Você está na página 1de 30

DIREITO ADMINISTRATIVO

procedimentos no âmbito da
administração pública
AULA 07
CONTROLE DA
ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
1)Instrumentos de fiscalização da
Administração Pública

Princípio da sindicabilidade (sob controle)

Interno (mesmo órgão responsável pela


atividade controlada) ou externo (outro órgão
... via TCs)
controle interno:

a) recurso hierárquico próprio (interposto perante o recorrido:


reconsideração)... até 3 instâncias administrativas... não depende de
previsão legal
b) recurso hierárquico impróprio: autoridade que não está na linha
hierárquica do recorrido (só cabe com expressa previsão legal) Ex:
interposição de recurso no âmbito de autarquia para o Ministério...

outros: PAD, Controladorias, Corregedorias, denúncias, reclamações,


ouvidorias

no DA admite a reformatio in pejus. É necessária manifestação prévia.


Ex: multa em estabelecimento. Interpõe recurso. Imposição do superior
de interdição. OBS: Exige manifestação prévia.
controle externo (outro Poder)

a) Meios judiciais (externo): ações (MS, AP, Anulatória,


HD, ACP, AIA)

- Poder Judiciário pode revisar qualquer ato


administrativo, ainda que discricionário (políticas
públicas), mas o juiz não pode substituir o
administrador na tomada da decisão (art. 5o, XXXV, da
CF + Súmula 473 do STF)
a)Meios legislativos (externo): realizado
pelo Parlamento (CPIs, convocação de
autoridades para sabatina, suspensão de
atos normativos que exorbitem da
competência regulamentar... ex.: ), com
auxílio dos tribunais de contas (arts. 70 e
71 da CF)
- TCs:

a) controle externo;
b) auxiliares do Legislativo, mas não integram nenhum Poder;
c) TCU, TCEs, TCM (SP e RJ);
d) Ministros ou Conselheiros (vitalícios);
e) fiscalizar qualquer recurso público, ainda que aplicado fora do
ambiente estatal;
f) Pode sustar atos administrativos;
g) No caso de contratos, a sustação será pelo Poder Legislativo e na
inércia deste, o TC poderá decidir a respeito (90 dias);
h) decisões condenatórias (imputação de débito) têm força de título
extrajudicial (cobradas por Execução Fiscal)
SV 3 “Nos processos perante o Tribunal de
Contas da União asseguram-se o contraditório
e a ampla defesa quando da decisão puder
resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado,
excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão”
RESPONSABILIDADE
DO ESTADO
1.Pré-compreensão

Em todo ordenamento, a responsabilidade


exige dois elementos:

a) FATO;

b) IMPUTABILIDADE A ALGUÉM
No Direito Administrativo a responsabilidade pode
estar atrelada tanto a fatos lícitos quanto a ilícitos
(a responsabilidade decorrente atos ilícitos tem
como fundamento o princípio da legalidade; já nos
atos lícitos, o fundamento do dever de indenizar é
o princípio da ISONOMIA ou igual distribuição
dos ônus sociais) LÍCITOS – ATOS ARRIMADOS
NA LEGALIDADE, MAS CAUSADOR DE
DANOS.
2 – Conceito: é o estudo do dever de o
Estado indenizar particulares por prejuízos
materiais, morais ou estéticos causados
por agente público NO EXERCÍCIO DA
FUNÇÃO (art. 37, § 6 , da CF: “nessa
o

qualidade” ... imputação volitiva de


Gierke)
3 – Natureza civil e extracontratual:

Civil porque estuda somente os


efeitos patrimoniais da conduta do
agente (processo de indenização).
A mesma conduta pode gerar diversos processos
distintos (tríplice responsabilidade do agente). EX:
RECEBIMENTO DE PROPINA PELO AGENTE
PÚBLICO:

a) processo civil;
b) processo crime;
c) PAD;
d) improbidade;
e) controle interno (Controladorias, corregedorias e
chefias);
f) controle externo (TCs);
g) político (crime de responsabilidade).
Incomunicabilidade das instâncias:

a) autoridade diferente;
b) devidos processos legais diferentes;
c) penas são diferentes;
d) penas podem cumular-se;
e) o resultado de um processo não vinculado os demais
(exceto, se houver absolvição criminal por negativa de
autoria, negativa de materialidade ou legítima defesa)
Extracontratual: só
vale para danos
externos a um
contrato
4. Evolução histórica (3 grandes períodos)

a) irresponsabilidade do Estado (regalista):


típico do Estado liberal com limitada atuação. Só
foi abandonada nos EUA em 1946 (“Federal Tort
Claim”) e na Inglaterra em 1947 (“Crown
Proceeding Act”)

Nunca existiu no Brasil


- teoria do “Fisco” – O estado possuía 2
naturezas diferentes: divina e patrimonial
(fisco)

- aresto “Blanco” (1873: Tribunal de Conflitos


na França) dualidade de jurisdição
(‘judiciário’ e contencioso administrativo)
b) teoria da responsabilidade com culpa (de 1873 a 1946):
adotava a teoria civilista da culpa. Exigia prova de culpa do
agente. Indenizava para atos de gestão (direito civil) mas não
quanto a atos de império (supremacia). Exigia prova de
“CULPA DO SERVIÇO ou FALTA DO SERVIÇO” (“faut du
service”) x estado (LEVIATÃ)

c) teoria da culpa administrativa: intermediário entre a


teoria subjetiva e objetiva. Não existiu no Brasil. passou a
dispensar a identificação do agente causador do dano e a
distinção entre ato de império/gestão, falando-se em “culpa
anônima” ou “falta do serviço”
d) teoria objetiva (de 1946 até hoje): não
exige prova de culpa ou dolo, sendo
irrelevante se o ato é lícito ou ilícito.
Fundamentada no chamado “risco
administrativo” (veremos a seguir). O dever
de indenizar deixou de ter fundamento na
“falta do serviço” para basear-se no “fato do
serviço”
5 – Imputação volitiva: se o agente causar dano
fora do exercício da função, o Estado não
responde. A ação deverá ser dirigida contra a
pessoa física do agente (muda até o prazo
prescricional: contra a Fazenda Pública a ação
indenizatória prescreve em 5 anos, art. 1o, do DL
20910/32; contra o agente, o prazo cai para 3 anos,
a teor do artigo 206 do CC)
6 – Teorias de responsabilidade do art. 37, § 6o, da CF

- imputação volitiva (nessa qualidade)

- ação regressiva como dupla garantia (STF): a ação é garantia em favor


do particular, mas também em favor do agente (porque este só
responde perante a Fazenda Pública na regressiva. Não existe no
Brasil, responsabilidade “per saltam”)

- teoria objetiva (agentes, danos e causarem)

- teoria do risco administrativo: reconhece a existência de excludentes do


dever de indenizar (culpa exclusiva da vítima, força maior e fato de
terceiros)
- teoria subjetiva (exige prova do elemento
subjetivo da conduta: culpa ou dolo)... casos de
aplicação:
-
a)responsabilidade do agente público (na
regressiva ou por dano fora da função);

b) danos por omissão (assalto, enchente, queda de


árvore, buraco na rua)
Diferentes normas do art. 37, § 6o, da CF:

a) PJ só responde se dano for causado no exercício da função;

b) PJ de direito público responde pela teoria objetiva, não importando o


tipo de atividade (entes federativos, autarquias, FPs, associações
públicas e agências);

c) PJs de direito privado só respondem pela teoria objetiva QUANDO


PRESTAM SERVIÇOS PÚBLICOS, se exploram atividade econômica
a responsabilidade é SUBJETIVA (empresas públicas, SEM,
subsidiárias, concessionárias e permissionárias);

d) Os agentes públicos respondem SUBJETIVAMENTE (culpa ou dolo) e


na AÇÃO REGRESSIVA
7 – Responsabilidade no Código Civil

- art. 43 (objetiva do Estado ... O Estado responde


civilmente pelos danos do agente)
- art. 186 (omissão e dano moral)
- art. 927, § único (responsabilidade objetiva ou porque
tem previsão legal ou se fundamenta no risco ... no
caso da responsabilidade estatal enquadra-se nas duas
hipóteses ... seu fundamento é o RISCO
ADMINISTRATIVO)
- art. 944 a 951 (indenização)
8 – Risco administrativo e risco integral: como visto, o Código Civil, no
art. 927, parágrafo único, determina que a responsabilidade objetiva se
fundamenta no RISCO.

Em direito administrativo, predomina a ideia de que a responsabilidade


do Estado baseia-se no RISCO ADMINISTRATIVO (corrente moderada
que reconhece excludentes do dever de indenizar):

a) culpa exclusiva da vítima: quando o prejuízo ocorre por culpa do


prejudicado;
b) força maior: evento da natureza incontrolável e/ou imprevisível. Ex.:
erupção de vulcão;
c) fato de terceiros: quando o prejuízo é causado por alguém que não
integra os quadros da Administração. Ex.: multidão delinquente
Teoria do risco integral: variação radical da teoria objetiva, pela qual o
Estado seria um INDENIZADOR UNIVERSAL porque, segundo o risco
integral, não existem excludentes do dever de indenizar.

Em regra, aplica-se no Brasil a teoria do risco administrativo (com as


suas excludentes). O risco integral vale para alguns casos raros:

a) dano ambiental;
b) dano nuclear;
c) riscos cobertos pelo DPVAT;
d) infortunística (acidentes de trabalho envolvendo agentes públicos);
e) atentados terroristas em aeronaves
9 – Dano indenizável: conforme visto, os requisitos para indenização na teoria
objetiva compreendem ato (ação), dano e nexo

Porém, para gerar dever de pagamento de indenização, não é qualquer prejuízo que
autoriza condenar o Estado ao ressarcimento. O dano indenizável deve ter DOIS
ATRIBUTOS:

a) anormal: ultrapassa os inconvenientes toleráveis da vida em sociedade

b) específico: isola a vítima no universo dos atingidos (a vítima sofre um prejuízo


maior do que as outras pessoas) (princípio da igual distribuição dos riscos/ônus
sociais)

DICA: a análise do dano indenizável sempre deve ser feita à luz da


RAZOABILIDADE
DICA 2: no Direito Administrativo, atos
lícitos (praticados em estrita observância da
legalidade) também geram dever de indenizar.
Ex.: obra pública (quando o ato lesivo for
ilícito, o dever de indenizar se fundamenta no
princípio da legalidade; mas se o ato for lícito,
o dever de indenizar se fundamenta na
isonomia)
obrigado!

Você também pode gostar