Você está na página 1de 22

DIREITO ADMINISTRATIVO

procedimentos no âmbito da
administração pública
AULA 06
BENS
PÚBLICOS
DL 9760/46 (bens da União)

1)Conceito (art. 98 CC):


art. 98 do CC: “Bens públicos são os bens do domínio nacional
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno;
todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que
pertencerem”.

Obs.1: a definição do novo CC é mais completa do que a do


antigo, cujo art. 65 dizia que bens públicos pertenciam a União,
Estados e Municípios.
Agora, os bens públicos (ou “bens alodiais”) são os
pertencentes à União, Estados, DF, Municípios, Territórios,
Autarquias, Fundações Públicas, Associações Públicas,
Agências Reguladoras e Agências Executivas

Obs.2: os bens privados/particulares foram definidos por


exclusão (todos os que não são públicos). A diferença é
relevante porque existe um regime jurídico especial para bens
públicos, muito diferente daquele aplicado aos bens
particulares.
Para JSCF: “bens públicos são todos aqueles que, de qualquer natureza e
a qualquer título, pertençam às pessoas jurídicas de direito público, sejam
elas federativas, como a União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
sejam da Administração descentralizada, como as autarquias, nestas
incluindo-se as fundações de direito público e as associações públicas”.

Segundo CABM além dos bens pertencentes às pessoas jurídicas de


Direito Público, são também bens públicos aqueles afetados à prestação
de um serviço público (para garantia da CONTINUIDADE recebem
tratamento especial). Ex. os bens particulares da concessionária recebem
a proteção típica dos bens públicos quando forem necessários para a
continuidade do serviço. Ex.: trens do Metrô
Há uma controvérsia sobre a natureza jurídica dos bens de empresas públicas e
sociedades de economia mista. 03 posições:

a) Corrente Minoritária: são bens privados (JSCF), exceto os oriundos


diretamente da pessoa controladora e ainda não administrados pelo ente
estatal.

b) Corrente Minoritária: são bens públicos (HLM); (À LUZ DO CC


ANTERIOR)

c) Corrente Majoritária: serão públicos os afetados à prestação de serviços


públicos (CABM). No caso das exploradoras de atividade econômica (BB,
Petrobras, CEF), todo os patrimônio é composto por bens
privados/particulares
A discussão é importante porque os bens privados NÃO SE
SUJEITAM A CONTROLE pelos Tribunais de Contas (art. 71,
II, da CF)

Argumento em favor da natureza privada: art. 98 do CC.

Domínio Público: é o nome que se dá ao conjunto de bens


públicos (móveis ou imóveis), destinados à utilização pelo
Poder Público ou pela coletividade. Não se confunde com
domínio eminente ou “dominus eminens” (o poder geral do
Estado para regular o uso de tudo que está em seu território)
1)Regime no CC (98 a 103)

- 98: conceito de BPs


- 99: espécies de BPs (não conceitua ou conceitua com
dificuldade)
- 100: inalienabilidade (uso comum e uso especial)
- 101: dominicais podem ser alienados, nos termos da
lei
- 102: imprescritibilidade (todos)
- 103: uso comum dos bens (não importa de qual
espécie) pode ser gratuito ou remunerado
1) Bens da União (art. 20 da CF)

a) Federais (art. 20 da CF):


- terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações,
preservação ambiental etc (são bens públicos que remotam às capitânias hereditárias,
não tomadas posse pelos donatários que retornaram para coroa portuguesa / nos
outros casos, a maioria, as terras devolutas são bens ESTADUAIS)

- lagos, rios e correntes de águas em terrenos de domínio da União, ou que banhem


mais de 01 Estado, venham de outro país ou sirvam de fronteira;

- ilhas fluviais (rios) e lacustres (lagos) nas zonas de fronteira, praias marítimas, as
ilhas oceânicas e as costeiras; (nunca uma ilha será de um particular – cessão de uso)
- recursos naturais da plataforma continental;
(continuidade alagada da área seca)

- mar territorial;

- terrenos de marinha (orla do litoral);

- potenciais de energia elétrica;

- cavidades subterrâneas (cavernas) e sítios


arqueológicos e pré-históricos;
- recursos minerais, incluindo subsolo; (achei
petróleo no quintal, será meu?)

- terras tradicionalmente ocupadas por índios;

- prédios e terrenos federais e dívida ativa


federal;
1)Bens estaduais e distritais (art. 26 da CF)

- águas superficiais ou subterrâneas;

- áreas nas ilhas oceânicas ou costeiras sob seu domínio;


(geralmente são federais, se a ilha for uma cidade será
municipal: Ilha Bela/SP)

- ilhas fluviais e lacustres não-federais;

- terras devolutas não federais (em regra são estaduais);

- prédios e terrenos estaduais e dívida ativa estadual.


1) Pertencem aos Municípios e ao DF os bens públicos afetados a
serviços públicos municipais e distritais.

Não existe rol na CF, mas são bens municipais:

- ruas, praças, jardins públicos e logradouros públicos

- prédios e terrenos municipais;

- dívida ativa municipal;

- em regra, ruas, praças, jardins públicos, logradouros.

- de quem é a calçada?
1) Espécies de bens públicos (art. 99 do CC) (classificação: critério da destinação)

a) Uso comum do povo: ruas, praças, mares, avenidas, florestas, águas... USO MÚLTIPLO

- patrimônio público INDISPONÍVEL (em regra, não podem ser alienados)

b) Uso especial: são afetados a destinação determinada. Exs.: prédios de repartição pública, escola
pública, mercados municipais

- patrimônio público INDISPONÍVEL (em regra, não podem ser alienados)

c) Dominicais (ART. 99, III, CC): aqueles pertencentes ao patrimônio das PJs de direito público,
como objeto de direito real ou pessoal. São aqueles sem destinação específica (determinada ou uso
múltiplo).
Exs.: terras devolutas, viaturas velhas, carteiras escolares danificadas, dívida ativa (JSCF)

CUIDADO: fazem parte do patrimônio público DISPONÍVEL (mesmo os bens dominicais são
imprescritíveis: insuscetíveis a usucapião)
Atributos: características especiais (qualidades ou propriedades jurídicas) que os bens
particulares não possuem

a) Inalienabilidade (alienabilidade condicionada): os bens públicos não podem ser


vendidos livremente (devido processo legal: CC + art. 17 da Lei 8666/93)

Atributo relativo (exceção): bens dominicais e os desafetados podem ser


vendidos, observado o devido processo legal (para alienar bens de uso comum
ou de uso especial é necessário transformá-los em dominicais pela
desafetação).

Processo para venda: desafetação + licitar + avaliação prévia + interesse


público justificado (quando o bem imóvel pertencente a PJ de direito público,
exige-se ainda autorização legislativa). Modalidade: Leilão (antes
concorrência).
a) Impenhorabilidade: bens públicos não podem ser oferecidos
em garantia judicial de dívida (penhora).
Razão de existência do sistema de precatórios.

Atributo universal (sem exceções)

CUIDADO: Na hipótese de não-pagamento de OPV, a


CF/88 admite sequestro de bens públicos (art. 17 + art. 3o
da Lei 10259/01). Cada entidade federativa deve aprovar
uma lei definindo valor e prazo para pagamento da OPV,
sob pena de sequestro de contas público. Em âmbito
federal, o prazo para pagamento da OPV é de 60 dias (art.
17 da Lei 10259/01) e o valor é de até 60 salários-
mínimos (art. 3o da Lei 10259)
c) Não-oneração: bens públicos não se sujeitam a ônus
ou encargos (direito real). Ex.: hipoteca, penhor
(universal)

d) Imprescritibilidade (não podem seu usucapidos):


nenhum bem público pode ser usucapido. Universal
(arts. 183, §3o e 191, § único da CF + 102 CC)

STF 340: Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais
bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.
Afetação e desafetação: são fatos jurídicos relacionados com a
circunstância de o bem estar destinado ao uso público (afetado)
ou sem qualquer destinação (desafetado)

Desafetação: por lei ou por evento natural (desafetação


fática, dispensando o processo legal. Ex: prédio que desaba)

- a falta de uso do bem público não é suficiente para


promover sua desafetação
1)Formas de uso (103 do CC)

CUIDADO: Coincidência terminológica.

- uso comum: utilização dentro da destinação natural do


bem (gratuito ou oneroso)
- uso especial: utilização para destinação distinta do uso
comum. Ex.: instalação de quiosques em prédio público
- uso compartilhado: quando uma entidade estatal defere
a outra o uso de bem público. Ex: trailer da polícia em
praça.
- uso privativo: deferimento por ato formal do uso de
bem público em caráter exclusivo por determinada
pessoa ou grupo de pessoas. Exs.: jornaleiro, feirante,
praças utilizadas por igreja para quermesse, circo
Características (uso privativo):
- ato formal (formalismo) – pedido de
autorização/permissão.
- exclusividade
- discricionário
- precariedade
Uso privativo

D1) autorização de uso: ato unilateral, discricionário e precário no


interesse privado. Ex.: fechamento de rua para festa privada; mesas e
cadeiras de bar, banca de jornal

D2) permissão de uso: ato unilateral, discricionário e precário no


interesse público. Ex.: feirante, banca de jornal. (# da permissão de
serviço público: uma atividade)

D3) Concessão de uso de bem público: contrato bilateral e não-


precário. Ex.: imóvel público para moradia de vigias.

D4) Concessão de direito real de uso: contrato transmissível a


herdeiros. Ex.: Município quer incentivar a edificação em certa área.
obrigado!

Você também pode gostar