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CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


DIREITO ADMINISTRATIVO II (DIR 5524) – PROVA 2
PROFESSOR: Gilson Wessler Michels



GABARITO

QUESTÕES:

1. Pode‐se dizer que, no Brasil, apesar das divergências doutrinárias, temos um sistema de responsabilização civil do
Estado que conjuga três teorias distintas; a amplamente prevalente teoria do risco administrativo, associada às teorias
da culpa administrativa e do risco integral. No que se refere aos efeitos deste microssistema, é INCORRETO afirmar:

(a) Não há responsabilidade civil do Estado no caso de danos causados pelas Empresas públicas e sociedades de economia mista
que explorem atividade econômica.
(b) No caso da teoria do risco administrativo, a responsabilidade do Estado envolve os danos causados, independentemente da
licitude da atividade administrativa ou da regularidade da prestação do serviço público.
(c) Nos casos de omissão do Poder Público, a responsabilidade do Estado deixa de ser objetiva, já que passa a ser exigida a
demonstração do nexo entre a omissão e o dano concreto. Trata-se de uma responsabilidade subjetiva, portanto, mesmo que
temperada pela peculiaridade do acatamento da "culpa anônima".
(d) No caso de danos causados na execução de serviços públicos delegados/concedidos, se a concessionária não indenizar, há
responsabilidade subsidiária do Estado.
(e) Tendo sido condenado a indenizar o terceiro, o Estado sempre pode propor ação de regresso contra o agente público
causador do dano.

2. Considere as alternativas a seguir, referentes à intervenção estatal no domínio econômico. Qual a CORRETA?

(a) As empresas públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias sujeitam-se ao regime jurídico próprio das
empresas privadas, estando desobrigadas de realizar licitações nas suas contratações.
(b) A pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares
e seus derivados não podem ser delegados à exploração privada.
(c) O exercício de qualquer atividade econômica está condicionado à autorização de órgãos públicos que podem determinar,
independentemente de lei, as condições necessárias à proteção do interesse público.
(d) Incumbe ao Estado prestar diretamente serviços públicos aos usuários, sendo admitida sua delegação apenas para empresas
integrantes da Administração Pública.
(e) Como agente normativo e regulador compete ao Estado fiscalizar, incentivar e planejar a atividade econômica, de modo
determinante para os setores público e privado.

3. À luz do que dispõe a Constituição Federal de 1988 acerca da ordem econômica e financeira, indique a alternativa
CORRETA.

(a) O estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços se sujeitará ao regime jurídico próprio
dos órgãos da Administração pública, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.
(b) A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos uma
existência digna, conforme os ditames da justiça social, e deverá observar, dentre outros princípios, a defesa do meio ambiente.
(c) Fere a livre iniciativa, bem como a livre concorrência, qualquer interferência estatal com o intuito de reprimir o abuso do
poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência ou ao aumento arbitrário dos lucros,
cabendo ao próprio mercado tal controle.
(d) Não se pode estabelecer tratamento favorecido para empresas de pequeno porte, ainda que sejam constituídas sob as leis
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País, sob pena de ofensa ao princípio da livre concorrência.
(e) Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização,
incentivo e planejamento, todos determinantes tanto para o setor público como para o privado.

4. Considere as três seguintes situações:


I ‐ Na hipótese de rescisão unilateral de contrato administrativo, a Administração Pública poderá promover a


apropriação provisória dos bens e do serviço vinculado ao objeto do contrato para evitar a interrupção de sua
execução.
II ‐ Na instalação de uma passagem de fios com a finalidade de distribuição de energia elétrica para a população local,
apresentou‐se como necessidade pública a utilização de parte de um terreno privado.
III ‐ No exercício do poder de polícia, a Administração Pública pode restringir o uso da propriedade particular por meio
de obrigações de caráter geral, com base na segurança, na salubridade, na estética ou em outro fim público, o que, em
regra, não é indenizável.

Em todas estas situações estão envolvidas medidas de intervenção estatal na propriedade. Indique, dentre as
alternativas abaixo, aquela que identifica, respectivamente, as espécies específicas de intervenção associadas às
situações acima.

(a) Ocupação temporária; desapropriação; limitação administrativa.


(b) Requisição; limitação administrativa; servidão administrativa.
(c) Requisição; servidão administrativa; limitação administrativa.
(d) Ocupação temporária; servidão administrativa; tombamento.
(e) Limitação administrativa; servidão administrativa; requisição administrativa

5. Concluído determinado processo de desapropriação, com o pagamento integral do valor e a incorporação do bem ao
patrimônio do poder público, este decidiu devolver o bem expropriado ao antigo dono, por não lhe ter sido atribuída
a destinação prevista no decreto expropriatório nem qualquer outra destinação pública. Essa reversão do
procedimento expropriatório é denominada:

(a) Tredestinação lícita.


(b) Desistência da desapropriação.
(c) Cessão de uso de direito real.
(d) Retrocessão.
(e) Desapropriação indireta.

6. Analise as seguintes afirmações acerca da responsabilidade civil do Estado e dos agentes públicos.

I ‐ O servidor público não pode ser punido na esfera administrativa se foi absolvido no juízo criminal.
II ‐ Pela má execução da obra, a administração pública responde objetivamente, ao passo que, pelo "só fato da obra", a
responsabilidade é subjetiva.
III ‐ Uma pessoa sofreu danos materiais decorrentes de uma ação estatal. Nesse caso, a ação de reparação de danos,
fundada no art. 37, parágrafo 6.o, da CF/1988, pode ser ajuizada conjuntamente contra a pessoa jurídica de direito
público e o agente público envolvido.
IV ‐ A responsabilidade civil de um servidor público e a de um empregado de empresa privada concessionária de
serviço público, ambos no exercício de suas funções, é objetiva e subjetiva, respectivamente.

Diante de tais afirmativas, pode‐se afirmar:


(a) Todas estão incorretas.


(b) Estão corretas I, II, III e IV.
(c) Estão corretas I e IV, apenas.
(d) Estão corretas I e II, apenas.
(e) Estão corretas II e III, apenas.

7. Tendo em vista as causas em que se discute a responsabilidade civil do Estado por danos causados ao particular,
marque a alternativa correta.

(a) A morte do detento em presídio atrai a responsabilidade subjetiva do Estado, pois implica provar o dolo ou a culpa do agente
penitenciário.
(b) No caso de responsabilidade civil por omissão genérica, tratada pela doutrina como teoria da culpa anônima, a
responsabilidade estatal é, em regra, objetiva.
(c) Nas ações em que se discute a responsabilidade civil do Estado, o ônus probante recai sobre o particular lesado ou quem o
represente.
(d) Pela teoria do risco integral, de polêmica adoção no Brasil, nas restritas situações por ela eventualmente cobertas, não pode
o Estado alegar quaisquer excludentes de responsabilidade.
(e) A responsabilidade objetiva, pela teoria do risco administrativo, não admite, como tese de contestação do Estado, a alegação
de culpa exclusiva da vítima.

8. Um servidor público do Instituto Nacional do Seguro Social ‐ INSS, durante a sua atuação profissional na fiscalização
da regularidade de benefícios previdenciários concedidos, acabou causando danos a um específico beneficiário. No que
se refere à responsabilidade civil, indique a alternativa correta.

(a) A responsabilidade civil pelo dano é objetiva e dependerá da comprovação do dolo do servidor.
(b) O servidor somente será responsabilizado civilmente se for comprovado o dolo.
(c) O servidor sempre será responsabilizado, comprovando-se ou não a sua culpa.
(d) A responsabilidade civil pelo dano é subjetiva e dependerá da comprovação de dolo do servidor.
(e) A responsabilidade civil pelo dano é objetiva e independe da comprovação de culpa do servidor.
9. Em relação à responsabilidade civil dos atos praticados pelo Poder Judiciário e pelo Poder Legislativo, é INCORRETO
afirmar:

(a) Quando está em questão a contratação de serviços de limpeza para as dependências públicas, não há distinção entre os
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, em relação à possibilidade de responsabilização civil do Estado por danos associados
a eventuais vícios.
(b) O erro judiciário nunca dá fundamento para a responsabilização do Estado por danos, porque o julgamento é função típica
do Poder Judiciário e, ademais, se trata de atuação submetida ao princípio do livre convencimento dos julgadores.
(c) Quando no exercício de suas atividades típicas, a atuação do Poder Legislativo pode dar ensejo à responsabilidade civil do
Estado, nos casos de danos causados pela aplicação de leis posteriormente declaradas inconstitucionais ou de leis de efeitos
concretos.
(d) Em regra, não há responsabilidade civil do Estado por danos, em decorrência de atos legislativos e atos jurisdicionais (a
menos que estejam atuando no exercício de atividades administrativas, que é atuação atípica destes poderes).
(e) A responsabilidade civil do Estado por danos é, em regra objetiva, o que não impede a Administração Pública de levantar
excludentes de responsabilização.

10. Uma empresa pública que preste serviço público, uma sociedade de economia mista que exerça atividade
econômica e uma empresa privada que preste serviço público, por danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
a terceiros, terão responsabilidade, respectivamente:

(a) objetiva, objetiva e objetiva.


(b) subjetiva, subjetiva e subjetiva.
(c) objetiva, subjetiva e subjetiva.
(d) objetiva, subjetiva e objetiva.
(e) subjetiva, objetiva e subjetiva.

11. Quanto à desapropriação, indique a alternativa INCORRETA.


(a) A desapropriação é a transferência compulsória da propriedade particular (ou pública de entidade de grau inferior para a
superior) para o Poder Público ou seus delegados, por utilidade ou necessidade pública ou, ainda, por interesse social, sem
indenização em dinheiro.
(b) A desapropriação por interesse social ocorre quando as circunstâncias impõem a distribuição ou o condicionamento da
propriedade para seu melhor aproveitamento, utilização ou produtividade, em benefício da coletividade ou de categorias sociais
merecedoras de amparo específico do Poder Público.
(c) A desapropriação por necessidade pública se dá quando a Administração defronta situações de emergência que, para serem
resolvidas satisfatoriamente, exigem a transferência urgente de bens de terceiros para o seu domínio e uso imediato.
(d) A desapropriação por utilidade pública ocorre quando a transferência de bens de terceiros para a Administração é
conveniente, embora não seja imprescindível.
(e) A desapropriação é uma forma originária de aquisição da propriedade.

12. Ao intervir no domínio econômico, o Estado atua por várias vias. Qual das alternativas abaixo NÃO representa uma
dessas vias?
(a) Prestação de serviços públicos.
(b) Exploração de atividade econômica.
(c) Execução de atividades monopolistas.
(d) Atuação como agente normativo, regulador e fomentador.
(e) Gestão dos bens públicos.

13. João, Oficial da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, foi designado para cumprir diligência
fiscalizatória em evento que consiste em show com a participação de público adolescente. Chegando ao local, agindo
de forma culposa, João se excedeu e retirou do show o adolescente Antônio, alegando que o rapaz estava
desacompanhado de seus responsáveis, quando, na verdade, seu pai apenas tinha ido ao banheiro. Diante dos danos
morais (frustação) e materiais (valor do ingresso do show) sofridos por Antônio, ele procurou a Defensoria Pública e
propôs ação indenizatória em face do:
(a) João, como pessoa física, por sua responsabilidade civil objetiva e direta.
(b) Tribunal de Justiça de Santa Catarina, por sua responsabilidade civil objetiva.
(c) Tribunal de Justiça de Santa Catarina, por sua responsabilidade civil subjetiva.
(d) Estado de Santa Catarina, por sua responsabilidade civil objetiva.
(e) Estado de Santa Catarina, por sua responsabilidade civil subjetiva.

14. Antônio, empregado de uma sociedade empresária privada, que atua como concessionária do serviço público de
conservação de rodovias, no exercício de suas funções, atropelou João, motociclista que trafegava pela rodovia. Em
razão do ocorrido, João sofreu sérios danos. Considerando a sistemática vigente na ordem jurídica, é correto afirmar
que:
(a) Somente Antônio pode ser responsabilizado, sendo necessário comprovar sua culpa.
(b) A concessionária será civilmente responsabilizada em caráter objetivo.
(c) Somente a concessionária será responsabilizada, mas será preciso provar a culpa de Antônio.
(d) Somente o ente federado concedente será responsabilizado, o que ocorrerá em caráter objetivo.
(e) Antônio e a concessionária serão solidariamente responsabilizados em caráter objetivo.

15. Quanto ao controle da Administração Pública, é CORRETO afirmar:


(a) Ao Poder Legislativo é vedado o controle sobre atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar
ou dos limites de delegação legislativa.
(b) O recurso administrativo não integra o controle administrativo da Administração.
(c) Não há previsão legal de controle administrativo financeiro do Poder Judiciário pelo Poder Legislativo.
(d) O mandado de segurança e a ação popular são meios de controle judicial da Administração.
(e) O controle da Administração se dá de forma concomitante ou posterior à prática dos atos fiscalizados, não alcançando formas
preventivas de controle.

16. Sobre o controle externo da Administração Pública, é CORRETO afirmar que:


(a) Não alcança os atos administrativos vinculados.
(b) Inclui-se na competência do Poder Judiciário, com auxílio dos tribunais administrativos.
(c) Não alcança os atos discricionários.
(d) Inclui-se na competência do Poder Legislativo, com auxílio do Tribunal de Contas.
(e) Inclui-se na competência do Poder Executivo, com auxílio da Corregedoria.

17. Em regra, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário não respondem civilmente pelos atos associados a suas atividades
precípuas. Há, porém, algumas exceções. Pergunta‐se: qual das situações abaixo NÃO se caracteriza como uma destas
exceções ensejadoras de danos?
(a) Lei posteriormente declarada inconstitucional.
(b) Leis de efeitos concretos.
(c) Erro judiciário na esfera penal.
(d) Decisões judiciais depois revistas em face de uniformização de jurisprudência.
(e) Todas as alternativas anteriores.

18. Em relação à intervenção na propriedade privada, é CORRETO dizer:


(a) No processo de desapropriação, cabe ao Poder Judiciário decidir se os casos de utilidade pública se verificam ou não.
(b) De acordo com a lei, denomina-se ocupação temporária a situação em que agente policial obriga o proprietário de veículo
particular em movimento a parar, a fim de utilizar este na perseguição a terrorista internacional que porta bomba, para iminente
detonação.
(c) No caso de requisição de bem particular, mesmo se houver qualquer dano, não caberá indenização ao proprietário.
(d) Os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de caráter público ou que exerçam funções delegadas de
poder público não poderão promover desapropriações, mesmo mediante autorização expressa, constante de lei ou contrato.
(e) A União desapropriou um imóvel para fins de reforma agrária, mas, depois da desapropriação, resolveu utilizar esse imóvel
para instalar uma universidade pública rural. Nessa situação, houve tredestinação lícita, de forma que o antigo proprietário não
poderá pedir a devolução do imóvel.

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