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Questões Prefeitura de Campos dos Goytacazes - RJ

2024 para Técnico Fazendário


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Algumas Classificações Importantes

A doutrina aponta diversas classificações para os atos administrativos. Há autores, como


Celso Antônio Bandeira de Mello, que chegam a oferecer mais de dez subdivisões dentro
deste mesmo instituto.

Não me parece necessário expor, exaustivamente, todas as classificações referidas pela


vasta gama de doutrinadores, sob pena de o presente trabalho, que se propõe a ser um
mero resumo do conteúdo exposto em sala de aula, acabar se tornando excessivamente
extenso e, por conseguinte, cansativo para os leitores.

Assim sendo, procurarei apresentar tão somente aquelas classificações que se afiguram
mais relevantes, seja por suas aplicações práticas, seja, principalmente, porque me
parecem constituir as mais exigidas em concursos públicos.

Ademais, sem prejuízo das quatro classificações abaixo oferecidas, serão abordadas,
ainda, por ocasião do estudo da anulação e da revogação dos atos administrativos, as
noções centrais atinentes aos atos nulos, anuláveis, inexistentes e irregulares, os quais
constituem outra classificação importante.

1) Atos Vinculados e Discricionários

Vinculados = a lei previamente estabelece a única atuação administrativa possível, sem


qualquer margem de decisão para o agente público; uma vez verificada a hipótese fática
prevista na norma legal, inexiste espaço para juízos de conveniência e oportunidade; o
agente público não tem liberdade de ação, ele está obrigado, está vinculado a praticar o
ato, tal qual previsto em lei.

Exemplo 1: concessão de licença-maternidade a uma servidora pública. Uma vez


demonstrado o nascimento de seu filho(a), a licença deve ser concedida, sem margem a
juízos de conveniência e oportunidade;

Exemplo 2: aplicação da pena de demissão ao servidor público estadual, aqui do RJ, por
abandono de cargo; uma vez constatada a ausência do serviço, sem justa causa, pelo
período de 10 (dez) dias consecutivos, a Administração não tem opção. Deve impor a
penalidade de demissão (art. 52, inciso V e § 1º, DL 220/75.

Discricionários = a lei previamente estabelece um espaço de atuação ao agente público,


nos limites do qual será legítima a escolha da alternativa que, diante das circunstâncias
do caso concreto, melhor atender ao interesse público, à luz de critérios de conveniência

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e oportunidade.

Exemplo 1: remoção ex officio de um servidor público (para melhor distribuição dos


recursos humanos no âmbito de um dado órgão público). Tem base expressa no art. 4º,
parte final, do DL 220/75;

Exemplo 2: autorização de uso de bem público;

Exemplo 3: concessão de licença para trato de assuntos particulares em favor de um


servidor público.

O estudo deste tema é de extrema relevância e, por isso mesmo, a ele voltaremos
em tópico específico do material, denominado “Discricionariedade e Vinculação”,
linhas abaixo. Por ora, nos limitaremos a apresentar as mencionadas noções
essenciais.

2) atos simples, complexos e compostos:

Atos simples: são aqueles que decorrem da manifestação de vontade de um único órgão
público. Não importa se o órgão é unipessoal ou colegiado, vale dizer, se é integrado por
uma ou por várias pessoas. Basta que o ato emane do mesmo órgão público para que se
tenha a prática de um ato simples.

Exemplos: expedição de licença para dirigir; nomeação e exoneração de servidores


públicos ocupantes de cargo em comissão; decisão administrativa prolatada por um dado
Conselho (nesse último caso, o ato classifica-se como simples, pois emana de um único
órgão, embora se trate de órgão colegiado).

Atos complexos: são aqueles que resultam da conjugação de vontades de órgãos


diferentes, de modo que o ato não pode ser tido como perfeito apenas com a
manifestação de um dos órgãos.

Exemplo: portarias e resoluções conjuntas, expedidas pela Receita Federal e pela


Procuradoria da Fazenda Nacional.

Atos compostos: são aqueles que resultam da manifestação de vontade de um único


órgão, mas, para a produção de seus efeitos, dependem da prática de outro ato, por
parte de um segundo órgão público, cuja função é meramente instrumental. Note-se que
aqui, ao contrário dos atos complexos, existem dois atos distintos, sendo um principal e
outro apenas acessório, instrumental.

O ato tido como acessório, que pode ser prévio ou praticado a posteriori, em regra
assumirá a forma de aprovação, homologação, autorização, visto, ratificação, etc.

Exemplo: nomeação de dirigentes de algumas autarquias, pelo Poder Executivo


(Presidente da República), submetidas a prévia aprovação pelo Poder Legislativo
(Senado Federal), conforme art. 52, inciso III, “d” e “f”, da CF/88.

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3) atos de império e atos de gestão

Atos de império: são aqueles praticados sob regime jurídico de direito público. A
Administração age munida de prerrogativas próprias, à luz do princípio da supremacia do
interesse público. É por meio destes atos que o Poder Público cria obrigações aos
particulares, unilateralmente, ou seja, sem a necessidade de prévio consentimento dos
administrados. A estes (os particulares) cabe, tão só, acatar e cumprir as determinações
administrativas.

Exemplos: desapropriações de bens particulares, interdição de um estabelecimento


comercial, apreensão e destruição de mercadorias impróprias ao consumo, dissolução
de passeata violenta, etc.

Atos de gestão: são aqueles praticados na mera gestão de bens e serviços públicos, sob
regime jurídico predominantemente de direito privado. A Administração age desprovida
de supremacia em relação aos particulares. Atua, portanto, em posição de igualdade
jurídica.

Exemplos: alienação e aquisição de bens em geral; locação de um imóvel particular,


doações e permutas de bens, etc.

4) ato perfeito, eficaz, pendente e consumado

Ato perfeito: é aquele que completou todo o seu ciclo de formação. Foram percorridas
todas as fases que compõem a sua produção.

Exemplo: ato de homologação de um concurso público. Somente se considera perfeito,


caso seja escrito, motivado, assinado e devidamente publicado em meio oficial.

Ato eficaz: é aquele apto a produzir efeitos jurídicos. Além de haver completado todo o
seu ciclo de formação, o ato não está sujeito a termo (evento futuro e certo) ou condição
(evento futuro e incerto).

Ato pendente: é aquele que, embora perfeito (por já haver cumprido todo o seu ciclo de
formação), encontra-se submetido a termo (evento futuro e certo) ou condição (evento
futuro e incerto). Por tal razão, ainda não está apto a produzir efeitos. Somente com o
advento do termo, ou após o implemento da condição é que o ato passará a produzir
efeitos na ordem jurídica.

Ato consumado: é aquele que já exauriu todos os efeitos que se encontrava apto a
produzir.

Ex: ato que concede férias a um dado servidor público. Uma vez fruídas integralmente as
férias, o ato terá exaurido todos os seus efeitos, sendo, portanto, um ato consumado.

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