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CONTEÚDO DEMONSTRATIVO

DIREITO DO
CONSUMIDOR

- Direitos do consumidor.
- Disposições gerais.
- Política Nacional de Relações de Consumo.
- Direitos básicos do consumidor.
(PONTO 1)
3
ªTURMA EXTENSIVA PARA
MAGISTRATURA ESTADUAL

DIREITO DO CONSUMIDOR
Direitos do consumidor. Disposições gerais.
Política Nacional de Relações de Consumo.
Direitos básicos do consumidor.
(PONTO 1)

#MegeExtensivo
Sumário

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ....................................................................................4


1. DOUTRINA (RESUMO)..............................................................................................6
2. LEGISLAÇÃO ..........................................................................................................38
3. QUESTÕES DE CONCURSOS ..................................................................................41
3.1 COMENTÁRIOS ................................................................................................43

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
(Conforme Edital Mege)

DIREITO DO CONSUMIDOR

1
Direitos do consumidor. Beatriz Fonteles
Disposições gerais.
Política Nacional de Relações de Consumo.
Direitos básicos do consumidor.

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Apresentação

Caros alunos,
Damos as boas-vindas à nossa Turma Extensiva e à matéria de Direito do Consumidor!
Nesta primeira rodada, trataremos de pontos muito importantes, como as figuras da
relação de consumo e os Direitos do Consumidor. Apesar de a previsão legal não ser extensa, há
profunda e rica jurisprudência tratando de vários subtemas.
Foquem especialmente na definição de consumidor (fizemos uma tabela compara va
com diversos casos reconhecidos, ou não, pela jurisprudência como relação consumerista), e
nos direitos propriamente ditos, com destaque para a inversão do ônus da prova.
Bons estudos!
Professora Beatriz Fonteles.

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1. DOUTRINA (RESUMO)

1.1. O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

1.1.1 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E A PROTEÇÃO À FIGURA DO CONSUMIDOR

A Cons tuição Federal de 1988 inaugurou um marco diferenciado de proteção à figura


do consumidor, mediante três previsões dis ntas, duas no corpo da CF/88 e outra no Ato das
Disposições Cons tucionais Transitórias:

a) Direito fundamental – art. 5º, XXXII (“o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
do consumidor”);
b) Princípio da a vidade econômica – art. 170, V (“defesa do consumidor”);
c) Previsão cons tucional para elaboração do CDC - ADCT, art. 48 (“o Congresso
Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Cons tuição, elaborará
código de defesa do consumidor”).

A defesa do consumidor é tratada na CF/88 tanto como direito fundamental quanto


6
como princípio da ordem econômica.
Como direito fundamental, o direito do consumidor possui eficácia ver cal e
horizontal, bem como aplicação direta e imediata (o STF já chancelou a tese da aplicação direta
dos direitos fundamentais às relações privadas, também denominada eficácia horizontal dos
direitos fundamentais – RE 201.819, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 11/10/2005).
Enquanto princípio da ordem econômica, a defesa do consumidor é um princípio de
ação polí ca, a legi mar a adoção de medidas de intervenção estatal necessárias a assegurar a
proteção prevista (dirigismo contratual).
Ao lado das previsões explícitas acima citadas, existem várias outras normas
cons tucionais que se aplicam às relações de consumo, como: a dignidade da pessoa humana,
o
na qualidade de fundamento da República (CF/88, art. 1 , III); a igualdade substancial e a
o
solidariedade como obje vos fundamentais da República (CF/88, art. 3 , I e III) etc.

OBSERVAÇÃO:

A proteção ao consumidor é classificada como direito fundamental de 3a geração ou


dimensão, pois decorre do princípio da fraternidade (pacificação social).

1.1.2 COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO DO CONSUMIDOR

A Cons tuição Federal de 1988 estabelece a competência legisla va concorrente para

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legislar sobre produção e consumo e acerca da responsabilidade por dano ao consumidor (art.
24, V e VIII), reservando-se à União a competência para a fixação das normas gerais e deixando-
se aos Estados-membros e ao Distrito Federal a competência suplementar, para adequar a
o
legislação federal às peculiaridades locais (vide par. 1 ).

OBSERVAÇÃO:

Não confundir a competência legisla va concorrente acima com a competência priva va da


União para legislar sobre propaganda comercial (art. 22, XXIX).

O STF tem reconhecido a competência dos municípios para legislarem sobre matéria de
defesa dos direitos dos consumidores, desde que o assunto seja de interesse local (CF, art. 30, I).
STF: tem precedente no sen do de que o atendimento ao público e o tempo máximo
de espera na fila de ins tuição bancária é matéria de interesse local e de proteção ao
consumidor (de competência legisla va do Município). RE 432.789/SC, Rel. Min. Eros Grau,
Primeira Turma, DJ 07/10/2005.
STJ: Considerou incons tucionais quatro leis do Estado do Rio de Janeiro que
disciplinam condições de prestação de serviço bancário dentro do espaço sico das agências
(ex.: instalação de banheiros e bebedouros), por entender se tratar de assunto de interesse local 7
e, portanto, de competência do Município, e não do Estado. AI no RMS 28.910/RJ, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, Corte Especial, DJe 08/05/2012.

ATENÇÃO!
Súmula Vinculante 38 do STF - É competente o MUNICÍPIO para fixar o HORÁRIO DE
FUNCIONAMENTO DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL.

NÃO CONFUNDIR: Súmula 19 do STJ - A fixação do HORÁRIO BANCÁRIO, para atendimento


ao público, é da competência da UNIÃO.

1.1.3. NORMAS DE ORDEM PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL


o
O art. 1 do CDC estabelece que suas normas são de ordem pública e interesse social.
Significa, pois, que se tratam de normas cogentes, que devem prevalecer sobre alguns aspectos
da vontade das partes. O STJ, em diversos julgados, chancela essa natureza. Observe-se as duas
ementas abaixo e os fundamentos apresentados:

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. NORMA DE ORDEM PÚBLICA. DERROGAÇÃO


DA LIBERDADE CONTRATUAL. O caráter de norma pública atribuído ao Código de
Defesa do Consumidor derroga a liberdade contratual para ajustá-la aos parâmetros
da lei (...).
(STJ, REsp 292942/MG, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 07/05/2001)

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As normas de proteção e defesa do consumidor têm índole de 'ordem pública e
interesse social'. São, portanto, indisponíveis e inafastáveis, pois resguardam valores
básicos e fundamentais da ordem jurídica do Estado Social, daí a impossibilidade de o
consumidor delas abrir mão ex ante e no atacado.
(STJ, REsp 586316/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 19/03/2009).

A natureza das normas consumeristas gera duas consequências principais e bastante


abordadas em provas de concurso público.

a) Inadmissibilidade de renúncia a direitos e garan as con dos no CDC.


b) Possibilidade de o magistrado apreciar matérias de o cio nas relações de consumo.

Eventuais contratos, cláusulas ou ajustes que prevejam que o consumidor abra mão de
algum direito (por exemplo, da garan a legal, do prazo prescricional etc.) devem ser dos como
não-escritos. Aliás, é uma das hipóteses expressamente elencadas como cláusulas abusivas (nulas
de pleno direito) as que impliquem renúncia ou disposição de direitos (conforme art. 51, I, do CDC).
A possibilidade de reconhecimento ex officio de determinados direitos consumeristas
(por exemplo, a inversão do ônus da prova, a desconsideração da personalidade jurídica, a 8
declaração de nulidade de cláusula abusiva) encontra uma exceção importante, criada pela
jurisprudência.

ATENÇÃO!

STJ: Não admite a declaração de o cio das cláusulas abusivas em contratos bancários.
Súmula 381. Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de o cio, da
abusividade das cláusulas.
Importante ter cuidado com o fato de que a vedação prevista na súmula é limitada às
cláusulas abusivas insertas em contratos bancários. Para outros contratos, é permi da a sua
declaração de o cio, tal qual se extrai do teor do caput do art. 51 do CDC.
Em que pese as duras crí cas doutrinárias ao enunciado acima, o STJ con nua a aplicar a
referida súmula em julgados recentes (ex vi AgRg no REsp 1403056/RS, Rel. Min. Maria Isabel
Gallo , T4, DJe 07/03/2016).
Desse modo, para provas de concurso público, a Súmula 381 deve ser conhecida e da como
válida (trata-se de tema cobrado à exaustão). Em provas discursivas, após indicar o
posicionamento do STJ, inclusive com a citação da Súmula, o candidato pode fazer uma
reflexão crí ca, apontando o posicionamento da doutrina.

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OBSERVAÇÃO:

Norma de ordem pública não é sinônimo de norma de direito público.


Trata-se de uma “pegadinha” que já foi objeto de ques onamento em prova obje va.
O CDC não é formado essencialmente de normas de direito público. Contém normas de
direito privado e algumas normas de direito público (como os pos penais, por exemplo).

1.1.4 MICROSSISTEMA JURÍDICO

O CDC representa um microssistema jurídico porque possui normas que


regulamentam a proteção do consumidor sob todos os aspectos, de caráter interdisciplinar
(normas de natureza civil, administra va, penal, processual civil etc.) e coordenadas entre si.
Registre-se, porém, que não se trata de sistema isolado em si, mas integrado ao todo norma vo
cujo ápice se encontra na Cons tuição Federal.

1.1.5 APLICAÇÃO DO CDC AOS CONTRATOS ANTERIORES À SUA VIGÊNCIA

Ques onamento importante é sobre a aplicabilidade do CDC aos contratos de consumo


firmados antes da sua vigência. Em outros termos, o CDC é aplicável aos contratos anteriores?
9
Via de regra, não. Essa é a posição do STF e do STJ:

Sendo cons tucional o princípio de que a lei não pode prejudicar o ato jurídico
perfeito, ele se aplica também às leis de ordem pública. De outra parte, se a cláusula
rela va à rescisão com a perda de todas as quan as já pagas constava do contrato
celebrado anteriormente ao Código de Defesa do Consumidor, ainda quando a
rescisão tenha ocorrido após a entrada em vigor deste, a aplicação dele para se
declarar nula a rescisão feita de acordo com aquela cláusula fere, sem dúvida alguma,
o ato jurídico perfeito, porquanto a modificação dos efeitos futuros de ato jurídico
perfeito caracteriza a hipótese de retroa vidade mínima que também é alcançada
pelo disposto no art. 5o, XXXVI, da Carta Magna.
(STF, RE 205999-4/SP, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 03.03.2000).
Conquanto o CDC seja norma de ordem pública, não pode retroagir para alcançar o
contrato que foi celebrado e produziu seus efeitos na vigência da lei anterior, sob pena
de afronta ao ato jurídico perfeito.
(STJ, REsp 248155/SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 23.05.2000).

Há, entretanto, uma situação em que o CDC se aplica aos contratos celebrados
anteriormente. Confira no destaque:

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OBSERVAÇÃO:

Tratando-se de contrato de trato sucessivo ou de execução diferida, o STJ tem admi do a


incidência do CDC, sob o fundamento de que, nesses pos de ajuste, há renovação periódica
da sua vigência (a cada pagamento efetuado). Neste caso, portanto, não há ofensa ao ato
jurídico perfeito. Ex.: plano de assistência à saúde, contrato de mútuo habitacional.

1.1.6. DIÁLOGO DAS FONTES

Diálogo das fontes é nova técnica para solução de an nomias entre fontes legisla vas,
superando os critérios tradicionais (cronológico, especial e hierárquico). Trata-se de
convivência entre normas aparentemente incompa veis na órbita jurídica, permi ndo
influências recíprocas entre elas.
Como é uma lei principiológica, o CDC ingressa no sistema jurídico fazendo um corte
horizontal, alcançando toda e qualquer relação jurídica de consumo, mesmo que regrada por
outra fonte norma va. Até porque há previsão legal no próprio CDC no sen do de que os
direitos nele previstos “não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções
internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos
expedidos pelas autoridades administra vas competentes, bem como dos que derivem dos
10
o
princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade (art. 7 , caput).
Dessa forma, pode-se dizer que o CDC e o CC, por exemplo, se completam na proteção
ao consumidor. Assim, deve-se buscar, em regra, a norma mais favorável ao consumidor
independente de qual sistema decorra.
Aproximação Principiológica do CDC e do CC - No decorrer do estudo do direito do
consumidor é possível perceber uma grande aproximação jurídica do CDC com o CC no que se
refere aos princípios contratuais.
Enunciado 167 do CJF - Com o advento do CC de 2002, houve forte aproximação
principiológica entre esse Código e o CDC, no que respeita à regulação contratual, uma vez que
ambos são incorporadores de uma nova teoria geral dos contratos.
Outros exemplos: CDC e Lei n. 9.656/1998 (planos de saúde), CDC e o Estatuto do Idoso
(Lei n. 10.741/2003).
Espécies de diálogo das fontes:

a) Diálogo sistemá co de coerência: consiste no aproveitamento da base conceitual


de uma lei por outra.
b) Diálogo sistemá co de complementaridade e subsidiariedade: consiste na adoção
de princípios e normas, em caráter complementar, por um dos sistemas, quando se

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fizer necessário para a solução de um caso concreto. Ex. aplicação de algum prazo
prescricional do CC às relações regidas pelo CDC.
c) Diálogo de influências recíprocas (de coordenação e adaptação sistemá ca):
consiste na influência do sistema geral no especial e do sistema especial no geral.

OBSERVAÇÃO:

Em aplicação clara do diálogo das fontes, o STJ vinha entendendo que o prazo prescricional
para cobrança do indébito de tarifas de água e esgoto é aquele de 10 (dez) anos previsto no
CC/2002, e não o prazo prescricional de 05 (cinco) anos previsto no CDC.
Nesse sen do, a Súmula 412 do STJ: A ação de repe ção de indébito de tarifas de água e
esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil.
No ano de 2017, a matéria foi objeto de decisão em sede de Recurso Especial sob a
sistemá ca dos recursos repe vos (Informa vo 603 do STJ):
10. A Primeira Seção, no julgamento do REsp 1.113.403/RJ, de relatoria do Ministro Teori
Albino Zavascki (DJe 15/9/2009), subme do ao regime dos recursos repe vos do art. 543-C
do Código de Processo Civil e da Resolução STJ n. 8/2008, firmou orientação de que, ante a
ausência de disposição específica acerca do prazo prescricional aplicável à prá ca comercial
11
indevida de cobrança excessiva, é de rigor a incidência das normas gerais rela vas à
prescrição insculpidas no Código Civil na ação de repe ção de indébito de tarifas de água e
esgoto. Assim, o prazo é vintenário, na forma estabelecida no art. 177 do Código Civil de 1916,
ou decenal, de acordo com o previsto no art. 205 do Código Civil de 2002.
(...)
13. Tese jurídica firmada de que "o prazo prescricional para as ações de repe ção de
indébito rela vo às tarifas de serviços de água e esgoto cobradas indevidamente é de: (a) 20
(vinte) anos, na forma do art. 177 do Código Civil de 1916; ou (b) 10 (dez) anos, tal como
previsto no art. 205 do Código Civil de 2002, observando-se a regra de direito intertemporal,
estabelecida no art. 2.028 do Código Civil de 2002".
(REsp 1532514/SP, Rel. Ministro Og Fernandes, S1, DJe 17/05/2017).

1.2 A RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO

1.2.1 DISPOSIÇÕES GERAIS

O CDC define os elementos básicos da relação jurídica de consumo nos seus arts. 2o e
3o, quais sejam:

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a) Consumidor – toda pessoa sica ou jurídica que adquire ou u liza produto ou
serviço como des natário final;
b) Fornecedor – toda pessoa sica ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem a vidade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços;
c) Produto – qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial;
d) Serviço – qualquer a vidade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Para haver relação consumerista, os dois primeiros elementos (de cunho subje vo)
precisam estar presentes (ou seja, necessariamente um fornecedor e um consumidor) e um dos
dois elementos obje vos (produto ou serviço).
Apesar da aparente simplicidade das definições legais, os conceitos acima são cheios de
nuances e aprofundamentos que os candidatos para concursos precisam saber, pois, atualmente,
é muito mais cobrado o que vai além da previsão legal, consistente no aperfeiçoamento das
definições pela doutrina e jurisprudência, o que será visto detalhadamente nos tópicos a seguir.
12
1.2.2 CONSUMIDOR

O CDC traz 4 (quatro) definições de consumidor, cuja classificação doutrinária segue


adiante.

a) Consumidor stricto sensu ou standard – é a pessoa sica ou jurídica que adquire ou


u liza produto ou serviço, como des natário final (art. 2o, caput);
b) Consumidor equiparado em sen do cole vo - é a cole vidade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo na relação de consumo (art. 2o, parágrafo único);
c) Consumidor equiparado bystander – é toda ví ma de acidente de consumo (art.
17); e
d) Consumidor equiparado potencial ou virtual – são todas as pessoas, determináveis
ou não, expostas às prá cas comerciais (art. 29).

Passa-se à análise de cada uma das figuras acima.

1.2.2.1 Consumidor stricto sensu ou standard (art. 2o, caput)

Consumidor é:

- pessoa sica ou pessoa jurídica;


- que adquire ou u liza produto e/ou serviço;
- como des natário final.

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Entretanto, o desafio dos operadores do Direito reside justamente em definir o que
seja “des natário final”. Há duas grandes teorias que se propõem a definir a expressão:

a) Teoria maximalista (obje va): é o des natário fá co, aquele que re ra o


produto/serviço do mercado de consumo (não importando se será revendido,
empregado profissionalmente ou diretamente consumido).
Crí ca à teoria: amplia-se demasiadamente o campo de aplicação das normas
prote vas, o que pode produzir outras desigualdades (como proteção de profissionais
que não são vulneráveis).
b) Teoria minimalista ou finalista (subje va): é o des natário fá co e econômico do
produto/serviço, ou seja, não basta o consumidor re rar o bem da cadeia de
produção, também deve empregá-lo para atender necessidade pessoal ou familiar
(e não revender ou empregar profissionalmente).
- Des natário final fá co - refere-se à posição do consumidor na cadeia de consumo.
Assim, o consumidor deve ser o úl mo nesta cadeia, não havendo ninguém na
transmissão do produto ou do serviço.
- Des natário final econômico - o consumidor não u liza o produto ou o serviço para o
lucro, repasse ou transmissão onerosa.
Crí ca à teoria: a sua aplicação de forma irrestrita pode gerar injus ças. 13

Teoria Maximalista ou obje va Teoria Minimalista, Finalista ou subje va

- Vale-se do conceito jurídico de consumidor. - Vale-se do conceito econômico de consumidor.

- O des natário final é o fá co. - O des natário final é o fá co e econômico.

Em um primeiro momento, seguindo inclinação doutrinária predominante, o STJ


consolidou a Teoria Finalista como aquela que melhor indica a diretriz para a interpretação do
conceito de consumidor.
Mas houve uma evolução da referida teoria, com base em um julgado paradigmá co
do STJ, que representou um abrandamento ou mi gação do entendimento. Trata-se da TEORIA
FINALISTA APROFUNDADA OU MITIGADA. Segundo essa teoria, em determinadas hipóteses, o
CDC deve ser aplicado mesmo em casos em que não se trata de des natário final e econômico.
Como exemplo, em casos di ceis envolvendo pequenas empresas que u lizam insumos para a
produção, mas não em sua área de exper se ou com uma u lização mista, principalmente na
área de consumo, provada a vulnerabilidade, conclui-se pela aplicação do CDC.
Assim, aplica-se o CDC para pessoas jurídicas que comprovem sua vulnerabilidade e
que atuam fora do âmbito de sua especialidade. Ex.: Aquisição de máquina de bordar para
pequena produção de subsistência; caminhoneiro que adquire caminhão, etc.

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A vulnerabilidade pode ser basicamente de quatro espécies: técnica, jurídica, econômica
ou informacional (são essas, pelo menos, as que são até agora mais reconhecidas e aceitas):

- vulnerabilidade técnica: o comprador não possui conhecimentos específicos sobre o


produto ou o serviço, podendo ser mais facilmente iludido no momento da
contratação. Decorre do fato de o consumidor não possuir o controle dos mecanismos
u lizados na cadeia produ va.
- vulnerabilidade jurídica ou cien fica: falta de conhecimentos jurídicos ou de outros
referentes à relação, como contábeis, matemá cos, econômicos etc.
- vulnerabilidade econômica ou fá ca: real diante do parceiro contratual, seja em
decorrência do grande poderio econômico deste, seja por sua posição de monopólio,
seja pela essencialidade do serviço que presta, impondo uma posição de
superioridade na relação contratual.
- vulnerabilidade informacional: há quem a enquadre como vulnerabilidade técnica.
É o déficit informacional do consumidor na sociedade atual que pode influenciar no
processo de aquisição de bens e serviços.

CONCLUSÃO: o consumidor intermediário somente poderá ser considerado


consumidor se provar sua vulnerabilidade (atenção para os enunciados das questões – se falar
14
em pessoa jurídica que exerce a vidade empresarial ou em consumidor intermediário sem
deixar clara a vulnerabilidade, é provável que a resposta seja a inaplicabilidade do CDC).
Via de regra, a vulnerabilidade da pessoa sica é presumida, ao passo que a da pessoa
jurídica deve ser demonstrada no caso concreto.

OBSERVAÇÃO:

Pela importância e lucidez do julgado paradigma da Teoria Finalista Aprofundada ou


Mi gada, transcreve-se a sua ementa e recomenda-se a leitura:
CONSUMIDOR. DEFINIÇÃO. ALCANCE. TEORIA FINALISTA. REGRA. MITIGAÇÃO. FINALISMO
APROFUNDADO. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. VULNERABILIDADE.
1. A jurisprudência do STJ se encontra consolidada no sen do de que a determinação da
qualidade de consumidor deve, em regra, ser feita mediante aplicação da teoria finalista, que,
numa exegese restri va do art. 2º do CDC, considera des natário final tão somente o
des natário fá co e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa sica ou jurídica.
2. Pela teoria finalista, fica excluído da proteção do CDC o consumo intermediário, assim
entendido como aquele cujo produto retorna para as cadeias de produção e distribuição,
compondo o custo (e, portanto, o preço final) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode
ser considerado consumidor, para fins de tutela pela Lei nº 8.078/90, aquele que exaure a
função econômica do bem ou serviço, excluindo-o de forma defini va do mercado de consumo.

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3. A jurisprudência do STJ, tomando por base o conceito de consumidor por equiparação
previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para uma aplicação temperada da teoria finalista
frente às pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando finalismo
aprofundado, consistente em se admi r que, em determinadas hipóteses, a pessoa jurídica
adquirente de um produto ou serviço pode ser equiparada à condição de consumidora, por
apresentar frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade, que cons tui o princípio-motor
da polí ca nacional das relações de consumo, premissa expressamente fixada no art. 4º, I,
do CDC, que legi ma toda a proteção conferida ao consumidor.
4. A doutrina tradicionalmente aponta a existência de três modalidades de vulnerabilidade:
técnica (ausência de conhecimento específico acerca do produto ou serviço objeto de
consumo), jurídica (falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de seus reflexos
na relação de consumo) e fá ca (situações em que a insuficiência econômica, sica ou até
mesmo psicológica do consumidor o coloca em pé de desigualdade frente ao fornecedor).
Mais recentemente, tem se incluído também a vulnerabilidade informacional (dados insuficientes
sobre o produto ou serviço capazes de influenciar no processo decisório de compra).
5. A despeito da iden ficação in abstracto dessas espécies de vulnerabilidade, a casuís ca
poderá apresentar novas formas de vulnerabilidade aptas a atrair a incidência do CDC à relação 15
de consumo. Numa relação interempresarial, para além das hipóteses de vulnerabilidade já
consagradas pela doutrina e pela jurisprudência, a relação de dependência de uma das partes
frente à outra pode, conforme o caso, caracterizar uma vulnerabilidade legi madora da
aplicação da Lei nº 8.078/90, mi gando os rigores da teoria finalista e autorizando a
equiparação da pessoa jurídica compradora à condição de consumidora.
6. Hipótese em que revendedora de veículos reclama indenização por danos materiais derivados de
defeito em suas linhas telefônicas, tornando inócuo o inves mento em anúncios publicitários, dada a
impossibilidade de atender ligações de potenciais clientes. A contratação do serviço de telefonia não
caracteriza relação de consumo tutelável pelo CDC, pois o referido serviço compõe a cadeia produ va
da empresa, sendo essencial à consecução do seu negócio.
Também não se verifica nenhuma vulnerabilidade apta a equipar a empresa à condição de
consumidora frente à prestadora do serviço de telefonia. Ainda assim, mediante aplicação do direito à
espécie, nos termos do art. 257 do RISTJ, fica man da a condenação imposta a tulo de danos
materiais, à luz dos arts. 186 e 927 do CC/02 e tendo em vista a conclusão das instâncias ordinárias
quanto à existência de culpa da fornecedora pelo defeito apresentado nas linhas telefônicas e a
relação direta deste defeito com os prejuízos suportados pela revendedora de veículos.
7. Recurso especial a que se nega provimento.
(REsp 1195642/RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, T3, DJe 21/11/2012)

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STJ:
a) Há relação de consumo entre a sociedade empresária vendedora de aviões e a sociedade
empresária administradora de imóveis que tenha adquirido avião com o obje vo de facilitar o
deslocamento de sócios e funcionários. Aplica-se a teoria finalista mi gada (STJ. 3ª Turma.
AgRg no REsp 1321083-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 9/9/2014 -
Informa vo 548).
b) Há relação de consumo entre a seguradora e a concessionária de veículos que firmam
seguro empresarial visando à proteção do patrimônio desta (des nação pessoal), ainda que
com o intuito de resguardar veículos u lizados em sua a vidade comercial, desde que o
seguro não integre os produtos ou serviços oferecidos por esta (STJ. 3ª Turma. REsp 1352419-
SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 19/8/2014 - Informa vo 548).

1.2.2.2 Consumidor equiparado em sen do cole vo (art. 2o, parágrafo único)

É a universalidade, conjunto de consumidores de produtos e serviços, ou mesmo


grupo, classe ou categoria deles, e desde que relacionados a um determinado produto ou
serviço.
Trata-se de perspec va extremamente relevante e realista, porquanto é natural que se
16
previna, por exemplo, o consumo de produtos e serviços perigosos ou então nocivos,
beneficiando-se, assim, abstratamente as referidas universalidades e categorias de potenciais
consumidores.
Ou então, se já provocado o dano efe vo pelo consumo de tais produtos ou serviços, o
que se pretende é conferir à universalidade ou grupo de consumidores os devidos instrumentos
jurídico-processuais para que possa obter a justa e mais completa possível reparação do dano
pelos responsáveis.

1.2.2.3 Consumidor equiparado bystander (art. 17)

Para os fins de responsabilidade civil, o art. 17 do CDC considera como consumidor


qualquer ví ma da relação de consumo, ou seja, todos os prejudicados pelo evento de consumo.
O STJ considerou consumidor equiparado o proprietário de uma residência sobre a
qual caiu um avião. Da mesma forma, se considerou como consumidores equiparados os pais de
uma criança que foi atacada por animais em um circo.
STJ: Comerciante que foi a ngido em seu olho por es lhaços de uma garrafa de
cerveja, que estourou em suas mãos quando a colocava em um freezer, é ví ma de um acidente
de consumo e considerado consumidor para fins de reparação das lesões sofridas (REsp
1.288.008, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 04/04/2013).

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STJ: Determinada pessoa teve seu nome inscrito no serviço de proteção ao crédito
porque alguém u lizou seu nome em um cheque falsificado para pagar estadia em hotel. Diante
do não pagamento do cheque, o banco levou a protesto o tulo de crédito. Essa pessoa
nega vada será considerada consumidora por equiparação, nos termos do art. 17 do CDC.
Houve um acidente de consumo causado pela suposta falta de segurança na prestação do
serviço por parte do estabelecimento hoteleiro que, no caso concreto, poderia ter iden ficado a
fraude. Logo, sendo a ví ma considerada consumidora e sendo o causador do dano um
fornecedor de serviços, a ação de indenização poderá ser proposta contra o Hotel no foro do
domicílio do autor (consumidor por equiparação), nos termos do art. 101, I, do CDC (STJ. 2ª
Seção. CC 128.079-MT, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 12/3/2014 - Info 542).

1.2.2.4 Consumidor equiparado potencial ou virtual (art. 29)

Segundo o art. 29 do CDC, equiparam-se a consumidores todas as pessoas,


determináveis ou não, expostas às prá cas comerciais e empresariais nele previstas. São
prá cas comerciais previstas no CDC a oferta, a publicidade, as prá cas abusivas, os bancos de
dados ou cadastros de consumidores etc.
O vocábulo “potencial” ou “virtual” tem razão de ser no fato de que, para se enquadrar 17
como consumidor nessa hipótese, basta a simples exposição às prá cas comerciais ou
contratuais (= potencialidade), o que pode se tratar de uma cole vidade não iden ficável
concretamente.
Tem especial u lidade na defesa cole va do consumidor, bem como para propiciar um
controle preven vo e ofensivo das referidas prá cas.

1.2.2.5. Análise jurisprudencial da figura do consumidor e/ou da relação de consumo

Como já mencionado, a definição de consumidor e de relação de consumo tem assento


muito fér l na jurisprudência do STJ, que costuma ser bastante cobrada. Elaborou-se, assim, a
planilha abaixo, onde se tem, de um lado, as hipóteses de aplicação do CDC e, de outro, de não
aplicação.
Em algumas linhas, há a correspondência entre casos parecidos e, ao final, os
destaques. Leiam e releiam a tabela abaixo com muita atenção. É a cara de prova! E muito,
muito cuidado com as novidades dos anos de 2017 e 2018, que estarão em destaque.

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Há relação de consumo NÃO há relação de consumo
Aplica-se o CDC NÃO se aplica o CDC
NOVIDADE 2018:
Empreendimentos habitacionais promovidos por
sociedades coopera vas.
Súmula 602 do STJ – O Código de Defesa do
Consumidor é aplicável aos empreendimentos
habitacionais promovidos pelas sociedades
coopera vas.
Aplica-se o CDC no âmbito da contratação de NOVIDADE 2017:
seguro faculta vo. As normas prote vas do CDC não se aplicam ao
seguro obrigatório (DPVAT).
Trata-se de obrigação imposta por lei, na qual não
há acordo de vontade entre as partes, tampouco
qualquer ingerência das seguradoras
componentes do consórcio do seguro DPVAT, além
de inexis r sequer a opção de contratação ou
escolha do produto ou fornecedor pelo segurado.
(STJ, REsp 1.635.398/PR, DJe 23/10/2017).

Ins tuições financeiras Entre o INSS (autarquia previdenciária) e os 18


Súmula 297 do STJ – O CDC é aplicável às beneficiários
ins tuições financeiras. (STJ, REsp 369.822, DJ 22/04/2003)
Contratos de plano de saúde ATENÇÃO: Plano de saúde administrado por
Súmula 608 do STJ – Aplica-se o CDC aos contratos en dade de autogestão
de plano de saúde, salvo os administrados por
en dades de autogestão.
* Cancelamento da Súmula 469 do STJ.
A cons tuição dos planos sob a modalidade de
autogestão diferencia, sensivelmente, essas
pessoas jurídicas quanto à administração, forma de
associação, obtenção e repar ção de receitas, dos
contratos firmados com empresas que extrapolam
essa a vidade no mercado e visam ao lucro.
En dades abertas de previdência complementar En dades fechadas de previdência
Súmula 563 do STJ – O CDC é aplicável às complementar
en dades abertas de previdência complementar,
não incidindo nos contratos previdenciários
celebrados com en dades fechadas.
Contratos de administração imobiliária – apenas à Contratos de locação disciplinados pela Lei n.
relação entre o proprietário/possuidor/locador e 8.245/91 (relação de locação imobiliária)
a imobiliária que contrata para administrar seus (STJ, AgRg no REsp 510.689, DJ 11/06/2007; AgRg
interesses no AREsp 111.983, DJe 28/08/2012)
(STJ, REsp 509.304, DJe 23/05/2013)

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Relação entre condomínio e concessionária de Relações entre condôminos e condomínio
serviço público (ex.: água e esgoto) (STJ, REsp 650.791, DJ 20/04/2006)
(STJ, REsp 650.791, DJ 20/04/2006)
Aplica-se o CDC ao condomínio de adquirentes de
edi cio em construção, nas hipóteses em que
atua na defesa dos interesses dos seus
condôminos frente a construtora ou
incorporadora
(STJ. 3ª Turma. REsp 1.560.728-MG, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
18/10/2016 - Info 592).
Contratos de promessa de compra e venda em Contratos de crédito educa vo e relações entre
que a incorporadora se obriga à construção de estudante e programa de financiamento
unidades imobiliárias mediante financiamento estudan l (por se tratar de polí ca
(STJ, REsp 334.829, DJ 04/02/2002). governamental de fomento à educação, e não de
serviço bancário)
(STJ, REsp 600.677, DJ 31/05/2007; AgRg no ARE
7.877, DJe 03/11/2011; REsp 1.155.684, DJe
18/05/2010; REsp 1.031.694, DJe 29/05/2009).

Contratos de financiamento vinculados ao Contratos de financiamento vinculados ao SFH 19


Sistema Financeiro de Habitação (SFH) firmado com cobertura do Fundo de
OBS: Há exceção que será tratada ao lado. Compensação de Variações Salariais (FCVS).
(STJ, AgRg no Ag 914.453, DJe 20/03/2009). (STJ, AgRg nos EDcl no REsp 1.032.061 DJe
09/03/2010; REsp 1.483.061, DJe 10/11/2014).
Contratos de arrendamento mercan l. Relação entre rep res entante co mercial
(STJ, REsp 664.351, DJ 29/06/2007). autônomo e a sociedade representada.
(STJ, REsp 761.557, DJe 03/12/2009).
Relação entre consorciados e administradora de Relação dos consorciados entre si.
consórcio. STJ, REsp 1.185.109, DJe 15/10/2012).
(STJ, REsp 1.185.109, DJe 15/10/2012).
Serviços de atendimento médico-hospitalar em Regime de administração ou preço de custo
hospital de emergência. (quando várias pessoas se reúnem para um
(STJ, REsp 696.284, DJe 18/12/2009). obje vo, p.ex., para construir um prédio).
(STJ, REsp 860.064, DJe 02/08/2012).
Concessionárias de serviços públicos, inclusive de Contrato de franquia.
serviços rodoviários. (STJ, REsp 632.958, DJe 29/03/2010).
(STJ, AgRg no Ag 1.398.696, DJe 10/11/2011; REsp
687.799, DJe 30/11/2009).

Coopera vas de crédito (integram o Sistema Contrato de fornecimento de insumos agrícolas


Financeiro Nacional). celebrado entre coopera va e cooperado (ato
(STJ, AgRg no Ag 1.224.838, DJe 15/03/2010). coopera vo pico).
(STJ, AgRg no REsp 1.122.507, DJe 13/08/2012).

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Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). Financiamento bancário ou de aplicação
(STJ, REsp 1.210.732, DJe 15/03/2013; REsp financeira com finalidade de ampliar capital de
1.183.121, DJe 07/04/2015). giro (pois o capital des na-se a fomentar a
a vidade industrial).

(STJ, REsp 963.852, DJe 06/10/2014).


Relação entre cliente e casa noturna. Em geral, a prestação de serviços entre pessoas
(STJ, REsp 695.000, DJ 21/05/2007). jurídicas de porte, sem vulnerabilidade da
empresa consumidora.

(STJ, REsp 1.038.645, DJe 24/11/2010).

Contrato de transporte de mercadorias vinculado


a contrato de compra e venda de insumos (sem
constatação de vulnerabilidade do consumidor
profissional ante o fornecedor).

OBS: novidade 2017 (Info 600 STJ)

(STJ, REsp 1.442.674, DJe 30/03/2017).


Relação entre pessoa natural e sociedade que Relações jurídicas tributárias.
presta serviço de corretagem de valores e tulos (STJ, REsp 673.374, DJ 29/06/2007). 20
mobiliários (de forma habitual e profissional).
OBS: novidade 2017 (Info 600 STJ)
(STJ, REsp 1.599.535, DJe 21/03/2017).
Transporte aéreo nacional envolvendo o Transporte aéreo internacional envolvendo
consumidor. relações de consumo ou não (Havendo relação
de consumo ou não, não se aplica o CDC. As
Convenções de Varsóvia e de Montreal devem ser
aplicadas na reparação de danos materiais, como
extravio de bagagem e outras questões
envolvendo o transporte aéreo internacional,
como é o caso da prescrição. Todavia, não se
aplicam para indenizações por danos morais). STF.
Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes
e ARE 766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgados em 25/05/2017 - repercussão geral.
(Info 866).

ATENÇÃO

Informa vo 866 STF 2017: Extravio de bagagem. Dano material. Limitação. An nomia. Convenção
de Varsóvia. Código de Defesa do Consumidor. É aplicável o limite indenizatório estabelecido na
Convenção de Varsóvia e demais acordos internacionais subscritos pelo Brasil, em relação às
condenações por dano material decorrente de extravio de bagagem, em voos internacionais.

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Repercussão geral. Tema 210. Fixação da tese: "Nos termos do art. 178 da Cons tuição da
República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das
transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e
Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor".
Vamos entender alguns detalhes do julgado acima do STF.
Em suma, decidiu-se uma an nomia aparente entre os seguintes diplomas:
- CDC (1990) – vige o princípio da reparação integral (art. 6o, VI);
- Convenção de Varsóvia (Decreto n. 20.704/31), alterada pela Convenção de Montreal
(Decreto n. 2.861/98) – tratam das indenizações que o transportador aéreo poderá ser
obrigado a pagar em caso de destruição, perda ou avaria de bagagens e fixam limites
(“indenização tarifada”).
Para compreender a decisão da Suprema Corte, é fundamental conhecer o teor do art. 178 da
CF/88.
Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquá co e terrestre,
devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados
pela União, atendido o princípio da reciprocidade. 21
Diante do exposto da CF, aliado aos critérios cronológico (a Convenção de Montreal foi incorporada
no ordenamento jurídico brasileiro após o CDC, e modificou a Convenção de Varsóvia no que tange
ao tema ora discu do) e especial (a Convenção de Montreal dispõe especificamente sobre a
indenização pelo extravio de bagagem em transporte aéreo), o STF decidiu que deve prevalecer o
disposto nas Convenções de Varsóvia e de Montreal em detrimento do CDC.
CUIDADO: é preciso atentar para os balizadores dessa decisão, pois não é qualquer
transporte nem qualquer dano por ela abrangido.
- transporte aéreo internacional (NÃO se aplica ao transporte aéreo domés co);
- danos materiais (os danos morais NÃO se sujeitam à indenização tarifada).
Como sabemos, a posição do STJ era dis nta (entendia que se deveria afastar a indenização
tarifada e dar prevalência à res tuição integral, ou seja, o CDC deveria prevalecer sobre as
Convenções). Com o julgado do STF acima, em sede de repercussão geral, todavia, o STJ já vem
se aliando à Suprema Corte (ex.: REsp 673.048/RS, Terceira Turma, j. em 08/05/2018, Info 626).

Além das situações expostas na tabela acima, existem outras que merecem maiores
explicações, seja pela sua complexidade seja pela evolução jurisprudencial, o que será feito em
destaque nos quadros abaixo.

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OBSERVAÇÃO:

Evolução da jurisprudência do STJ no que tange à aplicação do CDC às en dades de


previdência complementar.
Para se chegar à diferenciação exposta acima entre en dades abertas e fechadas de previdência
complementar, o STJ passou por uma modificação substancial no tempo.
Inicialmente, estava previsto na Súmula 321 que “O CDC é aplicável à relação jurídica entre a
en dade de previdência privada e seus par cipantes”.
Perceba-se que o verbete acima tratava apenas do gênero en dade de previdência privada,
sem diferenciar entre aberta e fechada. A natureza de ambas é, porém, dis nta e implica em
consequências diferentes:
a) en dades abertas: são empresas privadas cons tuídas sob a forma de sociedade anônima
e possuem disponíveis para contratação por qualquer pessoa sica ou jurídica planos de
previdência privada. É comum haver empresas desta natureza vinculadas a ins tuições
financeiras conhecidas (BrasilPrev do Banco do Brasil, Bradesco Vida e Previdência, Porto
Seguro Vida e Previdência etc.).
b) en dades fechadas: são pessoas jurídicas organizadas sob a forma de fundação ou sociedade 22
civil, man das por conglomerados de empresas ou empresas de grande porte, que oferecem
aos funcionários desses planos de previdência privada. São também denominadas de fundos de
pensão. Os referidos planos não são acessíveis/comercializáveis a terceiros (apenas aos
funcionários das empresas vinculadas). Ex.: Fundação Vale do Rio Doce de Seguridade Social.
Diante dessa diferença notória de regimes, o STJ, inicialmente em sede de recurso especial
sob a sistemá ca de recursos repe vos (REsp 1.536.786/MG, DJe 20/10/2015), cancelou a
referida Súmula 321 e editou a Súmula 563 em seu lugar, cujo teor é o seguinte:
Súmula 563: O CDC é aplicável às en dades abertas de previdência complementar, não
incidindo nos contratos previdenciários celebrados com en dades fechadas.

OBSERVAÇÃO:

A questão dos serviços notariais e de registros.


STJ: após julgado anterior em sen do contrário (REsp 625.144/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ
29/05/2006), o Superior Tribunal de Jus ça reviu o seu posicionamento para considerar que o CDC
se aplica à a vidade notarial (REsp 1.163.652, Rel. Min. Herman Benjamin, 2T, DJe 01/07/2010).
Em que pese o julgado mais recente ser no sen do da existência de relação de consumo, não
se pode afirmar com veemência que esta seja a posição firme do STJ, vez que não há julgados
a
da 2 Seção (que engloba a Terceira e Quarta Turmas) nem reiteração considerável do julgado
acima de 2010. Assim, é preciso analisar com cuidado o enunciado de eventual questão.

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Entende-se melhor a questão se se considerar a posição do STF sobre a natureza das custas e
emolumentos cartorários. Para a Suprema Corte, tratam-se de verbas qualificadas como
taxas remuneratórias de serviços públicos, que, como tal, possuem natureza tributária (ADI
1.378-MC/ES, rel. Min. Celso de Mello, DJ 30/05/1997).
A dificuldade em haver uma posição firme sobre o tema reside na diferenciação clássica que é
feita pelo STJ no que tange à aplicabilidade do CDC aos serviços públicos:
- Serviços públicos prestados mediante tarifa ou preço público → aplica-se o CDC.
- Serviços públicos prestados mediante taxas → ordinariamente, não se aplica o CDC.
Eis a dificuldade da questão e de se dizer que há uma posição jurisprudencial consolidada
(pois entendemos que ainda não há, mas apenas um julgado mais recente do STJ no sen do
de considerar relação de consumo aquela firmada com serviços registrais e notariais).

1.2.3 FORNECEDOR (art. 3º, caput)

Fornecedor é toda pessoa sica ou jurídica, pública ou privada, nacional ou


estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem a vidade (com
habitualidade) de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
23
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Segundo o STJ, para o fim de aplicação do CDC, o reconhecimento de uma pessoa sica
ou jurídica ou de um ente despersonalizado como fornecedor de serviços atende aos critérios
puramente obje vos, sendo irrelevantes a sua natureza jurídica, a espécie dos serviços que
prestam e até mesmo o fato de se tratar de uma sociedade civil, sem fins lucra vos, de caráter
beneficente e filantrópico, bastando que desempenhem determinada a vidade no mercado de
consumo mediante remuneração.
Assim, en dades beneficentes podem ser perfeitamente enquadradas como
fornecedoras e ou prestadoras, sem qualquer entrave material.
O que vem a interessar na caracterização do fornecedor ou prestador é o fato de ele
desenvolver uma a vidade, que vem a ser a soma de atos coordenados para uma finalidade
específica.
Dessa forma, se alguém atua de modo isolado, em um ato único, não poderá se
enquadrar como fornecedor ou prestador. O requisito da habitualidade, é re rado do próprio
conceito de a vidade.
o
Como afirmado no art. 3 do CDC, a a vidade desenvolvida deve ser picamente
profissional, com intuito de lucro direto ou vantagens indiretas. A norma descreve algumas
a vidades, em rol meramente exemplifica vo como: produção, montagem, criação, construção etc.

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ATENÇÃO aos dois requisitos acima para a configuração do fornecedor: habitualidade
e exercício profissional.
Fornecedor equiparado - é um intermediário na relação de consumo, com posição de
auxílio ao lado do fornecedor de produtos ou prestador de serviços, caso das empresas que
mantêm e administram bancos de dados dos consumidores. Exemplo de fornecedor
equiparado é o es pulante profissional ou empregador dos seguros de vida em grupo.
Assim, fornecedor equiparado é aquele que não é o fornecedor do contrato principal de
consumo, mas intermediário, an go terceiro, ou es pulante, hoje é o "dono" da relação conexa (e
principal) de consumo, por deter uma posição de poder na relação outra com o consumidor.
É importante diferenciar o gênero fornecedor das suas espécies (tal diferenciação será
explorada quando do estudo da responsabilidade nas relações de consumo, consistente no
Ponto 2 do nosso edital Mege):

- Gênero: Fornecedor.
- Espécies: fabricante, montador, criador, importador, exportador, distribuidor,
comerciante etc.

24
O CDC, quando quer que toda a cadeia seja responsabilizada, usa o termo “fornecedor”
o
como gênero (vide arts. 8 , caput, e 18, caput). Quando, por outro lado, quer designar algum
o
fornecedor específico, u liza-se do termo em espécie, exemplo arts. 8 , parágrafo único
(“fabricante”), e 12 (“fabricante, produtor, construtor e importador”), 13 (“comerciante) etc.
A doutrina classifica ainda os fornecedores (gênero) em três categorias:

a) Fornecedor real – envolve o fabricante, o produtor e o construtor;


b) Fornecedor aparente – que distribui o bem, veiculando nome/marca/sinal de
iden ficação no produto final; e
c) Fornecedor presumido – abrange o importador de produto industrializado ou in
natura e o comerciante de produto anônimo (art. 13).

Em resumo, para se caracterizar como fornecedor, é preciso haver:

a) A vidade profissional - entende-se aquela desenvolvida de forma habitual


(reiteração), com alguma especialidade (colocando o fornecedor num patamar superior
ao consumidor não profissional) e visando a determinada vantagem econômica (não
necessariamente lucro, como também contraprestação, remuneração);
b) A vidade desenvolvida no mercado de consumo - somente pode ser considerado
fornecedor aquele que oferece seus produtos/serviços no espaço ideal denominado
“mercado de consumo” (espaço no qual se desenvolvem a vidades econômicas).

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OBSERVAÇÃO:

O STJ entende que o CDC não se aplica aos serviços advoca cios, justamente por não se
desenvolverem no mercado de consumo.

1.2.4 PRODUTO (art. 3º, par. 1º)

Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.


A doutrina e a jurisprudência consideram o lazer como exemplo de bem imaterial
sujeito às relações de consumo. Dessa forma, casas noturnas e de espetáculos estão abrangidas
pelo CDC.
Produtos Digitais - Entende-se que também existem produtos digitais como os
programas de computadores que são protegidos pelo CDC.
Ressalte-se que para o produto, diferentemente do serviço, o CDC não exige a presença
de remuneração (ainda que indireta). Assim será considerado produto mesmo que oferecido
gratuitamente (art. 39, parágrafo único – amostra grá s).

1.2.5 SERVIÇO (art. 3º, par. 2º)


25
Serviço é qualquer a vidade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Apesar de a lei mencionar expressamente remuneração, dando um caráter oneroso ao
negócio, admite-se que o prestador tenha apenas vantagens indiretas, sem que isso
prejudique a qualificação da relação consumerista. A doutrina fala também em serviços
aparentemente gratuitos. Ex.: estacionamento de shopping center, lojas ou supermercados.
Ressalta-se que, no caso dos estacionamentos não faz a lei dis nção entre o
consumidor ter ou não feito compras no local. Súmula 130 do STJ – “A empresa responde,
perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento”.
O CDC aplica-se também ao sistema de milhagem das companhias aéreas ou cartão de
crédito.
As ins tuições financeiras e os bancos sujeitam-se ao CDC. A previsão legal expressa
foi considerada cons tucional pelo STF na ADI 2591 (j. em 14/12/2006). Súmula 297 do STJ – “O
Código de Defesa do Consumidor é aplicável às ins tuições financeiras”.

1.2.5.1 A questão dos serviços públicos

Os serviços públicos podem configurar serviços para os fins de relação consumerista.

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Em análise ao CDC, vê-se a presença de disposi vos que denotam isso:

a) a previsão legal de que pessoa jurídica de direito público pode ser fornecedora (art.
3º, caput);
b) a previsão, dentre os princípios da Polí ca Nacional das Relações de Consumo, da
racionalização e melhoria dos serviços públicos (art. 4º, VII);
c) previsão, como direito básico do consumidor, da adequada e eficaz prestação dos
serviços públicos em geral (art.6º, X); e
d) o elenco de diversos deveres aos fornecedores de serviços públicos (art. 22).

STJ: entende a aplicação das normas do CDC apenas para os serviços públicos
remunerados por meio de tarifa ou preço público (e não para os serviços públicos remunerados
por taxas). Ex.: concessionárias de água e esgoto, de energia elétrica.

1.3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

1.3.1 PRINCÍPIO DO PROTECIONISMO DO CONSUMIDOR (art. 1º)

O consumidor deve ser assumido como pessoa humana, tanto pela legislação vigente, 26
quanto pelo próprio mercado, a quem se reconhece a necessidade de proteção integral no
contexto das relações negociais consumeristas, em que imperam os princípios cons tucionais
como pressupostos necessários, não só a proteção, mas também sua promoção integral de
frente à sociedade de massa globalizada.
São consequências do referido princípio:

- Impossibilidade de disposição da proteção consumerista - as regras do CDC não


podem ser afastadas por convenção das partes (art. 51, XV do CDC);
- Conhecimento da proteção de o cio - a proteção do CDC deve ser conhecida de o cio
pelo juiz. Exemplo disso é a nulidade das cláusulas abusivas que deve ser declarada de
o cio pelo juiz (à exceção daquelas previstas em contratos bancários, conforme
Súmula 381 do STJ).

A doutrina afirma que todos os outros princípios decorrem do princípio da proteção do


consumidor.
o
1.3.2 PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR (art. 4 , I)

 A vulnerabilidade é um estado da pessoa, um estado inerente de risco ou um


sinal de confrontação excessiva de interesses iden ficado no mercado, é uma situação
permanente ou transitória, individual ou cole va, que fragiliza, enfraquece o sujeito de direitos.

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Segundo esse princípio, o consumidor é considerado vulnerável em suas relações de
consumo. Dessa forma, surgiu a necessidade patente de elaboração da norma prote va.
A vulnerabilidade elimina a premissa de igualdade entre as partes envolvidas; se um
dos polos é vulnerável, as partes são desiguais e, justamente por força da desigualdade, é que o
vulnerável é protegido pela legislação, com o fim de garan r os princípios cons tucionais da
isonomia e igualdade nas relações jurídicas minimizando deste modo a desigualdade.
A vulnerabilidade desdobra-se em quatro faces (são as mais aceitas):

(i) informacional,
(ii) técnica,
(iii) jurídica/cien fica e
(iv) fá ca ou socioeconômica (vide explicações acima).

A presunção de vulnerabilidade do consumidor é iure et de iure, não aceitando


declinação ou prova em contrário, em hipótese alguma. Dessa forma, é uma caracterís ca
inerente à condição de consumidor.
Vulnerabilidade x Hipossuficiência - O conceito de vulnerabilidade é diferente de 27
hipossuficiência. Todo consumidor é sempre vulnerável, independente de sua condição no caso
concreto. Entretanto, nem sempre será hipossuficiente, pois esta depende de uma análise
casuís ca.
STJ: “o ponto de par da do CDC é a afirmação do Princípio da vulnerabilidade do
consumidor, mecanismo que visa a garan r igualdade formal-material aos sujeitos da relação
jurídica de consumo, o que não quer dizer compactuar com exageros que, sem u lidade real,
obstem o progresso tecnológico, a circulação dos bens de consumo e a própria lucra vidade dos
negócios” (REsp 586.316, Rel. Min. Herman Benjamin, DJ 19/03/2009).
- Hipervulnerabilidade – é a situação social fá ca e obje va de agravamento da
vulnerabilidade da pessoa sica consumidora, seja permanente (deficiência sica ou mental) ou
temporária (doença, gravidez, analfabe smo, idosos, crianças etc.). Expressão u lizada pelo
Min. Herman Benjamin (no REsp 931.513).
STJ: A Defensoria Pública tem legi midade para propor ação civil pública em defesa de
interesses individuais homogêneos de consumidores idosos que veram plano de saúde
reajustado em razão da mudança de faixa etária, ainda que os tulares não sejam carentes de
recursos econômicos. A atuação primordial da Defensoria Pública, sem dúvida, é a assistência
jurídica e a defesa dos necessitados econômicos. Entretanto, também exerce suas a vidades
em auxílio a necessitados jurídicos, não necessariamente carentes de recursos econômicos. A

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expressão "necessitados" prevista no art. 134, caput, da CF/88, que qualifica e orienta a atuação
da Defensoria Pública, deve ser entendida, no campo da Ação Civil Pública, em sen do amplo.
Assim, a Defensoria pode atuar tanto em favor dos carentes de recursos financeiros como
também em prol do necessitado organizacional (que são os "hipervulneráveis"). STJ. Corte
Especial. EREsp 1192577-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/10/2015 (Info 573).

1.3.3 PRINCÍPIO DA HIPOSSUFICIÊNCIA DO CONSUMIDOR (art. 6º, VIII)

Ao contrário do que ocorre com a vulnerabilidade, a hipossuficiência é um conceito


fá co e não jurídico, fundado em uma disparidade ou discrepância notada no caso concreto.
Assim sendo, todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente.
A hipossuficiência por sua vez, não se confunde com a vulnerabilidade, pois se
apresentará exclusivamente no campo processual e deve ser observada caso a caso, já que se
trata de presunção rela va, então, precisará ser comprovada no caso concreto diante do juiz.
São duas as principais noções de hipossuficiência, segundo a lei:

- a que concede o bene cio da jus ça gratuita aos que alegarem pobreza e
comprovando-a na forma da lei, então, considera-se a parte hipossuficiente; 28
- aquela relacionada à inversão do ônus da prova, prevista no inciso VIII do art. 6º do CDC,
mas que não se relaciona necessariamente à condição econômica dos envolvidos.

O conceito de hipossuficiência vai além do sen do literal das expressões pobre ou sem
recursos, aplicáveis nos casos de concessão dos bene cios da jus ça gratuita, no campo
processual. O conceito de hipossuficiência consumerista é mais amplo, devendo ser apreciado
pelo aplicador do direito caso a caso, no sen do de reconhecer a disparidade técnica ou
informacional, diante de uma situação de desconhecimento.
Consequência da configuração da hipossuficiência é o direito à inversão do ônus da
prova a favor do consumidor.

1.3.4 PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA (art. 4º, III)

Deve-se levar em consideração o sistema do CC de 2002 na interpretação da cláusula


da boa-fé.

Enunciado 27 do CJF - Na interpretação da cláusula geral da boa-fé, deve-se levar em


conta o sistema do Código Civil e as conexões sistemá cas com outros estatutos
norma vos e fatores metajurídicos.

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A boa-fé cons tui uma regra de conduta. Esta vem a ser a exigência de um
comportamento de lealdade dos par cipantes negociais, em todas as fases do negócio. A boa-fé
obje va tem relação direta com os deveres anexos ou laterais da conduta, que são deveres
inerentes a qualquer negócio, sem a necessidade de previsão no instrumento. Entre eles
merecem destaque o dever de cuidado, respeito, lealdade, probidade, informação,
transparência e de agir honestamente e com razoabilidade.

- Dever de informar o perigo e a nocividade (art. 9O do CDC) - O fornecedor de produtos e


serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de
maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem
prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.
- Dever de prestar informações corretas, claras e precisas (art. 31 do CDC) - A oferta e
apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras,
precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas caracterís cas, qualidades,
quan dade, composição, preço, garan a, prazos de validade e origem, entre outros dados,
bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
- Proibição da publicidade abusiva ou enganosa (arts. 36 e 37 do CDC) - Referem-se à
proibição de publicidade simulada, abusiva e enganosa. Estas normas serão estudadas
mais adiante, em outra rodada. 29
- Vinculação do fornecedor (art. 48 do CDC) - As declarações de vontade constantes de
escritos par culares, recibos e pré-contratos rela vos às relações de consumo
vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica.

o o
1.3.5. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA OU DA CONFIANÇA (arts. 4 , caput, 6 , III)

Este princípio se refere ao direito do consumidor a uma informação adequada que lhe
permita fazer escolhas bem seguras conforme os desejos e necessidades de cada um.
O direito à informação tem como desígnio promover completo esclarecimento quanto
à escolha plenamente consciente do consumidor, de maneira a equilibrar a relação de
vulnerabilidade, colocando o consumidor em posição de segurança na negociação de consumo,
acerca dos dados relevantes para que a compra do produto ou serviço ofertado seja feita de
maneira consciente.

1.3.6 PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO (implícito no CDC e expresso no CC – arts.


421 e 2.035, parágrafo único)

Obje va tentar equilibrar uma situação que sempre foi desigual, em que o consumidor
sempre foi ví ma das abusividades da outra parte da relação de consumo, mediante limitação
ao exercício da autonomia privada no campo contratual.

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A declaração de nulidade das cláusulas abusivas é uma clara aplicação desse princípio.

- Revisão do contrato por onerosidade excessiva (art. 6o, V, do CDC) - É direito do


consumidor a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem
excessivamente onerosas.
- Princípio da preservação dos negócios jurídicos - Como decorrência da função social
dos contratos, deve-se, sempre que possível, preservar os contratos, assegurando
trocas úteis e justas (Enunciado 22 do CJF).
- Teoria do Adimplemento Substancial - Segundo essa teoria, nos casos das obrigações
de pagamento parcelado, quando tal pagamento for feito quase que completamente,
ou muito próximo disso, não será possível pleitear a anulação do negócio jurídico com
base no inadimplemento. Nesses casos, o credor terá que se contentar em pedir o
cumprimento da parte que ficou inadimplida ou então pleitear indenização pelos
prejuízos que sofreu (STJ, REsp 1200105/AM, julgado em 19/06/2012). O
adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer
preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé obje va, balizando a
aplicação do art. 475 (Enunciado 361 do CJF).

OBSERVAÇÃO: 30
Não se aplica a teoria do adimplemento substancial para a alienação fiduciária regida pelo DL
911/69. STJ. 2ª Seção. REsp 1.622.555-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 22/2/2017 (Info 599).

1.3.7 PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA NEGOCIAL (art. 6º, II)

Determina este princípio que é garan da a igualdade de condições no momento da


contratação ou de aperfeiçoamento da relação jurídica patrimonial. Assim, fica estabelecido o
compromisso de tratamento igual a todos os consumidores, consagrada a igualdade nas
contratações.
Ressalta-se que a doutrina e a jurisprudência têm aceitado diferenciações benéficas
para os consumidores tratados como hipervulneráveis, como os idosos, incapazes etc.

1.3.8 PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO INTEGRAL DOS DANOS (art. 6º, VI)



No que se refere a responsabilidade civil na ó ca consumerista, o regramento
fundamental é a reparação integral dos danos, que assegura aos consumidores a efe va
prevenção e reparação de todos os danos suportados, sejam eles materiais ou morais,
individuais ou cole vos.

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É cabível o pedido de reparação de todos os danos possíveis, inclusive lucros cessantes,
danos emergentes, danos morais e danos esté cos.

- Dano Moral Cole vo - A doutrina tem admi do a existência de danos morais


cole vos. Esta é modalidade de dano que a nge, ao mesmo tempo, vários direitos da
personalidade, de pessoas determinadas ou determináveis.
- Dano Difuso - Trata-se de um dano social. São lesões à sociedade, no seu nível de
vida, tanto por rebaixamento de seu patrimônio moral, quanto por diminuição na
qualidade de vida. Estes podem gerar repercussões materiais ou morais. Estes danos
envolvem ví mas indeterminadas ou indetermináveis.
- Dano pela Perda de uma Chance - A doutrina e a jurisprudência têm também aceito o
dano pela perda de uma chance. A perda de uma chance está caracterizada quando a
pessoa vê frustrada uma expecta va, uma oportunidade futura, que, dentro da lógica
razoável, ocorreria se as coisas seguissem seu curso normal. Ressalta-se que, segundo
a jurisprudência, para haver direito de indenização essa chance deve ser séria e real.
Ex.: Caso do Jogo do Milhão.
- Responsabilidade Obje va - O princípio da reparação do dano integral gera, via de
regra, a responsabilidade obje va de fornecedores e prestadores como regra das
relações de consumo. Consigne-se que essa responsabilidade independentemente de
culpa visa à facilitação das demandas em prol dos consumidores, representando um 31
aspecto material do acesso à jus ça.
- Solidariedade da Responsabilidade Consumerista - Outro aspecto que apresenta
estreita ligação com a reparação integral é a regra da solidariedade re rada da
responsabilidade consumerista. Enuncia o art. 7º, parágrafo único, do CDC que, tendo
mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos
danos previstos nas normas de consumo.

Os temas brevemente indicados neste subtópico serão melhor explorados quando do


estudo da responsabilidade civil nas relações consumeristas.

1.4 DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR (art. 6º)

O CDC ins tuiu rol exemplifica vo, mínimo necessário à efe va proteção dos seus
interesses. O art. 7º do CDC, por sua vez, é cláusula de abertura do microssistema, para que algum
direito do consumidor, previsto em outro diploma legal, possa a ele se somar (diálogo das fontes).
O rol do art. 6º, portanto, é numerus apertus.

1.4.1 DIREITO À VIDA (art. 6º, I)



Visa a garan r que produtos e serviços no mercado de consumo não acarretarão riscos
à incolumidade sica do consumidor. Esse direito de proteção é fruto do princípio da confiança e
do dever de segurança.

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1.4.2 DIREITO À EDUCAÇÃO E À LIBERDADE DE ESCOLHA (art. 6º, II)

Busca minimizar a vulnerabilidade técnica e informacional do consumidor,


proporcionando um aumento no seu nível de consciência sobre os produtos e serviços a ele
oferecidos, de modo que, ao contratar, formule um juízo crí co sobre a oportunidade e
conveniência da contratação, ou seja, sobre a sua real necessidade e u lidade.
O consumidor tem o direito de escolher, dentre os vários produtos e serviços
fornecidos no mercado de consumo, aqueles que deseja contratar.
O art. 39, I, veda a venda casada, o que pode ser considerado como um desdobramento
dos princípios ora vistos.

1.4.3 DIREITO À IGUALDADE NAS CONTRATAÇÕES (art. 6º, II)

Combate a discriminação injus ficada entre os consumidores (art. 39, II, IV, IX, CDC).
O fornecedor deve oferecer as mesmas condições a todos os consumidores. Apenas
admitem-se privilégios àqueles que necessitam (idosos, gestantes), respeitando-se, assim, a
aplicação concreta do princípio isonômico.

1.4.4 DIREITO À INFORMAÇÃO (art. 6º, III)


32

Oportuniza ao consumidor o conhecimento de todas as caracterís cas do


produto/serviço, das condições do negócio, riscos e consequências da contratação. A escolha
consciente implica o que vem sendo denominado de consen mento informado ou vontade
qualificada.
Gera para o fornecedor o dever de informar (arts. 12, 14, 18, 20, 30, 31, 46, 54), que
deve ser observado no momento pré-contratual (art. 31), na conclusão do negócio (art. 30), na
execução do contrato (art. 46) e no momento pós-contratual (art. 10, §1º). O descumprimento
desse dever caracteriza um ato ilícito do fornecedor.
STJ: possui vários precedentes de responsabilização dos fornecedores por
descumprimento do dever de informar. Com fundamento também nesse direito, já decidiu que as
ins tuições financeiras estão obrigadas a confeccionar em braile os contratos bancários de adesão
e todos os demais documentos fundamentais para a relação de consumo estabelecida com
deficientes visuais (REsp 1.315.822, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 3ª Turma, DJe 16/04/2015).
Novidade 2015: A Lei n. 13.146 acresceu o parágrafo único ao art. 6º do CDC,
determinando que a informação clara e adequada, nos termos do inciso III, deve ser acessível à
pessoa com deficiência, com observância do previsto em regulamento.

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1.4.5 DIREITO À PROTEÇÃO CONTRA PRÁTICAS E CLÁUSULAS ABUSIVAS (art. 6º, IV)

Tanto as prá cas como as cláusulas abusivas serão estudadas em momento oportuno,
em outras rodadas.

1.4.6 DIREITO À MODIFICAÇÃO E REVISÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS (art. 6º, V)

Com o obje vo de assegurar o equilíbrio econômico do contrato, isto é, a igualdade


substancial entre os contratantes (na proporcionalidade das prestações), previu-se o direito
básico do consumidor de ter modificadas as cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais ou revistas aquelas que se tornem excessivamente onerosas por fatos
supervenientes.
Trata-se de exemplo de dirigismo contratual por parte do Estado (sendo exceção à
postura inerte, não-invasiva e de garan dor do cumprimento exato do pacto).
No direito à modificação, a cláusula que estabelece a prestação desproporcional em
desfavor do consumidor opera desde o início do contrato, afetando o sinalagma genérico da
relação obrigacional (lesão congênere).
Ex.: emprés mo pessoal bancário, no qual são es puladas, desde logo, taxas de juros 33
comprovadamente abusivas (acima da média de mercado).
Ressalte-se que o consumidor, nesses casos, é livre tanto para pleitear a modificação
das cláusulas como para solicitar a declaração de sua nulidade (art. 51).

1.4.6.1 O direito de modificação (CDC) e o ins tuto da lesão (CC)

A LESÃO do CDC e a LESÃO do CC assemelham-se na desproporcionalidade da


prestação no momento de celebração do negócio jurídico.
Diferenças: A LESÃO do CC, apta a invalidar um negócio jurídico, ocorre quando, em
negócio comuta vo, uma das partes contratantes, por inexperiência ou necessidade premente,
obriga-se a prestação manifestamente desproporcional à outra.
Já o CDC exige apenas a desproporção da prestação (elemento obje vo), sem
elemento subje vo necessário.
Além disso, os ins tutos apresentam consequências dis ntas:

- A lesão do CC, em regra, gera a invalidade do negócio jurídico, podendo somente ser
salvo pela vontade da parte beneficiada (art. 157, §2º, CC).
- Na lesão do CDC, em regra, o contrato é man do, facultando-se ao consumidor (parte
não beneficiada) pleitear a nulidade da cláusula geradora da prestação
desproporcional ou sua modificação.

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No direito à revisão, o desequilíbrio econômico do contrato é causado por fato novo,
superveniente à sua celebração, e que torna a prestação do consumidor excessivamente
onerosa, afetando o sinalagma funcional do contrato.

IMPORTANTE:

Para a doutrina majoritária, o CDC adotou a Teoria da Base Obje va do Negócio Jurídico (Karl
Larenz), uma vez que não se exige a imprevisibilidade do fato superveniente e dispensa-se
qualquer discussão a respeito da previsibilidade do fato econômico superveniente.

Já o CC adotou a Teoria da Imprevisão no campo da revisão contratual por onerosidade


excessiva, vez que a imprevisibilidade do fato superveniente é exigida.

Teoria da base obje va do negócio


Teoria da imprevisão (=CC)
jurídico (=CDC)

Art. 6º, V, 2ª parte. Art. 478.

Dispensa análise da previsibilidade do fato


Exige a imprevisibilidade do fato.
superveniente.

Basta a onerosidade excessiva para o Além da onerosidade excessiva para o devedor,


consumidor. exige a “extrema vantagem” para o credor. 34
Consequência: a regra é a revisão do contrato. Consequência: a regra é a resolução do
Excepcionalmente, acarretará a resolução contrato. Excepcionalmente, poderá ser revisto,
quando não for possível salvá-lo. a depender da vontade do credor.

1.4.7 DIREITO À EFETIVA PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DOS DANOS MATERIAIS E MORAIS


(art. 6º, VI)

Será tratado quando do estudo da responsabilidade nas relações de consumo.

1.4.8. DIREITO DE ACESSO À JUSTIÇA (art. 6º, VII)

Acesso à jus ça e aos órgãos administra vos de defesa, incluindo-se a assistência


jurídica, administra va e técnica aos necessitados (Procons e Defensorias).

1.4.9 DIREITO À INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA (art. 6º, VIII)

A regra do CPC 1973 (art. 333) era de que o encargo probatório seria distribuído prévia
e abstratamente pela lei – regra da distribuição está ca do ônus da prova.
Entretanto, para relações entre desiguais, como as tratadas pelo CDC, tal regra já era
flexibilizada quando o juiz verificasse, no processo, a presença da verossimilhança da alegação
ou da hipossuficiência do consumidor.

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1.4.9.1 Requisitos

O juiz da causa (inversão ope iudicis) deve verificar alterna vamente a presença dos
requisitos autorizadores.
Trata-se de direito público subje vo do consumidor, que não poderá ser negado pelo
juiz, se preenchidos os requisitos legais (não lhe é facultado aplicar critérios de oportunidade e
conveniência).
Ademais, tratando-se as normas consumeristas de ordem pública e interesse social, o
juiz pode reconhecer o direito à inversão do ônus da prova de o cio, independentemente de
pedido da parte.
Registre-se que a inversão do ônus da prova não é automá ca (ou seja, não é ope
legis), e sim ope judicis, por ato do magistrado na análise do caso concreto.
A inversão do ônus da prova poderá ser determinada pelo magistrado, todavia não se
opera automa camente, em todo e qualquer caso. Para tanto, deverá estar presente um dos
requisitos alterna vos para a inversão: a verossimilhança das alegações ou a hipossuficiência do
consumidor. Perceba, ademais, que a literalidade do inciso VIII do art. 6o do CDC prescreve que a
inversão ocorrerá “a critério do juiz”. 35
O Superior Tribunal de Jus ça possui orientação de que "a inversão do ônus da prova é
faculdade conferida ao magistrado, não um dever, e fica a critério da autoridade judicial
conceder tal inversão quando for verossímil a alegação do consumidor ou quando for ele
hipossuficiente. (AgInt no AREsp 1061219/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 22/08/2017, DJe 25/08/2017).
O CDC adotou a regra da distribuição dinâmica do ônus da prova, ao contrário do
sistema do CPC/1973, que adotava a regra da distribuição está ca. Já o CPC/2015, embora
tenha man do as regras básicas sobre a distribuição do ônus em relação a autor e réu (art. 373),
possibilitou ao juiz distribuir de maneira diversa em algumas hipóteses (casos previstos em lei
ou peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de
o
cumprir o encargo – par. 1 do art. 373 do CPC).
ATENÇÃO

Há previsão no CDC da nulidade da cláusula contratual que estabeleça a inversão do ônus da


prova em prejuízo do consumidor (art. 51, VI).

a) Verossimilhança da alegação
É verossímil a alegação que tem aparência de verdade, que é plausível, provável, que
não repugna à verdade. É um conceito jurídico indeterminado, compe ndo ao juiz definir seu
conteúdo na análise do caso concreto, segundo as regras ordinárias de experiência.

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b) Hipossuficiência
É a incapacidade técnica ou econômica do consumidor para produzir a prova
necessária à sa sfação da sua pretensão em juízo (não sendo sinônimo de pobreza).
Um dos requisitos alterna vos para que a inversão do ônus da prova ocorra, a critério
do magistrado, é quando for o consumidor hipossuficiente.
Um primeiro ponto a se destacar é que o inciso VIII do art. 6o do CDC, ao prever a
inversão do ônus da prova como direito básico do consumidor, traz o vocábulo “hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências”.
Ocorre que a hipossuficiência é um vocábulo de múl plos significados, e, embora não
signifique necessariamente pobreza, existem pos diversos de hipossuficiência, inclusive a
financeira, segundo entendimento comum da doutrina e da jurisprudência.
Em outras palavras: é a incapacidade técnica ou econômica do consumidor para
produzir a prova necessária à sa sfação da sua pretensão em juízo.
É a dificuldade do consumidor para produzir, no processo, a prova do fato favorável a
seu interesse, ante a ausência de conhecimento técnico específico sobre o produto ou serviço
adquirido ou à vista da falta de recursos financeiros para arcar com os custos da produção 36
dessa prova.
Para o STJ:

Equivocado, nos li gios cole vos ou difusos, reduzir a hipossuficiência exclusivamente


ao "necessitado" de recursos financeiros, pressuposto para a assistência judiciária,
mas não para a inversão do ônus da prova. Na li giosidade supraindividual,
hipossuficiente é tanto o pobre (= carente material) como aquele que, "segundo as
regras ordinárias de experiência" e as circunstâncias do caso concreto, não dispõe de
mecanismos aptos a fazer valer seu direito (= carente processual). Um e outro
encontram-se, com base em transcendente valor de isonomia real, abrigados e
protegidos pelo regime solidarista dos arts. 6º, VIII, e 117 do Código de Defesa do
Consumidor. (REsp 1235467/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 20/08/2013, DJe 17/11/2016)

Recorde-se que se tratam de requisitos alterna vos, e não cumula vos.

1.4.9.2 Momento processual

Há, basicamente, duas grandes posições sobre o momento para a inversão do ônus da
prova.
- Regra de procedimento: a inversão deve ser decidida entre a propositura da ação e o
despacho saneador. Argumentam seus defensores que, desse modo, surpresas seriam
evitadas ao fornecedor, que teria tempo hábil a preparar suas provas de defesa,
obedecendo-se, assim, os princípios do contraditório e ampla defesa.
- Regra de julgamento: a inversão deve ser decidida na sentença, somente após o
julgador avaliar as provas e ainda es ver em dúvida (situação non liquet). Não há que
se falar em surpresa ao fornecedor, porquanto tal possibilidade está expressamente
prevista no art. 6º, VIII, CDC.

Após uma divergência inicial, a 2ª Seção do STJ firmou o entendimento de que o


momento mais adequado para se decretar a inversão do ônus da prova é o do despacho
saneador, ocasião em que o juiz decidirá as questões processuais pendentes e determinará as
provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento (regra de
procedimento ou de instrução).
STJ: “A simples inversão do ônus da prova, no sistema do CDC, não gera a obrigação de
custear as despesas com perícia, embora sofra a parte ré as consequências decorrentes de sua
não produção” (REsp. 639.534/MT).

1.4.10. DIREITO À PRESTAÇÃO ADEQUADA E EFICAZ DOS SERVIÇOS PÚBLICOS (art. 6º, X) 37

Há dever do Estado em prestar os serviços públicos adequadamente (princípio da


adequação) aos fins que se des nam e de maneira eficiente e concreta (princípio da eficiência).

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2. LEGISLAÇÃO
TÍTULO I
Dos Direitos do Consumidor
CAPÍTULO I
Disposições Gerais

Art. 1º O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem


pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Cons tuição
Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
Art. 2° Consumidor é toda pessoa sica ou jurídica que adquire ou u liza produto ou serviço
como des natário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a cole vidade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa sica ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem a vidade de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização
de produtos ou prestação de serviços.
38
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer a vidade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das
relações de caráter trabalhista.

CAPÍTULO II
Da Polí ca Nacional de Relações de Consumo

Art. 4º A Polí ca Nacional das Relações de Consumo tem por obje vo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de
seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e
harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei
nº 9.008, de 21.3.1995)
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II - ação governamental no sen do de proteger efe vamente o consumidor:
a) por inicia va direta;
b) por incen vos à criação e desenvolvimento de associações representa vas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;

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d) pela garan a dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança,
durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos par cipantes das relações de consumo e compa bilização da
proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Cons tuição
Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e
deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V - incen vo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança
de produtos e serviços, assim como de mecanismos alterna vos de solução de conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos pra cados no mercado de consumo,
inclusive a concorrência desleal e u lização indevida de inventos e criações industriais das
marcas e nomes comerciais e signos dis n vos, que possam causar prejuízos aos consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
Art. 5º Para a execução da Polí ca Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público 39
com os seguintes instrumentos, entre outros:
I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;
II - ins tuição de Promotorias de Jus ça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério
Público;
III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores ví mas de
infrações penais de consumo;
IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de
li gios de consumo;
V - concessão de es mulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor.
§ 1º (Vetado).
§ 2º (Vetado).

CAPÍTULO III
Dos Direitos Básicos do Consumidor

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por prá cas no
fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;

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II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a
liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quan dade, caracterís cas, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem
como sobre os riscos que apresentem; (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012) Vigência
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coerci vos ou
desleais, bem como contra prá cas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de
produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou
sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
VI - a efe va prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, cole vos e
difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administra vos com vistas à prevenção ou reparação de
danos patrimoniais e morais, individuais, cole vos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica,
administra va e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu 40
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
IX - (Vetado);
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste ar go deve ser acessível à
pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência)
Art. 7º Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou
convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de
regulamentos expedidos pelas autoridades administra vas competentes, bem como dos que
derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade.
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela
reparação dos danos previstos nas normas de consumo.

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3. QUESTÕES DE CONCURSOS
OBSERVAÇÕES: Ler os comentários somente após a tenta va de resolução das questões sem consulta.

1. Quanto aos direitos do consumidor, bem mediante a u lização de cartão e senha


como suas disposições gerais, é correto. (TJSC pessoal. (TJPR – Juiz Subs tuto – 2017 -
– Juiz Subs tuto – 2017 - FCC). CEBRASPE).
Acerca dessa situação hipoté ca, assinale a
a) Direitos básicos do consumidor possuem rol
opção correta à luz da legislação aplicável ao
elucida vo e não taxa vo; se a ofensa for
caso e da jurisprudência do STJ:
pra cada por mais de um autor, todos
responderão solidariamente pela reparação a) O juiz deverá deferir o pleito de inversão do
dos danos previstos nas normas de consumo. ônus da prova em favor da autora, pois cabe à
b) Equipara-se a consumidor a cole vidade de i n s t u i ç ã o fi n a n c e i ra d e m o n s t ra r a
pessoas, desde que determinadas ou regularidade do saque.
determináveis, que haja intervindo nas b) Maria deverá demonstrar sua vulnerabilidade
relações de consumo. e a verossimilhança do alegado.
c) Fornecedor é toda pessoa sica ou jurídica, c) O momento processual adequado para a
pública ou privada, desde que personalizada, inversão do ônus da prova será quando a
que desenvolve a vidades de produção, sentença for proferida.
montagem, criação, construção,
d) O fato exclusivo da ví ma não afasta a
transformação, importação, exportação,
responsabilidade, pois ele sucumbe ao princípio
41
distribuição ou comercialização de produtos
da reparação integral em favor do consumidor.
ou prestação de serviços.
d) As normas consumeristas têm natureza 3. NÃO se enquadram ao CDC (TJPE – Juiz
prote va e de defesa dos consumidores, de Subs tuto – 2013 - FCC).
ordem disposi va e de interesse social, a) as relações jurídicas envolvendo o usuário da
implicando tratamento diferenciado a estes rodovia e a concessionária do serviço público.
por sua hipossuficiência e vulnerabilidade.
b) as relações jurídicas entre a en dade de
e) Produto é qualquer bem, exclusivamente previdência privada e seus par cipantes.
material, de natureza móvel ou imóvel,
c) as relações jurídicas decorrentes dos contratos
indis ntamente.
de planos de saúde.
2. Maria, aposentada, compareceu a uma agência d) o exame dos contratos de cartão de crédito,
bancária para sacar seu bene cio subme dos apenas às resoluções específicas
previdenciário. No entanto, ao consultar o do Banco Central.
extrato, verificou que o numerário fora sacado e) as relações jurídicas concernentes aos
por terceiro. Inconformada, procurou a condôminos, nos condomínios edilícios.
Defensoria Pública, que ajuizou ação de
indenização, requerendo, entre outras coisas, 4. São relações jurídicas que se definem como de
a inversão do ônus da prova em favor de consumo, e assim se enquadram legalmente
Maria. Por sua vez, em sua resposta, a (TJCE – Juiz Subs tuto – 2014 - FCC).
ins tuição financeira alegou fato exclusivo da
a) as relações securitárias, loca cias, bem como
ví ma, porquanto a operação fora realizada
as concernentes aos serviços médicos.

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b) as condominiais, financeiras, de crédito e as
concernentes aos serviços prestados por
profissionais liberais.
c) as concernentes às associações civis,
bancárias, securitárias e rela vas aos serviços
advoca cios.
d) as bancárias, securitárias, financeiras e as
concernentes aos serviços prestados por
profissionais liberais.
e) quaisquer relações que envolvam a entrega de
p ro d u t o s o u s e r v i ç o s , e m q u a l q u e r
circunstância, com habitualidade ou não.

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3.1 COMENTÁRIOS O erro da asser va está em tratar os requisitos da
inversão do ônus da prova como cumula vos,
1. A quando são alterna vos (verossimilhança ou
hipossuficiência).
ALTERNATIVA A: CORRETA
ALTERNATIVA C: INCORRETA
Trata-se das previsões legais constantes dos arts. 7º,
a
caput e parágrafo único do CDC. Como visto, o rol de Como explicitado nesta rodada, a 2 Seção do STJ
direitos dos consumidores é numerus apertus. pacificou o entendimento de que o momento
ideal para a inversão é antes da sentença
ALTERNATIVA B: INCORRETA
(despacho saneador).
O erro da asser va está na expressão “desde que
ALTERNATIVA D: INCORRETA
determinadas ou determináveis”, vez que o
parágrafo único do art. 2º do CDC estabelece que Embora o consumidor tenha o direito à reparação
se equipara a consumidor a cole vidade de integral dos danos sofridos e haja
pessoas, ainda que indetermináveis. responsabilidade obje va do fornecedor,
admite-se a excludente do fato exclusivo da
ALTERNATIVA C: INCORRETA
ví ma, como será devidamente estudado na
O erro está na expressão “desde que próxima rodada de Direito do Consumidor.
p e r s o n a l i z a d a ”, h a j a v i s t a q u e e n t e s
despersonalizados podem ser fornecedores (art. 3. E
3º do CDC).
A presente questão é facilmente solucionável da 43
ALTERNATIVA D: INCORRETA análise da tabela presente nesta rodada, quando
O tratamento diferenciado do consumidor é a diversas situações em que há e não relação de
baseado na sua vulnerabilidade, e não na consumo.
hipossuficiência. Como explicitado nesta rodada, Detalhe para a asser va “b”. À época da prova,
todo consumidor é vulnerável, mas nem todo é ainda estava vigente a Súmula 321 do STJ
hipossuficiente. A hipossuficiência é analisada (posteriormente cancelada, como visto). Hoje,
casuis camente. essa alterna va deve ser vista com cuidado, haja
ALTERNATIVA E: INCORRETA vista a edição da Súmula 563 do STJ (há relação de
Bens imateriais também configuram produto co n s u m o a p e n a s p a ra a s e n d a d e s d e
(art. 3º, par. 1º, CDC). previdência privada abertas).

2. A 4. D

ALTERNATIVA A: CORRETA A resolução da presente questão demanda o


conhecimento do art. 3o, par. 2o, do CDC e na
Vislumbra-se a hipossuficiência de Maria no
jurisprudência do STJ (vide tabela acima).
enunciado da questão, por ser aposentada e
diante da sua falta de informação e ALTERNATIVA A: INCORRETA
conhecimentos técnicos frente à ins tuição O erro reside nas relações loca cias. O STJ
financeira. Pode-se vislumbrar, pois, a presença pacificou o entendimento de que o CDC não se
da hipossuficiência apta a ensejar a inversão do aplica aos contratos de locação regidos pela Lei
ônus da prova (art. 6º, VIII). do Inquilinato.
ALTERNATIVA B: INCORRETA ALTERNATIVA B: INCORRETA

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O erro reside nas relações condominiais. O STJ
pacificou o entendimento de que o CDC não se
a p l i ca à s re l a çõ e s e nt re co n d o m í n i o e
condôminos.
ALTERNATIVA C: INCORRETA
O erro reside nas relações de associações civis e
rela vas aos serviços advoca cios. Posição do STJ
de que não há relação de consumo.
ALTERNATIVA D: CORRETA
ALTERNATIVA E: INCORRETA
O erro reside na expressão “habitualidade ou
não”, pois, como visto, para configuração de
fornecedor exige-se o requisito da habitualidade.

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