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UNISOCIESC CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

DISCIPLINA DE TEORIA GERAL DOS CONTRATOS E


RESPONSABILIDADE CIVIL – 5º SEMESTRE

PROFESSORA VANESSA MARIA SENS REKELBERG

ALUNO: CÉSAR HUMBERTO BARBIERI

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

Introdução

Nesse breve estudo será elaborado um conceito elementar sobre


responsabilidade civil do Estado e também como a responsabilidade civil do
ente estatal se encaixa na definição de responsabilidade objetiva. A seguir uma
jurisprudência relacionada ao assunto que o autor achou relevante.

Conceito

A responsabilidade civil do Estado consiste no momento em que surge


para o Estado a obrigatoriedade de indenizar o particular por dano patrimonial
ou moral, durante a prestação de serviço público e na função de Administração
Pública. Tal obrigação deve ser cumprida quando se encontram presentes os
seguintes elementos: a conduta humana, o dano causado e o nexo de
causalidade entre a conduta e o dano.

A conduta humana desempenhada pelo agente público que exerce o


poder de Estado consiste na prestação de um serviço público que causou
danos. Enquanto isso, o dano causado consiste em bem jurídico tutelado pela
ordem jurídica que foi lesado. Já o nexo causal, representa a ligação entre os
dois no caso concreto.
Segundo o professor de Direito Administrativo Carvalho (2016, p. 321), a
responsabilidade civil do Estado, por existir independentemente de vínculo ou
relação prévia com o Poder Público, também é denominada como
extracontratual.

A responsabilidade civil objetiva

A responsabilidade civil do Estado se dá, atualmente, no ordenamento


jurídico, de maneira objetiva. Isso ocorre pelo fato de o particular possuir certa
dificuldade de ter que provar o dano, nexo causal e o elemento subjetivo,
consistente na culpa ou no dolo do agente público que presta serviço público,
requisitos da responsabilidade subjetiva.

A teoria objetiva traz, conforme o ilustre mestre Celso Antônio Bandeira


de Melo[1], que a responsabilidade civil  estabelece a “obrigação de indenizar
quem incumbe a alguém em razão de um procedimento lícito ou ilícito que
produziu uma lesão na esfera juridicamente protegida de outrem”, motivo pelo
qual basta que seja comprovado o nexo de causalidade entre a conduta e o
dano, não mais o dolo ou culpa do agente.

A Responsabilidade Civil na Constituição Federal/88

A Constituição Federal de 1988 trata, em determinado ponto, sobre a


responsabilidade civil estatal, no art. 37, §6º. Vejamos:

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte: [...]

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras


de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa. [...]”
Conforme traz a CF/88, os princípios norteadores da Administração
Pública Federal também devem ser observados quando da responsabilização
do Estado por danos causados ao particular.

A responsabilidade civil objetiva do Estado não alcança somente o


Estado propriamente dito, mas também aqueles entes administrativos
(membros da administração indireta) que lhes fazem as vezes e os integram,
como as autarquias, as fundações públicas de Direito Público.

A responsabilidade também alcança as pessoas jurídicas de direito


privado que prestam serviços públicos, tal como concessionárias e
permissionárias de serviço público. Essa responsabilidade se dá pelo simples
fato de que elas também usufruem da qualidade de Poder Público durante essa
prestação de serviço e, sendo assim, também estão sujeitas à
responsabilização, já que é perfeitamente plausível que podem vir a causar
danos ao particular. Já as entidades administrativas que exploram atividades
econômicas, como Empresas Públicas e Sociedade de Economia Mista, não se
incluem entre as que se regulam pela Responsabilidade Civil do Estado.

Ementa de Jurisprudencia relativa a Responsabilidade Civil do Estado

https://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/548942138/20160110701054-df-
0025328-4720168070018?ref=serp

REMESSA NECESSÁRIA. APELAÇÃO CÍVEL. PRELIMINAR.


CERCEAMENTO DE DEFESA. REJEITADA. RESPONSABILIDADE CIVIL
DO ESTADO. OBJETIVA. OMISSÃO ESPECÍFICA. FORNECIMENTO.
MEDICAMENTO. HEMOFILIA. SAÚDE PÚBLICA. RECURSOS
FINANCEIROS. EFICÁCIA. FATOR VIII RECOMBINANTE. DISTRIBUIÇÃO.
PACIENTES COM ATÉ 30 ANOS. IDADE SUPERIOR. COMISSÃO DO
MINISTÉRIO DA SAÚDE. AVALIAÇÃO. NECESSIDADE. 1. Inexiste
cerceamento de defesa quando o magistrado, destinatário da prova,
considerar suficientes os documentos juntados aos autos para formar a sua
convicção, tornando desnecessária a produção de outras provas (testemunhal
e pericial), em especial, quando a matéria controvertida for unicamente de
direito. 2. A responsabilidade civil do Estado por omissão específica é objetiva
e exige somente a comprovação do nexo de causalidade entre a ação ou
omissão estatal e o evento danoso. Quando o Estado deixa de fornecer o
medicamento, constitui-se em mora, o que caracteriza inadimplemento da
obrigação constitucional e dever social do direito à saúde. 3. A hemofilia é
caracterizada por um distúrbio de coagulação de origem genética, que recebe
duas classificações: quando o distúrbio é no fator VIII, denomina-se Hemofilia
A, quando é no fator IX, Hemofilia B. O Fator pretendido nesta ação é, de
maneira simplificada, um tratamento para corrigir a Hemofilia A. 4. A tese de
que o Fator VIII Hemoderivado pode transmitir doenças, está defasada. Há
pelo menos 15 anos não há um caso documentado de transmissão de
qualquer agente patogênico (bactérias, vírus, príons, fungos) por essa via. As
mortes de pacientes hemofílicos podem decorrer de outros motivos, mas não
se associam ao Fator Hemoderivado. Poderão decorrer, sim, da ausência
desse ou de outro fator de coagulação. 5. O Poder Judiciário não pode
obrigar Distrito Federal a fornecer o Fator VIII Recombinante a todos os
pacientes, sob pena de agravar ainda mais o financiamento da saúde local.
Ainda, se o Ministério da Saúde fosse obrigado a fornecer apenas o fator
recombinante, também levaria o SUS a uma crise de proporções ainda
maiores do que a atual, por desequilíbrio no financiamento das medicações
de alto custo. 6. Inviável o fornecimento do medicamento pleiteado quando os
estudos científicos apontam que não há distinções substanciais, em termos
de resultado, entre os pacientes tratados com um (fator hemoderivado) ou
com outro (fator recombinante). 7. A vedação de comercialização não é
argumento para justificar a procedência dos pedidos, pois o que inviabiliza a
compra direta e a ausência de estoque nas farmácias é o custo do produto. O
problema é de opção comercial, e não de proibição legal. 8. Em dezembro de
2013, a distribuição do Fator VIII Recombinante foi ampliada para os
pacientes com até 30 anos de idade. Contudo, àqueles pacientes com idade
superior podem fazer uso do medicamento, desde que submetam o pedido
para avaliação da Comissão de Assessoramento Técnico às Coagulopatias
(CAT-Coagulopatias) do Ministério da Saúde. 9. Remessa necessária e
recurso voluntário conhecidos e providos. Preliminar de cerceamento de
defesa rejeitada.
(TJ-DF 20160110701054 DF 0025328-47.2016.8.07.0018, Relator: DIAULAS
COSTA RIBEIRO, Data de Julgamento: 01/02/2018, 8ª TURMA CÍVEL, Data
de Publicação: Publicado no DJE : 07/02/2018 . Pág.: 647/655)

Referências:
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Adminstrativo
Descomplicado 23ª Edição, São Paulo, Editora Método: 2013.
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Curso de Direito Administrativo. São
Paulo: Malheiros, 26ª Edição. 2009

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