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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS

LETÍCIA LOPES ALVES – 011.5785

DIREITO DO CONSUMIDOR E RESPONSABILIDADE CIVIL

Trabalho apresentado na Disciplina de


Direito Civil VI do 6º Semestre no Ano
2022, Curso de Direito. Faculdade de Direito
do Centro Universitário da Grande Dourados
(UNIGRANDourados).

Professor Gilberto Ferreira Marchetti Filho.

Dourados
2022
SUMÁRIO

1. NOÇÕES GERAIS ....................................................................................................... 03

2. O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ............................................................ 03

2.1 o CDC e sua relação com o código civil ................................................................... 03

2.2 princípios básicos do CDC ....................................................................................... 04

2.3 A Relação de Consumo ............................................................................................ 05

2.4 Consumidor ............................................................................................................. 06


2.5 Fornecedor .............................................................................................................. 07
2.6 O produto e o serviço ............................................................................................... 08

3. A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO ........................ 10

4. A RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO ...... 12

5. A RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO ................. 13


6. DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO.................................................................................. 15
7. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 17
NOÇÕES GERAIS
No que diz respeito à responsabilidade civil, o Código de Defesa do Consumidor tem
duas seções dedicadas ao tema: a que regula a responsabilidade civil pelo fato do produto ou
do serviço, configurando os chamados acidentes de consumo; e a que rege a responsabilidade
civil pelo vício do produto ou do serviço. Assim fazendo, o legislador especial rompe com a
clássica dicotomia que divide a responsabilidade civil em contratual e extracontratual,
afastando-se, neste aspecto, completamente do Código Civil. O sistema de responsabilização
do Código do Consumidor foi elaborado na esteira da formação de uma sociedade
caracterizada pela complexidade tecnológica, com produção em massa e consequente
desindividualização do produto e despersonalização dos protagonistas da relação de consumo.
Ao lado da unificação dos sistemas de responsabilidade civil, o Código de Defesa do
Consumidor estabeleceu a prescindibilidade da comprovação de culpa do responsável legal,
trazendo um fundamento objetivo ao dever de indenizar. Trata-se de responsabilidade objetiva
em que não há cogitação de culpa: presentes os pressupostos da responsabilidade (o defeito, o
dano e o nexo causal), não é dado ao responsável legal eximir-se do dever de indenizar com
base na prova de ausência de culpa. O consumidor limita-se a provar o dano e o nexo de
causalidade, sendo certo que, nos termos do art. 6º, VIII, pode o juiz inverter o ônus da prova
a seu favor, desde que verossímil a alegação ou em se tratando de consumidor hipossuficiente.
Quanto ao defeito, o Código de Defesa do Consumidor estabelece uma presunção iuris tantum
de sua existência, apresentando-se como o primeiro pressuposto não só ontológico, mas
também lógico – da responsabilidade objetiva.
Portanto, além de adotar como regra a responsabilidade objetiva, no Código do
Consumidor o dever de reparação é atribuído a todos os participantes do processo de
fabricação e distribuição dos produtos, de forma solidária e a prescindir de vínculo contratual
entre estes e a vítima do dano. Em se tratando de responsabilidade civil, portanto, a disciplina
do Código de Defesa do Consumidor é bem diferente da prevista no Código Civil.
O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
O CDC e sua relação com o código civil
O Código de Defesa do Consumidor “estabelece normas de proteção e defesa do
consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170,
inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias” (art. 1º). Para
tanto, firma uma Política Nacional das Relações de Consumo que “tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumido- '88, O respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, à proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida,
bem como à transparência e harmonia das relações de consumo” (art. 4º).
Por sua vez, o Código de Defesa do Consumidor, “além de ter campo especial de
aplicação as relações de consumo, regula relações entre desiguais: o fornecedor e o
consumidor, este reconhecidamente mais fraco (vulnerabilidade). O CDC busca a igualdade
material (real), reconstruída por uma disciplina jurídica voltada para o diferente, porque é
preciso tratar desigualmente os desiguais para que eles se igualem. Só se justifica a aplicação
de uma lei protetiva se estivermos diante de uma relação de desiguais; entre iguais não se
pode tratar privilegiadamente um deles sob pena de se atentar contra o princípio da
igualdade", nesse sentido, tem-se que “enquanto o Código Civil parte do pressuposto de que
há igualdade entre as partes, (o principio da isonomia), o Código do Consumidor parte
exatamente de outro pressuposto: o de que há desigualdade entre fornecedor e consumidor.
Parte do pressuposto de que o consumidor esta em situação de vulnerabilidade, de fragilidade
e que por isso precisa ser defendido. Em busca da realização dessa função, o Código de
Defesa do Consumidor estabeleceu uma sobreestrutura, uma disciplina jurídica única e
uniforme aplicável em todos os casos onde ocorrem relações de consumo, em qualquer área
do direito. Promover a defesa do consumidor importa restabelecer o equilíbrio e à igualdade
nas relações de consumo"
Princípios básicos do CDC
Os princípios são: 1.“Reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de
consumo”; 2. “Ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor”: a)
“por iniciativa direta”, b) “por incentivos à criação e desenvolvimento de associações
representativas”; c) “pela presença do Estado no mercado de consumo”; d) “pela garantia dos
produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e
desempenho.” 3. “Harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e
compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento
econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem
econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas
relações entre consumidores e fornecedores”; 4. “Educação e informação de fornecedores e
consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de
consumo”; 5. “Incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de
qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de
solução de conflitos de consumo”; 6. “Coibição e repressão eficientes de todos os abusos
praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de
inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que
possam causar prejuízos aos consumidores”; 7. “Racionalização e melhoria dos serviços
públicos”; 8. “Estudo constante das modificações do mercado de consumo”. Observa-se que
esse Código traz consigo ideias centrais que devem nortear toda relação de consumo, como
agir com boa-fé, respeitar, agir com transparência, harmonizar, compatibilizar, viabilizar,
equilibrar, informar, tudo visando atender um princípio básico que fundamenta a existência
dessa tratamento diferenciado das relações de consumo: a vulnerabilidade do consumidor na
relação.
A Relação de Consumo
Não há no Código de Defesa do Consumidor uma definição específica disso. Dessa
forma, o legislador deixou aberto O conceito, não o restringindo para que pudesse atender
efetivamente seu objetivo central que é proteger a relação de consumo em qualquer área do
direito em que ela surgir. Logo, será relação de consumo quanto estivermos diante de atos de
consumo, “assim entendidos O fornecimento de produtos, a prestação de serviços, OS
acidentes de consumo e outros suportes fáticos, e fazem operar os efeitos jurídicos nelas
previstos”. E para haver atos de consumo, devemos ter como sujeitos: consumidor e
fornecedor, e como objeto produto ou serviço. Desse modo, “optou o legislador nacional por
conceituar os sujeitos da relação, consumidor e fornecedor, assim como seu objeto, produto
ou serviço. No caso, são considerados conceitos relacionais e dependentes. Só existirá um
consumidor se também existir um fornecedor, bem como um produto ou serviço. Os conceitos
em questão não se sustentam por si mesmos, nem podem ser tomados isoladamente. Ao,
contrario as definições são dependentes uma das outras, devendo estar presentes para ensejar
a aplicação do CDC”.
“Para a execução da politica nacional das relações de consumo, contara o poder público
com os seguintes instrumentos, entre outros (art. 5º): a) manutenção de assistência jurídica,
integral e gratuita para o consumidor carente”, e p) “instituição de Promotorias de Justiça de
Defesa do Consumidor no âmbito do Ministério Público”; c) “criação de delegacias de polícia
especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo”: d)
“criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de
litígios de consumo”; e) “concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das
Associações de Defesa do Consumidor”.
Assim, por trabalho e atuação magistral da prof. Ada Pellegrini Grinover”, temos o
Código de Defesa do Consumidor, considerado um código moderno, revolucionário para sua
época, com uma forma de redação baseada em princípios, cláusulas gerais e conceitos
indeterminados, técnica legislativa essa que, posteriormente, seria utilizada no Código Civil
de 2002 e no Código de Processo Civil de 2015. Além disso, existe um Código praticamente
considerado como um microssistema, que traz normas de sobre estrutura jurídica
multidisciplinar, que atua em todos os ramos do direito onde se configurar a relação de
consumo e que, assim, torna uma norma de sobre Direito, que não encontra barreiras em
separações de direito, mas no seu tema central: a relação de consumo.

Consumidor
De acordo com o Código, “consumidor é toda pessoa 6ísica ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatário final” (art. 2º), equiparando-se a ele “a
coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de
consumo” (parágrafo único). Conforme esta ideia de conceito moderno e tendo por base o
Código, é possível verificar que consumidor é toda “pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatário final fático e econômico, isto é, sem reempregá-
lo no mercado de consumo com o objetivo de lucro”. Essa é a ideia central. Por outro lado,
tem se admitido “em caráter excepcional, que agentes econômicos de pequeno porte, quando
comprovadamente vulneráveis, e que não tenham o dever de conhecimento sobre as
características de um determinado produto ou serviço, ou sobre as consequências de uma
determinada contratação, possam ser considerados consumidores para efeito de aplicação das
normas do CDC”
Cabe destacar que as pessoas jurídicas também podem entrar no conceito de
consumidor. Isso se justifica porque “o art. 2º do Código de Defesa do Consumidor abarca
expressamente a possibilidade de as pessoas jurídicas figurarem como consumidores, não
havendo, portanto, critério pessoal de definição de tal conceito”. Em verdade, “a
caracterização do consumidor deve partir da premissa de ser a pessoa jurídica destinatária
final do produto ou serviço, sem deixar de ser apreciada a questão da vulnerabilidade”.
Considere-se também o consumidor por equiparação, trata-se de extensão dessa
proteção privilegiada do consumidor para outras pessoas que não efetivamente consumidoras,
dentro do conceito dantes passado. São, pois, terceiros que não consumiram ou não
participaram da relação de consumo diretamente, mas que foram atingidos ou sofreram
consequências dela. O Código de Defesa do Consumidor traz três hipóteses em que isso
ocorre: a) a coletividade de pessoas, descrita no art. 2º, parágrafo único, pelo qual “equipara-
se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas
relações de consumo”. Um exemplo ocorre quando o pai compra uma pizza para consumo da
família. Todos comem dessa pizza e, por causa dela, todos contraem uma infecção intestinal
grave. Veja que, tecnicamente, apenas O pai é consumidor, pois foi ele quem adquiriu. Os
demais, pelo conceito tradicional não são. Mas, em razão da equiparação, tornam-se
consumidores, pois foram atingidos diretamente pela relação de consumo do pai com a
pizzaria. B) todas as vitimas do fato dos produtos ou serviços, na forma do art. 17. Aqui,
“equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento danoso provado pelo fato do
produto ou serviço”. C) todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas
comerciais e à disciplina contratual, conforme art. 29. Para os Códigos “equiparam-se aos
consumidores todas as pessoas determináveis e não, expostas às práticas” comerciais e
contratuais. Logo, todos que forem atingidos por publicidade abusiva, ofertas com falta de
informação, cobranças vexatórias, cláusulas abusivas, etc. acabam por serem equiparadas a
consumidores, mesmo não tendo adquirido o produto ou serviço.
O Fornecedor
Para o Código de Defesa do Consumidor, “fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços” (art. 3º).
Trata-se como se pode ver, de conceito bastante amplo e abrangente em que o legislador
não traz qualquer distinção de natureza, regime jurídico ou nacionalidade. Qualquer pessoa,
seja física ou jurídica pública ou privada, nacional ou estrangeira, ou até mesmo
despersonalizada (como a massa falida, O espólio ou vendedores ambulantes, que fornece
produto ou serviço é considerado fornecedor na relação de consumo. Essa definição se
vincula diretamente com o conceito de produto e serviço. Demais disso, o Código não exige,
“de modo expresso, que o fornecedor de produtos e serviços seja um profissional. O requisito
de profissionalidade não constitui elemento da definição presente no artigo 3º do CDC”.
Qualquer pessoa, seja física ou jurídica pública ou privada, nacional ou estrangeira, ou até
mesmo despersonalizada (como a massa falida, O espólio ou vendedores ambulantes, 6”, que
atuam na informalidade), que fornece pro- chamados de “camelô , duto ou serviço é
considerado fornecedor na relação de consumo. Essa definição se vincula diretamente com O
conceito de produto e serviço.
Portanto, é fornecedor aquele que habitualmente presta o produto ou serviço. E “ao
indicar à atividade do fornecedor certa habitualidade, assim como a remuneração, o legislador
remete ao critério de desenvolvimento profissional desta atividade. Daí porque a
profissionalidade configura um requisito do conceito de fornecedor” apesar de não estar
expresso na definição legal, o fornecedor deve ser caracterizado pela habitualidade e
profissionalismos, com finalidades econômicas, não se caracterizando “relação de consumo as
relações jurídicas estabelecidas entre não profissionais, casual e eventualmente, o que, nada
obstante, não os desonera dos deveres de lealdade, probidade e boa-fé, visando ao equilíbrio
substancial e econômico do contrato, que deve cumprir sua função social”, como estabelecido
pelo Código Civil, nos arts. 421 e 422.
O produto e serviço
Conforme o Código de Defesa do Consumidor, “produto é qualquer bem, móvel ou
imóvel, material ou imaterial”. Diante dessa definição bem ampla, podemos afirmar que o
princípio, qualquer bem pode ser considerado produto, desde que resulte de atividade
empresarial em série de transformação econômica. Logo, bens móveis ou imóveis, materiais
ou imateriais todos po dem ser objeto de relação de consumo, desde que sofra intervenção do
trabalho humano ou mecânico. Importante menciona presença dos bens imóveis nessa
definição, porque classicamente, no direito civil, quando estudamos a parte de bens, vemos
que dentro da classificação ordinária, temos os bens consumíveis e inconsumíveis, sendo que
os bens imóveis são tradicionalmente considerados inconsumíveis. De fato, para a
classificação de bens, no direito civil, presente no art. 86, os bens imóveis são inconsumíveis,
pois seu uso não “importa destruição imediata da própria substância, sendo também
considerados tais os destinados à alienação”. Mas não é esse conceito que interessa no direito
do consumidor. Assim, bens imóveis, a despeito de serem inconsumíveis, podem ser objetos
da relação de consumo.
É importante destacar que bens imateriais também podem ser produto na relação de
consumo, como pacote turístico, aplicações financeiras, energia elétrica, gás, telefonia, além
de serviços fornecidos via internet. Por sua vez, “serviço é qualquer atividade fornecida no
mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”. Desse conceito
legal, devemos extrair três observações. A primeira é que O serviço deve ser fornecido
habitualmente pelo fornecedor no mercado de consumo. Isto é, “impõe que este seja oferecido
no mercado, como decorrência da atividade econômica do fornecedor Neste sentido, O fato de
constituir-se um serviço, mas de não estar ne do oferecido no mercado, mas sim realizado
como objeto de prestação tal típica custeada por impostos (serviços públicos, cuja
problemática de aplicação do CDC), realização de políticas públicas, ou ainda à margem do
mercado de consumo ou sem profissionalidade (caso das locações imobiliárias), faz com que
esta definição adquira grande importância. Da mesma forma, se dá no sentido do
reconhecimento como objeto da relação de consumo, 0 caso dos jogos e apostas submetidos à
exploração comercial, que se consideram, pois, oferecidos no mercado 317 esta de consumo”.
Em segundo, temos que o serviço deve ser remunerado, essa remuneração pode ser
direta ou indireta, será direta quando houver efetivamente contraprestação pelo serviço
prestado. Será indireta quando a remuneração se der por outras vantagens econômicas que o
fornecedor receberá em decorrência do serviço. A doutrina também chama essa categoria de
serviço aparentemente gratuito, eis que não há uma remuneração direta, específica, mas
vantagens indiretas recebidas pelo fornecedor. Exemplo, é o serviço de manobrista oferecido
em restaurantes de forma “gratuita”, mas que na verdade acaba por atrair o cliente para seu
estabelecimento. Outro exemplo é o estacionamento “gratuito” em supermercados, que na
verdade servem de atrativo para os clientes. Nesses casos há formação de relação de consumo
e, portanto, aplica-se o código de defesa do consumidor.
Por fim, O terceiro ponto é que as relações trabalhistas por óbvio não entram no
conceito de serviço para relação de consumo. De fato, “a exclusão expressa das relações
trabalhistas do conceito de serviço previsto no CDC, obedece à lógica de regular uma nova
relação jurídica emergente da realidade econômica contemporânea, substancialmente distinta
da relação de trabalho. A dinâmica da relação fornecedor versus consumidor, neste sentido,
distancia-se da relação já conhecida entre o empregador versus empregado. No caso das
relações trabalhistas, o imperativo da proteção do trabalhador decorre basicamente da sua
desigualdade fática na propriedade dos meios de produção, e na ausência de poder de direção
da relação de trabalho. No caso da relação de consumo, a desigualdade do consumidor não
possui uma uniformidade, mas ao contrário, apresenta-se em diversos graus (de
vulnerabilidade), que inclusive podem ser observados de modo distinto entre os diferentes
consumidores e fornecedores”.
Para concluir, “a exclusão das relações trabalhistas dos serviços objeto de relação de
consumo pelo CDC justifica-se, do ponto de vista formal, pela existência de uma legislação
especial, e de mesmo status constitucional para os trabalhadores (direitos fundamentais
sociais, artigos 6º e 7º da Constituição da República), bem como de uma justiça especializada
para conhecer e julgar os conflitos daí emergentes (a Justiça do Trabalho)”.
É importante destacar que os serviços de natureza pública também podem ser objeto da
relação de consumo e, por isso, sujeitam-se às regras do código de Defesa do Consumidor.
Dessa forma, o serviço público será objeto de relação de consumo quando: a) a pessoa for a
destinatária fático e econômico desse serviço e ou ingressar no conceito de vulnerabilidade do
código; b) o prestador de serviço realiza-lo como atividade econômico habitual e
profissional; c) envolver trabalho humano ou industrial, como remuneração e sem ingressar
no conceito de relação trabalhista. No tocante a essa remuneração, a doutrina majoritária tem
entendido que “só os serviços remunerados por tarifa podem ser regidos pelo Código de
Defesa do Consumidor, em razão do direito de escolha do usuário, um dos direitos básicos
para reconhecimento da condição de consumidor”.
Por fim, frisa-se que “a aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos litígios entre
usuários e concessionárias de serviço público, conforme admite a jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça, não arreda a natureza jurídica do direito publico envolvida no debate em
questão, pois o CDC em momento algum restringe o foco de sua tutela às relações jurídicas de
natureza privada; pelo contrário, seu campo de atuação ou incidência é dado pela simples
definição dos conceitos de consumidor (art. 2 º), fornecedor” (art. 3º), ‘produto’ (art. 3º,8 1º)e
serviço (art. 3º, 8 2º), dos quais não se podem, a priori, excluir os serviços públicos prestados
pelas concessionárias com fundamento no art. 175 da CF/88.
A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO
É certo que na atualidade a responsabilidade civil nas relações de consumo tem ganhado
muita relevância, notadamente pela massificação do comercio na economia capitalizada do
brasil e os danos que essas verias relações jurídicas consumeristas tem causado. Ao existir um
dano decorrente de uma relação de consumo, devemos aplicar as normas do Código de Defesa
do Consumidor atuando o Código Civil de maneira complementar. Compreendido isso, temos
que é direito básico do “consumidor a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e
morais, individuais, coletivos e difusos” (art. 6º, VI). Esse direito à efetiva reparação “não
quer somente reforçar a necessidade de reparação do consumidor, o que desde logo seria
desnecessário, considerando a reparabilidade de danos consagrada pelo sistema geral de
direito privado, no que diz respeito à responsabilidade civil. O direito à efetiva reparação,
neste particular, consagra em direito do consumidor o princípio da reparação integral dos
danos. Ou seja, de que devem ser reparados todos os danos causados, sejam os prejuízos
diretamente causados pelo fato, assim como aqueles que sejam sua consequência direta".
Portando, não se admite “a aplicação, no microssistema do direito do consumidor, das
regras de mitigação da responsabilidade ou de fixação do quantum indenizatório que
desconsiderem esta diretriz fundamental do sistema, orientada pelo principio da dignidade da
pessoa humana e pelo direito fundamental à reparação de danos consagrados na constituição
da república”. Trata-se de consequência da diretriz de efetividade da proteção dos
consumidores, consagrando, inclusive, a tão propagada inversão do ônus da prova quando a
alegação for verossímil ou o consumidor hipossuficiente, não no sentido puramente
econômico da palavra, mas sim no sentido de que, dentro da produção da prova, há a
“impossibilidade fática decorrente da ausência de condições - inclusive técnicas - de sua
realização, em razão da dinâmica das relações de consumo, cujo poder de direção e o
conhecimento especializado pertencem, como regra, ao fornecedor”.
O Código de Defesa do Consumidor preocupou-se expressamente com a proteção à
saúde e segurança do Consumidor. Com efeito, para ele, “os produtos e serviços colocados no
mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto
os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se
Os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu
respeito” (art. 8º). Além disso, “o fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos
ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a
respeito de sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas
cabíveis em cada caso concreto” (art.9 º). Como também, “o fornecedor não poderá colocar
no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de
nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança” (art. 10 º).
Cabe destacar que “aplica-se o CDC sempre que ocorrer um acidente numa relação de
consumo. E relação de consumo, como visto, é a relação jurídica contratual ou extracontratual
que tem num polo fornecedor e o consumidor tendo por objeto a circulação de produtos e
serviços”. Compreendido, pois, a fundamentação da responsabilidade civil nas relações de
consumo, é importante destacar que o código de Defesa do consumidor sistematizou a
responsabilidade civil nas relações de consumo da seguinte forma: a) responsabilidade civil
pelo fato do produto e do serviço, que abrange os defeitos de segurança, do art. 12 a0 17; b)
responsabilidade civil pelo vício do produto e do serviço, que compreende os vícios de
inadequação, do art. 18 ao 25.
De conseguinte, a responsabilidade civil do fornecedor no Código de Defesa do
Consumidor “divide-se em dois regimes: o da responsabilidade civil pelo fato do produto ou
do serviço e o da responsabilidade E vício do produto ou do serviço. A distinção entre os
regimes, de outro modo, não se estabeleceu segundo o mesmo critério do regime de
responsabilidade civil em direito comum, que de acordo com a fonte do dever violado
classifica a responsabilidade como contratual ( em face da violação de um dever estabelecido
em contrato), ou extracontratual (em face de um dever legal ou decorrente de outra fonte
jurídica não contratual).
A RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E DO
SERVIÇO

Sobre o tema o prof. Bruno Miragem, define que “a responsabilidade civil pelo fato do
produto ou do serviço consiste no efeito de imputação ao fornecedor, de sua responsabilização
em razão dos danos causados em razão de defeito na concepção, produção, comercialização
ou fornecimento de produto ou serviço, determinando seu dever de indenizar pela violação do
dever geral de segurança inerente a sua atuação no mercado de consumo”. Essa definição
mostra que o elemento caracterizador da responsabilidade pelo fato está no defeito do produto
ou do serviço. Aqui, defeito aqui “é vício grave que compromete a segurança do produto ou
serviço e causa dano ao consumidor”. Além disso, “em se tratando de relações consumeristas,
o fato do produto ou do serviço (ou acidente de consumo) configuram-se quando o defeito
ultrapassar a esfera meramente econômica do consumidor, atingindo-lhe a incolumidade física
ou moral".
Para um maior entendimento é importante especificar cada espécie. Primeiro em relação
à responsabilidade pelo fato do produto, expresso no art. 12, no qual frisa que “o fabricante, o
produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem,
fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos”.
Os defeitos pode se manifestar de varias formas, como concepção, produção,
comercialização, etc. “são os chamados acidentes de consumo, que se materializam através da
repercussão externa do defeito do produto, atingindo a incolumidade físico-psíquica do
consumidor e o seu patrimônio”. Para o Código, “o produto é defeituoso quando não oferece a
segu rança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais”: a) “sua apresentação”; b) “o uso e os riscos que razoavelmente
dele se esperam”; c) “a época em que foi colocado em circulação”.
Já a responsabilidade pelo fato do serviço está presente no art. 14, estabelecendo que “o
fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”. Aqui tem
como regra, a responsabilidade objetiva, ou seja, o prestador do serviço responde
independentemente da existência de culpa pelos danos causados por defeitos relativos essa
prestação (acidente de consumo). Trata-se de responsabilidade objetiva pelo risco da
atividade.
RESPONSABILIDADE CIVIL POR VICIO DO PRODUTO E DO
SERVIÇO
Como veremos “a responsabilidade pelo vicio do produto ou do serviço decorre da
violação a um dever de adequadação. Adequação entendida como qualidade do produto ou
serviço de servir, ser útil, aos fins que legitimamente dele se esperam. Dai porque se deve
sempre destacar que os vícios e seu regime de responsabilidade não se confundem com noção
de inadimplemento absoluto da obrigação, mas a um cumprimento parcial, imperfeito cuja
identificação remete às soluções previstas no código civil e na legislação, para atendimento do
interesse das partes, a principio, no cumprimento do contrato”. Com efeito, “o Código de
Defesa do Consumidor estabelece dois regimes jurídicos para a responsabilidade civil do
fornecedor: a responsabilidade por fato do produto ou serviço (arts. 12 a 17) e a
responsabilidade por vício do produto ou serviço (arts. 18 a 25). Basicamente, a distinção
entre ambas reside em que, na primeira, além da desconformidade do produto ou serviço com
uma expectativa legítima do consumidor, há um acontecimento externo (acidente de
consumo) que causa dano material ou moral ao consumidor. Na segunda, o prejuízo do
consumidor decorre do defeito interno do produto ou serviço (incidente de consumo)".
Dessa forma, é possível observar que “a responsabilidade do fornecedor por vícios do
produto ou do serviço abrange o efeito decorrente da violação aos deveres de qualidade,
quantidade, ou informação, impedindo com isso, que o produto ou serviço atenda aos fins que
legitimamente dele se esperam (dever de adequação)". Por exemplo: “embora o defeito no
sistema de freio de um automóvel configure defeito de segurança, com potencial para
acarretar dano ao consumidor, isto é, acidente de consumo, conforme previsto no art. 12 do
Código, quando inexistir alegação de tal dano ao consumidor, ter-Se-á a responsabilidade do
fornecedor por mero vício do produto, por inadequação deste, de acordo com o art. 18 do
CDC, e não por fato do produto".
Por sua vez, “o vicio de quantidade, como o próprio termo sugere, diz respeito a uma
falha do fornecedor decorrente da disparidade entre a quantidade apresentada, ofertada ou
sugerida pela publicidade, rotulando ou apresentação do produto ou serviço do produto ou
serviço, e aquela efetivamente contida ou disponível ao consumidor”. A despeito da norma
não faça expressa menção à oferta de consumo, aparece inclui-la, uma vez que o regime da
oferta do CDC abrange claramente “toda a informação suficientemente precisa’, inclusive em
matéria de publicidade”
De uma forma especifica o vicio do produto está presente especificamente nos arts. 18 e
19 do Código de Defesa do Consumidor. Em primeiro lugar, o Código trata da
responsabilidade por vício na qualidade e de informação. Pelo art. 18, “os fornecedores de
produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de
qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo que se
destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes de disparidade, com
a indicações consistentes ou recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitaria,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigi a
substituição das partes viciadas”.
A título meramente ilustrativo, do artigo art. 18 paragrafo 6º, traz algumas situações em
que o legislador expressamente considerada como vício na qualidade. “Para a lei, “são
impróprios ao uso e consumo”: a) “os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos”.
b)“ os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos,
fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as
normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação”; c) “os produtos que, por
qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam”.
Além disso, “pequenos defeitos de produtos vendidos em promoções e liquidações, as
pontas do estoque” não “podem ser considerados vícios do produto”, “desde que o defeito não
comprometa substancialmente a utilidade do produto, não aumente os riscos dos acidentes de
consumo, tenha sido amplamente divulgado, de modo a dar pleno conhecimento ao
consumidor e ainda, que haja efetiva vantagem para o consumidor pela redução do preço”.
Já em relação ao serviço, o legislador estabelece que “o fornecedor de serviços responde
pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor,
assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou
mensagem publicitária”. Ademais, “ao tratar dos vícios do serviço, o CDC buscou resguardar
a legítima expectativa do consumidor de que um determinado serviço cumpra a função pela
qual é requisitado, impondo, de forma objetiva, a responsabilidade pela manutenção de sua
qualidade”. Dessa forma, é importante frisar que “os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de em- preendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais,
contínuos” (art. 22). E “nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações
referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos
causados, na forma prevista” no código (art. 22, paragrafo único).
DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO NO CDC
A prescrição é a perda da pretensão relativa a um direito violado pelo decurso do tempo.
“Pretensão é a expressão utilizada para caracterizar o poder de exigir de outrem
coercitivamente o cumprimento de um dever jurídico, vale dizer, é o poder de exigir a
submissão de um interesse subordinado (do devedor da prestação) a um interesse
subordinante (do credor da prestação) amparado pelo ordenamento jurídico". Significa que a
pessoa tem o direito (de indenização, por exemplo), mas não pode mais exigi-lo. Assim, “a
prescrição é a perda da pretensão de reparação do direito violado, em virtude da inércia do seu
titular, no prazo previsto pela lei". Nesse sentido, o Código Civil refere-se à prescrição no art.
189, pelo qual “violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela
prescrição, nos prazos a que aludem os artigos 205 e 206”. De outro lado a decadência refere-
se a perda propriamente dita do direito em si, ou seja, decorrido o prazo a que se refere, o
titular perde literalmente o direito, motivo pelo qual é bem diferente da prescrição. Um é
perda da pretensão; o outro é perda do direito em si.
Ao se tratar de decadência no código do consumidor, existe dois tipos de prazo: O legal
e o contratual. Nos termos do art. 26, “o direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil
constatação caduca em”: a) “trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos
não duráveis”; b) “noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos
duráveis”. a contagem desses prazos decadenciais inicia-se “a partir da entrega efetiva do
produto ou do término da execução dos serviços” (art. 26, 8 1º). Entrementes, “tratando-se de
vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito”
(art. 26, 8 3º). Então se entende que a contagem desses prazos decadenciais inicia-se “a partir
da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços” (art. 26, 8 1º).
Entrementes, “tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que
ficar evidenciado o defeito” (art. 26, 8 3º).
Ademais, “tratando-se de vício oculto do produto, o prazo decadencial tem início no
momento em que evidenciado o defeito, e a reclamação do consumidor formulada diretamente
ao fornecedor obsta o prazo de decadência até a resposta negativa deste”. É importante não
confundir o vício, notadamente na modalidade oculta, com o defeito pelo desgaste natural da
coisa. “O primeiro relaciona-se com o defeito de fabricação, de projeto, da resistência de
materiais etc. Defeito intrínseco, existente desde a fabricação ao passo que o segundo,
desgaste natural do produto decorre da fruição do bem, posto que, não sendo eterno nenhum
produto, é inevitável que algum desgaste venha ocorrer depois do tempo razoável do uso
normal”.
Agora em relação à garantia contratual, prevista no art. 50 do Código, segundo o qual “a
garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito”. Logo, “a
garantia contratual é complementar à legal, devendo ser estabelecida mediante termo escrito”.
Esse “termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira
adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que
pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente
preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de
instalação e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações”.
Portanto, Tal “critério, contudo, embora admitido, sobretudo em vista de sua
interpretação favorável ao consumidor, poderia também revelar algumas dificuldades de
aplicação prática. Neste sentido, argumenta-se que ao somarem-se os prazos de garantia,
poderia haver dúvida do consumidor sobre qual a espécie de direito exercido (se à garantia
contratual ou à garantia legal), e com isso a sujeição ou não do consumidor a eventuais limites
deste direito (o que ocorreria no caso de eventuais limitações da garantia contratual). A
solução mais adequada, sustentada nesta hipótese, seria a de utilizar-se, no caso dos produtos
e serviços duráveis, o critério de vida útil dos mesmos com a finalidade de estender os efeitos
da garantia legal com relação aos vícios ocultos que estes apresentem".
Assim, é importante destacar que o engano do consumidor não se confunde com vício.
Por exemplo, na “hipótese em que o consumidor não adquire bem propriamente defeituoso,
mas alega ter se enganado quanto ao objeto adquirido, comprando o automóvel intermediário
em vez do mais luxuoso, não há, necessariamente, qualquer defeito a ser corrigido durante o
prazo de garantia. A decadência para pleitear a devolução da mercadoria, a troca do produto
ou o abatimento do preço, portanto, conta-se, sendo aparente a diferença entre os modelos, da
data da compra”.
Contudo é possível finalizar afirmando que “para cada um dos regimes jurídicos, o
CDC estabeleceu limites temporais próprios para a responsabilidade civil do fornecedor:
prescrição de 5 anos (art. 27) para a pretensão indenizatória pelos acidentes de consumo; e
decadência de 30 ou 90 dias (art. 26) para a reclamação pelo consumidor, conforme se trate de
produtos ou serviços não duráveis ou duráveis. As situações e o prazos até aqui destacados
não se confundem.
REFERÊNCIAS

FILHO, Gilberto Ferreira Marchetti. Estudos de Direito - Direito Civil:


Responsabilidade Civil, 1º ed. Campo Grande: Contemplar, 2018.

Tepedino, G. Fundamentos do Direito Civil - Responsabilidade Civil - Vol. 4.


[Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2020. 9788530992453. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530992453/. Acesso em: 26 out 2022.

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