanto fornecedor quanto consumidor devem
resguardar a boa-fé contratual.

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