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jusbrasil.com.br/artigos/os-bens-publicos/1793248112
A correta definição e destinação dos bens públicos promove o bem comum. Isso devido
ao fato de os bens serem utilizados adequadamente para aquilo que os especificam. O
correto uso e destino dos bens públicos traduz a soberania popular, bem como a boa
gestão desses bens pelo Estado. Isso implica em não deixar ocorrer a confusão
patrimonial dos bens estatais com os bens particulares dos funcionários públicos.
Segundo Medauar, quanto à terminologia, tem-se que coisa é tudo aquilo que pode
ser objeto de relações jurídicas; e bem seria sinônimo de coisa. Ademais, o “domínio
público” significa o conjunto de bens públicos, incluindo todos os tipos. A expressão
“domínio público” é usada também com o sentido de “patrimônio público”.
Segundo a literatura, no mundo antigo, havia coisas públicas. Nas terras rurais,
existia ruas, caminhos, e tais áreas não pertenciam a ninguém em particular, mas a
todas as pessoas; O detentor do poder cuidava pela conservação e boa ordem no uso
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dessas áreas. A cidade emergente originou a outros tipos de bens públicos, como fontes,
praças, de uso de todos; outros bens, sem estarem liberados ao uso de todos, serviam
toda a comunidade, como os portos e muralhas.
No mundo romano, havia divisão dos bens em res nullius, como coisas extra
commercium, dentre as quais se incluíam as res communes (mares, portos, estuários,
rios, insuscetíveis de apropriação privada), as res publicae (terras, escravos, de
propriedade de todos e subtraídas ao comércio jurídico) e res universitatis (fórum, ruas,
praças públicas). A res publicae pertencia ao povo.
Nos séculos XVII e XVIII, alguns autores consideravam duas categorias de bens
públicos: 1) as coisas públicas, que eram afetadas ao uso público, como os cursos
d’água, rios, estradas etc.; sobre tais bens o rei não tinha direito de propriedade, mas
apenas um direito de guarda ou poder de polícia; 2) os bens integrados no domínio da
coroa, sobre os quais o monarca detinha a propriedade. A separação dos bens vai
ocorrer na legislação votada na Assembleia Nacional francesa de 1970, transportada
depois para o Código de Napoleão.
Regra geral, a matéria pertinente aos bens jurídicos é tratada no Código Civil, que
dedica um capítulo aos bens públicos e particulares. No art. 98 consta que “São bens
públicos os do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem”.
Bens públicos são designados como pertencentes a entes estatais, para que sirvam
de meios ao atendimento imediato e mediato do interesse público e sobre os quais
incidem normas especiais, diferentes das normas que regem os bens privados. Os bens
públicos devem ter destinação que atenda ao interesse público, direta ou indiretamente.
A afetação indica a destinação específica do bem.
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Quanto aos bens de empresa públicas, sociedade de economia mista e fundação de
direito privado, tem-se que a doutrina majoritária entende que são bens privados pela
interpretação do art. 98 do Código Civil de 2002. O Supremo Tribunal Federal entende
que os bens e direitos das sociedades de economia mista não são públicos, mas bens
privados inconfundíveis com os bens do Estado. Contudo tais entidades devem prestar
contas ao Tribunal de Contas respectivo, haja vista os referidos bens gozarem de
natureza administrativa híbrida.
A forma dos bens públicos pode se dar como: bens corpóreos e incorpóreos; bens
imóveis, móveis e semoventes; bens fungíveis e infungíveis.
Classificação
Titularidade
Quanto à destinação
No que tange à destinação, os bens públicos podem ser de uso comum do povo, de
uso especial e dominicais. Essa classificação também pode ser chamada de afetação
dos bens. Os de uso comum são destinados, por natureza ou por lei, ao uso coletivo.
São bens sobre os quais o povo em geral, de modo anônimo, exerce uso. O povo é o
beneficiário direito e imediato desses bens. A utilização é realizada por pluralidade de
pessoas não individualizadas. Vigora o pleno direito ao uso comum, dado que independe
de consentimento da Administração, em regra. O uso de tais bens é gratuito, mas pode
ser remunerado, por exemplo: pedágio em estradas, estacionamento em ruas com mais
afluxo de veículos, ancoragem em portos. A administração deve assegurar a utilização
de tais bens, por meio de preceitos legais, de atividades de fiscalização e do poder de
polícia.
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Os bens de uso especial são afetados ao uso da Administração, para consecução
de seus objetivos, como os imóveis onde estão instaladas as repartições públicas, os
bem móveis utilizados na realização dos serviços públicos (veículos oficiais, materiais de
consumo, navios de guerra), as terras dos silvícolas, os mercados municipais, os teatros
públicos, os cemitérios públicos. Os beneficiários diretos de tais bens são, em princípio,
os usuários do serviço e os servidores que trabalham nessa atividade. O público em
geral poderá ter acesso para tratar de seus assuntos. Tais bens não são de uso geral,
comum, aberto a todos. A Administração dispõe de critérios para possibilitar o uso
comum segundo normas e regulamentos. Ademais, depende de consentimento da
Administração o uso de parte desses bens por particulares, caso compatível com sua
finalidade precípua (exemplo: restaurante em órgão público). Dessa forma, conclui-se
que bens de uso especial são aqueles que visam à execução dos serviços
administrativos e dos serviços públicos em geral.
Já os bens dominicais não têm destinação pública definida. São os bens públicos
não destinados à utilização imediata do povo, nem aos usuários de serviços ou
beneficiários diretos de atividades. Podem ser aplicados pelo Poder Público para
obtenção de renda. É o caso das terras devolutas, dos terrenos de marinha, dos imóveis
não utilizados pela Administração, dos bens imóveis que se tornem inservíveis e dos
títulos de crédito pertencentes ao Poder Público. A Administração é a beneficiária direta
de tais bens. Não existe consumo imediato dos particulares. Podem ser utilizados com
finalidades sociais, a exemplo de áreas públicas, objeto de concessão de direito real de
uso para fins habitacionais. Às vezes a não utilização atende a fins de preservação
ambiental, como ocorre com reservas ecológicas e florestas. Dessa forma, a noção de
bens dominicais é residual, tendo em vista que se situam todos os bens que não se
caracterizem como de uso comum do povo ou de uso especial. Contudo, caso o bem
sirva ao uso público em geral, ou se se preste à consecução das atividades
administrativas, não será enquadrado como dominical.
Quanto à disponibilidade
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patrimoniais indisponíveis preservam essa característica mesmo quando terceiros gozam
seu uso. São bens dessa categoria os de uso especial, sejam móveis ou imóveis, porque
são eles instrumentos de ação da Administração Pública.
Afetação e desafetação
Afetação e desafetação dizem respeito aos fins para os quais está sendo utilizado o
bem público. Afetação é a atribuição, a um bem público, de sua destinação específica.
Pode ocorrer de modo explícito ou implícito. Entre os meios de afetação explícita estão a
lei, o ato administrativo e o registro de projeto de loteamento. De modo implícito, a
afetação se dá quando o Poder Público passa a utilizar um bem para certa finalidade
sem manifestação formal, pois é uma conduta que mostra o uso do bem. Um laboratório
de uma universidade pública em funcionamento indica que o bem está plenamente
afetado. Outro exemplo seria uma aeronave da Força Aérea Brasileira é afetada quando
em pleno funcionamento.
Regime Jurídico
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do Código Civil, os bens públicos de uso comum do povo e os bens de uso especial são
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Já, segundo o art. 101, os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as
exigências da lei. A lei nº 8.666/93, nos arts. 17 e 19, traz normas sobre alienações de
bens públicos, de qualquer tipo, condicionando-as à existência de interesse público
justificado e à avaliação prévia. Para Carvalho Filho, o melhor termo a ser usado é
alienabilidade condicionada em vez de inalienabilidade, visto que os bens públicos
podem ser alienados conforme a lei, sendo assim condicionada a alienação por meio
legal. Cabe complementar, que a alienação é um fato jurídico, tendo em vista que indica
a transferência da propriedade de determinado bem móvel ou imóvel de uma pessoa
para outra.
Quanto à imprescritibilidade, tem-se que com os bens públicos não podem resultar
em apropriação por terceiros no transcurso do tempo. Dessa forma, caso alguma
pessoa, física ou jurídica, ocupe durante muito tempo um bem público, sem
manifestação da Administração, tal fato não pode ser invocado para reconhecimento de
domínio sobre o bem, ou seja, os bens públicos são insuscetíveis de aquisição por de
usucapião. O instituto da imprescritibilidade objetiva preservar os bens públicos de modo
a protegê-los até contra a negligência do Poder Público. Ademais, não são indenizáveis
acessões e benfeitorias realizadas sem prévia notificação à Administração. A
Constituição Federal de 1988 proíbe a usucapião de imóveis situados em zona urbana
(art. 183, § 3º) e em zona rural (art. 191, parágrafo único). De acordo com o art. 102 do
código Civil, os bens públicos não estão sujeitos à usucapião.
Quanto à polícia de bens públicos, segundo Odete Medauar, o regime jurídico dos
bens públicos e a necessidade de preservá-los para que o interesse público não seja
prejudicado acarretam para a Administração prerrogativas e ônus nessa matéria.
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No que se refere à imunidade de imposto, conforme disposto na Constituição
Federal, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir
impostos sobre o patrimônio uns dos outros, extensiva essa vedação ao patrimônio das
autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, quanto ao seu
patrimônio vinculado a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
O Estado precisa de diversos bens para alcançar seus objetivos, muitos deles já se
encontram no seu acervo, enquanto outros precisam de ser adquiridos de terceiros pelas
mais diversas razões de ordem administrativa.
c) Dação em pagamento – é o modo pelo qual o credor aceita receber do devedor, para
cumprimento de dívida, uma prestação diversa da que foi pactuada originariamente.
d) Permuta – é a troca de um bem por outro. Para os bens imóveis, a permuta depende
de autorização legislativa, de avaliação prévia e de concorrência, dispensada esta
quanto a imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da Administração,
cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o
preço seja compatível com o valor de mercado na avaliação prévia.
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h) Apossamento administrativo ou desapropriação indireta – Nesse caso, o Poder
Público toma faticamente posse do bem, sem prévio procedimento expropriatório,
cabendo indenização posterior ao titular.
Conclusão
BIBLIOGRAFIA
CARVALHO FILHO, José dos santos, Manual de Direito Administrativo, 2017, Atlas.
DI PIETRO, Marya Sylvia Zanela, Direito administrativo, ed. Forense, 33ª ed. 2020.
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