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CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DO 37º EXAME DA ORDEM DOS

ADVOGADOS DO BRASIL (OAB)


Direito Administrativo
2 José Aras

APRESENTAÇÃO

Estimados Guerreiros e Guerreiras!

É com muita alegria que apresentamos o módulo de Direito Administrativo do preparatório para o
38º exame da Ordem dos Advogados do Brasil.

Sejam todos muito bem-vindos!

Esse roteiro foi preparado pensando no seu exame e sabendo da importância desses temas para sua
prova, então, valerá a pena o nosso esforço durante essas aulas!

Lembrando que, nosso módulo não dispensa suas anotações pessoais e, principalmente, a leitura e os
grifos dos dispositivos específicos de cada assunto que abordaremos. Utilize, portanto, o seu Vade
Mecum e vamos juntos!

Espero que vocês tenham um excelente proveito!

Receba o nosso sincero abraço!

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BENS PÚBLICOS

Os bens públicos são aqueles


titularizados pelas pessoas jurídicas
Os demais bens são privados, a exemplo dos
de direito público.
bens das empresas públicas e das sociedades
de economia mista.

A Constituição Federal traz, de forma meramente exemplificativa


os bens da União (art. 20) e dos Estados (art. 26).

O conceito de bens públicos está atrelado a titularidade do bem.

Quem é o dono? Se for pessoa jurídica de


direito público, esse bem é público.

PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO X PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO


PÚBLICO PRIVADO
União Particulares
Estados Empresas Públicas
Distrito Federal X Sociedades de Economia Mista (Petrobras,
Municípios Banco do Brasil, etc)
Autarquias
Fundações Públicas

Titularizam bens públicos! Titularizam bens privados!

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 Os artigos 20 e 26, da CRFB/88, abordam um rol exemplificativo, pois, não esgotam os bens
públicos.

 As terras indígenas são bens de titularidade da União.


 Consideram-se terras indígenas àquelas atualmente ocupadas, e não os aldeamentos
extintos.

1. ESPÉCIES DE BENS PÚBLICOS

• São aqueles que que se destinam à utilização geral pela


coletividade.
Bens de Uso Comum do • São bens afetados, ou seja, utilizados para uma finalidade
Povo pública.
• Exemplos: Ruas, Praças, Mares, Meio ambiente, etc.

• São aqueles ligados a prestação de serviços ou políticas


públicas.
• São bens afetados, ou seja, utilizados para uma finalidade
Bens de Uso Especial pública.
• Exemplos: Veículos oficiais, Prédios públicos, Terras
indígenas, etc.

• São aqueles sem uso.


Bens Dominicais • São bens desafetados, ou seja, sem destinação específica.
• Exemplos: Terras devolutas e Terrenos de Marinha.

 Os bens de uso comum e especial são bens afetados, enquanto que, os bens dominicais são bens
desafetados.

 A afetação é o fato administrativo pelo qual se atribui destinação pública. A desafetação, por sua
vez, é o fato administrativo pelo qual o bem público é desativado, deixando de servir a finalidade
pública anterior.

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 A afetação ou desafetação do bem poderão ocorrer através de lei, fato administrativo ou ato
administrativo (Portaria, Decreto, Resolução, etc). Porém, a desafetação de bens imóveis públicos
depende sempre de lei específica.

 O simples uso é capaz de afetar um bem público, porém, o simples não uso, não desafeta o bem
público.

 A desafetação parcial é possível quando o bem público for divisível.

2. CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS


A) Impenhorabilidade: Os bens públicos não se submetem a penhora. Por conta disso, a
execução contra a Fazenda Pública será realizada pelo sistema de precatório (ordem de
pagamento, proferida pelo judiciário, conforme a ordem orçamentária – art. 100, da CRFB/88).
⬧ Além dos bens públicos, os bens privados gozarão da impenhorabilidade enquanto
estiverem afetados ao interesse público, sem se transformarem em bens públicos. Os
bens públicos são seguidos pelo seu regime jurídico.
Ex.: Carro/viatura policial alugado para a polícia do estado; frota de ônibus
de concessionárias; e estação de tratamento de água e esgoto.

B) Não-oneráveis: Os bens públicos não podem ser onerados (sofrer ônus), como penhora,
hipoteca e anticrese. → Princípio da indisponibilidade dos bens públicos.

C) Imprescritibilidade: Os bes públicos não estão sujeitos à usucapião, e o detentor da posse


não tem direito a indenização por benfeitorias. Inclusive, não cabe direito de retenção.
⬧ Súmula 340 do STF: Os bens dominicais, assim como os demais bens públicos, não
podem ser adquiridos por usucapião.

D) Inalienabilidade: Os bens públicos não podem ser vendidos a terceiros, como regra, salvo a
permuta, doação, dação em pagamento, etc. Ou seja, os bens públicos não podem ser vendidos a
terceiro, mas podem ser doados, sofrer permuta, dação em pagamento, etc.

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 Das quatro características dos bens públicos, as três primeiras são absolutas, isto porque, a
inalienabilidade admite exceções. Assim, os bens públicos podem ser vendidos a terceiros, desde
que obedeça a quatro condições, de forma cumulativa:
I. Avaliação prévia;
II. Demonstração do interesse público na venda;
III. Desafetação -  Mediante lei autorizativa; e
IV. Licitação -  Se o bem for imóvel ou móvel, a licitação será na modalidade
leilão.

 A regularização dos bens públicos se efetiva por dois institutos:


1. Concessão real de uso (art. 7º, do DL 271/67).
2. Concessão especial de uso para fins de moradia (Medida Provisória 2220/2001).

Observações:
 Além dos bens públicos, os bens privados que estiverem afetados ao
serviço público gozam também da impenhorabilidade enquanto
estiverem servindo a coletividade. É o que acontece, por exemplo, com
veículos privados alugados à administração para utilização como
viatura policial.
 No quesito da Inalienabilidade, se o bem for imóvel, em regra, a
modalidade de licitação será a concorrência. Se for bem móvel, a
modalidade é o leilão, tudo isso na forma do art. 17, I e II da Lei
8.666/93.

3. USO DO BEM PÚBLICO


3.1. Quanto à destinação

Normal Anormal
Será normal, quando realizada em Será anormal, quando realizada em
conformidade com a destinação desacordo com a destinação.
própria do bem. Por exemplo, o uso de vias públicas para
desfile de carnaval.

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3.2. Quanto ao destinatário

Comum Privativo
Todos fazem uso do bem público, Apenas uma pessoa faz uso do bem
sem necessidade de consentimento público, necessitando do consentimento
da administração. da administração pública.
O uso comum pode ser gratuito ou Esse consentimento é feito mediante
remunerado. Concessão, Permissão ou Autorização de
uso.

Observações:
→ A concessão de uso constitui modalidade de contrato administrativo,
precedido de licitação e tem prazo definido. A rescisão antecipada gera
direito à indenização ao concessionário.
→ A permissão de uso é doutrinariamente equiparada à autorização de
uso, que, por sua vez, se consubstancia em um ato administrativo
unilateral, discricionário, precário.
→ A característica da precariedade se explica pelo fato de não ter prazo
preestabelecido. De modo que a revogação, que pode ser feita a
qualquer tempo, não dará direito a indenização.
→ Vale consignar que quando a permissão ou a autorização for
consentida com prazo preestabelecido (permissão ou autorização
qualificada ou condicionada), a revogação antecipada dará direito a
indenização.

QUESTÕES PARA TREINO:

1. O governo estadual, após receber a solicitação do município, decide autorizar por três anos a
utilização gratuita, pelo município, de um imóvel público estadual que se encontra desocupado, a fim
de que lá seja instalado um órgão municipal de atendimento à educação. Nessa hipótese, a utilização do
bem estadual é feita mediante o seguinte instrumento jurídico:
A) concessão de direito real de uso
B) autorização de uso

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C) concessão de uso
D) permissão de uso
E) cessão de uso

2. Um prédio que sirva de sede para um órgão da administração direta federal é exemplo da seguinte
espécie de bem público:
A) de uso comum do povo
B) de uso especial
C) dominical
D) dominial
E) alodial

3. Os bens dominicais
(A) podem ser alienados por meio de institutos privados.
(B) são afetados a uma finalidade pública específica.
(C) são aqueles que pertencem a todos, como por exemplo, mares e praças.
(D) não podem ser alienados, seja por meio de institutos privados ou públicos.

4. As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios em caráter permanente, utilizadas para suas
atividades produtivas e imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-
estar e às necessidades de sua reprodução física e cultural são consideradas bens:
a) públicos de uso especial, pertencentes à União.
b) públicos de uso especial, pertencentes ao estado em que se localizem.
c) públicos de uso especial, pertencentes ao município em que se localizem.
d) públicos dominicais, pertencentes à União.
e) particulares, pertencentes à comunidade indígena respectiva.

5. Com relação aos bens públicos, pode-se afirmar:


I - o transcurso do tempo, dependendo de situações concretas, pode resultar em apropriação por
terceiros;
II - segundo a Constituição Federal, mostra-se defeso a incidência de execução forçada sobre os bens
públicos;
III - a Constituição Federal veda, atualmente, apenas a usucapião de imóveis públicos situados em zona
urbana;
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IV - a inalienabilidade não se apresenta em caráter absoluto, existindo leis que disciplinam a alienação
de bens públicos.
a) todas as proposições estão corretas;
b) todas as proposições estão incorretas;
c) apenas a proposição II está correta;
d) estão corretas as proposições II e IV;
e) estão corretas as proposições I e II.

6. Assinale a opção em que todos os bens sejam considerados de uso comum do povo.
a) prédios da sede da prefeitura, ruas e veículo policial
b) ruas, praças e veículo policial
c) mares, estradas e praças
d) rios, mares e prédios da sede da prefeitura

7. Terras devolutas são as:


a) faixas de terras particulares, marginais dos rios, lagos e canais públicos, na
largura de quinze metros, oneradas com a servidão de trânsito.
b) ocupadas pelos índios.
c) banhadas pelas águas do mar ou dos rios navegáveis.
d) pertencentes ao domínio público de qualquer das entidades estatais, que não se acham
utilizadas pelo poder público nem destinadas a fins administrativos específicos.

8. Assinale a opção correta:


a) Os bens públicos de uso comum do povo são penhoráveis;
b) Os bens públicos de uso especial podem ser alienados enquanto mantiverem essa
característica;
c) Os bens públicos dominicais estão sob o domínio público, sendo impenhoráveis, porém podem
ser usucapidos;
d) Os bens públicos são imprescritíveis.

9. Sobre os bens públicos, observe as seguintes proposições:

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I. A afetação é a destinação do bem público à satisfação das necessidades coletivas e estatais, do que
deriva inclusive a sua inalienabilidade, sendo decorrente ou da própria natureza do bem ou de um ato
estatal.
II. Os bens públicos de uso comum e de uso especial não podem ser desafetados, diante do regime
jurídico a que se sujeitam.
III. Uma diferença fundamental entre bens dominicais e outras espécies de bens públicos consiste na
possibilidade de alienação daqueles, desde que respeitadas as exigências e formalidades previstas em
lei.
IV. Os bens dominicais, assim como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.
V. Apesar de inalienáveis, os bens públicos afetados podem ser objeto de penhora quando a execução
contra a Fazenda Pública tiver por objeto créditos de natureza trabalhista.
a) somente as proposições I, II e III são corretas
b) somente as proposições I, III e IV são corretas
c) somente as proposições II, III e IV são corretas
d) somente as proposições II, IV e V são corretas

GABARITO DE BENS PÚBLICOS


1. E 2. B 3. A 4. A 5. D 6. C 7. D 8. D 9. B

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ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA BRASILEIRA

ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRAÇÃO
DIRETA INDIRETA

PARAESTATAIS
OU

ENTIDADES DO
TERCEIRO SETOR

A Organização Administrativa Brasileira pode ser exercida por meio da


administração pública (direta e indireta) e pelas entidades paraestatais ou
entidades do “terceiro setor”.

FORMAS DE EXERCÍCIO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA X ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA


- A própria pessoa jurídica de direito público X - Efetiva-se através da criação de novas pessoas
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios) jurídicas para desenvolver a função pública no
desenvolve a função/atividade. lugar do Estado, quais sejam:
- Corresponde ao exercício direto da função de  Autarquias
natureza administrativa, desenvolvido pelo  Fundações públicas
“Estado” (U/E/DF/M) através dos seus órgãos  Empresas públicas
públicos, de forma desconcentrada.  Sociedades de economia mista

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- Os órgãos públicos são unidades de atuação - Tratam-se de entidades, ou seja, novas pessoas
destituídos de personalidade jurídica própria. jurídicas, detentoras de personalidade jurídica,
- Por excelência, os órgãos públicos são os patrimônio, servidores e responsabilidade jurídica
Ministérios e as Secretarias. própria.
- Considerando que esses órgãos são destituídos de - As entidades da administração pública indireta
personalidade jurídica própria, esses órgãos não são regidas por três princípios: Tutela,
têm patrimônio, servidores, e nem responsabilidade Especialidade e Legalidade. → TEL!
jurídica próprias. Sua atuação é imputada à pessoa a) Tutela → Controle que as entidades da
jurídica que esse órgão integra, conforme a teoria do administração pública direta realizam sobre
órgão (também chamada de teoria da imputação as entidades da administração pública
volitiva). indireta. A tutela - que não se confunde com
- Não se move ação contra órgão, mas, sim, contra a autotutela - não se realiza com vínculo de
o “Estado”, em função da atuação do seu órgão. subordinação hierárquica, já que envolve
- As Casas Legislativas e Tribunais (TJ, TRT, MP, diferentes pessoas jurídicas, dotadas de
TC’s) também são órgãos públicos. autonomia. O recurso que envolve a tutela é
- Embora destituídos de personalidade jurídica denominado de recurso hierárquico
própria, os órgãos públicos independentes e os impróprio. Trata-se, portanto, de um
autônomos gozam de personalidade judiciária controle de finalidade, denominado de
(capacidade processual ativa), podendo, portanto, supervisão ministerial, como acontece, por
demandar em juízo, no polo ativo, na defesa de exemplo, quando o Ministério da
prerrogativas próprias, conforme previsão da Previdência (órgão da União) controle o
Súmula 525, do STJ, que também se aplica às Casas Instituto Nacional de Seguro Social
Legislativas. (autarquia federal). O recurso hierárquico
impróprio não exclui a apreciação judicial.
b) Especialidade → Justifica a própria
descentralização administrativa, uma vez
que a criação dessas pessoas jurídicas se faz
com a finalidade de prestar determinada
atividade com alto grau de especialização. É
o que acontece, por exemplo, com o IPHAN
(Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional), autarquia federal que

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cuida da proteção do patrimônio histórico


brasileiro.
c) Legalidade → Aplica-se porque a criação
de qualquer pessoa da administração
pública indireta ocorre mediante
autorização legislativa específica, conforme
regras insertas no art. 37, XIX e XX, da
CRFB/88. Trata-se de lei ordinária e
específica, pois, refere-se a um único tema. A
lei cria diretamente as autarquias, e autoriza
a criação das demais pessoas jurídicas. Pelo
princípio da paridade de formas, a extinção
dessas entidades também decorre
diretamente da lei.

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Administração Pública Direta > Centralizada e Desconcentrada


Administração Pública Indireta > Descentralizada

OBSERVAÇÃO:
→ Frise-se que todas as entidades da administração pública (direta ou
indireta) sujeitam-se a limitações públicas, dentre as quais, a
necessidade de realização de concurso público, licitação e controle
financeiro, a cargo dos Tribunais de Contas.
→ As fundações públicas constituídas como pessoas jurídicas de direito
privado têm sua criação autorizada mediante lei ordinária específica,
são criadas mediante decreto e terão sua área de atuação definida em
lei complementar.
→ As empresas públicas e as sociedades de economia mista nascem
quando ocorre o arquivamento dos seus atos constitutivos na Junta
Comercial ou Cartório de Pessoas Jurídicas competente.
→ A criação das subsidiárias também depende de autorização em lei
ordinária específica.
→ As igrejas não podem ser consideradas OSCIP’s.

REGIME JURÍDICO DAS ENTIDADES DESCENTRALIZADAS

AUTARQUIAS FUNDAÇÕES PÚBLICAS ESTATAIS


- Correspondem à - Correspondem à - São as Empresas Públicas e as
personificação de um personificação de um Sociedades de Economia Mista (e
serviço público. patrimônio público. suas subsidiárias).
- Sempre serão pessoas - Desenvolvem atividades - Sempre são pessoas jurídicas de
jurídicas de direito complementares as do Estado. direito privado, tendo vários pontos
público que desenvolvem - Exemplos clássicos são a em comum, especialmente quanto ao
atividades típicas do Fundação Nacional do Índio seu regime jurídico de direito privado
Estado (prestação de (FUNAI) e o Instituto Brasileiro quanto às obrigações de natureza civil,
de Geografia e Estatística (IBGE). comercial, trabalhista e tributária.

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serviços públicos), sem - As fundações públicas podem - Seus empregados são regidos pela
finalidade lucrativa. ser constituídas com CLT e essas pessoas jurídicas não
- As autarquias gozam das personalidade jurídica de gozam de imunidade ou isenções
mesmas prerrogativas das direito público ou de direito fiscais.
entidades da administração privado. Essa diferença trata-se - Vale ressaltar, entretanto, que
pública direta, com isso, de “roupagem jurídica”, acerca quando essas entidades prestam
seus bens são públicos, de uma mera opção legislativa, serviços públicos, sem finalidade
possuem imunidade que não altera a natureza lucrativa (a exemplo da EBCT –
tributária recíproca, seus pública dessa entidade, de modo “Correios”), sofrem uma maior
créditos são exigidos via que se aplicam às fundações o interferência de normas de direito
execução fiscal, gozam de regime jurídico de direito público e, por isso, terão algumas
privilégios processuais público, inclusive, possuindo as prerrogativas públicas, a exemplo de
(prazos dilatados, isenção mesmas prerrogativas das impenhorabilidade de seus bens e
de custas, intimação pessoal autarquias. imunidade tributária.
dos seus procuradores, foro - As fundações públicas se - O teto remuneratório só se aplica
privativo, duplo grau de confundem com as fundações para as Estatais quando receberem
jurisdição obrigatório, privadas, que são sempre ajuda da administração pública direta
dentre outros). pessoas jurídicas de direito para custeios e pagamento de pessoal.
privado e não integram a - Os bens são privados, podendo ser
administração pública indireta, penhorados.
como, por exemplo, a Fundação - Como consequência do regime
Ayrton Sena, Fundação Roberto privado, a responsabilidade civil, em
Marinho, Fundação Bradesco e regra, é subjetiva.
Fundação José Aras. - Quanto as obrigações comerciais, as
Estatais não se submetem à falência.
- As Estatais não gozam de
imunidade tributária.
- O art. 173, § 2º, da CRFB/88, dispõe
que as Estatais podem gozar de
privilégios fiscais, desde que esses
privilégios sejam estendidos ao setor
privado, para que não haja eliminação
de concorrência.

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- As Estatais passaram anos sem


regulamentação própria, até edição
da Lei 13.303/2016, que sedimentou
o tema.
- As Estatais podem ser criadas para
prestação de serviços públicos ou para
atuar no domínio econômico. Quando
a Estatal é criada para atuar no
domínio econômico, significa que
visam lucro. Porém, quando a Estatal
visa o atendimento do interesse
público e social, sem finalidade
lucrativa, há existência do sistema de
regime jurídico hibrido, ou seja, é
uma pessoa de direito privado que
goza de prerrogativas públicas, em
função do atendimento do interesse
público.
- As Estatais que prestam
exclusivamente serviços públicos
gozam de prerrogativas para viabilizar
o exercício de suas finalidades, dentre
;as quais, imunidade tributária,
impenhorabilidade dos seus bens, e
exerce poder de polícia, à exemplo da
BH Trans.

ATENÇÃO: AGÊNCIAS!
→ Além das autarquias e fundações públicas comuns, existe no direito
brasileiro as autarquias em regime especial (denominadas de agências
reguladoras) e as agências executivas, isto é, autarquias e fundações
públicas qualificadas pela assinatura de contrato de gestão.

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→ O regime especial aplicado às agências reguladoras se consubstancia no


maior alcance do seu poder normativo e na maior estabilidade conferida a
seus dirigentes, na medida em que exercem mandato, de modo que
somente podem perder o cargo em decorrência de renúncia, processo
judicial ou administrativo, com garantia de ampla defesa e contraditório.
Após o exercício do mandato, o dirigente fica sujeito a um período de
quarentena, continuando vinculado à agência e proibido de prestar
serviços ao setor regulamentado, a fim de evitar que transfira informações
privilegiadas.
→ Algumas agências reguladoras são a ANATEL, ANEEL, ANVISA, ANS, etc.
→ O INMETRO é um exemplo de agência executiva.
→ Por sua vez, a qualificação das autarquias ou fundações públicas como
agências executivas se realiza, como dito, por meio da assinatura de um
contrato de gestão, através do qual essa entidade tem ampliada a sua
autonomia, em troca do cumprimento de metas de desempenho, na forma
do art. 37, §8º, da CF.
→ O descumprimento dessas metas de desempenho implicará na
desqualificação da entidade.

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ATENÇÃO:
Alguns traços distintivos são:
I) O capital é 100% público;
II) Pode ser uma sociedade anônima, limitada,
EMPRESA PÚBLICA > comandita por ações, etc; e
III) As Empresas Públicas Federais, por força do art.
109, inciso I, da CRFB/88, tem o foro na Vara
Federal.
I) O capital é dividido em um percentual público e
SOCIEDADE DE > outro percentual privado;
ECONOMIA MISTA II) Sempre serão sociedades anônimas (Bando do
Brasil, Petrobras, etc); e
III) Ainda que sejam Federais, a competência é da
Vara Cível (justiça estadual).

Com exceção aos traços distintivos, as Estatais gozam de um


mesmo regime jurídico de direito privado e são, em regra,
destituídos de qualquer prerrogativa pública.

AS “PARAESTATAIS” OU ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR

▪ A organização administrativa brasileira integra também entidades que compõe as chamadas


“Paraestatais” ou “Entidades do Terceiro Setor”.
o As paraestatais estão “ao lado” do Estado e integram a organização administrativa brasileira,
mas não integram a administração pública.
▪ As entidades paraestatais são pessoas jurídicas de direito privado, que atuam sem finalidade
lucrativa, em prol dos interesses da coletividade.
o Alguns exemplos de paraestatais são as organizações sociais e as organizações da sociedade
civil de interesse público.
▪ Essas entidades preenchem uma lacuna deixada pelo Estado, quanto ao atendimento dos
interesses coletivos e, por conta disso, gozam de prerrogativas públicas como um sistema de
compensação pública, através da qual se valem da utilização de bens públicos, cessão de servidores,
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isenções fiscais, assinatura de convênios e termos de parcerias, recebimento de contribuições


parafiscais, repasse de verbas públicas, dentre outros.
▪ Classificam-se em três categorias:
I. Entidades de Cooperação Governamental (serviços sociais autônomos - sistema “S”: SESI,
SEBRAE, SEMATEC, SESC, SENAI);
II. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP’s);
III. Organizações Sociais (OS’s).

ORGANIZAÇÃO SOCIAL (OS) X ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE


INTERESSE PÚBLICO
I) O ato de qualificação é X I) O ato de qualificação é vinculante;
discricionário; II) Sempre é qualificado pelo Ministério da
II) O Ministério responsável por Justiça;
qualificar a entidade é aquele que III) Sua qualificação é feita mediante termo de
seja da mesma área de atuação; parceria;
III) Sua qualificação é feita mediante IV) Para ser qualificada como OSCIP, a entidade
contrato de gestão (diferente do deve ser mais de três anos de constituição e
da agência executiva); não podem ser sindicatos, organizações
IV) Não há restrição a qualificação. sociais, sociedades comerciais e igrejas.

QUESTÕES PARA TREINO:

1. Ocorre desconcentração administrativa quando:


a) Pressupõe pessoas jurídicas distintas para desempenho de atividades públicas;
b) Se reparte várias funções entre os vários órgãos despersonalizados de uma mesma
Administração, sem quebra de hierarquia;
c) O ente administrativo age por outorga, mediante supervisão ministerial;
d) O ente administrativo age por delegação para execução de sua atividade, em nome próprio e
sua conta e risco, observada a necessária tutela administrativa;
e) A prestação de serviços pelo Estado é indireta e mediata, sem quebra de hierarquia.

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2. Analisando as proposições abaixo:


I - A administração pública federal indireta compreende as autarquias, empresas públicas, sociedades
de economia mista e fundações públicas.
II - A administração pública, no âmbito do Poder Executivo Federal, se constitui dos serviços integrados
na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios.
III - Todas as entidades integrantes da administração pública indireta são dotadas de personalidade
jurídica de direito privado.
IV - As autarquias são entidades dotadas de personalidade jurídica de direito público.
V – As empresas públicas são dotadas sempre de personalidade jurídica de direito privado.
Assinale:
a) se apenas as afirmativas I, II e III estão corretas;
b) se apenas as afirmativas III e IV estão corretas;
c) se apenas a afirmativa V está correta;
d) se apenas as afirmativas IV e V estão corretas;
e) se apenas as afirmativas I, II, IV e V estão corretas.

3. Sobre a autarquia não é correto afirmar-se:


a) a autarquia, por tratar-se de um prolongamento do Poder Público, deve executar serviços
próprios do Estado;
b) a autarquia, por atuar em condições idênticas às do Estado, é entidade estatal;
c) a instituição das autarquias faz-se por lei específica;
d) as proibições de acumulação remunerada de cargos, empregos e funções atingem também os
servidores das autarquias;
e) dedicando-se à exploração de atividade econômica, impõe-se, nas relações de trabalho com os
seus empregados, o mesmo regime das empresas privadas.

4. Quais, dentre as entidades abaixo, não ostentam a natureza de Autarquia?


a) as agências reguladoras
b) as empresas públicas
c) as agências executivas
d) as autarquias sob regime especial

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5. Julgue:
A gestão das agências reguladoras mereceu um tratamento legislativo especial, tendo em vista a
complexidade de suas atividades. Entre as inovações constantes de seu regramento, está a figura da
denominada “estabilidade” de seus dirigentes, materializado no fato de exercerem mandato.
( ) CERTO ( ) ERRADO

6. A empresa pública:
a) é pessoa jurídica de direito público interno, criada por lei, com patrimônio próprio, exercendo
função delegada pelo Estado;
b) é pessoa jurídica de direito público interno, criada por lei, com patrimônio próprio, sem
vínculo de subordinação hierárquica, exercendo funções típica do Estado;
c) é pessoa jurídica de direito privado, criada por lei, com capital dividido entre o Estado e
particulares, com patrimônio próprio, para a realização de serviço público ou atividade
econômica, regendo-se pelas normas das sociedades anônimas, com as adaptações previstas na
sua lei de criação;
d) é pessoa jurídica de direito privado, criada por lei, com capital exclusivamente público, ainda
que vindo de suas Administrações Indiretas, com patrimônio próprio, destinadas ao exercício de
serviço público ou de atividade econômica de relevante interesse coletivo, podendo-se revestir
de qualquer forma e organização empresarial;
e) é pessoa jurídica de direito privado, criada por lei, com capital exclusivamente público, não se
admitindo que venha de suas Administrações Indiretas, com patrimônio próprio, destinadas ao
exercício de serviço público ou de atividade econômica de relevante interesse coletivo, podendo-
se revestir de qualquer forma e organização empresarial.

7. Considere as seguintes proposições:


I. A exploração direta de atividade econômica pelo Estado somente será permitida quando necessária
aos imperativos de segurança nacional ou relevante interesse coletivo, conforme definido em lei,
ressalvados os casos previstos na Constituição Federal.
II. As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais,
não extensivos às do setor privado.
III. A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade.
IV. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as
funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e
indicativo para o setor privado.
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V. A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública da sociedade de economia mista, exceto o
de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços.
Assinale a alternativa correta:
a) somente a proposição IV está incorreta
b) as proposições I e V estão incorretas
c) somente a proposição V está incorreta
d) as proposições I, II e V estão incorretas
e) somente a proposição II está incorreta

8. Acerca do direito administrativo, julgue:


Considere que uma lei estadual do Acre institua, com caráter de autarquia, o Instituto Academia de
Polícia Civil, com o objetivo de oferecer formação e aperfeiçoamento aos servidores ligados à polícia
civil do Acre. Nessa situação, a criação do instituto representaria um processo de descentralização
administrativa, visto que implicaria a criação de uma entidade da administração estadual indireta.
( ) CERTO ( ) ERRADO

GABARITO
1. B 2. E 3. E 4. B 5. C 6. D 7. C 8. C 9. C

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ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA (ATOS) E CONTROLE


ADMINISTRATIVO E JUDICIAL

ATO ADMINISTRATIVO FATO ADMINISTRATIVO


Trata-se de uma Trata-se de um acontecimento
conduta/participação humana. natural.

Observação: Nem todo ato ou fato é jurídico, pois, não traz uma
consequência jurídica. O ato ou fato só é jurídico se trouxer uma
consequência para o mundo jurídico.

 O direito administrativo aplica-se a administração pública (poder executivo, judiciário e


legislativo). Detalhe que, todos os Poderes exercem funções típicas e atípicas.

Poder Executivo Poder Legislativo Poder Judiciário


Funções Típicas - Administrar o - Elaborar leis. - Compor lides e
interesse/coisa pública. - Legislar e fiscalizar. conflitos de interesse.
- Julgar.
Funções Atípicas - Legislar. - Administrar e julgar. - Administrar e legislar.
- Edição de medidas - Administrar os seus
provisórias pelo órgãos.
Presidente da República. - Julgar seus membros.
-

Observação: O poder executivo não possui a função atípica de


julgar. O PAD está dentro da função administrativa.

 A Lei 9.784/99 trata do processo administrativo na esfera Federal e é de extrema


importância. Inclusive, Súmula do STJ define que será aplicada de forma subsidiária nos Estados
e Municípios que não possuírem lei própria de processo administrativo.

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o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário
da União, quando no desempenho de função administrativa.

O ATO ADMINISTRATIVO É:

i. conduta humana;
ii. praticado sob a égide de direito público;
iii. praticado em nome da administração pública;
iv. sujeito a um sistema de controle.

Observação: Excepcionalmente, particulares poderão


praticar atos administrativos, desde que em prol da
coletividade.

 Por natureza, todo ato administrativo deve ser praticado com observância da lei.

 O Ato Administrativo pode ser praticado de forma vinculada ou discricionária.


Poder Vinculado Poder Discricionário
- Todos os elementos do ato estão definidos de - Apenas alguns elementos do ato estão
forma prévia na lei. estabelecidos na lei.
a) competência; - A grande maioria é dessa forma.
b) motivo; - A lei estabelece um limite, mas com alguma
c) finalidade; opção de escolha, sem arbitrariedades.
d) objeto; e - Além da lei, o ato discricionário precisa
e) forma. considerar os critérios de i) conveniência e ii)
- A lei já fornece os limites para prática do ato e a oportunidade, que compõem a noção de mérito
maneira em que deve ser praticado, sem margem do ato administrativo. Ex.: Aplicação da verba do
para escolha. Ex.: Aposentadoria compulsória. IPTU.

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UM SISTEMA DE CONTROLE É ESTABELECIDO SOBRE O ATO ADMINISTRATIVO (o ato sofre três


ordens de controle):

A Atuação Administrativa está sujeita a um sistema de controle.

Vejamos qual o alcance de cada controle desses:

- Controle externo.
- Controle do ato administrativo em relação a observância da lei (verificar se o ato está
Judiciário de acordo com a lei).
- É cabível a anulação de ato ilegal, desde que o judiciário seja provocado para tal.
- Quando o juiz anula e os recursos se esgotam, ocorre o trânsito em julgado.
- Controle da própria administração pública (controle interno) > autotutela.
Executivo - É cabível a anulação de ato ilegal, independente de provocação.
- Quando a administração anula e os recursos se esgotam, ocorre a preclusão
administrativa. Ainda poderá ser revisto pelo poder judiciário.
- Controle externo.
- Controle realizado em duas vertentes:
i. Político: De competência das casas legislativas (CPI) e envolve atos
de governo (art. 42 ao 58, CRFB/88).
ii. Financeiro: De competência das casas legislativas, com auxílio dos
Legislativo tribunais de contas.
o TCU fiscaliza as verbas federais (art. 70 ao 75, CF/88).
o TCE trata das verbas de aplicação estadual.
o TCM trata das verbas de aplicação municipais (apenas 5
em todo Brasil) > a CRFB proíbe a criação de novos
tribunais de contas municipais.
- O Tribunal de Contas possui as atribuições de (art. 71, CF/88):
i. apreciar as contas anuais do chefe do poder executivo
ii. julgar as demais contas públicas
iii. sustar os atos irregulares envolvendo contratos administrativos

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Observações:
→ A anulação atinge os atos vinculados e discricionários.
o Além de anular, a administração pública (poder
executivo) pode, também, revogar os seus próprios
atos.
→ A revogação tem como causa inconveniência ou
inoportunidade, ou seja, questão de mérito. Por isso, só há
revogação de atos discricionários.
o A revogação é exclusiva do ato discricionário.

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MODALIDADES DE
EXTINÇÃO DO ATO COMPETÊNCIA ALCANCE CAUSA EFEITOS
ADMINISTRATIVO

Poder judiciário Incide sobre os Causada por Gera efeitos “ex


Anulação e atos vinculados e ilegalidade ou tunc” (retroativo).
(invalidação) Poder executivo discricionários. ilegitimidade O que é nulo não
(própria administração (princípios da gera efeito jurídico
pública) administração válido.
pública – *Fruto da árvore
LIMPE). envenenada.

Só pode ser feito pela Incide apenas Causada por Gera efeitos “ex
Revogação própria administração sobre os atos inconveniência nunc” (para o
pública (poder discricionários, e/ou futuro – não
executivo), vez que vez que, envolve inoportunidade. retroage).
trata do mérito. mérito. *Ato consumado
não pode ser
revogado.

EXISTEM OUTRAS MODALIDADES DE EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO, COMO:

I. Caducidade: Decorre do advento de lei incompatível com o ato que será extinto. Causada por
ato baseado em legislação que é revogado por nova lei superveniente.

II. Contraposição: Decorre de um ato incompatível com aquele que será extinto. Causada por
novo ato que se contrapõe ao ato anterior.
Ex.: Demissão x Nomeação (um ato contrapõe o outro).

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III. Cassação: Decorre de ilegalidade praticada após a existência do ato. Incide sobre os atos
vinculados, pois, a cassação somente poderá ocorrer nas hipóteses definidas em lei. Causada
por culpa do beneficiário, que descumpre condições que deveria manter.

IV. Perecimento do Objeto: Trata-se de desaparecimento do objeto.

V. Perecimento do Sujeito: Trata-se de desaparecimento do sujeito.

VI. Exaurimento dos Efeitos Jurídicos: Ocorre o devido cumprimento do papel do ato
administrativo.

PLANOS DE OBSERVAÇÃO DA PERFEIÇÃO, VALIDADE E EFICÁCIA DO ATO:

Perfeição Validade Eficácia


- Corresponde à existência do - Atende-se a - Ato eficaz é aquele apto a produzir efeitos
ato. esse plano jurídicos.
- Ato perfeito é aquele que existe. quando o ciclo - O ato é apto a produzir efeitos jurídicos
- O ato existe quando cumpre seu de formação quando não estiver sujeito a termo ou
ciclo de formação (assinado, está de acordo condição (eventos futuros). O termo é um
datado, publicado, etc). com a lei. evento futuro certo, e a condição é um evento
futuro incerto.
- O ato tem que produzir efeitos imediatos.

Observação:
→ Se o ato não existe, ele jamais poderá ser válido ou eficaz.
→ Uma vez perfeito, o ato pode ser válido e eficaz. Ao mesmo tempo, o ato
perfeito, uma vez existente, pode ser válido e ineficaz (cumpriu a lei,
mas está sujeito à termo ou condição).
→ Sendo assim, já que são planos distintos, se o ato for existente, ele
poderá ser:
i. válido e eficaz;
ii. válido e ineficaz;
iii. inválido e eficaz; e

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iv. inválido e ineficaz.

ATENÇÃO COM A PEGADINHA!


→ O ato não precisa ser válido para ser eficaz!

ELEMENTOS E ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO:

- O ato precisa, obrigatoriamente, possuir os elementos, quais sejam:


i. Competência: Sujeito que tem competência para prática do ato. A competência
Elementos é estabelecida por lei.
ii. Motivo: Causa que leva a prática do ato. Não se confunde com motivação, que é
a exposição dos motivos. Todo ato tem que ter um motivo, mas nem todo ato
precisa ser motivado.
* Em caso de motivação, a teoria dos motivos determinantes determina
que a validade do ato administrativo depende da prova de veracidade dos
motivos expressos para a sua realização.
iii. Finalidade: Todo ato administrativo visa atender ao interesse coletivo/público,
sob pena do vício de desvio de finalidade.
iv. Objeto: Comando jurídico do ato administrativo. Trata-se do conteúdo do ato.
v. Forma: Modo em que o ato nasce no mundo jurídico (portaria, decreto, placas e
sinais de trânsito, etc).

CO MO FI O FO

- Se um dos elementos não estiver presente, não há ato administrativo.


- Quando um ato é inválido/nulo, a nulidade alcança um ou alguns dos elementos do ato, ou
seja, o ato será nulo por vício em um dos seus elementos.
- O ato poderá ter atributos.
- São atributos do ato administrativo:
Atributos i. Imperatividade: A administração pública não precisa do consentimento dos
indivíduos para exercer sua atividade.
ii. Presunção de Legalidade, Legitimidade e Veracidade: Presume-se, de forma
relativa, que o ato administrativo é legal, legítimo e verdadeiro (fé pública).
iii. Executoriedade / Auto-executoriedade: A administração pública não precisa
de autorização judicial para exercer a sua função.

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iv. Exigibilidade: No exercício da função administrativa, o Estado pode exigir de


terceiros o cumprimento e a observância das obrigações que impôs.
Ex.: Aplicação de multa (natureza exigível, e não auto-executória, na
teoria).
v. Legalidade: O ato administrativo deve atender à lei.
vi. Tipicidade: Os atos devem corresponder a tipos também previstos na lei.
- Em regra, todos os atos possuem atributos. Normalmente, a auto-executoriedade é o atributo
que nem sempre está presente.
- Os atos privados não possuem esses atributos, por serem públicos.

Observação:
→ Não são todos os atos devem ser extintos quando ocorrer
algumas das hipóteses de extinção dos atos administrativos.
Na maioria das vezes, é melhor convalidar o ato. O ato nulo
pode ser convalidado. A convalidação (saneamento ou
aperfeiçoamento) é uma forma de “corrigir” ou “regularizar”
um ato administrativo, feito somente pela própria

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31 José Aras

administração pública (análise de mérito), gerando efeitos


retroativos (“ex tunc”).
→ Para convalidação de um ato viciado é necessário o
cumprimento de três condições:
i) não violar o interesse público/coletivo;
ii) não prejudicar os terceiros de boa-fé; e
iii) o vício deve ser sanável.
*Só são sanáveis os vícios de incompetência
relativa, incapacidade e forma.

OS ATOS ADMINISTRATIVOS DEVEM SER LEGAIS E LEGÍTIMOS:

Legalidade - Para atender a legalidade, o ato deve estar de acordo com a lei (direito
positivado, regulado, etc).
Legitimidade - Para atender a legitimidade, o ato deve estar de acordo com os princípios
do direito (valores).

O CONTROLE LEGISLATIVO:
 Trata-se de controle de natureza externa, realizado pelo poder legislativo face os atos da
administração pública.

Divide-se em duas vertentes, quais sejam:

Político Financeiro
- Artigos 49 ao 58, da - Artigos 70 e 75, da CRFB/88.
CRFB/88. - Artigo 31, § 4º, da CRFB/88, proibiu a criação de novos Tribunais de
- Incide sobre os atos de Contas de caráter municipal.
governo. - A incidência do controle considera a origem do recurso, e não a
- Exceção ao artigo 58, § 3º, da natureza territorial.
CRFB/88, que prevê as - Controle de competência das casas legislativas, com auxílio dos
Comissões Parlamentares de tribunais de contas.
Inquérito (CPI).

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- De competência das casas *Competência da casa legislativa, efetivado pelos tribunais de


legislativas (CPI), envolvendo contas.
atos de governo. - Os Tribunais de Contas são órgãos autônomos, inclusive, com
autonomia gerencial, financeira e administrativa.
- Os Tribunais de Contas são órgãos auxiliares.
- Para efetivar o controle, os entes possuem auxilio dos tribunais de
contas:
o TCU fiscaliza as verbas federais (art. 70 ao 75, CF/88).
o TCE trata das verbas de aplicação estadual > Assembleia
Legislativa.
o TCM trata das verbas de aplicação municipais (apenas 5
em todo Brasil) > a CRFB/88 proíbe a criação de novos
tribunais de contas municipais.
- O Tribunal de Contas possui algumas competências, como (art. 71,
CF/88):
i. apreciar as contas anuais do chefe do poder executivo;
*apenas apreciação, mediante parecer técnico não
vinculante, que pode ser alterado pela casa legislativa
por votação de 2/3 dos membros, submetendo-se a um
controle político.
ii. julgar as demais contas públicas;
*todas as demais contas, o Tribunal de Contas julga,
mediante decisão de natureza administrativa.
iii. sustar os atos ilegais praticados pela administração pública.
*A sustação do contrato é de competência do poder
legislativo e do poder executivo. Porém, passados 90
dias sem qualquer medida, o Tribunal de Contas poderá
sustar todo o contrato.

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QUESTÕES PARA TREINO:

1) O Estado X está ampliando a sua rede de esgotamento sanitário. Para tanto, celebrou contrato de
obra com a empresa “Enge-X-Sane”, no valor de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais). A fim
de permitir a conclusão das obras, com a extensão da rede de esgotamento a quatro comunidades
carentes, o Estado celebrou termo aditivo com a referida empresa, no valor de R$ 10.000.000,00 (dez
milhões de reais), custeados com recursos transferidos pela União, mediante convênio, elevando, assim,
o valor total do contrato para R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais). Considerando que foram
formuladas denúncias de sobrepreço ao Tribunal de Contas da União, assinale a afirmativa correta.
A) O Tribunal de Contas da União não tem competência para apurar eventual irregularidade,
uma vez que se trata de obra pública estadual, devendo o interessado formular denúncia ao
Tribunal de Contas do Estado.
B) O Tribunal de Contas da União não tem competência para apurar eventual irregularidade, mas
pode, de ofício, remeter os elementos da denúncia para o Tribunal de Contas do Estado.
C) O Tribunal de Contas da União é competente para fiscalizar a obra e pode determinar, diante
de irregularidades, a imediata sustação da execução do contrato impugnado.
D) O Tribunal de Contas da União é competente para fiscalizar a obra e pode indicar prazo para
que o órgão ou a entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se
verificada ilegalidade.

2) O Estado X, após regular processo licitatório, celebrou contrato de concessão de serviço público de
transporte intermunicipal de passageiros, por ônibus regular, com a sociedade empresária “F”,
vencedora do certame, com prazo de 10 (dez) anos. Entretanto, apenas 5 (cinco) anos depois da
assinatura do contrato, o Estado publicou edital de licitação para a concessão de serviço de transporte
de passageiros, por ônibus do tipo executivo, para o mesmo trecho. Diante do exposto, assinale a
afirmativa correta.
A) A sociedade empresária “F” pode impedir a realização da nova licitação, uma vez que a lei
atribui caráter de exclusividade à outorga da concessão de serviços públicos.
B) A outorga de concessão ou permissão não terá caráter de exclusividade, salvo no caso de
inviabilidade técnica ou econômica devidamente justificada.
C) A lei atribui caráter de exclusividade à concessão de serviços públicos, mas violação ao
comando legal somente confere à sociedade empresária “F” direito à indenização por perdas e
danos.

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D) A lei veda a atribuição do caráter de exclusividade à outorga


de concessão, o que afasta qualquer pretensão por parte da concessionária, salvo o direito à
rescisão unilateral do contrato pela concessionária, mediante notificação extrajudicial.

3) A União celebrou convênio com o Município Alfa para a implantação de um sistema de esgotamento
sanitário. O Governo Federal repassou recursos ao ente local, ficando o município encarregado da
licitação e da contratação da sociedade empresária responsável pelas obras. Após um certame
conturbado, cercado de denúncias de favorecimento e conduzido sob a estreita supervisão do prefeito,
sagrou-se vencedora a sociedade empresária Vale Tudo Ltda. Em escutas telefônicas, devidamente
autorizadas pelo Poder Judiciário, comprovou-se o direcionamento da licitação para favorecer a
sociedade empresária Vale Tudo Ltda., que tem, como sócios, os filhos do prefeito do Município Alfa.
Tendo sido feita perícia no orçamento, identificou-se superfaturamento no preço contratado. Com base
na situação narrada, assinale a afirmativa correta.
A) Não compete ao Tribunal de Contas da União fiscalizar o emprego dos recursos em questão,
pois, a partir do momento em que ocorre a transferência de titularidade dos valores, encerra-se
a jurisdição da Corte de Contas Federal.
B) O direcionamento da licitação constitui hipótese de frustração da licitude do certame,
configurando ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
Administração Pública e, por isso, sujeita os agentes públicos somente à perda da função pública
e ao pagamento de multa civil.
C) Apenas os agentes públicos estão sujeitos às ações de improbidade, de forma que terceiros,
como é o caso da sociedade empresária Vale Tudo Ltda., não podem ser réus da ação judicial e,
por consequência, imunes à eventual condenação ao ressarcimento do erário causado pelo
superfaturamento.
D) Por se tratar de ato de improbidade administrativa que causou prejuízo ao erário, os agentes
públicos envolvidos e a sociedade empresária Vale Tudo Ltda. estão sujeitos ao integral
ressarcimento do dano, sem prejuízo de outras medidas, como a proibição de contratar com o
Poder Público ou receber incentivos fiscais por um prazo determinado.

4) A pretexto de regulamentar a Lei nº 8.987/1995, que dispõe sobre a concessão e a permissão de


serviços públicos, o Presidente da República editou o Decreto XYZ, que estabelece diversas hipóteses
de gratuidade para os serviços de transporte de passageiros. A respeito da possibilidade de controle do
Decreto XYZ, expedido pelo chefe do Poder Executivo, assinale a afirmativa correta.

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A) Como ato de natureza essencialmente política, o Decreto XYZ não está sujeito a qualquer
forma de controle.
B) Como ato discricionário, o Decreto XYZ não está sujeito a qualquer forma de controle.
C) Como ato normativo infralegal, o Decreto XYZ está sujeito apenas ao controle pelo Poder
Judiciário.
D) Como ato normativo infralegal, o Decreto XYZ sujeita-se ao controle judicial e ao controle
legislativo.

5) A pretexto de regulamentar a Lei nº 8.987/1995, que dispõe sobre a concessão e a permissão de


serviços públicos, o Presidente da República editou o Decreto XYZ, que estabelece diversas hipóteses
de gratuidade para os serviços de transporte de passageiros.
A respeito da possibilidade de controle do Decreto XYZ, expedido pelo chefe do Poder Executivo,
assinale a afirmativa correta.
A) Como ato de natureza essencialmente política, o Decreto XYZ não está sujeito a qualquer
forma de controle.
B) Como ato discricionário, o Decreto XYZ não está sujeito a qualquer forma de controle.
C) Como ato normativo infralegal, o Decreto XYZ está sujeito apenas ao controle pelo Poder
Judiciário.
D) Como ato normativo infralegal, o Decreto XYZ sujeita-se ao controle judicial e ao controle
legislativo.

GABARITO:
1) D 2) B 3) D 4) D 5) D

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PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO

OS ATOS ADMINISTRATIVOS DEVEM SER LEGAIS E LEGÍTIMOS:

Legalidade - Para atender a legalidade, o ato deve estar de acordo com a lei
(direito positivado, regulado, etc).
Legitimidade - Para atender a legitimidade, o ato deve estar de acordo com os
princípios do direito (valores).

O ato administrativo deve atender às leis e aos princípios.

Os princípios podem ser:


a) Implícitos: Extraídos da leitura de outros artigos do texto constitucional e
podem estar contidos em leis infraconstitucionais.
b) Expressos: Em síntese, esses princípios estão no art. 37, da CRFB/88
(legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência).

1. PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS:
a) Supremacia do Interesse Público sobre o Interesse Privado: O direito deixa de ser apenas
um instrumento de garantia dos direitos dos indivíduos e passa a objetivar a consecução da
justiça social e do bem comum. Não está expresso no art. 37, caput, da CF, mas é um princípio da
Administração Pública de extrema importância.

b) Indisponibilidade do Interesse Público: A Administração deve realizar suas condutas


sempre velando pelos interesses da sociedade, mas nunca dispondo deles, uma vez que o
administrador não goza de livre disposição dos bens que administra, pois o titular desses bens é
o povo.

2. PRINCÍPIOS EXPRESSOS:
2.1. Artigo 37, da CRFB/88: São os princípios constitucionais da administração pública:

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a) Legalidade (restrita): A administração pública só pode fazer o que é permitido ou


ordenado em lei. Trata-se da valorização da lei acima dos interesses a parte.
b) Impessoalidade: Busca traduzir a noção de que a administração pública deve tratar
todos os cidadãos e cidadãs sem discriminações (todos são iguais). Divergências ou
convergências políticas/ideológicas, simpatias ou desavenças pessoais não podem
interferir na atuação e tratamento por parte dos servidores públicos.
c) Moralidade: Obriga os agentes públicos a atuarem em conformidade com os princípios
éticos. Todo comportamento que vise confundir e/ou prejudicar o exercício dos direitos
por parte da sociedade será penalizado pelo descumprimento do princípio em questão.
d) Publicidade: Garante a transparência na administração pública. O Estado
Democrático de Direito não permite o ocultamento de informações por parte do poder
público. É dever de todos os órgãos e instituições públicas disponibilizarem dados e
informações a fim de honrar a prestação de contas para a sociedade. O sigilo é exceção
para casos de segurança nacional ou outros motivos previstos em lei.
e) Eficiência: Resume-se no conceito da boa administração. Sem ferir o princípio da
legalidade, é dever do servidor público atuar a fim de oferecer o melhor serviço possível,
preservando os recursos públicos. Ou seja, a administração pública deve sempre priorizar
a execução de serviços com ótima qualidade, respeitando os princípios administrativos e
fazendo uso correto do orçamento público, evitando desperdícios.

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2.2. Artigo 2º, da Lei 9.784/99: Princípios aplicados à administração pública.


a) Razoabilidade: Estabelece uma adequação entre os meios e os fins. Trata-se de impor
limites à discricionariedade administrativa, ampliando o âmbito de apreciação do ato
administrativo pelo Poder Judiciário. Estabelece que os atos da administração pública, no
exercício de atos discricionários, devem atuar de forma racional, sensata e coerente.
b) Proporcionalidade: Conotação de uso de energia (força). Serve para nortear a
administração pública na medida em que esta só poderá ter sua competência validamente
exercida se tiver extensão e intensidade proporcionais para o cumprimento da finalidade
do interesse público a que estiverem atreladas.
c) Motivação: A administração pública tem a obrigação de justificar de fato e de direito o
motivo de seus atos. A motivação a que se refere tal princípio tem que ser demonstrada
previamente ou contemporaneamente a expedição do ato a ser praticado pela
administração pública. Nem sempre é preciso motivar, mas quando ocorrer, fica
vinculada a essa motivação.
* Motivação não se confunde com fundamentação, que é a simples indicação da
especifica norma legal que supedaneou a decisão adotada. Motivação é uma
exigência do Estado de Direito, ao qual é inerente, entre outros direitos dos
administrados, o direito a uma decisão fundada, motivada, com explicação dos
motivos.
d) Segurança Jurídica: Serve para impedir a desconstituição injustificada de atos ou
situações jurídicas, mesmo ocorrendo algum tipo de inconformidade com o texto legal
durante sua constituição.
* Este princípio tem muita relação com a boa-fé, pois se a administração adota uma
determinada interpretação como correta e a aplica em casos concretos não pode
depois vir a anular atos anteriores, sob o pretexto de que os mesmos foram
interpretados de forma incorreta (veda-se interpretação retroativa). Isso não
significa que a interpretação da lei não possa mudar, o que não é possível é fazer a
nova interpretação retroagir de modo a atingir casos já decididos com base em
interpretações anteriores, tidas como validas no momento em que foram adotadas.

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2.3. Outros Princípios Constitucionais (art. 5º, LIV e LV, CRFB/88):


a) Ampla Defesa: Baseado neste princípio o acusado ou qualquer pessoa que se faça uma
acusação a respeito tem o direito de se defender previamente antes de qualquer decisão
que venha a prejudicá-lo. Este princípio é aplicável a qualquer tipo processo que envolva
situações de conflito ou de sanção do Estado contra as pessoas físicas ou jurídicas.
b) Contraditório: O princípio do contraditório serve para que a parte contrária possa
rebater os fatos alegados em seu desfavor.
c) Devido Processo Legal: Garante que o indivíduo só será privado de sua liberdade ou
terá seus direitos restringidos mediante um processo legal, exercido pelo Poder
Judiciário, por meio de um juiz natural, assegurados o contraditório e a ampla defesa.
d) Razoável Duração do Processo: A todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação. Visa garantir que os processos, seja na seara judicial ou administrativa,
tramitem em prazo razoável e que sejam assegurados os meios para a efetivação do
rápido andamento dos feitos.
e) Independência e Harmonia entre os Poderes: Os três Poderes são "independentes
e harmônicos". Independência é a ausência de subordinação e hierarquia entre os
Poderes. Harmonia, por sua vez, significa colaboração e cooperação, objetivando que os
Poderes expressem uniformemente a vontade da União.
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40 José Aras

QUESTÕES

1) O Estado X publicou edital de concurso público de provas e títulos para o cargo de analista
administrativo. O edital prevê a realização de uma primeira fase, com questões objetivas, e de uma
segunda fase com questões discursivas, e que os 100 (cem) candidatos mais bem classificados na
primeira fase avançariam para a realização da segunda fase. No entanto, após a divulgação dos
resultados da primeira fase, é publicado um edital complementar estabelecendo que os 200 (duzentos)
candidatos mais bem classificados avançariam à segunda fase e prevendo uma nova forma de
composição da pontuação global.
Nesse caso,
A) a alteração não é válida, por ofensa ao princípio da impessoalidade, advindo da adoção de
novos critérios de pontuação e da ampliação do número de candidatos na segunda fase.
B) a alteração é válida, pois a aprovação de mais candidatos na primeira fase não gera prejuízo
aos candidatos e ainda permite que mais interessados realizem a prova de segunda fase.
C) a alteração não é válida, porque o edital de um concurso público não pode conter cláusulas
ambíguas.

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D) a alteração é válida, pois foi observada a exigência de provimento dos cargos mediante
concurso público de provas e títulos.

2) O Secretário Estadual de Segurança Pública do Estado Alfa, no regular exercício de suas funções
legais, removeu João, servidor ocupante do cargo efetivo de Técnico de Nível Superior, do departamento
A para o B, em ato publicado no diário oficial do dia 10/01/22, com efeitos a contar do dia 1º/02/22.
Ocorre que, diante da aposentadoria voluntária de três servidores lotados no departamento A na
segunda quinzena de janeiro, o Secretário considerou que não era mais oportuna e conveniente a
remoção de João para o departamento B, razão pela qual, no dia 30/01/22, praticou novo ato
administrativo, revogando seu anterior ato de remoção e mantendo João lotado no departamento A.
O ato de revogação praticado pelo Secretário está baseado diretamente no princípio da administração
pública da
A) impessoalidade, pois levou em conta os atributos pessoais de João para mantê-lo no
departamento A.
B) autotutela, pois pode revogar seu anterior ato, de forma discricionária, para atender ao
interesse público.
C) publicidade, pois antes de surtirem os efeitos do ato de remoção publicado no diário oficial, o
Secretário declarou sua invalidade, por vício sanável.
D) eficiência, pois a Administração Pública deve procurar praticar os atos mais produtivos,
prestigiando os órgãos com maior demanda e a revogação praticada constitui um ato vinculado.

GABARITO:
1) A 2) B

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PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL – LEI 9.784/99

Precursora do que seria o Código de Direito Administrativo.

1. IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO DE AUTORIDADES EM PROCESSOS ADMINISTRATIVOS (ART. 18


AO 21, DA LEI 9.784/99):
▪ Também se aplica em processos judiciais.
▪ Quando uma autoridade está enquadrada em situação de impedimento ou suspeição, ela não
pode ou não deve participar daquele processo, visando não contaminar a natureza impessoal.
▪ O impedimento tem caráter absoluto e impede/proíbe, objetivamente, a autoridade de atuar
naquele processo.
o Caracteriza-se por parentesco, litigio ou interesse direto ou indireto na matéria.
o O art. 18, da Lei 9.784/99, trata de alguns vícios de impedimento.
o De acordo com o art. 19, da Lei 9.784/99, a autoridade ou servidor que incorrer em
impedimento deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar.
o A atuação do servidor impedido configura falta grave para fins disciplinares.
▪ A suspeição, por sua vez, envolve amizade íntima ou inimizada notória.
▪ Tanto o impedimento quanto a suspeição configuram vício de capacidade, e não de
competência.

2. SÚMULA VINCULANTE (ART. 56, § 3º, 64-A E 64-B, DA LEI 9.784/99):


▪ Súmula é um tipo de “resumo” de julgamento, referente a certa posição de um tribunal.
▪ A súmula vinculante vincula ao seu conteúdo, obrigatoriamente, todos os juízes e Tribunais
(poder judiciário), assim como a Administração Pública.
▪ O principal efeito da súmula vinculante é obrigar a própria administração pública a seguir os
julgados, com o objetivo de reduzir a quantidade de processos envolvendo o Estado.
o Tanto vincula que, na análise processual, a autoridade julgadora deve enfrentar
diretamente a aplicabilidade da súmula.
▪ Quando a autoridade descumpre súmula vinculante, cabe Reclamação Constitucional,
endereçada ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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43 José Aras

▪ O descumprimento da ordem de cumprimento de súmula vinculante do Supremo Tribunal


Federal gera responsabilidade pessoal do agente público nas esferas administrativa, civil e
penal.

3. DESISTÊNCIA E EXTINÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO (ARTIGOS 51 E 52, DA LEI


9.784/99):
▪ A desistência ou renúncia do interessado não impede o prosseguimento do processo, se assim
entender a administração pública.

4. COMPETÊNCIA (ARTIGOS 11 AO 15, DA LEI 9.784/99):


▪ A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída
como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
o Cada cargo possui sua competência.
▪ Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte
da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam
hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole
técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
o Delegação não requer hierarquia, mas avocação, sim.
▪ Não podem ser objeto de delegação:
i. a edição de atos de caráter normativo;
ii. a decisão de recursos administrativos;
iii. as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
▪ O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.
o A publicação confere o conhecimento da matéria para terceiros.
o O ato de delegação especificará as matérias, poderes transferidos, limites e objetivos.
o A ressalva é cabível na delegação.
o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.
o Havendo delegação de competência, responderá o delegado/delegatório, e não o
delegante.
▪ Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a
avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
o A avocação requer hierarquia.

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44 José Aras

5. POSSIBILIDADE DA REFORMA EM PREJUÍZO DO RECORRENTE – REFORMATIO IN PEJUS (ART.


64, PARÁGRAFO ÚNICO, ART. 65, DA LEI 9.784/99):
▪ Na decisão de recurso administrativo é possível a reforma em prejuízo do recorrente, de forma
motivada.
▪ O interessado deve ser previamente notificado.
▪ Não obstante, a “reformatio in pejus” não é possível quando se decide o chamado recurso de
revisão.
o O recurso de revisão é proposto somente quando há fato novo ou circunstância relevante
suscetível de justificar a inadequação da sanção aplicada.
o Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção.
▪ O recurso de revisão pode ser utilizado a qualquer tempo, desde que exista fato novo.

6. DEVER DE DECISÃO (ARTIGOS 48 E 49, LEI 9.784/99):


▪ A administração pública tem o dever de decidir. Ou seja, não pode permanecer em silencio
frente aos requerimentos que lhe são formulados.
o Conduta diversa desta configura o silêncio administrativo.
o O silêncio administrativo é a não resposta.
▪ O silêncio administrativo causa extrema insegurança jurídica.
▪ Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta
dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.
o Todo ato administrativo precisa ser motivado, elemento que compõe a validade do ato.

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PODERES ADMINISTRATIVOS

“Os Poderes Administrativos são o conjunto de prerrogativas de direito


público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim
de permitir que o Estado alcance seus fins”.
José dos Santos

A Administração Pública goza de quatro poderes, quais sejam:


I. Poder Disciplinar
II. Poder de Policia
III. Poder Normativo ou Regulamentar
IV. Poder Hierárquico

PODERES ADMINISTRATIVOS PODERES POLÍTICOS


- Os poderes Administrativos são aqueles da - Quando pensamos na Política de um Estado, em
administração pública para consecução de seus sua estrutura e organização, existem três
interesses, visando o bem comum da poderes políticos que norteiam suas ações, são
coletividade e, dentre eles, estão os poderes eles:
vinculados, discricionários, hierárquico, Poder Executivo.
disciplinar, regulamentar e o poder de Poder Legislativo.
polícia. Poder Judiciário.

* Quem possui poderes, também possui deveres. *

▪ Poderes da Doutrina Clássica > Vinculado, Discricionário, Hierárquico, Disciplinar, Normativo


e de Polícia.
o Alguns críticos defendem que “Vinculado” e “Discricionário” são formas de atuação, e
não poderes.
▪ Poderes da Doutrina Moderna > Hierárquico, Disciplinar, Normativo e Polícia. **

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1) PODER HIERARQUICO:
▪ Poder de distribuir competências no âmbito interno da administração.
▪ Não existe hierarquia entre pessoas jurídicas distintas.
▪ Através dele, a administração pública cria um vínculo de coordenação e subordinação no
âmbito administrativo interno.
▪ Consiste nas atribuições de comando, chefia e direção dentro da estrutura administrativa,
portanto, é um poder interno e permanente exercido pelos chefes de repartição sobre seus
agentes subordinados e pela administração central no atinente aos órgãos públicos.
▪ O poder hierárquico cria quatro consequências jurídicas, quais sejam:
i. dever de obediência às ordens superiores, exceto quando a ordem for manifestamente
ilegal;
ii. possibilidade de aplicação de penalidades pela administração pública;
iii. possibilidade de solução de conflitos de competência;
iv. possibilidade de delegação e avocação de competência.
▪ Na delegação, uma autoridade transfere a sua competência para outra, inclusive, do mesmo
plano hierárquico.
▪ A avocação, por sua vez, pressupõe hierarquia e ocorre quando uma autoridade superior chama
para si (toma) a competência de uma autoridade inferior.
o Em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, é permitida a
avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior (art.
15, da Lei 9.784/99).
▪ A delegação é proibida em quatro hipóteses, quais sejam:
i. competência exclusiva;
ii. decisão de recurso administrativo;
iii. atos normativos;
iv. delegação total.
▪ A delegação não transfere a competência, somente empresta.
▪ Existe a possibilidade de delegar algumas atribuições (delegação com ressalva).
o A administração delega, mas também poderá exercer a atribuição.
▪ A delegação e revogação devem ser publicadas em meio oficial (art. 14, Lei 9.784/99).
▪ Havendo delegação de competência, o delegado/delegatário responderá, e não o delegante.
▪ A extinção da delegação ocorre através da revogação.

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2) PODER DISCIPLINAR:
▪ Poder de apurar infrações e aplicar punições a todos aqueles que possuem vínculo com a
administração pública.
o Os servidores possuem vínculo, mas, alguns terceiros também possuem > prisioneiros
em cumprimento de pena, alunos universitários, etc.
▪ Poder disciplinar pressupõe um vínculo.

3) PODER NORMATIVO OU REGULAMENTAR:


▪ Também conhecido como Poder Regulamentar.
▪ O Estado normatiza, ou seja, cria regras para aplicar a lei.
▪ Poder que a Administração possui de editar atos complementares, buscando a fiel execução
da lei.
o Poder de dar fiel execução à lei.

4) PODER DE POLÍCIA:
▪ O Poder de Polícia não pressupõe vínculo > é geral, cabível para todos.
▪ Poder de limitar ou condicionar direito individual, buscando favorecer o coletivo.
▪ O poder de polícia administrativa irá incidir sobre bens, direitos e atividades, tem caráter
predominantemente preventivo, podendo ser repressivo e fiscalizador, tem por objetivo
prevenir ou reprimir ilícitos administrativos.
▪ Em regra, o poder de polícia é indelegável, mas, caso a pessoa jurídica privada seja da
administração, o poder de policia pode ser delegado, desde que não exista concorrência.
Delegável para pessoas de direito público.
▪ Possui atributos característicos do seu exercício, quais sejam:
i. Discricionariedade > Em regra é discricionário, mas é cabível de forma vinculada em
situações especiais.
ii. Autoexecutoriedade > Afasta o controle jurisdicional prévio, mas não afasta o
posterior.
iii. Coercibilidade > Imposição coercitiva das medidas adotadas pela Administração, que
diante de eventuais resistências dos administrados, pode se valer, inclusive, da força
pública para garantir o seu cumprimento. Todo ato de polícia administrativa é
imperativo, de observância obrigatória.

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48 José Aras

Atenção!
Polícia Administrativa Polícia Judiciária
- Direito administrativo. - Direito penal ou processual penal.
- Atuação com bens, direitos e - Atuação com pessoas.
atividades. - Apuração de crimes.
- Apuração de infrações. - Em regra, é repressiva.
- Em regra, é preventiva.

QUESTÕES

1) Sobre o Poder de Polícia exercido pela Administração Pública, assinale a afirmativa incorreta.
A) Limita o uso, gozo e disposição da propriedade e restringe o exercício da liberdade dos
indivíduos em benefício do interesse público.
B) Restringe direitos individuais, interferindo na órbita do interesse privado, para salvaguardar
o interesse público.
C) Admite até o emprego da força pública para o seu normal cumprimento, quando houver
resistência por parte do administrado.
D) Impede ou paralisa atividades antissociais.
E) Atua para a punição de agentes públicos que se recusarem a executar as tarefas em
conformidade com as determinações superiores, desde que manifestamente legais.

2) O poder que permite que a Administração Pública apure infrações e aplique penalidades aos
servidores públicos e às demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa é denominado poder
A) normativo.
B) regulamentar.
C) disciplinar.
D) de polícia.
E) cautelar.

GABARITO:
1) E 2) C
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ABUSO DE AUTORIDADE

Tema regido pela Lei nº 13.869/2019.

 O art. 1º, da Lei 13.869/19, dispõe como objetivo dessa lei, a incriminação de condutas
constitutivas de abuso de autoridade por parte de agente público.
o Agentes públicos são todas as pessoas físicas que, de forma definitiva ou transitória,
remuneradas ou não, servem ao Poder Público como instrumentos de sua vontade.
o Em um exemplo, mesmo um Conselheiro Tutelar em uma cidade em que a função não seja
sequer remunerada e, como se sabe, é temporária, poderá praticar crimes de abuso de
autoridade. Também o poderá, por exemplo, um estagiário do Ministério Público, do
Judiciário ou de uma unidade policial. Note-se que não seria um “funcionário público”,
mas seria um “agente público”.

 Os crimes de abuso de autoridade são espécies de crimes funcionais, próprios e impróprios.


o Distinguem-se na doutrina os crimes funcionais próprios dos impróprios:
I) Próprios: Função pública como elemento essencial, pois, sem ela, a conduta
seria penalmente irrelevante. São os casos de crimes de concussão, excesso de
exação, prevaricação, corrupção passiva etc.
II) Impróprios: Destacam-se apenas por ser o sujeito ativo funcionário público,
pois, se o agente não estivesse revestido dessa qualidade, o crime seria outro.
O peculato nada mais é do que uma apropriação indébita praticada em
decorrência da função pública.

Observação: Mesmo sendo funcionário público ou a ele


assemelhado, tal circunstância, por si só, não será bastante para se
reconhecer a figura da autoridade. Para tanto será necessário que o
agente detenha uma parcela do poder de correção. Ou seja,
somente poderá ser considerada autoridade, o agente que no
exercício de um cargo, emprego ou função pública, ainda que
transitoriamente, tiver capacidade de determinar, de subordinar ou
de se fazer obedecer.

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50 José Aras

 O abuso de autoridade ou de poder ocorrerá quando a autoridade, embora competente para


praticar o ato, ultrapassar os limites de suas atribuições ou se desviar das finalidades
administrativas.

 Assim sendo, são previstas as duas modalidades de abuso de poder ou de autoridade, quais
sejam, o excesso de poder ou o desvio de finalidade.
o A administração pública exerce sua função de prestar os serviços públicos em nome dos
interesses da coletividade. E, para atingir a finalidade pública a que se destina, o poder
público recebe do ordenamento jurídico uma série de prerrogativas, denominadas
poderes administrativos, que representam os meios, pelos quais, o estado impõe a
supremacia dos interesses públicos sobre o privado.
o Os agentes públicos só podem fazer o que a lei expressamente determina. Violar os sete
princípios da administração pública, ou extrapolar os limites estipulados em lei dará
causa ao abuso de poder.

Excesso de Poder X Desvio de Poder/Finalidade


- O excesso de poder se caracteriza quando X - O desvio de poder ou desvio de finalidade,
o agente atua sem competência, seja por surge quando o ato é praticado por outros
sua total ausência, seja por extrapolar os motivos, que não os interesses públicos, ou,
limites da competência que lhe foi com fins diversos dos permitidos na legislação
legalmente atribuída, ou agindo além da (“contra legem”), ainda que buscando seguir a
legalidade, e invalidando o ato. letra da lei.
- O ato praticado com excesso de poder, é - O vício nulificador do ato administrativo por
ilegal em razão de vício no elemento desvio de poder ou desvio de finalidade, encontra
competência. previsão expressa na lei de ação popular,
- O ato com vício de incompetência pode ser especificamente, no art. 2º, parágrafo único, “e”, da
corrigido através da sanatória ou Lei nº 4.717/65.
convalidação na forma da ratificação. - O exemplo clássico de desvio de poder é a
- Sanado o vício, o ato administrativo desapropriação, que, pode ser feita com a
torna-se válido no mundo jurídico desde a justificativa do interesse público, mas que, na
sua edição, podendo produzir todos os verdade, tenha sido imposta para prejudicar um
efeitos imediatos. inimigo ou mesmo para beneficiar a própria
autoridade expropriante.
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51 José Aras

Observação: Alguns juristas falam, ainda, numa terceira modalidade de


abuso de poder, que seria a omissão de poder, caracterizada através da
omissão administrativa, que é quando a administração tem o dever de agir
e assim não o faz.
o Em função da indisponibilidade do interesse público, a atuação do
administrador é de exercício obrigatório, intransferível e
irrenunciável.
o O que caracteriza a omissão é a inércia das entidades
governamentais, frente ao dever-poder de agir.
o Em virtude do poder-dever, a omissão específica é a que caracteriza
o abuso de poder, e gera a responsabilização do estado e
consequentemente a imputação do agente omisso.

 O que dá vida a todos os tipos penais previstos nessa legislação é o elemento subjetivo
específico previsto no § 1º. do artigo 1º, dispondo que, os crimes de abuso de autoridade, a
exemplo do que já ocorria na revogada Lei 4.898/65, são informados pelo dolo, não existindo
modalidade culposa.
o Como se sabe, o dolo pode ser genérico ou específico.
o Sem a presença do dolo específico de agir, não é possível a caracterização do crime de
abuso de autoridade.
o A ocasional negligência na atuação funcional poderá caracterizar ato ilícito civil e/ou
administrativo, punido na seara extrapenal.

 Todas as condutas previstas como abuso de autoridade pela Lei 13.869/19 devem ser cometidas
pelo agente público com o especial fim de:
a) Prejudicar outrem;
b) Beneficiar a si mesmo ou a terceiro;
c) Por mero capricho ou satisfação pessoal.

Se não ficar comprovada alguma dessas finalidades


específicas, não haverá crime.

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52 José Aras

 O legislador tomou as cautelas para evitar a possibilidade de punição de qualquer agente público
pelo chamado “crime de hermenêutica”, operado nos termos do § 2º, do art. 1º, da Lei
13.869/19.
o A divergência na interpretação da lei ou na avaliação de fatos e provas não configura
abuso de autoridade, pois, interpretar não pode ser caracterizado como crime de
hermenêutica.

 A condenação pelo crime de abuso de autoridade possui três efeitos, quais sejam:
I) tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz,
a requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos
danos causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos;
II) a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período
de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
III) a perda do cargo, do mandato ou da função pública.

Observação: O parágrafo único do art. 4º, dispõe que, os


efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são
condicionados à ocorrência de reincidência em crime de
abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser
declarados motivadamente na sentença.

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53 José Aras

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

BASE LEGAL
Art. 37, caput, da CRFB/88, que trata do princípio da moralidade.
o A improbidade administrativa é uma violação frontal ao
princípio da moralidade.
Art. 37, § 4º, da CRFB/88, que tipifica a noção de improbidade.
Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa - LIA), que foi
alterada pela Lei 14.230/21.

1. SUJEITOS DA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:


1.1. ATIVO: Qualquer agente público (amplo) e os terceiros que participam do ato de
improbidade.
 Os terceiros, isoladamente, não praticam atos de improbidade, apenas se estiverem em
conjunto com um agente público.
 Os sujeitos ativos do ato de improbidade serão réus em eventual ação por improbidade.
 Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da república
não responde pela Lei de Improbidade Administrativa.

1.2. PASSIVO: A administração pública direta e indireta.


 Os sujeitos passivos do ato de improbidade não têm mais legitimidade para mover a ação.
 A ação por improbidade apenas pode ser movida pelo Ministério Público.

2. TIPOS DE ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (ARTIGOS 9, 10 E 11, DA LIA):


▪ O ato de improbidade administrativa apenas admite forma dolosa.

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54 José Aras

ATENTAM CONTRA OS
DO ENRIQUECIMENTO DA LESÃO/PREJUÍZO AO ERÁRIO PRINCÍPIOS DA
ILÍCITO (ART. 9, LIA) (ART. 10, LIA) ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(ART. 11, DA LIA)
- Constitui ato de improbidade - Constitui ato de improbidade - Constitui ato de improbidade
administrativa importando em administrativa que causa lesão ao administrativa que atenta
enriquecimento ilícito auferir, erário qualquer ação ou omissão contra os princípios da
mediante a prática de ato doloso, dolosa, que enseje, efetiva e administração pública a ação
qualquer tipo de vantagem comprovadamente, perda ou omissão dolosa que viole os
patrimonial indevida em razão patrimonial, desvio, apropriação, deveres de honestidade, de
do exercício de cargo, de malbaratamento ou dilapidação dos imparcialidade e de legalidade,
mandato, de função, de emprego bens ou haveres das entidades caracterizada por uma das
ou de atividade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e condutas disciplinadas nos
referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente nos incisos que incisos seguintes.
notadamente nos incisos que seguem. - Incisos taxativos (III a XII).
seguem. - Incisos exemplificativos (I a XXII). - Sanção do art. 12, inciso III,
- Incisos exemplificativos (I a - Sanção do art. 12, inciso II, LIA. LIA.
XII).
- Sanção do art. 12, inciso I, LIA.

3. PENALIDADES QUE DECORREM DA PRÁTICA DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA


(ARTIGO 12, DA LIA):
▪ Independentemente do ressarcimento integral do dano patrimonial, se efetivo, e das sanções
penais comuns e de responsabilidade, civis e administrativas previstas na legislação específica,
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem
ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:
I) na hipótese do art. 9º desta Lei (enriquecimento ilícito), perda dos bens ou
valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda da função pública, suspensão
dos direitos políticos até 14 (catorze) anos, pagamento de multa civil equivalente
ao valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o poder público
ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou

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55 José Aras

indiretamente, ainda que por intermédio de


pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 14
(catorze) anos;
II) na hipótese do art. 10 desta Lei (lesão/prejuízo ao erário), perda dos bens ou
valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância,
perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até 12 (doze) anos,
pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano e proibição de contratar
com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja
sócio majoritário, pelo prazo não superior a 12 (doze) anos;
III) na hipótese do art. 11 desta Lei (atentado aos princípios da administração
pública), pagamento de multa civil de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor da
remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o poder público
ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro) anos;

Observações:
→ Os atos de improbidade que implicam em violação de
princípios não têm como consequência a perda de função
pública e a suspenção de direitos políticos.
→ Ao violar princípio da administração, aplica-se multa (até 24x a
remuneração do agente) e proibição do contratante contratar
com o poder público durante 4 anos.
→ Essas sanções podem ser aplicadas a critério do juiz, de forma
isolada ou cumulativa.
→ A aplicação das sanções envolve dosimetria e os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade.
→ Essas sanções serão aplicadas apenas após o trânsito em julgado.
→ A perda da função pública envolve o mesmo vínculo que o agente
tinha no momento da prática do ato.
→ A decisão do tribunal de contas não afasta a ação por
improbidade.

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56 José Aras

→ As sanções de natureza
patrimonial aplicam-se aos herdeiros e sucessores, no limite da
sucessão.

4. AÇÃO POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:


▪ A ação para a aplicação das sanções de que trata esta Lei será proposta pelo Ministério Público
e seguirá o procedimento comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
Processo Civil), salvo o disposto nesta Lei.

▪ Apenas o Ministério Público poderá ser o autor dessa ação.
▪ Os réus serão os agentes públicos e, se houver, os terceiros.
▪ Essa ação comporta pedido liminar de indisponibilidade dos bens dos réus.
o Essa liminar viabiliza o ressarcimento do Erário.

o De acordo com a lei, o bloqueio de contas é a última medida que o juiz deve adotar
(medida extrema).
▪ Admite-se acordo.

5. DECLARAÇÃO DE BENS E RENDAS:


▪ Ao assumir um cargo, emprego ou função pública, o indivíduo precisa apresentar sua
declaração de bens e renda.
▪ O objetivo da declaração é analisar a evolução patrimonial do indivíduo.

6. PRESCRIÇÃO:
▪ Com a alteração da lei, o prazo de prescrição é de 8 (oito) anos, a contar da prática do ato.
▪ O Ministério Público deve manifestar interesse no prosseguimento das ações de improbidade
em curso até outubro de 2022, à luz das modificações da Lei de Improbidade Administrativa
(LIA), sob pena de extinção da ação sem resolução do mérito.

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57 José Aras

SERVIDORES PÚBLICOS

→ Disciplinado na CRFB/88, entre os artigos 37 ao 41, o artigo 169, e na Lei 8.112/90 (Estatuto do
Servidor Público Federal).

REGIME CONSTITUCIONAL
I. Acesso e Ingresso
Acesso Ingresso
Os cargos, empregos e funções públicas são O ingresso em cargos e empregos públicos
acessíveis aos brasileiros (norma plena) e aos depende, efetivamente, da aprovação em
estrangeiros (norma contida, ou seja, carente de concurso público.
lei específica). → Ingresso somente para aprovados em
→ Acesso a todos! concurso!

 Concurso público (art. 37, I ao V e IX, CF/88)


 Concurso de provas, ou provas e títulos.
 Concurso possui prazo de validade (até 2 anos, sujeito a prorrogação) > conta-se a partir da
homologação do concurso!
 O candidato aprovado em concurso público não possui direito subjetivo a nomeação.
Contudo, possui direito a observância da ordem de classificação. Ou seja, se a administração
publica nomear, tem que seguir a ordem de classificação.
o STF 15. Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito
à nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação.
 Existe reserva de vagas nos concursos, para negros e pardos (Lei 12.990/14), e para
portadores de deficiência (art. 37, VIII, CF/88) – engloba portadores de visão monocular, mas
exclui hipótese de audição unilateral.
o STJ 377. O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso
público, às vagas reservadas aos deficientes.
o STJ 552. O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência
para o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos.
 Concursos Públicos podem exigir aprovação em psicoteste, teste de aptidão física e limite na
faixa etária – não cabe limitação em relação ao gênero, ao estado civil e a raça – mera previsão
de limitação no edital não é suficiente, somente por Lei.
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58 José Aras

o SV 44. Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico


a habilitação de candidato a cargo público.
o Súmula 686/STF. Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de
candidato a cargo público.
o STF 683. O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face
do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das
atribuições do cargo a ser preenchido.
 Em relação a Leis e Jurisprudência:
o TST 363. Contrato nulo. Efeitos. A contratação de servidor público, após a CF/1988,
sem prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e
§ 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em
relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário
mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS.
o SV 43. É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor
investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento,
em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.
o STF 684. É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a
concurso público.

II. Cargos em comissão e Função de confiança


 Cargos em comissão e função de confiança são de livre nomeação e exoneração, porém,
vedado a familiares – nepotismo é legalmente proibido!
 O nepotismo cruzado também é vedado > é aquele em que o agente público nomeia pessoa
ligada a outro agente público, enquanto a segunda autoridade nomeia uma pessoa ligada por
vínculos de parentescos ao primeiro agente, como troca de favores, também entendido como
designações recíprocas.
o SV 13. A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou
por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor
da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada
na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante
designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

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III. Desvio de Função


 O desvio de função acontece quando um servidor público passa a exercer outras atribuições
que não aquelas do cargo no qual foi empossado originalmente.
o STF 566. Enquanto pendente, o pedido de readaptação fundado em desvio funcional
não gera direitos para o servidor, relativamente ao cargo pleiteado.
o STJ 378. Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais
decorrentes.

IV. Sistema Remuneratório (art. 37, X à XV e §9º, CF/88)


 O Teto Constitucional corresponde ao subsidio dos Ministros do STF – ninguém da
administração pública direta ou indireta poderá receber acima.
 Na empresa pública e a sociedade de economia mista, aplica-se o teto constitucional somente
quando recebem ajuda do governo.
o SV 4. Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado
como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado,
nem ser substituído por decisão judicial.
o SV 6. Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário
mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.
o SV 15. O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público não incide
sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo.
o SV 16. Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da Constituição, referem-se
ao total da remuneração percebida pelo servidor público.
o SV 37. Não cabe ao poder judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia - Súmula
339/COAD.
o SV 42. É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores
estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária - Súmula 681/STF.
o SV 55. O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos -
Súmula 680/STF.
o STF 679. A fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto de
convenção coletiva.
o STF 682. Não ofende a Constituição a correção monetária no pagamento com atraso
dos vencimentos de servidores públicos.
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o STJ 736. Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações que tenham como causa de
pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde
dos trabalhadores.

V. Acumulação de cargos, empregos e funções (art. 37, XVI e XVII, CF/88)


 A Constituição Federal veda a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto quando
houver compatibilidade de horários e nas hipóteses expressamente previstas também no
próprio texto constitucional.

VI. Exercício de mandato eletivo (art. 38, CF/88)


 É o afastamento do cargo efetivo permitido ao servidor quando investido em mandato eletivo
federal, estadual, distrital, de prefeito ou de vereador, e que tenha tomado posse no cargo
para o qual foi eleito, conforme disposto no artigo 94 da Lei 8.112/1990.
 O exercício de mandato eletivo é permitido, mas com regras.
 O vereador poderá acumular exercícios/funções e a remuneração.
o Ex.: Se um professor quer exercer mandato de vereador, ele pode acumular,
continuando a ser professor e vereador, se houver compatibilidade de horários –
poderá acumular o exercício e as remunerações.
 O prefeito não pode acumular exercícios, por exemplo, sendo professor e prefeito – precisa
optar por um. Contudo, poderá optar pela melhor remuneração para si.
 Todos os outros agentes de mandatos eletivos não poderão acumular cargos e nem
remuneração.

VII. Direito de associação sindical e greve (art. 37, VI a VII, CF/88)


 Encontra-se assegurado no artigo 37, inciso VII, da Constituição Federal, o direito de greve
do servidor público civil, desde que, conforme reza o referido dispositivo constitucional, seja
exercido dentro dos limites previstos em lei. Entretanto, não existe lei específica
regulamentando o exercício de referida prerrogativa constitucional no âmbito do serviço
público, gerando inúmeras controvérsias sobre a aplicabilidade do direito de greve no âmbito
da Administração Pública.

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VIII. Direitos Sociais (art. 39, §3º, c/c art. 7, da CF/88)


 Direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social.
 Dentre todos os direitos, alguns incisos não são aplicados aos servidores públicos > incisos I,
II, III, V, VI, X, XI, XIV e XXI.
o Aplicam-se os incisos IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX.

IX. Estágio probatório e Estabilidade (art. 41, CF/88)


 São estáveis após 3 anos de efetivo exercício, os servidores nomeados para cargo de provimento
efetivo através de concurso público.
 Avaliação especial de desempenho é condição para aquisição da estabilidade, por meio de
comissão instituída para essa finalidade.
 Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a
estágio probatório por período de 3 anos/36 meses (art. 20 da Lei 8112/90).
o TST 390. Estabilidade. Art. 41 da CF/88.
o STF 20. É necessário processo administrativo com ampla defesa, para demissão de
funcionário admitido por concurso.
o STF 21. Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido sem
inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade.
o STF 22. O estágio probatório não protege o funcionário contra a extinção do cargo.
o STF 18. Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é
admissível a punição administrativa do servidor público.
o STF 19. É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no mesmo processo
em que se fundou a primeira.

X. Perda do cargo público


 Mesmo sendo estável, o servidor público poderá perder seu cargo, nos casos:
o Sentença judicial transitada em julgado;
o Processo administrativo disciplinar;
o Reprovação em avaliação periódica de desempenho;
o Decorrência do limite de gastos com servidores.

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REGIME INFRACONSTITUCIONAL – LEI 8.112/90


A lei divide-se em:
- Conceitos e Direitos do servidor (art. 1 ao 115)
- Regime disciplinar do servidor (art. 116 ao 182)
- Seguridade social do servidor (art. 183 ao 250) > o art. 185 é essencial!

I. Conceitos, Direitos e Deveres do Servidor (art. 1 ao 115)


Título I
 O servidor é o agente efetivamente investido em cargo público.
 Institui o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, Autarquias, Agências
Reguladoras e Fundações Públicas Federais – militar possui regime jurídico próprio!
 Defeso prestação de serviços gratuitos, salvo casos previstos em Lei.
Título II
 Provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição (caps).
Forma de Provimento Lembrete Precisa de
Estabilidade?
Nomeação Entrada no serviço público Não
Promoção Evolução na carreira Não
Readaptação (art. 24) Retorno por conta de limitação (física Não
ou mental)
Reversão (art. 25) Retorno do aposentado A pedido > sim
De ofício > não
Aproveitamento Retorno do disponível Sim
Reintegração (art. 28) Retorno do demitido Sim
Recondução (art. 29) Retorno ao cargo anterior Sim
Remoção (art. 36) Deslocamento do servidor entre entes
Redistribuição (art. 37) Deslocamento de cargo

II. Regime Disciplinar (art. 116 ao 182)


o STJ 591. É permitida a prova emprestada no processo administrativo disciplinar, desde que
devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla
defesa.

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o STJ 592. O excesso de prazo para conclusão do processo administrativo disciplinar só causa
nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa.
o STJ 611. Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é
permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia
anônima, em face do poder-dever de autotutela imposta à Administração.
o STJ. 635. Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei n. 8.112/1990 iniciam-se na
data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma
conhecimento do fato, interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido -
sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar - e voltam a fluir por inteiro, após
decorridos 140 dias desde a interrupção.
o STJ 641. A portaria de instauração do processo administrativo disciplina prescinde da
exposição detalhada dos fatos a serem apurados.

III. Seguridade Social (art. 183 ao 230)


 Ênfase para o art. 185, que trata dos benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor.

SISTEMA PREVIDENCIÁRIO (ART. 40)


o STF 36. Servidor vitalício está sujeito à aposentadoria compulsória, em razão da idade.
o STF 38. Reclassificação posterior à aposentadoria não aproveita ao servidor aposentado.
o STF 726. Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo de serviço
prestado fora da sala de aula - Sem efeito.

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RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO

Conhecida também como


Responsabilidade Civil, Patrimonial ou
Observação: A responsabilidade contratual
Aquiliana.
diz respeito aos contratos administrativos.

A responsabilidade extracontratual do estado é o dever do poder


público ou de quem faz o papel deste de indenizar os prejuízos
causados a terceiros em virtude do comportamento de seus agentes,
este comportamento pode ser de uma ação ou uma omissão e o
dever de indenizar pode surgir tanto de um ato material ou jurídico.

Diferentemente do que ocorre com o direito privado, a administração responde por danos
decorrentes de condutas ilícitas ou lícitas, desde que o dano seja, a um só tempo, certo (efetivo),
anormal (aquele que supera os meros dissabores da vida em sociedade) e especial (atingindo indivíduos
ou grupos de indivíduos determinados).

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1. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA X OBJETIVA

Objetiva Subjetiva
O dano decorre de conduta comissiva dos O dano decorre de omissão estatal
agentes públicos, conforme previsão do art. 37, (falta do serviço), aplica-se a
§6º, da CF, que consagra a teoria do risco responsabilidade subjetiva do
administrativo. estado, aplicando-se a teoria da
Desse modo, a administração responderá pelos culpa administrativa, conforme
danos que seus agentes, nessa qualidade, causem orientação doutrinária e
a terceiros, sendo dispensável a avaliação de jurisprudencial.
culpa ou dolo. -
- Fato + elemento subjetivo (culpa ou
Fato + nexo causal = dano > gera o dever de dolo) + nexo causal = dano > gera
indenizar ou reparar dever de indenizar ou reparar

Regra no Direito Regra no Direito Civil


Administrativo > art. 37, § 6,
CF/88 e o art. 43 do CC/02

Quando há omissão do
Teoria do Risco Administrativo Estado = Teoria da Culpa
Administrativa

Exceções onde mesmo o dano tendo sido causado por omissão, aplica-se a responsabilidade
objetiva do estado:*
 Dano ambiental;
 Dano nuclear;
 Danos em situação de trânsito;
 Hipóteses de custódia (incluindo prejuízos ocorridos em hospitais e escolas públicas e
ambientes prisionais).

2. EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE – hipóteses de exclusão da responsabilidade do Estado >


afastam o dever de reparação
2.1. Caso fortuito > conduta humana (assalto em via pública, etc);
2.2. Força maior > evento da natureza (chuva forte, terremoto, etc);
2.3. Culpa exclusiva da vítima > vítima dá causa ao dano sofrido.

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3. TEORIA DO RISCO INTEGRAL (SEGURADOR UNIVERSAL)


 A teoria do risco integral envolve a responsabilidade objetiva da administração.
 Não admite as excludentes de responsabilidade.
 Na teoria do risco integral, o Estado apresenta-se como segurador universal, de modo que
assume integralmente o risco da atividade.
 Aplica-se aos danos decorrentes de atividade ambiental, nuclear e aqueles causados por
atentados terroristas com uso de aeronave de matrícula brasileira, salvo taxi aéreo.

4. AÇÃO INDENIZATÓRIA E AÇÃO REGRESSIVA


 Configurada a hipótese de prejuízo causado a terceiro, cabe à vítima buscar a sua reparação por
meio de ação pelo rito comum, de natureza indenizatória, englobando, de acordo com a
circunstância fática, a reparação de danos materiais (dano emergente e lucro cessante), morais
(in re ipsa) e estético.
 Em conformidade com o princípio da dupla garantia, essa ação deve ser movida unicamente pela
vítima contra o estado.
 Não se admite a denunciação à lide do agente e submete-se ao prazo de prescrição em cinco anos,
conforme art. 1º do Decreto 20.910/32.
 Uma vez sendo obrigado a reparar a vítima, cabe ao estado buscar a sua reparação mediante
ação regressiva. A ação regressiva, que tem natureza obrigatória, se baseia na responsabilidade
subjetiva do agente que, portanto, apenas responde em casos de dolo ou culpa. Prescreve em
três anos, sendo que a característica da imprescritibilidade, hodiernamente, reservou-se aos
danos decorrentes de atos de improbidade administrativa praticados por meios dolosos.

5. ALCANCE DO ART. 37, § 6º, DA CRFB/88


 O art. 37, §6º, da CF, que consagra a teoria do risco administrativo (responsabilidade objetiva)
não se limita à União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Alcança, na realidade, as pessoas
jurídicas de direito público e de direito privado prestadoras de serviços públicos.
 Assim, incidem também sobre as autarquias e fundações públicas (pessoas jurídicas de direito
público), além das empresas públicas e sociedades de economia mista (quando prestadoras de
serviços públicos), bem como as delegatárias de serviços públicos.
 As delegatárias (concessionárias e permissionárias) respondem de forma objetiva por danos
causados a seus usuários e a terceiros.

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 Quanto a essas pessoas jurídicas, a responsabilidade do estado é subsidiária. Vale lembrar que
será subsidiária a responsabilidade envolvendo tabeliães e oficiais de registros.
 Consigne-se, ainda, que tem natureza solidária a responsabilidade pelo fornecimento de
medicamentos e prestação de serviços de saúde à população.

6. A (IR)RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ATOS TIPICAMENTE LEGISLATIVOS E


JURISDICIONAIS
 Diferentemente do que ocorre em relação aos atos de natureza administrativa, prevalece a
irresponsabilidade do estado por danos decorrentes de atos tipicamente legislativos e
jurisdicionais. Assim, não haverá dever de reparação quanto a prejuízos decorrentes da edição
de leis ou de decisões judiciais. Admite-se, entretanto, exceções.
 Quanto ao Estado-Legislador, haverá responsabilidade em decorrência de danos provocados
pela edição de leis formalmente declaradas inconstitucionais e pela edição de leis dos efeitos
concretos, ou seja, leis em sentido formal, que causam prejuízos ao indivíduo.
 No que tange ao Estado-Juiz, haverá responsabilidade excepcionalmente envolvendo o erro
judicial (ou erro judiciário), ou seja, aquele que for preso indevidamente ou que permanecer
preso além do tempo fixado na sentença, na forma do art. 5º, LXXV, da CF.
 O Brasil envergonha-se, dentre outras hipóteses, da prisão ilegal do mecânico Marcos Mariano
da Silva, cuja memória se deve fazer presente para evitar a repetição da conduta quanto a outros
indivíduos.

QUESTÕES

1. A responsabilidade civil do Estado por conduta omissiva não exige caracterização da culpa estatal
pelo não-cumprimento de dever legal, uma vez que a Constituição brasileira adota para a matéria a
teoria da responsabilidade civil objetiva.
( ) CERTO ( ) ERRADO

2. Os servidores públicos de uma autarquia do Acre respondem objetivamente pelos danos que, no
exercício de suas funções, causem culposamente a terceiros.
( ) CERTO ( ) ERRADO

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3. Considere que um detento tenha sido morto por seus colegas de carceragem, dentro da cela de uma
delegacia de polícia do estado do Acre. Nessa situação, o Acre responde pelos danos materiais e morais
resultantes dessa morte, mesmo que reste demonstrada a ausência de culpa dos agentes públicos
responsáveis pela segurança dos presos.
( ) CERTO ( ) ERRADO

4. Os atos lesivos a terceiros praticados em razão dos serviços públicos prestados por empregados de
empresas concessionárias ou permissionárias não geram a responsabilidade objetiva do Estado.
( ) CERTO ( ) ERRADO

5. Assinale a opção correta no que concerne à responsabilidade civil do Estado.


a) Nos Estados absolutistas, negava-se a obrigação da administração pública de indenizar os
prejuízos causados por seus agentes aos administrados, com fundamento no entendimento de
que o Estado não podia causar males ou danos a quem quer que fosse (the king can do no wrong).
Segundo a classificação da doutrina, a teoria adotada nesse período era a teoria do risco integral.
b) Perante o transportado, a responsabilidade da transportadora que exerça função pública sob
concessão é contratual e subjetiva.
c) A Constituição Federal de 1988 adotou o princípio da responsabilidade civil subjetiva para as
autarquias.
d) De acordo com a teoria da responsabilidade objetiva, o Estado responde pelos danos causados
por seus agentes a terceiros, independentemente da prova de culpa ou da demonstração do nexo
causal.
e) Uma sociedade de economia mista prestadora de serviço público responderá por danos
causados a terceiros independentemente da prova de culpa.

6. Um policial militar do estado da Paraíba, durante o período de folga, em sua residência, teve um
desentendimento com sua companheira e lhe desferiu um tiro com uma arma pertencente à corporação.
Considerando o ato hipotético praticado pelo referido policial, é correto afirmar que:
a) está configurada a responsabilidade civil do Estado, pois a arma pertencia à corporação.
b) está configurada a responsabilidade civil do Estado, pois o disparo foi efetuado por um policial
militar, e o fato de ele estar de folga não afasta a responsabilidade do Estado.
c) não há responsabilidade civil do Estado, visto que o dano foi causado por policial fora de suas
funções públicas.
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d) não há responsabilidade civil do Estado, pois o dano não foi


causado nas dependências de uma repartição pública.
e) não há responsabilidade civil do Estado, uma vez que a conduta praticada pelo policial não
configurou dano.

7. A obrigação do Estado de indenizar o particular independe de culpa da administração, visto que a


responsabilidade é objetiva. O agente público causador do dano deverá ressarcir a administração,
desde que comprovada a existência de culpa ou dolo do agente. Com relação aos efeitos da ação
regressiva do Estado contra o agente público, julgue os seguintes itens:
I. Os efeitos da ação regressiva transmitem-se aos herdeiros e sucessores do agente público culpado,
respeitado o limite do valor do patrimônio transferido.

II. A ação regressiva pode ser movida mesmo após terminado o vínculo entre o agente e a administração
pública.
III. A ação por meio da qual o Estado requer ressarcimento aos cofres públicos de prejuízo causado por
agente público considerado culpado prescreve em 5 anos.
IV. A orientação dominante na jurisprudência e na doutrina é de ser cabível, em casos de reparação do
dano, a denunciação da lide pela administração a seus agentes.
Estão certos apenas os itens:
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

GABARITO
1. E 2. E 3. C 4. E 5. E 6. C 7. A

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70 José Aras

INTERVENÇÃO DO ESTADO SOBRE A PROPRIEDADE PRIVADA

As intervenções do estado sobre a propriedade


privada têm como fundamento os princípios da
supremacia do interesse público sobre o interesse
privado e da função social da propriedade.

AS INTERVENÇÕES DO ESTADO DIVIDEM-SE:

RESTRITIVAS SUPRESSIVAS
→ Não tomam a propriedade do particular, mas tão somente as → Retira o patrimônio do
restringem. expropriado,
→ Mitigam um dos direitos inerentes ao domínio (usar, gozar, correspondendo, portanto,
fruir, dispor e reivindicar), tendo como espécies: à Desapropriação.
i) limitação administrativa;
ii) requisição administrativa;
iii) ocupação temporária;
iv) servidão administrativa;
v) tombamento.

1. CARACTERÍSTICAS DAS ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO DO ESTADO


1.1. LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA
▪ Espécie de intervenção marcada por um caráter geral e não individualizado > atinge a
todos os envolvidos!
Ex.: altura máxima de prédios, rodízio de veículos, obrigação de extintor em
veículos, espaço entre construções, etc.
▪ Não gera direito a indenização.
▪ Afeta o caráter absoluto da propriedade > está intimamente ligada ao poder de polícia
do Estado.

1.2. REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA


▪ Envolve situações emergenciais e de calamidade pública > situação atípica emergencial >
chuva forte, terremoto, enchentes, geada, acidentes, etc.

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▪ Incidem sobre bens móveis, imóveis, semoventes e sobre serviços particulares > serviço
médico é comumente requisitado.
▪ Dá direito à indenização posterior, em caso de dano > pois atinge um bem
específico/individualizado.

1.3. OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA


▪ Incide sobre terrenos/imóveis vizinhos (ou próximos) a obras públicas, objetivando
viabilizar a sua execução.
Ex.: escavações arqueológicas (conceito amplo de obras públicas), perfuração de
poços, etc.
▪ Dá direito à indenização posterior, em caso de dano.

1.4. SERVIDÃO ADMINISTRATIVA


▪ Possui natureza típica de direito real > de caráter perpétuo!
Ex.: servidão para transmissão de energia elétrica, servidão de passagem, servidão
de dutos de combustíveis e de gás e a altura máxima de prédios próximos a pistas
de pouso e decolagem de aeronave.
▪ Registrado em cartório de registro de imóveis.
▪ A coisa dominante = serviço público
A coisa serviente = propriedade particular
▪ Instituída através de lei, de contrato ou por sentença judicial > não possui natureza
auto executória (diferente das outras).
▪ Quando imposta por lei, não dá direito a indenização; quando estabelecida mediante
contrato ou sentença, dá direito a indenização.

1.5. TOMBAMENTO
▪ Visa proteger o patrimônio histórico, cultural e artístico Nacional.
▪ Realiza-se através de órgãos públicos ou entidades da administração pública indireta,
a exemplo do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –
autarquia federal).
▪ Incide sobre bens móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos.
▪ Em regra, não gera direito à indenização.

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▪ Embora os bens públicos tombados sejam absolutamente inalienáveis, o bem privado


tombado pode ser vendido livremente, não persistindo o direito de preferência antes
instituído no Decreto 25/1937.
▪ O bem tombado pode ser gravado com penhor, anticrese e hipoteca, por exemplo.

1.5.1. Espécies de tombamento (classificação):


a) Tombamento Geral ou Individual:
Geral > atinge a vários bens > tombamento existente nos centros históricos
de Salvador (Pelourinho), Olinda, Ouro Preto, São Luís, dentre outros.
Individual > atinge um único bem > elevador Lacerda e a Igreja do Senhor
do Bonfim (na Bahia); o Cristo Redentor e a casa de Drummond (no Rio de Janeiro).
b) Tombamento Provisório ou Definitivo:
Provisório > dúvidas sobre o valor histórico do bem.
Definitivo > quando já se tem certeza do valor histórico do bem.
c) Tombamento de Ofício ou Mediante Processo:
De ofício > atinge bens públicos, não sendo obrigatória a observância da
hierarquia política.
Mediante processo administrativo > atinge bens particulares. O
tombamento de bens particulares pode ser voluntario (quando o proprietário
pede, solicita ou aceita o tombamento), ou compulsório (quando o proprietário
resiste ao tombamento).

1.5.2. Efeitos do tombamento:


a) Aos proprietários: dever de manutenção e conservação; proibição de alterar o
bem e necessidade de autorização para retirar o bem do País.
b) À entidade responsável pelo tombamento: dever subsidiário de conservação da
coisa e dever de fiscalização.
c) Aos vizinhos: sofrem uma servidão administrativa envolvendo a denominada
“área de entorno”, dentro da qual não se pode realizar construções ou inserir
placas ou pinturas que tirem a visibilidade do bem tombado.

Observação: Vale consignar que o tombamento não é


a única forma de proteção do bem dotado de valor
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73 José Aras

histórico, artístico ou
cultural, podendo também serem resguardados
através dos livros, registros e museus, dentre outros.

1.6. DESAPROPRIAÇÃO
▪ Espécie de intervenção supressiva.
▪ Resulta na perda da propriedade pelo particular.
▪ Constitui modo originário de aquisição.
▪ Incide sobre bens móveis ou imóveis, de valor patrimonial > apenas não se aplica à moeda
corrente (dinheiro) e aos direitos personalíssimos (vida, honra, intimidade).
▪ Para fins didáticos, a desapropriação se divide em dois grandes grupos: desapropriações
com ou sem caráter sancionatório.

1.6.1. Desapropriação com caráter sancionatório: nessas hipóteses a expropriação


funciona quando a desapropriação tem caráter de sanção, ela corresponde a uma
penalidade ao proprietário, que deixou de cumprir a função social da propriedade
privada, daí porque, ele NÃO terá a indenização ou a indenização será paga através de
títulos.

Existem três espécies de desapropriação sancionatória:


a) Desapropriação urbana: É de competência exclusiva dos Municípios e o
pagamento da indenização se dará através de títulos da dívida pública, com prazo
de resgate até 10 anos, desde que a emissão seja autorizada pelo Senado Federal.
Vale registrar que o não cumprimento da função social da propriedade urbana não
resulta na imediata desapropriação, na medida em que o Município deve atender
a passos antecedentes à desapropriação: o primeiro passo é a notificação para a
edificação (construção) ou o parcelamento compulsório; o segundo passo é a
imposição do IPTU progressivo no tempo (pelo prazo de cinco anos e a alíquota
máxima de 15); terceiro passo é a desapropriação sancionatória. Para a imposição
de qualquer dessas medidas interventivas, o Município precisa ser dotado de
plano diretor e de uma lei específica para a área (imóvel) em que serão aplicadas.
b) Desapropriação rural: É da competência exclusiva da União, realizada
através do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), quando
o proprietário deixa de cumprir a função social da propriedade rural.
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A indenização se dá através de títulos da dívida


agrária, no prazo de resgate de até 20 anos, sendo os dois primeiros anos de
carência (ou seja, o pagamento ocorre apenas a partir do 3º ano das emissões).
Consigne-se que se no imóvel tiver benfeitorias úteis ou necessárias, estas serão
indenizadas de forma prévia e em dinheiro, de modo que, as benfeitorias
voluptuárias e a terra nua (sem benfeitoria) é que serão indenizadas através de
TDA (títulos da dívida agrária). NÃO são passiveis dessa desapropriação a pequena
ou média propriedade rural (a não ser que tenha mais de uma pequena ou medida
propriedade rural), e também NÃO atinge a propriedade produtiva (que cumpre a
função social).
c) Desapropriação confiscatória: constitui a modalidade MAIS grave de
desapropriação em razão da plantação ILEGAL de substâncias psicotrópicas ou da
utilização de mão-de-obra análoga à escrava. A expropriação é feita sem o
pagamento de qualquer indenização. O confisco se estende também para todos os
bens vinculados ao tráfico de entorpecentes ou à utilização de mão-de-obra
escrava e os imóveis arrecadados serão utilizados para assentamento de colonos
e parcelamento popular.

1.6.2. Desapropriação sem caráter sancionatório: Aplica-se quando o proprietário


cumpre a função social da propriedade, mas esta se mostra indispensável à consecução
do interesse público. Nessas hipóteses o proprietário terá direito à indenização justa,
prévia e em dinheiro. Vale lembrar que a desapropriação SEM caráter sancionatório
atinge também os bens públicos, mediante lei autorizativa e observância da hierarquia
política, ou seja, somente a entidade de maior grau hierárquico pode desapropriar as
entidades de menor hierarquia.

Existem duas espécies de desapropriação sem natureza sancionatória:


a) Desapropriação por utilidade (ou necessidade) pública: Quando o bem
expropriado passa a incorporar o patrimônio público, a exemplo da
desapropriação de um imóvel para duplicação de uma avenida.
b) Desapropriação por interesse social: Hipótese em que o bem é
transferido a um particular, a exemplo da desapropriação de um imóvel para
construção de casas populares. Essas espécies de desapropriação se efetivam

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mediante um processo administrativo composto


de duas fases: declaratória e executória, a saber:
1ª) Fase declaratória: Nela, o poder público declara o motivo (causa) e a
finalidade da desapropriação, sendo, essa declaração, de competência
exclusiva das pessoas políticas (União, Estados, DF e Municípios),
correspondendo, portanto, ao exercício do poder de polícia do Estado, por
isso mesmo absolutamente indelegável; A declaração pode ser feita pelo
Poder Executivo (mediante decreto expropriatório) ou pelo Poder
Legislativo (mediante lei, cabendo, nesse caso, ao Executivo os atos
subsequentes da desapropriação). O objetivo da fase declaratória é o de
fixar o estado do bem, realizando as avaliações necessárias para aferir o
preço a ser oferecido ao proprietário a título de indenização. A
Administração tem o prazo de 5 anos para concluir a fase declaratória na
desapropriação por utilidade pública. Tratando-se de desapropriação por
interesse social, esse prazo é de 2 anos.
2ª) Fase executória: Nela, promove-se a desapropriação, de forma amigável
(se o proprietário aceitar o valor da indenização oferecida pelo Poder
Público) ou pela via judicial (quando o proprietário não aceitar o preço
oferecido). Daí se vê que a desapropriação, nessa fase, não tem natureza
auto executória. Diferentemente do que ocorre com a fase declaratória, a
fase executória pode ser delegada às pessoas integrantes da administração
pública indireta, bem como às delegatárias de serviços públicos
(concessionárias e permissionárias), já que corresponde aos denominados
atos materiais ligados ao exercício ao poder de polícia, mas não exercício
do poder de polícia em si, que, conforme já estudado, é absolutamente
indelegável. Na ação judicial de desapropriação é cabível o pedido de
imissão provisória na posse do imóvel, mediante dois requisitos: deposito
prévio da quantia oferecida e demonstração de urgência, à luz dos quais o
juiz é obrigado a conceder o pedido em favor do expropriante.
Também merece registro o fato de que na ação judicial a contestação
somente pode versar sobre vício do processo ou impugnar a oferta do
preço, já que não cabe ao juiz avaliar se se trata ou não de caso de utilidade
pública ou interesse social (ou seja, não cabe ao poder judiciário adentrar
no mérito do ato administrativo).
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2. CONCEITOS JURÍDICOS APROFUNDADOS


Envolvem institutos ligados ao tema de desapropriação de extrema relevância para as provas:

2.1. Destinação: É a finalidade da desapropriação.


Exemplo: Administração Pública desapropria um imóvel para a utilidade pública para
construção de uma escola pública.

2.2. Tredestinação: Corresponde ao desvio da finalidade inicialmente indicada para o bem


expropriado e pode ser lícita ou ilícita. Será lícita quando, embora haja desvio de finalidade, ainda
se atende o interesse público, por exemplo, quando se desapropria um bem para a construção
de uma escola, mas, no lugar da escola, constrói-se um hospital público. A tredestinação será
lícita, por sua vez, quando se desvia da finalidade e também do interesse público, por exemplo,
se a Administração desapropria para a construção de uma escola, e, no lugar, se constrói uma
borracharia e destina-a à um determinado particular. A tredestinação lícita não gera qualquer
consequência jurídica. Por sua vez, a tredestinação ilícita gera a retrocessão.

2.3. Retrocessão: É a consequência da tredestinação ilícita. Através dela, embora o particular


não possa reaver o bem (reivindicar), terá direito a uma indenização complementar ante a perda
do bem e à destinação diversa que lhe foi dada. Anote-se que quando a desapropriação é feita
para parcelamento popular, sua destinação é obrigatória, de modo que não pode haver
tredestinação, e, portanto, não haverá retrocessão.

2.4. Desapropriação Indireta: Corresponde a um fato administrativo através do qual o poder


público retira a propriedade particular sem a observância de um processo. Por causar danos ao
proprietário, a desapropriação indireta dá ensejo a indenização, não sendo possível ao
proprietário reaver o bem ao qual já tenha sido dada determinada utilidade pública. Geralmente
a desapropriação indireta é configurada em situações equivalentes ao esbulho (ou invasão) de
um determinado imóvel pela Administração Pública.

2.5. Direito de extensão: É o direito que o proprietário tem de postular que a desapropriação
parcial alcance todo o imóvel, quando lhe sobejar uma parte mínima, sem possibilidade de
exploração econômica ou menor que a pequena propriedade rural.

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QUESTÕES

1. A empresa pública federal X, que atua no setor de pesquisas petroquímicas, necessita ampliar sua
estrutura, para a construção de dois galpões industriais. Para tanto, decide incorporar terrenos
contíguos a sua atual unidade de processamento, mediante regular processo de desapropriação. A
própria empresa pública declara aqueles terrenos como de utilidade pública e inicia as tratativas com
os proprietários dos terrenos – que, entretanto, não aceitam o preço oferecido por aquela entidade.
Nesse caso:
A) se o expropriante alegar urgência e depositar a quantia arbitrada de conformidade com a lei
terá direito a imitir-se provisoriamente na posse dos terrenos.
B) a desapropriação não poderá consumar-se, tendo em vista que não houve concordância dos
titulares dos terrenos.
C) a desapropriação demandará a propositura de uma ação judicial e, por não haver
concordância dos proprietários, a contestação poderá versar sobre qualquer matéria.
D) os proprietários poderão opor-se à desapropriação, ao fundamento de que a empresa pública
não é competente para declarar um bem como de utilidade pública.

2. O Município Y promove o tombamento de um antigo bonde, já desativado, pertencente a um


colecionador particular. Nesse caso,
A) o proprietário pode insurgir‐se contra o ato do tombamento, uma vez que se trata de um bem
móvel.
B) o proprietário fica impedido de alienar o bem, mas pode propor ação visando a compelir o
Município a desapropriar o bem, mediante remuneração.
C) o proprietário não poderá alienar livremente o bem tombado, devendo garantir o direito de
preferência do Poder Público.
D) o proprietário do bem, mesmo diante do tombamento promovido pelo Município, poderá
gravá-lo com o penhor.

3. Com relação à intervenção do Estado na propriedade, assinale a alternativa correta.


A) requisição administrativa é uma forma de intervenção supressiva do Estado na propriedade
que somente recai em bens imóveis, sendo o Estado obrigado a indenizar eventuais prejuízos, se
houver dano.

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B) A limitação administrativa é uma forma de intervenção restritiva do Estado na propriedade


que consubstancia obrigações de caráter específico e individualizados a proprietários
determinados, sem afetar o caráter absoluto do direito de propriedade.
C) A servidão administrativa é uma forma de intervenção restritiva do Estado na propriedade
que afeta as faculdades de uso e gozo sobre o bem objeto da intervenção, em razão de um
interesse público.
D) O tombamento é uma forma de intervenção do Estado na propriedade privada que possui
como característica a conservação dos aspectos históricos, artísticos, paisagísticos e culturais
dos bens imóveis, excepcionando-se os bens móveis.

4. Nas hipóteses de desapropriação, em regra geral, os requisitos constitucionais a serem observados


pela Administração Pública são os seguintes:
A) comprovação da necessidade ou utilidade pública ou de interesse social; pagamento de
indenização prévia ao ato de imissão na posse pelo Poder Público, e que seja justa e em dinheiro;
e observância de ato administrativo, sem contraditório por parte do proprietário.
B) comprovação da necessidade ou utilidade pública ou de interesse social; pagamento de
indenização prévia ao ato de imissão na posse pelo Poder Público, e que seja justa e em dinheiro;
e observância de procedimento administrativo, com respeito ao contraditório e ampla defesa
por parte do proprietário.
C) comprovação da necessidade ou utilidade pública ou de interesse social; pagamento de
indenização prévia ao ato de imissão na posse pelo Poder Público, e que seja justa e em títulos
da dívida pública ou quaisquer outros títulos públicos, negociáveis no mercado financeiro; e
observância de procedimento administrativo, com respeito ao contraditório e ampla defesa por
parte do proprietário.
D) comprovação da necessidade ou utilidade pública ou de interesse social; pagamento de
indenização, posteriormente ao ato de imissão na posse pelo
Poder Público, e que seja justa e em dinheiro, e observância de procedimento administrativo,
com respeito ao contraditório e ampla defesa por parte do proprietário

5. Assinale a opção correta com relação às modalidades de restrição do Estado sobre a propriedade.
A) As limitações administrativas consubstanciam obrigações de caráter específico a
proprietários determinados, sem afetar o caráter absoluto do direito de propriedade, que
confere ao titular o poder de usar, gozar e dispor da coisa do modo como melhor lhe convier.
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B) O tombamento, que configura instituição de direito real de natureza pública, impõe ao


proprietário a obrigação de suportar ônus parcial sobre o imóvel e não afeta o caráter absoluto
do direito de propriedade.
C) A servidão administrativa afeta a exclusividade do direito de propriedade, visto que transfere
a outrem faculdades de uso e gozo.
D) A requisição de imóveis é restrição imposta ao proprietário que não utiliza adequadamente a
sua propriedade.

6. A respeito do instituto da servidão administrativa, assinale a opção correta.


A) As servidões administrativas podem decorrer diretamente da lei, de acordo ou de sentença
judicial.
B) Somente mediante lei pode ser extinta uma servidão administrativa.
C) Cabe direito a indenização em qualquer das hipóteses de servidão administrativa.
D) A servidão administrativa tem natureza auto executória.

7. Acerca da intervenção do Estado na propriedade, assinale a opção correta.


A) No tombamento, modalidade de intervenção restritiva da propriedade, não há mudança de
propriedade.
B) O direito de preempção municipal, por meio do qual se assegura ao município preferência
para aquisição do imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares, não é exemplo
de limitação administrativa.
C) A ocupação temporária não pode incidir sobre bens imóveis.
D) A servidão administrativa é um direito pessoal.

8. Acerca da intervenção do Estado na propriedade privada, assinale a opção correta.


A) A limitação administrativa consiste na instituição de ônus real de uso pelo poder público
sobre a propriedade privada.
B) A desapropriação, que consiste na transferência de propriedade de terceiro ao poder público,
tem por objeto bens móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos, públicos ou privados.
C) A desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, é de competência da União
e dos estados, devendo ser realizada sobre imóvel rural que não esteja cumprindo a sua função
social, mediante prévia indenização em títulos da dívida agrária.

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D) Ocorre a desapropriação indireta quando a entidade da administração direta decreta a


desapropriação, sendo o processo expropriatório desenvolvido por pessoa jurídica integrante
da administração descentralizada.

9. Assinale a opção correta acerca de desapropriação.


A) Em caso de desapropriação por interesse social para fim de reforma agrária, deve haver
indenização, necessariamente em dinheiro, das benfeitorias úteis e das necessárias.
B) A desapropriação de imóveis urbanos pode ser feita mediante prévia e justa indenização,
permitindo-se à administração, caso haja autorização legislativa do Senado Federal, pagá-la com
títulos da dívida pública.
C) A desapropriação indireta, forma legítima de intervenção na propriedade, é realizada por
entidade da administração indireta.
D) Os bens públicos não podem ser desapropriados.

10. A modalidade de intervenção estatal que gera a transferência da propriedade de seu dono para o
Estado é:
A) o tombamento.
B) a desapropriação.
C) a servidão administrativa.
D) a requisição.

GABARITO
1. D 2. D 3. C 4. B 5. C 6. A 7. A 8. B 9. A 10. B

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SERVIÇOS PÚBLICOS

A regulamentação desse tema é feita pelo art. 175, da CRFB/88, e pelas


Leis 8.987/95 (Lei Geral sobre Concessão e Permissão de Serviço Público)
e 11.079/04 (Parceira Público Privado).

O dever do Estado de prestação de serviços públicos pode feito pela Administração Pública de forma
direta (educação, saúde) ou mediante delegação (serviço postal, energia elétrica, transporte coletivo),
isto é, transferindo a prestação dos serviços públicos mediante contrato administrativo de concessão
ou permissão (a titularidade ainda é da administração pública), em regra, sem caráter de
exclusividade, salvo no caso de inviabilidade técnica ou econômica devidamente justificada.

I. PRESTAÇÃO DO SERVIÇO ADEQUADO (CONCESSIONÁRIA OU PERMISSIONÁRIA)


➢ Art. 6º, da Lei 8.987/95.
➢ Aplica-se o Código do Consumidor (CDC), de forma subsidiária.
➢ O art. 6º, § 1º, da Lei 8.987/95, define o serviço adequado como aquele que satisfaz as
condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade,
cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. Para prestarem o serviço público que lhe
fora concedido de forma adequada, as delegatárias precisam atender esses princípios.
➢ Merece destaque o fato de que o princípio da atualidade, disposto no art. 6º, § 2º, da Lei
8.987/95, compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua
conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.
➢ Por sua vez, o princípio da continuidade (ou permanência) proíbe, como regra, a interrupção
da prestação dos serviços pelas delegatárias. Não obstante, os serviços podem ser interrompidos
por questões de emergência/segurança ou em razão do inadimplemento das tarifas do
usuário, desde que seja efetivado o aviso prévio, que tenha interesse da coletividade e que seja
feito de segunda à quinta (dias de semana) – não pode ser feito na sexta, sábado e domingo (final
de semana), e feriados (art. 6º, § 3º, I e II, e § 4º. da Lei 8.987/95).

II. A CONCESSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS


➢ A concessão de serviço público corresponde à delegação de sua prestação, feita pelo poder
concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência ou diálogo competitivo, à pessoa
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jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade


para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.
➢ Em suma, as concessões de serviços públicos configuram contratos administrativos firmados
com prazo certo, através de licitação por meio de concorrência com pessoas jurídicas ou
consórcios de pessoas jurídicas para prestação de serviços públicos em seu próprio nome, por
sua conta e risco.
➢ No molde do art. 16, da Lei 8.987/95, dispõe que a outorga de concessão ou permissão não
terá caráter de exclusividade, salvo no caso de inviabilidade técnica ou econômica justificada
no ato a que se refere o art. 5, desta Lei.
➢ O contrato de concessão poderá prever o emprego de mecanismos privados para resolução de
disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, inclusive a arbitragem, a ser realizada no
Brasil e em língua portuguesa (art. 23-A, da Lei 8.987/95).
➢ Incumbe à concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-lhe responder por todos
os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a
fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade (art. 25, da
Lei 8.987/95).
➢ Nos contratos de financiamento, as concessionárias poderão oferecer em garantia os direitos
emergentes da concessão, até o limite que não comprometa a operacionalização e a continuidade
da prestação do serviço (art. 28, da Lei 8.987/95).
➢ No momento em que o serviço não é prestado adequadamente, a intervenção do serviço
poderá ser feita, mediante decreto do chefe do poder executivo (artigos 32 e 33, da Lei 8987/95).
i) A administração tem 30 dias para iniciar um processo administrativo, garantindo a
ampla defesa > podendo tramitar por 180 dias, no máximo, sob pena de considerar-se
inválida a intervenção;
ii) Ao final do prazo máximo, existem dois possíveis resultados: o serviço poderá ser
considerado adequado e a concessão ser devolvida, ou o serviço poderá ser considerado
inadequado e o poder público extingue a concessão, conhecido como o instituto da
caducidade.

III. EXTINÇÃO DA CONCESSÃO


➢ O art. 35, da Lei 8.987/95, define que a concessão se extingue por:
I) advento do termo contratual ➔ fim do contrato;
II) encampação ➔ envolve interesse público coletivo;
III) caducidade ➔ envolve culpa do concessionário (art. 38);
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IV) rescisão➔ envolve culpa do estado (art. 39);

V) anulação ➔ vício de legalidade; e


VI) falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do
titular, no caso de empresa individual.
➢ Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis, direitos e
privilégios transferidos ao concessionário conforme previsto no edital e estabelecido no
contrato.

1. POLÍTICA TARIFÁRIA
➢ As concessões comuns são marcadas pelo fato de que a remuneração do concessionário é feita
através do recebimento das tarifas pagas pelos usuários, observado o princípio da modicidade
e preservada pelas regras de reajuste e revisão previstas na lei, no edital e no contrato
administrativo de concessão.
➢ Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, a fim de manter-se o
equilíbrio econômico-financeiro, inclusive envolvendo a teoria da imprevisão, como, por
exemplo, as hipóteses de fato do príncipe, uma vez que, ressalvados os impostos sobre a renda,
a criação, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos legais, após a apresentação
da proposta, quando comprovado seu impacto, implicará a revisão da tarifa, para mais ou para
menos, conforme o caso.
➢ Haverá direito à manutenção do equilíbrio econômico-financeiro também nas hipóteses de
caso fortuito, força maior, áleas administrativas, áleas extraordinárias e fatos imprevisíveis, na
forma como estudada no capítulo relativo a contratos administrativos.
➢ Admite-se o recebimento, em favor da concessionária, de outras fontes provenientes de
receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados, com ou sem
exclusividade, com vistas a favorecer a modicidade das tarifas, as quais serão obrigatoriamente
consideradas para a aferição do inicial equilíbrio econômico-financeiro do contrato, a exemplo
de receitas provenientes da locação de espaços para lojas, lanchonetes e estacionamentos, bem
como espaços publicitários.
➢ É possível, no processo de licitação, a inversão da ordem das fases de habilitação e
julgamento na concorrência, hipótese em que encerrada a fase de classificação das propostas
ou o oferecimento de lances, será aberto o invólucro com os documentos de habilitação do
licitante mais bem classificado, para verificação do atendimento das condições fixadas no edital.

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➢ Por sua vez, o contrato de concessão poderá prever o emprego de mecanismos privados para
resolução de disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, inclusive a arbitragem.
➢ Conforme estudado no capítulo próprio, os concessionários respondem objetiva e
diretamente pelos prejuízos causados durante a execução dos serviços (a usuários ou
terceiros, não usuários dos serviços públicos), sendo apenas subsidiária a responsabilidade do
Estado.

2. DA INTERVENÇÃO NA CONCESSÃO
➢ A fim de averiguar o atendimento dos princípios pertinentes à prestação do serviço adequado,
poderá, o poder concedente, intervir na concessão.
➢ A intervenção é realizada mediante decreto, que indicará a designação do interventor, o prazo
da intervenção e os objetivos e limites da medida.
➢ No prazo de trinta dias após o decreto, cabe ao poder concedente instaurar procedimento
administrativo para comprovar as causas determinantes da medida e apurar responsabilidades,
dentro de até cento em oitenta dias, sob pena de considerar-se inválida a intervenção,
assegurado ao concessionário o direito de ampla defesa.
➢ Cessada a intervenção, se não for extinta a concessão (mediante caducidade), a administração
do serviço será devolvida à concessionária, precedida de prestação de contas pelo interventor,
que responderá pelos atos praticados durante a sua gestão.

3. PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS
➢ Fundamentado pela Lei 11.079/04.
➢ O contrato pelo qual o parceiro privado assume o compromisso de disponibilizar à
administração pública ou à comunidade uma certa utilidade mensurável mediante a operação e
manutenção de uma obra por ele previamente projetada, financiada e construída.
➢ Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade
patrocinada ou administrativa.

Observação: Na Concessão Comum, o serviço está à disposição de


toda coletividade. Quem paga, exclusivamente, é o usuário. *Não se
trata de modalidade de parceria público-privada (art. 2º, § 3º, Lei
11.079/04).
Exemplo: Transporte público, energia elétrica, telefonia.
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CONCESSÃO PATROCINADA X CONCESSÃO ADMINISTRATIVA


- Art. 2º, § 1º, Lei 11.079/04. X - Art. 2º, § 2º, Lei 11.079/04.
- Configura a concessão de serviços públicos ou de - Corresponde ao contrato de prestação
obras públicas de quando envolve, adicionalmente, à de serviços de que a Administração
tarifa cobrada dos usuários, contraprestação Pública seja a usuária direta ou indireta,
pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. O ainda que envolva execução de obra ou
destino é a coletividade. Trata-se de modalidade de fornecimento e instalação de bens. O
concessão paga pelo usuário e pelo Estado. A vantagem destino é o poder público. É pago pelo
é que o preço fica melhor para o usuário. Se o próprio Estado, já que são os próprios
percentual da tarifa paga pelo Estado superar 70% do que usam.
total da tarifa, tem que ter autorização em lei. Exemplo: Presídios públicos.
Considerada como a modalidade de concessão mais
efetiva.
Exemplo: Pedágio.

➢ Aplicam-se às parcerias público-privadas as regras relativas à concessão comum, acima


estudadas, além de outras condições específicas.

➢ É legalmente vedada a celebração de contrato de parceria público-privada:


I) cujo valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais);
II) cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos ➔ período de
prestação do serviço seja inferior a 5 ou superior a 35 anos; ou
III) que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e
instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.

➢ Na contratação de parceria público-privada serão observadas as seguintes diretrizes:


I) eficiência no cumprimento das missões de Estado e no emprego dos recursos da
sociedade;
II) respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos entes
privados incumbidos da sua execução;
III) indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, do exercício do poder
de polícia e de outras atividades exclusivas do Estado;
IV) responsabilidade fiscal na celebração e execução das parcerias;
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V) transparência dos procedimentos e das decisões;


VI) repartição objetiva de riscos entre as partes;
VII) sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas dos projetos de
parceria.

➢ Considerando a necessidade de prestação de serviços, igualmente, é defeso a contratação de


parceria público-privada que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o
fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.
➢ Importante previsão relativa às PPP’s envolve o direito ao equilíbrio econômico-financeiro à luz
da teoria da imprevisão. Isto porque, a lei de PPP’s prevê a repartição de riscos entre as
partes, inclusive os referentes a caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica
extraordinária. Ou seja, os prejuízos decorrentes desses fatores serão suportados, meio a meio,
pelas partes contratantes: poder concedente e concessionário.
o Naturalmente que os prejuízos decorrentes de fato da administração (inexecução
contratual) são suportados unicamente pelo poder concedente.

4. DA SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO


➢ Nos moldes do art. 9º, da Lei 11.079/04.
➢ Antes da celebração do contrato de concessão, deverá ser constituída sociedade de propósito
específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria.
➢ Essa entidade poderá assumir a forma de companhia aberta, com valores mobiliários
admitidos a negociação no mercado, e deverá obedecer a padrões de governança corporativa e
adotar contabilidade e demonstrações financeiras padronizadas, conforme regulamento, não
podendo ter como titular da maioria do capital votante das sociedades a Administração Pública,
salvo quanto à eventual aquisição da maioria do capital votante da sociedade de propósito
específico por instituição financeira controlada pelo Poder Público em caso de inadimplemento
de contratos de financiamento.

5. PERMISSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS


➢ Conforme conceito legalmente inserto na Lei 8.987/95, a permissão de serviço público
corresponde à modalidade de delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação
de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre

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capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco, sendo


formalizada mediante contrato de adesão, revogável unilateralmente pelo poder concedente.
➢ Vê-se que, diferentemente do que ocorre quanto às concessões, a permissão pode ser
outorgada à pessoa física.

QUESTÕES

1. No que se refere aos serviços públicos, julgue o item abaixo.


Os serviços públicos uti singuli são aqueles prestados à coletividade, que têm por finalidade a satisfação
indireta das necessidades dos cidadãos, tais como os serviços de iluminação pública e de saneamento.
( ) CERTO( ) ERRADO

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2. Sobre Serviços Públicos analise as assertivas a seguir:


I. Por ser incumbência do Poder Público, a prestação dos serviços públicos deve sempre, ser
diretamente por ele executada.
II. A concessão de serviço público é uma relação jurídica alterável unilateralmente pela Administração
Pública.
III. O equilíbrio econômico-financeiro é direito do concessionário de serviço público, devendo por isso
ser restabelecido se afetado por alteração unilateral do contrato.
IV. A encampação é forma de extinção contratual, pela qual o poder concedente retoma o serviço
durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei específica e prévio
pagamento de indenização.
a) Apenas I, III e IV são corretas.
b) Apenas II, III e IV são corretas.
c) Somente II e IV são corretas.
d) Todas são corretas .
e) Todas são incorretas.

3. Quanto aos serviços públicos e à administração pública, julgue o item seguinte.


A autorização de serviço público constitui contrato administrativo pelo qual o poder público delega a
execução de um serviço de sua titularidade a determinado particular, para que o execute em seu próprio
nome, por sua conta e risco, predominantemente em benefício próprio, razão pela qual não depende de
licitação e, quando revogado pela administração pública, gera, para o autorizatário, o direito à
correspondente indenização.
( ) CERTO ( ) ERRADO

4. Nos termos do que prevê a Lei Federal no 8.987/95, a concessão de serviços públicos extingue-se por
diversas formas, sendo correto afirmar, neste tema, que a:
a) falência do concessionário acarreta a extinção da concessão e, como consequência, a reversão
ao poder concedente dos bens aplicados ao serviço objeto do contrato.
b) encampação da concessão é implementada por meio da edição de decreto e tem lugar quando
se verifica a inadimplência do concessionário.
c) caducidade enseja a rescisão da concessão pela expiração do prazo fixado no contrato.
d) anulação da concessão tem lugar somente quando o concessionário pratica infração
contratual que também configure violação de dispositivo normativo, eivando a relação de vício
de ilegalidade.
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e) reversão da concessão enseja o retorno ao poder concedente


dos bens afetos ao serviço público somente nos casos em que tiver havido inadimplência do
concessionário.

5. Em relação aos Serviços Públicos, é INCORRETO afirmar:


a) O contrato de concessão pela chamada parceria público-privada deve ser precedido de
licitação, na modalidade concorrência, sendo imprescindível consulta pública e autorização
legislativa quando se tratar da hipótese de concessão patrocinada, por prazo superior a 35 anos.
b) A conservação de praças, jardins e canteiros de avenidas, em troca de publicidade local da
pessoa jurídica prestadora dos respectivos serviços, enquadra-se na chamada autorização de
serviços públicos, dispensada licitação e autorização legislativa.
c) A permissão tem caráter precário, mediante contrato de adesão tanto com pessoas jurídicas
quanto físicas, admitindo qualquer modalidade de licitação.
d) A instituição de um órgão gestor e a criação de um fundo Garantidor de Parcerias Público-
Privadas são essenciais para as parcerias público-privadas em que a União figurar como parceira.
e) A concessão de serviço público exige autorização legislativa, licitação exclusivamente pela
modalidade concorrência, formalização de contrato e prazo determinado, abrangendo somente
pessoas jurídicas ou consórcio de empresas.

6. É indevida a utilização de tutela possessória por concessionário de serviço público com a finalidade
de tentar assegurar o direito que acredita possuir sobre o serviço de utilidade pública a ele confiado
pelo poder público, pois tal direito não configura direito possessório.
( ) CERTO ( ) ERRADO

7. A autorização de serviço público é ato unilateral da administração pública pelo qual se consente a um
particular a prática de atividade individual incidente sobre um bem público, com caráter precário.
( ) CERTO ( ) ERRADO

8. A discricionariedade ínsita aos atos de autorização de serviços públicos permite ao poder público
avaliar a conveniência de eventual revogação do ato autorizado, não havendo, portanto, por parte do
particular, qualquer direito subjetivo à continuidade da autorização.
( ) CERTO ( ) ERRADO

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9. Em relação ao sentido de serviço público que se pode extrair do


regime constitucional hoje vigente no Brasil, pode-se corretamente afirmar que é um sentido:
a) unívoco, na medida em que a Constituição contém um rol expresso taxativo dos deveres do
Estado, dizendo-os “serviços públicos”.
b) mais restrito do que certas formulações doutrinárias, face à dicotomia constitucional
estabelecida entre serviços públicos e atividades econômicas exploradas pelo Estado.
c) amplo, posto que as atividades estatais em geral, como regra, comportam execução por
delegação, mediante concessão ou permissão.
d) restrito, vez que apenas pode ser considerado serviço público aquele prestado diretamente
pelo Estado.
e) restrito, vez que apenas pode ser considerado serviço público aquele prestado mediante
concessão ou permissão.

10. Se a empresa de transportes Viação Ligeirinho Ltda. venceu licitação para transportar passageiros
entre estados, então esse serviço pode ser considerado serviço público, mesmo sendo explorado por
sociedade privada.
( ) CERTO ( ) ERRADO

11. Quanto aos usuários, os serviços públicos podem ser gerais ou específicos (divisíveis, para alguns
autores); o serviço de telefonia é um exemplo de serviço público divisível.
( ) CERTO ( ) ERRADO

12. Considere que compete ao município determinado serviço público; então, caberá ao próprio
município a regulamentação dele, mas, não obstante, competirá à União baixar normas gerais acerca da
licitação para sua outorga a particular.
( ) CERTO ( ) ERRADO

13. Todos os serviços públicos são, juridicamente, prestados aos membros da coletividade em caráter
facultativo.
( ) CERTO ( ) ERRADO

14. O requisito da generalidade do serviço público tem fundamento constitucional.


( ) CERTO ( ) ERRADO

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15. A permissão de serviço público, formalizada mediante celebração


de contrato de adesão entre o poder concedente e a pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade
para o seu desempenho, por sua conta e risco, tem como características a precariedade e a possibilidade
de revogação unilateral do contrato pelo poder concedente.
( ) CERTO ( ) ERRADO

16. Os serviços de utilidade pública têm característica de essencialidade e necessidade para os


membros da coletividade, sendo prestados de forma direta, pela administração pública, ou indireta, por
meio de concessionários, permissionários ou autorizatários.
( ) CERTO ( ) ERRADO

17. A responsabilidade civil do Estado por conduta omissiva não exige caracterização da culpa estatal
pelo não-cumprimento de dever legal, uma vez que a Constituição brasileira adota para a matéria a
teoria da responsabilidade civil objetiva.
( ) CERTO ( ) ERRADO

18. Os servidores públicos de uma autarquia do Acre respondem objetivamente pelos danos que, no
exercício de suas funções, causem culposamente a terceiros.
( ) CERTO ( ) ERRADO

19. Considere que um detento tenha sido morto por seus colegas de carceragem, dentro da cela de uma
delegacia de polícia do estado do Acre. Nessa situação, o Acre responde pelos danos materiais e morais
resultantes dessa morte, mesmo que reste demonstrada a ausência de culpa dos agentes públicos
responsáveis pela segurança dos presos.
( ) CERTO ( ) ERRADO

20. A declaração de caducidade nos contratos de concessão de serviço público não é autorizada quando:
a) o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por base as
normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço.
b) a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou regulamentares
concernentes à concessão.
c) a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou operacionais para manter a
adequada prestação do serviço concedido.

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d) a concessionária for condenada em sentença transitada em


julgado por sonegação de tributos, inclusive contribuições sociais.
e) o poder público retomar o serviço durante o prazo da concessão, por motivo de interesse
público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização devida.

21. No que concerne ao serviço público, assinale a opção correta.


a) O dispositivo constitucional que preceitua caber ao poder público, na forma da lei,
diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão, sempre mediante licitação, a prestação
de serviços públicos, demonstra que o Brasil adotou uma concepção subjetiva de serviço público.
b) A permissão de serviço público é definida pela lei geral de concessões como a delegação, a
título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente
à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e
risco.
c) No procedimento de licitação para contratação de serviços públicos, obrigatoriamente a
primeira fase será a de habilitação e a segunda, de julgamento da proposta que melhor se
classificar, conforme as condições estabelecidas no edital, não sendo possível a inversão dessas
fases.
d) No contrato de concessão, é obrigatória cláusula que preveja o foro de eleição, não sendo
possível, diante do interesse público envolvido, prever-se o emprego de mecanismos privados
para a resolução de disputas decorrentes do contrato ou a ele relacionadas, inclusive a
arbitragem.
e) No contrato de concessão patrocinada, no âmbito das parcerias público-privadas, os riscos do
negócio jurídico decorrentes de caso fortuito ou força maior serão suportados exclusivamente
pelo parceiro privado.

22. Em caso de inadimplência, torna-se possível, após prévio aviso, a realização de corte no
fornecimento de serviços públicos essenciais ao usuário e remunerados por tarifa, sem que se configure
a descontinuidade na prestação do serviço.
( ) CERTO ( ) ERRADO

23. Uma concessionária de energia elétrica, pessoa jurídica de direito privado, houve por bem
terceirizar o serviço de corte do fornecimento de tal serviço. Marcos, empregado dessa empresa
terceirizada, ao efetuar a suspensão dos serviços de energia elétrica em favor de Maria, acabou por

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agredi-la, já que essa alegava que a conta já havia sido paga. Em relação
a essa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) A lei geral de concessão não autoriza a suspensão do fornecimento de energia elétrica, pelo
inadimplemento por parte do usuário, já que o acesso ao serviço de energia elétrica decorre da
própria dignidade da pessoa humana, que deve prevalecer sobre os interesses econômicos da
concessionária.
b) Eventual ação de indenização por danos materiais e morais deverá ser proposta contra a
concessionária, já que essa se responsabiliza pelos atos dos seus prepostos, não sendo possível
alegar-se culpa exclusiva de terceiro.
c) O prazo prescricional da ação de reparação de danos, na espécie, será de cinco anos, na forma
do Código Civil, já que inexiste prazo prescricional específico para as concessionárias de serviço
público.
d) Cabe mandado de segurança contra ato dos diretores da concessionária de serviço público,
com vistas a restabelecer o serviço de energia elétrica, o qual deverá ser impetrado na justiça
estadual.
e) A competência para julgar eventual ação de indenização proposta contra a concessionária de
serviço público será da justiça federal, já que se trata de uma delegação de serviço público
federal.

24. Assinale a alternativa incorreta, a respeito do processo de licitação e contratação de parceria


público-privada no âmbito da administração pública:
a) é vedada a celebração de contrato de parceria público-privada cujo período de prestação do
serviço seja inferior a 5 anos;
b) a contraprestação da Administração pública será obrigatoriamente precedida da
disponibilização do serviço objeto do contrato de parceria público-privada;
c) a contratação de parceria público-privada será precedida de licitação na modalidade de
concorrência;
d) é permitida a celebração de contrato de parceria público-privada que tenha como objeto único
a execução de obra pública.
e) não respondida.

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25. No que concerne às concessões de serviço público, é correto afirmar:


a) A concessionária poderá contratar com terceiro o desenvolvimento de atividades inerentes,
acessórias ou complementares ao serviço concedido, sendo tal contrato regido pelo direito
público.
b) É admitida a subconcessão, nos termos previstos no contrato de concessão, sendo tal outorga
sempre precedida de concorrência, não se exigindo, todavia, autorização expressa do poder
concedente.
c) O contrato de concessão não poderá prever o emprego de mecanismos privados de solução de
conflitos, como a arbitragem, por se tratar de contrato de direito público, o qual deve ser
dirimido somente pelo Judiciário, na hipótese de litígio.
d) A concessão é feita mediante licitação, na modalidade concorrência, havendo algumas
peculiaridades em tal procedimento licitatório, como a possibilidade da inversão das fases de
habilitação e julgamento.
e) A transferência da concessão ou do controle societário da concessionária sem prévia anuência
do poder concedente implicará na encampação da concessão do serviço público.

26. Entende-se por permissão de serviço público a:


a) expedição de ato unilateral, discricionário e precário, em favor de pessoa jurídica ou física que
comprove formalmente perante o poder concedente, a sua plena capacidade para a prestação do
serviço.
b) transferência através de contrato por prazo determinado e prévia licitação, na modalidade
concorrência, celebrado pelo poder concedente com a pessoa jurídica ou consórcio de empresas,
que tenha demonstrado capacidade para a sua prestação, por sua conta e risco.
c) outorga mediante ato unilateral e precário, expedido pelo poder público à pessoa física ou
jurídica que tenha demonstrado no decorrer do procedimento licitatório, capacidade para a
prestação do serviço, por sua conta e risco.
d) contratação mediante ato administrativo discricionário e precário, sem necessidade de
realização do certame licitatório, de pessoa jurídica que comprove plena capacidade para a
execução do serviço.
e) delegação a título precário, mediante contrato de adesão e prévia licitação, objetivando a
prestação de serviço público, formalizado entre o poder público e a pessoa física ou jurídica que
tenha demonstrado, no procedimento licitatório, capacidade para a sua prestação.

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27. No que se refere à autorização de serviço público, é correto afirmar:


a) Trata-se de ato precário, podendo, portanto, ser revogado a qualquer momento, por motivo
de interesse público.
b) Trata-se de ato unilateral, sempre vinculado, pelo qual o Poder Público delega a execução de
um serviço público de sua titularidade, para que o particular o execute predominantemente em
seu próprio benefício.
c) O serviço é executado em nome do autorizatário, por sua conta e risco, sem fiscalização do
Poder Público.
d) Trata-se de ato unilateral, discricionário, porém não precário, pelo qual o Poder Público
delega a execução de um serviço público, para que o particular o execute predominantemente
em benefício do Poder Público.
e) Trata-se de ato que depende de licitação, pois há viabilidade de competição.

28. O Jurista José dos Santos Carvalho Filho apresenta o seguinte conceito para um dos princípios dos
serviços públicos: Significa de um lado, que os serviços públicos devem ser prestados com a maior
amplitude possível, vale dizer, deve beneficiar o maior número de indivíduos. Mas é preciso dar relevo
também ao outro sentido, que é o de serem eles prestados, sem discriminação entre os beneficiários,
quando tenham estes as mesmas condições técnicas e jurídicas para a fruição. Trata-se do princípio da:
a) modicidade.
b) continuidade.
c) eficiência.
d) generalidade.
e) atualidade.

GABARITO:
1. E 2. B 3. E 4. A 5. A 6. C 7. C 8. C 9. B 10. C
11. C 12. C 13. E 14. C 15. C 16. C 17. E
18. E 19. C 20. E 21. B 22. C 23. B 24. D
25. D 26. E 27. A 28. D

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96 José Aras

LICITAÇÃO E CONTRATOS

A licitação visa assegurar igualdade Quanto aos contratos

de condições a todos os concorrentes, administrativos, essa mesma

efetivando os princípios da isonomia, regra prevê o direito do

impessoalidade, julgamento objetivo, Contratado à manutenção do


Conforme o art. 37, XXI, da equilíbrio-econômico-financeiro.
vinculação ao instrumento
CRFB/88, a licitação é
convocatório, adjudicação
procedimento via de regra
compulsória, dentre outros.
obrigatório para a contratação,
pela administração pública, de
obras, serviços, compras e
alienações.

Atualmente, convivem as Leis 8.666/93 e 14.133/21.

 A competência para dispor sobre normas gerais de licitações e contratos é da União, nos termos do
art. 22, XXVII, e do art. 37, XXI, da CRFB/88.
o Os Estados, DF e Municípios podem dispor sobre normas específicas, independentemente da
delegação prevista no art. 22, parágrafo único, da CRFB/88, fato que não impede a função
legislativa da União. Nesse caso, a única exigência é que os Estados, o DF e os Municípios
observem o disposto nas normas gerais da União.

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97 José Aras

 As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações


da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas
de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas em Lei.
o A contratação direta, fora das hipóteses de dispensa e inexigibilidade previstas em lei,
implica o cometimento de crime.

 A Lei de Licitação e Contratos Administrativos se aplica a:


I) alienação e concessão de direito real de uso de bens;
II) compra, inclusive por encomenda;
III) locação;
IV) concessão e permissão de uso de bens públicos;
V) prestação de serviços, inclusive os técnico-profissionais especializados;
VI) obras e serviços de arquitetura e engenharia;
VII) contratações de tecnologia da informação e de comunicação.

Porém, não se aplica a:


I) contratos que tenham por objeto operação de crédito,
interno ou externo, e gestão de dívida pública,
incluídas as contratações de agente financeiro e a
concessão de garantia relacionadas a esses contratos;
e
II) contratações sujeitas a normas previstas em
legislação própria.

 A legislação prevê algumas preferências para ME e EPP nesses contratos, quais sejam:
a) comprovação da regularidade fiscal e trabalhista para assinatura do contrato;
b) preferência, como critério de desempate, consistindo na possibilidade de ofertar nova
proposta, inferior à do licitante que seria o vencedor;
c) licitação exclusiva para ME e EPP, para os itens até o valor de R$ 80 mil;
d) poderá exigir subcontratação de ME e EPP em obras e serviços;
e) deverá estabelecer cota de até 25%, p/ ME e EPP, na aquisição de bens divisíveis;
f) possibilidade de instituir prioridade de contratação de ME e EPP, localizada local ou
regionalmente, até 10% do melhor preço válido.
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98 José Aras

 A licitação e os contratos possuem dois tipos de obrigações, quais sejam:


I) De resultado: Os profissionais contratados se comprometem a entregar um resultado
específico.
 A matriz poderá definir alguma margem de liberdade quanto aos meios,
uma vez que se preocupa com o resultado.
II) De meio: A contratada se compromete a entregar os seus conhecimentos e técnicas
na realização do empreendimento contratado, podendo existir uma expectativa de
resultado, mas sem que este seja de responsabilidade da contratada.

 A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção


da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional
sustentável, evitando o superfaturamento, e será processada e julgada em estrita conformidade com
os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade,
da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e
dos que lhes são correlatos.

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99 José Aras

 Todos os valores, preços e custos utilizados nas licitações terão como expressão monetária a
moeda corrente nacional, ressalvado o disposto no art. 42 desta Lei, devendo cada unidade da
Administração, no pagamento das obrigações relativas ao fornecimento de bens, locações,
realização de obras e prestação de serviços, obedecer, para cada fonte diferenciada de recursos, a
estrita ordem cronológica das datas de suas exigibilidades, salvo quando presentes relevantes
razões de interesse público e mediante prévia justificativa da autoridade competente, devidamente
publicada.
o Nas licitações internacionais, os preços poderão ser cotados em moeda estrangeira.

 Os Projetos Básico e Executivo são obrigatórios para licitações de obras e serviços de engenharia
realizadas nas modalidades concorrência, tomada de preços e convite, mas, não para compras de
bens.

 As modalidades de licitação são:

Pregão Concorrência Concurso Leilão Diálogo


Competitivo
- Rito procedimental - Segue o rito - Deve observar as - O leilão poderá - Restrita a
comum. procedimental regras e condições ser cometido a contratações em que
- Adota-se sempre comum. previstas em edital, leiloeiro oficial ou a Administração:
que o objeto possuir - É a mais ampla com indicação da a servidor I) Vise a contratar
padrões de dentre as qualificação exigida designado pela objeto que envolva
desempenho e modalidades de dos participantes, autoridade inovação tecnológica
qualidade que licitação vez que as diretrizes e competente da ou técnica,
possam ser permite a formas de Administração. impossibilidade de o
objetivamente participação de apresentação do - O regulamento órgão ou entidade ter
definidos pelo edital, todos os trabalho, as deverá dispor sua necessidade
por meio de interessados, desde condições de sobre seus satisfeita sem a
especificações que estes possuam realização e o procedimentos adaptação de
usuais de mercado. os requisitos prêmio ou operacionais. soluções disponíveis
- Não se aplica às exigidos no edital remuneração a ser - O leilão será no mercado, e
contratações de precedido da impossibilidade de

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100 José Aras

serviços técnicos para executar seu concedida ao divulgação do as especificações


especializados de objeto. vencedor. edital em sítio técnicas serem
natureza - Nos concursos eletrônico oficial, definidas com
predominantemente destinados à que conterá a precisão suficiente
intelectual e de elaboração de descrição do bem, pela Administração;
obras e serviços de projeto, o vencedor o valor da e
engenharia, com deverá ceder à avaliação, a II) Verifique a
exceção. Administração comissão do necessidade de
Pública todos os leiloeiro (se for o definir e identificar
direitos caso), a indicação os meios e as
patrimoniais do lugar onde se alternativas que
relativos ao projeto encontram os possam satisfazer
e autorizar sua móveis, veículos e suas necessidades,
execução conforme semoventes, o destacando para
juízo de sítio da internet e solução técnica mais
conveniência e o período em que adequada, requisitos
oportunidade das ocorrerá o leilão, técnicos aptos a
autoridades salvo se concretizar a solução
competentes. presencial, por já definida, e a
comprovada estrutura jurídica ou
inviabilidade financeira do
técnica ou contrato.
desvantagem para - Os critérios
a Administração, e empregados para
a especificação de pré-seleção dos
eventuais ônus, licitantes deverão ser
gravames ou previstos em edita
pendências sobre
os bens leiloados.
- O leilão não
exigirá registro
cadastral prévio,
não terá fase de

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101 José Aras

habilitação e
deverá ser
homologado
assim que
concluída a fase de
lances, superada a
fase recursal e
efetivado o
pagamento pelo
licitante vencedor.

Observações:
→ Além das modalidades referidas no caput deste artigo, a
Administração pode servir-se dos procedimentos auxiliares
previstos no art. 78 desta Lei.
→ É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou, ainda, a
combinação das modalidades existentes.

 O julgamento das propostas será realizado de acordo com os seguintes critérios:


I) menor preço;
II) maior desconto;
III) melhor técnica ou conteúdo artístico;
IV) técnica e preço;
V) maior lance, no caso de leilão;
VI) maior retorno econômico.

 As licitações de serviços atenderão aos princípios:


I) da padronização, considerada a compatibilidade de especificações estéticas, técnicas
ou de desempenho;
II) do parcelamento, quando for tecnicamente viável e economicamente vantajoso.

 A Administração poderá, mediante justificativa expressa, contratar mais de uma empresa ou


instituição para executar o mesmo serviço, desde que essa contratação não implique perda de

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102 José Aras

economia de escala, quando o objeto da contratação puder ser


executado de forma concorrente e simultânea por mais de um contratado, e a múltipla execução
for conveniente para atender à Administração.

 Em caso de empate entre duas ou mais propostas, serão utilizados os seguintes critérios de
desempate, nesta ordem:
I) disputa final, hipótese em que os licitantes empatados poderão apresentar nova
proposta em ato contínuo à classificação;
II) avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, para a qual
deverão preferencialmente ser utilizados registros cadastrais para efeito de atesto
de cumprimento de obrigações previstos nesta Lei;
III) desenvolvimento pelo licitante de ações de equidade entre homens e mulheres
no ambiente de trabalho, conforme regulamento;
IV) desenvolvimento pelo licitante de programa de integridade, conforme
orientações dos órgãos de controle.

 O ato que autoriza a contratação direta ou o extrato decorrente do contrato deverá ser
divulgado e mantido à disposição do público em sítio eletrônico oficial.
 O processo de contratação direta, que compreende os casos de inexigibilidade e de dispensa
de licitação, deverá ser instruído com os seguintes documentos:
I) documento de formalização de demanda e, se for o caso, estudo técnico preliminar,
análise de riscos, termo de referência, projeto básico ou projeto executivo;
II) estimativa de despesa, que deverá ser calculada na forma estabelecida no art. 23
desta Lei;
III) parecer jurídico e pareceres técnicos, se for o caso, que demonstrem o
atendimento dos requisitos exigidos;
IV) demonstração da compatibilidade da previsão de recursos orçamentários com o
compromisso a ser assumido;
V) comprovação de que o contratado preenche os requisitos de habilitação e
qualificação mínima necessária;
VI) razão da escolha do contratado;
VII) justificativa de preço;
VIII) autorização da autoridade competente.

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103 José Aras

Observação: Na hipótese de contratação direta indevida ocorrida


com dolo, fraude ou erro grosseiro, o contratado e o agente público
responsável responderão solidariamente pelo dano causado ao
erário, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.

 A extinção do contrato poderá ser:


I) determinada por ato unilateral e escrito da Administração, exceto no caso de
descumprimento decorrente de sua própria conduta;
II) consensual, por acordo entre as partes, por conciliação, por mediação ou por
comitê de resolução de disputas, desde que haja interesse da Administração;
III) determinada por decisão arbitral, em decorrência de cláusula compromissória
ou compromisso arbitral, ou por decisão judicial.

 Constatada irregularidade no procedimento licitatório ou na execução contratual, caso não


seja possível o saneamento, a decisão sobre a suspensão da execução ou sobre a declaração de
nulidade do contrato somente será adotada na hipótese em que se revelar medida de interesse
público, com avaliação, entre outros, dos seguintes aspectos:
I) impactos econômicos e financeiros decorrentes do atraso na fruição dos benefícios
do objeto do contrato;
II) riscos sociais, ambientais e à segurança da população local decorrentes do atraso
na fruição dos benefícios do objeto do contrato;
III) motivação social e ambiental do contrato;
IV) custo da deterioração ou da perda das parcelas executadas;
V) despesa necessária à preservação das instalações e dos serviços já executados;
VI) despesa inerente à desmobilização e ao posterior retorno às atividades;
VII) medidas efetivamente adotadas pelo titular do órgão ou entidade para o
saneamento dos indícios de irregularidades apontados;
VIII) custo total e estágio de execução física e financeira dos contratos, dos convênios,
das obras ou das parcelas envolvidas;
IX) fechamento de postos de trabalho diretos e indiretos em razão da paralisação;
X) custo para realização de nova licitação ou celebração de novo contrato;
XI) custo de oportunidade do capital durante o período de paralisação.

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104 José Aras

Observação: Caso a paralisação ou anulação não se revele medida


de interesse público, o poder público deverá optar pela continuidade
do contrato e pela solução da irregularidade por meio de
indenização por perdas e danos, sem prejuízo da apuração de
responsabilidade e da aplicação de penalidades cabíveis.

 O art. 155, da Lei 14.133/2021, estabelece que o licitante ou o contratado será


responsabilizado administrativamente pelas infrações:
I) dar causa à inexecução parcial do contrato;
II) dar causa à inexecução parcial do contrato que cause grave dano à
Administração, ao funcionamento dos serviços públicos ou ao interesse
coletivo;
III) dar causa à inexecução total do contrato;
IV) deixar de entregar a documentação exigida para o certame;
V) não manter a proposta, salvo em decorrência de fato superveniente
devidamente justificado;
VI) não celebrar o contrato ou não entregar a documentação exigida para a
contratação, quando convocado dentro do prazo de validade de sua proposta;
VII) ensejar o retardamento da execução ou da entrega do objeto da licitação sem
motivo justificado;
VIII) apresentar declaração ou documentação falsa exigida para o certame ou
prestar declaração falsa durante a licitação ou a execução do contrato;
IX) fraudar a licitação ou praticar ato fraudulento na execução do contrato;
X) comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude de qualquer natureza;
XI) praticar atos ilícitos com vistas a frustrar os objetivos da licitação;
XII) praticar ato lesivo previsto no art. 5º da Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013.

Serão aplicadas ao responsável pelas infrações administrativas as seguintes sanções de


advertência, multa, impedimento de licitar e contratar, e a declaração de inidoneidade para
licitar ou contratar, considerando a natureza e a gravidade da infração cometida, as
peculiaridades do caso concreto, as circunstâncias agravantes ou atenuantes, os danos que dela
provierem para a Administração Pública e a implantação ou o aperfeiçoamento de programa de
integridade, conforme normas e orientações dos órgãos de controle.
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LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS (LGPD)

Lei 13.709/18

➢ Criação de um cenário de segurança jurídica, com a padronização de normas e práticas, para


promover a proteção, de forma igualitária e dentro do país e no mundo, aos dados pessoais
de todo cidadão que esteja no Brasil.
➢ A Lei estabelece o que são os dados pessoais, define ainda, que há alguns desses dados sujeitos
a cuidados ainda mais específicos, como os dados sensíveis e os sobre crianças e adolescentes, e
que dados tratados tanto nos meios físicos como nos digitais estão sujeitos à regulação.
➢ Determina também que é permitido compartilhar dados com organismos internacionais e
com outros países, desde que isso ocorra a partir de protocolos seguros e/ou para cumprir
exigências legais.
➢ Outro elemento essencial da LGPD é o consentimento > base para que dados pessoais possam
ser tratados, contudo, é possível tratar dados sem consentimento se isso for indispensável para:
cumprir uma obrigação legal, executar política pública prevista em lei, realizar estudos via órgão
de pesquisa, executar contratos, defender direitos em processo, preservar a vida e a integridade
física de uma pessoa, tutelar ações feitas por profissionais das áreas da saúde ou sanitária,
prevenir fraudes contra o titular, proteger o crédito, ou atender a um interesse legítimo, que não
fira direitos fundamentais do cidadão.
➢ A Lei traz várias garantias ao cidadão, que pode solicitar que dados sejam deletados, revogar
um consentimento, transferir dados para outro fornecedor de serviços, entre outras ações.
➢ O tratamento dos dados deve ser feito levando em conta alguns quesitos, como finalidade e
necessidade, que devem ser previamente acertados e informados ao cidadão.
➢ O país contará com a Autoridade Nacional de Proteção de Dados Pessoais (ANPD), com
finalidade de fiscalizar e, se a LGPD for descumprida, penalizar. A ANPD também terá as tarefas
de regular e de orientar, preventivamente, sobre como aplicar a lei. Cidadãos e organizações
poderão colaborar com a autoridade.
➢ A LGDP também estipula os agentes de tratamento de dados e suas funções, nas organizações:
tem o controlador, que toma as decisões sobre o tratamento; o operador, que realiza o
tratamento, em nome do controlador; e o encarregado, que interage com cidadãos e autoridade

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nacional (e poderá ou não ser exigido, a depender do tipo ou porte da organização e do volume
de dados tratados).

QUESTÕES

1) A propósito do tratamento de dados pessoais, no âmbito da Lei Geral de Proteção de Dados, Lei n°
13.709 de 14 de agosto de 2018, e da Lei de Acesso à Informação Pública, Lei n° 12.527, de 18/11/2011,
verifica-se que
A) a comunicação ou o uso compartilhado de dados pessoais de pessoa jurídica de direito público
a pessoa de direito privado será informado à autoridade nacional de proteção de dados e sempre
dependerá de consentimento do titular.
B) o acesso a dados pessoais de terceiros depende de pedido de instauração de procedimento de
desclassificação, dirigido à autoridade máxima do órgão detentor das informações.
C) os serviços notariais e de registro exercidos em caráter privado, por delegação do Poder
Público, terão o mesmo tratamento dispensado às pessoas jurídicas de direito público, no
tocante ao tratamento de dados pessoais.
D) as informações pessoais tratadas pelas pessoas jurídicas de direito público devem ser
disponibilizadas publicamente, salvo expressa manifestação de vontade de seus titulares em
sentido contrário.

2) Os agentes de tratamento de dados, em razão das infrações cometidas às normas previstas na Lei
Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei 13.709/2018), ficam sujeitos às seguintes sanções
administrativas aplicáveis pela autoridade nacional:
I. advertência, com indicação de prazo para adoção de medidas corretivas; II. multa diária não superior
a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais); III. publicização da infração após devidamente apurada e
confirmada a sua ocorrência; IV. suspensão por prazo indeterminado do exercício da atividade de
tratamento dos dados pessoais a que se refere a infração; V. bloqueio dos dados pessoais a que se refere
a infração até a sua regularização.
Analise os itens acima e assinale
A) se apenas o item I estiver correto.
B) se apenas os itens II e IV estiverem corretos.

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C) se apenas os itens I, III e V estiverem corretos.


D) se apenas os itens I, II e V estiverem corretos.
E) se apenas os itens II, III, IV e V estiverem corretos.

3) Sabe-se que a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei 13.709/2018) dispõe sobre o tratamento
de dados pessoais, como, por exemplo, o dado relativo a titular que não possa ser identificado,
considerando a utilização de meios técnicos razoáveis e disponíveis na ocasião de seu tratamento.
Nesse caso, trata-se legalmente de dado
A) sensível.

B) aleatório.

C) oculto.

D) suspeito.

E) anonimizado.

GABARITO:

1) C 2) C 3) E

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PARABÉNS PELO EMPENHO!

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