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UNIDADE INICIAL:

DIREITO DO CONSUMIDOR

a) Introdução ao Direito do Consumidor.


 O direito do consumidor é um ramo do direito privado.

 Correlação com o fenômeno do direito civil constitucional.

 Sistema de Proteção ao Consumidor: ampliativo (art. 7º CDC).

 O direito do consumidor e a ordenação do mercado de consumo.

 Relevância no atual estágio da sociedade da informação e de hiperconsumo.

 O novo paradigma tecnológico e o mercado de consumo digital.


 Sobre o contrato de adesão.
 Sociedade em massa, devido ao consumismo, teve-se a contratação em
massa.
 Sobre a liberação para ir em jogos na pandemia COVID-19: impactos ao
consumidor. Direito de escolha/opção, que se dá sobre a liberdade de
poder contratar ou não.

b) Evolução histórica
 Discurso do presidente americano John Kennedy ao Congresso Americano
em 15 de março de 1962 (“Consumidores somos todos nós”), em que se
defendeu a necessidade de proteção do consumidor no mercado de
consumo por meio da enumeração de direitos básicos do consumidor:
 Direito à segurança;
 Direito à informação;
 Direito de escolha ou opção;
 Direito de ser ouvido;
 O discurso é considerado como o marco do surgimento da proteção aos
direitos dos consumidores com impacto nos USA e em todo o mundo.

 Em 1985, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), por meio da


Resolução n. 39/248, aprovou diretrizes para a proteção dos consumidores;
 Dia Mundial dos Direitos dos Consumidores (dia 15 de março).

 Advento do Código de Defesa do Consumidor (CDC) no Brasil.

c) Definição do direito do consumidor

“O chamado direito do consumidor é um ramo novo do direito, disciplina


transversal entre o direito privado e o direito público, que visa a proteger um
sujeito de direitos, o consumidor, em todas as suas relações jurídicas frente ao
fornecedor.” (Claudia Lima Marques)
d) Diretrizes constitucionais do direito do consumidor

 Origem constitucional do direito de proteção afirmativa dos consumidores.

 Triplice proteção do consumidor na Constituição da República de 1988.

 Art. 5º, XXXII CR/88: o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

 a defesa do consumidor como direito fundamental;


 estabelece a proteção ampla (genérica) do consumidor;

 Art. 170, V CR/88;


 A defesa do consumidor como princípio da ordem constitucional
econômica;
 Correlação da proteção ao consumidor com a ordem econômica
 Relação com a dignidade
 A livre concorrência deve ser compatibilizada com a defesa do
consumidor no mercado de consumo, com a finalidade de assegurar os
direitos dos consumidores.
 Art. 48 do ADCT;
 Determina a criação de lei específica de proteção ao consumidor no
âmbito infracosntitucional (CDC).

UNIDADE 1:

CONTEXTUALIZANDO O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Apontamentos iniciais
 Lei 8.078/90 de 11/09/1990;
 Lei ordinária que disciplina especificamente a proteção ao consumidor;
 Regulamentar as relações de consumo para proteção do vulnerável
(consumidor) no mercado de consumo;
 Manter o equilíbrio e igualdade nas contratações;
 Tutelar os desiguais com vistas de alcançar a igualdade;
 Garantir a harmonia dos interesses de consumidores e fornecedores;
Visão topográfica do CDC
 Art. 1° ao art. 54: direito material
 Art. 55 ao art. 60 e art. 105 e 106: direito administrativo
 Art. 61 ao art. 80: infrações penais
 Art. 81 ao art. 104: regras relativas ao processo coletivo

O CDC como um “microssistema legislativo”


 microssistema juridico interdisciplinar do direito do consumidor;
Vocação de expansão das normas consumeristas
Lei de função social
 Art. 4º CDC;
 Observância a “finalidade social” das normas nas relações jurídicas;

O fundamento constitucional do CDC


 Art. 1º CDC;

UNIDADE 2:

CARACTERÍSTICAS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Princípio da Vulnerabilidade do Consumidor (art. 4º, I CDC)


 traço marcante do CDC;
 qualidade, estado, característica ou situação de patente inferioridade de
determinadas pessoa(s) perante ao fornecedor na relação de consumo;

Normas principiológicas

Normas de ordem pública e interesse social (art. 1º CDC)


 normas de ordem pública não podem ser revogadas pela vontade das partes.
 Atuação de ofício do juiz nas relações de consumo.
 Exceção: declaracao de ofício de nulidade de cláusulas contratuais (art.51cdc).
 Súmula 381 STJ: Nos contratos bancários, é vedado ao julgador
conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.

 Críticas doutrinárias sobre o posicionamento adotado pelo STJ.


 Em outra interpretação do STJ conferida ao CDC, firmou-se entendimento de
que nos contratos que regulam relação de consumo, especialmente, nos
contratos de adesão, deve-se reconhecer de ofício a nulidade das cláusulas
de foro de eleição (incompetencia relativa).
 Fundamento: cláusulas abusivas são reputadas nulas de pleno direito
(art. 51 CDC)

 Cuidado: Posição recente do STJ, estabeleceu a necessidade de


demonstração do prejuízo a defesa, para fins de declaração de nulidade
da cláusula contratual (foro de eleição) fixada nos contratos de adesão.
(RESP n. 1.707.855/SP – Nancy Andrighi – Dje 23/02/2018)

 Críticas doutrinárias:
Falta de apreciação da questão sobre a perspectiva do art. 101, I CDC e
imposição de foro de eleição contratual em contrato de adesão.

 Conclusão:
 Incoerências de entendimento no âmbito da jurisprudência do STJ.
 Súmula 381 STJ contraria entendimento do STF e da doutrina.

Norma de sobredireito

 Aplicação em todo e qualquer ramo do direito em que se verifique a relação


juridica de consumo;
 Exceção: contrato de transporte (art. 732 CC)

Cuidado: Controvérsia envolvendo a Convenção de Varsóvia (Montreal) x CDC;

 Transporte aéreo internacional (dano material) – ex: extravio de bagagem.


 Até 25/05/2017 – aplicação do CDC em detrimento da convenção;
 Após 25/05/2017 - STF, pleno (RE 636.331/RJ e ARE 766.618) - aplicação da
convenção em detrimento do CDC;
 Limitar o valor da condenação por danos materiais (decorrentes da perda,
destruição, avaria ou atraso de bagagem) ao patamar da Convenção;
 Ambos os diplomas normativos compreendidos como lei ordinária;
 Posição do STF e STJ de que a convenção não cuidou dos danos morais;
Caráter interdisciplinar
 tutelas específicas ao consumidor no campo civil, administrativo e
jurisdicional.

Teoria do diálogo de fontes (art. 7º CDC):

 O art. 7º permite a incorporação de novos direitos e a atualização do CDC,


desde que estas novas leis (inclusive especiais) sejam mais benéficas ao
consumidor.

 Este artigo estabelece uma cláusula geral de oxigenação do sistema


consumerista, que consagra a teoria do Diálogo de Fontes no Brasil.

Competência para legislar sobre direito do consumidor:

 CR/88, art. 22, I e XXIX (competência privativa União);


 CR/88, art. 24, V e VIII (competência concorrente da União, Estados e DF);
 Import.: art. 24, §1º, §2º, §3º e §4º CR/88 (competência da União para editar
“normas gerais” e competência suplementar dos Estados)
 CR/88, art. 30, I (municípios podem legislar sobre assuntos de interesse local);

Competência para julgamento de conflitos consumeristas

 Possibilidade de ajuizamento de ações consumeristas na Justiça (Civil)


Comum ou no Juizado Especial Civil (Lei 9.099/95);

JESP: Apresenta-se como um dos órgãos judiciais competentes para julgamento


das ações que envolvam relações de consumo, segundo os seguintes critérios:
 Até 20 s.m.: dispensada a presença de advogado.
 Acima de 20 s.m.: indispensável a representação por advogado.

 A competência do Juizado Especial somente se estende até o limite de 40 s.m.

 A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser
exercida em juízo individualmente ou coletivamente por meio do Ministério
Público, Defensoria Pública e Associações, quando se tratar de interesses
ou direitos difusos, coletivos ou homogêneos.
 ADI n.3943/DF: STF julgou, em 2015, como constitucional a legitimidade da
Defensoria Pública para propositura de ACP em matéria de relações de
consumo envolvendo interesses ou direitos difusos, coletivos ou homogêneos;
 Correlação com os artigos 81, 82 e 83 do CDC;
 Aplicação do CPC/2015 ao CDC.

Local de contratação e proteção ao consumidor:

 Art. 435 CC/02: Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi


proposto.
 Local de propositura da ação: domicílio do autor da proposta (oferta).
 Art. 78 CC: Possibilidade de fixação de foro de eleição contratual;

 Art. 101 do CDC: Possibilidade de propositura da ação no foro de domicílio


do consumidor, para os contratos que comportem relações de consumo.
 É considerada abusiva, e, portanto, nula de pleno direito, a cláusula
contratual que imponham ao consumidor foro de eleição contratual, que
dificulte a defesa de seus interesses e direitos em juízo. (art. 51 CDC)

 A nulidade da cláusula abusiva pode ser reconhecida de ofício pelo juiz.

 Posição pacificada no STJ e na doutrina consumerista.

 Import.: Foro de eleição contratual e contratos de adesão:

 Posição recente do STJ sobre necessidade de demonstração do prejuízo a


defesa (RESP n. 1.707.855/SP – Nancy Andrighi – Dje 23/02/2018)

 Críticas doutrinárias:
Falta de apreciação da questão sobre a perspectiva do art. 101, I CDC e
imposição de foro de eleição contratual em contrato de adesão.

 Correlação com o art. 63, §3º CPC;


 A doutrina considera a sanção do artigo como “nulidade” e não ineficácia;

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