Você está na página 1de 82

XXXV EXAME DA OAB

DIREITO
ADMINISTRATIVO
Professor José Aras
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

APRESENTAÇÃO

Estimados Guerreiros e Guerreiras!

É com muita alegria que apresentamos o módulo de Direito Administrativo


do preparatório para o XXXV exame da Ordem dos Advogados do
Brasil. Sejam todos muito bem-vindos!

Preparei esse roteiro pensando no seu exame e sabendo da importância


desses temas para sua prova, então, valerá a pena o nosso esforço durante
essas aulas!

Nosso módulo não dispensa suas anotações pessoais e, principalmente, a


leitura e os grifos dos dispositivos específicos de cada assunto que
abordaremos. Utilize, portanto, o seu Vade Mecum (1ª Fase da OAB e
Concursos) e vamos juntos!

Espero que vocês tenham um excelente proveito!

Receba o nosso sincero abraço!

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
2
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

BENS PÚBLICOS

Os bens públicos são aqueles


titularizados pelas pessoas
jurídicas de direito
Os demais bens são privados, a
público.
exemplo dos bens das empresas
públicas e das sociedades de
economia mista.

A Constituição Federal traz, de forma meramente


exemplificativa os bens da União (art. 20) e dos Estados
(art. 26).

A Organização Administrativa Brasileira é feita pela Administração


Pública Direta (U/E/DF/M) e Indireta (criação de nova pessoa jurídica
para exercer função pública – Autarquias/Fundações Públicas/Empresas
Públicas/Sociedade de Economia Mista), e pelas entidades do Terceiro Setor
(Paraestatais).

Logo, as pessoas jurídicas de direito público, que podem ser titulares de


bens públicos, são a administração pública direta (U/E/DF/M), autárquica e
fundacional. *A empresa pública e a sociedade de economia mista são de
direito privado (regidos pela CLT).

Observação: Os artigos 20 e 26 da
CF/88 abordam um rol exemplificativo,
pois, não esgotam os bens públicos.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
3
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

1. ESPÉCIES DE BENS PÚBLICOS

• São aqueles que que se destinam à utilização


geral pela coletividade.
Bens de Uso Comum • São bens afetados, ou seja, utilizados para uma
do Povo finalidade pública.
• Exemplos: Ruas, Praças, Mares, Meio ambiente,
etc.

• São aqueles ligados a prestação de serviços ou


políticas públicas.
• São bens afetados, ou seja, utilizados para uma
Bens de Uso Especial finalidade pública.
• Exemplos: Veículos oficiais, Prédios públicos e
Terras indígenas.
• São aqueles sem uso.
• São bens desafetados, ou seja, sem destinação
Bens Dominicais específica.
• Exemplos: Terras devolutas, Terrenos de
Marinha, etc.

Observações:
 Os bens de uso (comum e especial) são afetados. Enquanto que, os
bens dominicais são desafetados.
 A afetação é o fato administrativo pelo qual se atribui destinação
pública. A desafetação, por sua vez, é o fato administrativo pelo qual
o bem público desativado, deixando de servir a finalidade pública
anterior.
 A afetação ou desafetação do bem ocorre através da lei, fato
administrativo ou ato administrativo.
 A desafetação de imóveis da administração pública direta autárquica e
fundacional somente se efetiva por meio de lei específica.
 O simples uso é capaz de afetar um bem público, porém, o simples não
uso, não desafeta o bem público.
 A desafetação parcial é possível quando o bem público for divisível.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
4
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

2. CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS

a) Impenhorabilidade: O bem público não se submete a penhora. Por conta


disso, na execução contra a Fazenda Pública não haverá penhora, sendo
realizada pelo sistema de precatório (ordem de pagamento, proferida pelo
judiciário, conforme a ordem orçamentária – art. 100 da CF/88).
Obs.: além dos bens públicos, os bens privados gozarão da
impenhorabilidade enquanto estiverem afetados ao interesse público,
sem se transformarem em bens públicos – os bens públicos são
seguidos pelo seu regime jurídico.
Ex.: carro/viatura policial alugado para a polícia do estado; frota
de ônibus de concessionárias e estação de tratamento de água
e esgoto.

b) Não-onerabilidade: O bem público não pode ser onerado; não pode ser
objeto de penhor, hipoteca e anticrese. → Princípio da indisponibilidade dos
bens públicos.

c) Imprescritibilidade: O bem público não está sujeito à usucapião. →


Súmula 340 do STF: Os bens dominicais, assim como os demais bens
públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.

d) Inalienabilidade: O bem público não pode ser vendido a terceiros, como


regra. Cabe exceção, já que não é absoluto. Nesse caso aqui, “alienação” se
refere apenas à venda, embora tenha outras espécies, como dação em
pagamento, permuta, etc.

Observação: Das quatro características dos bens públicos, as três primeiras


são absolutas, isto porque, a inalienabilidade admite exceções. Assim, os
bens públicos podem ser vendidos a terceiros, desde que obedeça a quatro
condições, de forma cumulativa:
I. Avaliação prévia;

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
5
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

II. Demonstração do interesse público na venda;


III. Desafetação -  Mediante lei autorizativa;
IV. Licitação -  Se o bem for imóvel ou móvel, a licitação será na
modalidade leilão.

 A regularização dos bens públicos se efetiva por dois institutos:


1. Concessão real de uso: art. 7º do DL 271/67.
2. Concessão especial de uso para fins de moradia: Medida Provisória
2220/2001.

Observações:
 Além dos bens públicos, os bens privados que estiverem afetados ao
serviço público gozam também da impenhorabilidade enquanto
estiverem servindo a coletividade. É o que acontece, por exemplo, com
veículos privados alugados à administração para utilização como
viatura policial.
 No quesito da Inalienabilidade, se o bem for imóvel, em regra, a
modalidade de licitação será a concorrência. Se for bem móvel, a
modalidade é o leilão, tudo isso na forma do art. 17, I e II da Lei
8.666/93.

3. USO DO BEM PÚBLICO

3.1. Quanto à destinação

Normal Anormal

Será normal, quando realizada Será anormal, quando realizada em


em conformidade com a desacordo com a destinação.
destinação própria do bem. Por exemplo, o uso de vias públicas
para desfile de carnaval.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
6
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

3.2. Quanto ao destinatário

Comum Privativo

Todos fazem uso do bem Apenas uma pessoa faz uso do


público, sem necessidade de bem público, necessitando do
consentimento da consentimento da administração
administração. pública.
O uso comum pode ser Esse consentimento é feito
gratuito ou remunerado. mediante Concessão, Permissão
ou Autorização de uso.

Observações:
 A concessão de uso constitui modalidade de contrato administrativo,
precedido de licitação e tem prazo definido. A rescisão antecipada gera
direito à indenização ao concessionário.
 A permissão de uso é doutrinariamente equiparada à autorização de
uso, que, por sua vez, se consubstancia em um ato administrativo
unilateral, discricionário, precário.
 A característica da precariedade se explica pelo fato de não ter prazo
preestabelecido. De modo que a revogação, que pode ser feita a
qualquer tempo, não dará direito a indenização.
 Vale consignar que quando a permissão ou a autorização for consentida
com prazo preestabelecido (permissão ou autorização qualificada ou
condicionada), a revogação antecipada dará direito a indenização.

QUESTÕES PARA TREINO:

1. O governo estadual, após receber a solicitação do município, decide


autorizar por três anos a utilização gratuita, pelo município, de um imóvel
público estadual que se encontra desocupado, a fim de que lá seja instalado
um órgão municipal de atendimento à educação. Nessa hipótese, a utilização
do bem estadual é feita mediante o seguinte instrumento jurídico:
A) concessão de direito real de uso
________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
7
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

B) autorização de uso
C) concessão de uso
D) permissão de uso
E) cessão de uso

2. Um prédio que sirva de sede para um órgão da administração direta federal


é exemplo da seguinte espécie de bem público:
A) de uso comum do povo
B) de uso especial
C) dominical
D) dominial
E) alodial

3. Os bens dominicais
(A) podem ser alienados por meio de institutos privados.
(B) são afetados a uma finalidade pública específica.
(C) são aqueles que pertencem a todos, como por exemplo, mares e
praças.
(D) não podem ser alienados, seja por meio de institutos privados ou
públicos.

4. As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios em caráter permanente,


utilizadas para suas atividades produtivas e imprescindíveis à preservação
dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e às necessidades de
sua reprodução física e cultural são consideradas bens:
a) públicos de uso especial, pertencentes à União.
b) públicos de uso especial, pertencentes ao estado em que se
localizem.
c) públicos de uso especial, pertencentes ao município em que se
localizem.
d) públicos dominicais, pertencentes à União.
e) particulares, pertencentes à comunidade indígena respectiva.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
8
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

5. Com relação aos bens públicos, pode-se afirmar:


I - o transcurso do tempo, dependendo de situações concretas, pode resultar
em apropriação por terceiros;
II - segundo a Constituição Federal, mostra-se defeso a incidência de
execução forçada sobre os bens públicos;
III - a Constituição Federal veda, atualmente, apenas a usucapião de imóveis
públicos situados em zona urbana;
IV - a inalienabilidade não se apresenta em caráter absoluto, existindo leis
que disciplinam a alienação de bens públicos.
a) todas as proposições estão corretas;
b) todas as proposições estão incorretas;
c) apenas a proposição II está correta;
d) estão corretas as proposições II e IV;
e) estão corretas as proposições I e II.

6. Assinale a opção em que todos os bens sejam considerados de uso comum


do povo.
a) prédios da sede da prefeitura, ruas e veículo policial
b) ruas, praças e veículo policial
c) mares, estradas e praças
d) rios, mares e prédios da sede da prefeitura

7. Terras devolutas são as:


a) faixas de terras particulares, marginais dos rios, lagos e canais
públicos, na
largura de quinze metros, oneradas com a servidão de trânsito.
b) ocupadas pelos índios.
c) banhadas pelas águas do mar ou dos rios navegáveis.
d) pertencentes ao domínio público de qualquer das entidades estatais,
que não se acham utilizadas pelo poder público nem destinadas a fins
administrativos específicos.

8. Assinale a opção correta:

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
9
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

a) Os bens públicos de uso comum do povo são penhoráveis;


b) Os bens públicos de uso especial podem ser alienados enquanto
mantiverem essa característica;
c) Os bens públicos dominicais estão sob o domínio público, sendo
impenhoráveis, porém podem ser usucapidos;
d) Os bens públicos são imprescritíveis.

9. Sobre os bens públicos, observe as seguintes proposições:


I. A afetação é a destinação do bem público à satisfação das necessidades
coletivas e estatais, do que deriva inclusive a sua inalienabilidade, sendo
decorrente ou da própria natureza do bem ou de um ato estatal.
II. Os bens públicos de uso comum e de uso especial não podem ser
desafetados, diante do regime jurídico a que se sujeitam.
III. Uma diferença fundamental entre bens dominicais e outras espécies de
bens públicos consiste na possibilidade de alienação daqueles, desde que
respeitadas as exigências e formalidades previstas em lei.
IV. Os bens dominicais, assim como os demais bens públicos, não podem ser
adquiridos por usucapião.
V. Apesar de inalienáveis, os bens públicos afetados podem ser objeto de
penhora quando a execução contra a Fazenda Pública tiver por objeto créditos
de natureza trabalhista.
a) somente as proposições I, II e III são corretas
b) somente as proposições I, III e IV são corretas
c) somente as proposições II, III e IV são corretas
d) somente as proposições II, IV e V são corretas

GABARITO DE BENS PÚBLICOS


1. E 2. B 3. A 4. A 5. D 6. C 7. D 8. D 9. B

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
10
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

SERVIDORES PÚBLICOS

→ Disciplinado na CF/88, dentre os artigos 37 à 41, e 169, e na Lei


8.112/90 (Estatuto do Servidor Público Federal).

REGIME CONSTITUCIONAL
I. Acesso e Ingresso
Acesso Ingresso
Os cargos, empregos e funções O ingresso em cargos e empregos
públicas são acessíveis aos públicos depende, efetivamente, da
brasileiros (norma plena) e aos aprovação em concurso público.
estrangeiros (norma contida, ou → Ingresso somente para
seja, carente de lei específica). aprovados em concurso!
→ Acesso a todos!

 Concurso público (art. 37, I à V e IX, CF/88)


 Concurso de provas, ou provas e títulos.
 Concurso possui prazo de validade (até 2 anos, sujeito a
prorrogação) > conta-se a partir da homologação do concurso!
 O candidato aprovado em concurso público não possui direito
subjetivo a nomeação. Contudo, possui direito a observância da
ordem de classificação. Ou seja, se a administração publica nomear,
tem que seguir a ordem de classificação.
o STF 15. Dentro do prazo de validade do concurso, o
candidato aprovado tem o direito à nomeação, quando o
cargo for preenchido sem observância da classificação.
 Existe reserva de vagas nos concursos, para negros e pardos (Lei
12.990/14), e para portadores de deficiência (art. 37, VIII, CF/88)
– engloba portadores de visão monocular, mas exclui hipótese de
audição unilateral.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
11
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

o STJ 377. O portador de visão monocular tem direito de


concorrer, em concurso público, às vagas reservadas aos
deficientes.
o STJ 552. O portador de surdez unilateral não se qualifica
como pessoa com deficiência para o fim de disputar as vagas
reservadas em concursos públicos.
 Concursos Públicos podem exigir aprovação em psicoteste, teste de
aptidão física e limite na faixa etária – não cabe limitação em
relação ao gênero, ao estado civil e a raça – mera previsão de
limitação no edital não é suficiente, somente por Lei.
o SV 44. Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a
habilitação de candidato a cargo público.
o Súmula 686/STF. Só por lei se pode sujeitar a exame
psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.
o STF 683. O limite de idade para a inscrição em concurso
público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da
Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das
atribuições do cargo a ser preenchido.
 Em relação a Leis e Jurisprudência:
o TST 363. Contrato nulo. Efeitos. A contratação de servidor
público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso
público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º,
somente lhe conferindo direito ao pagamento da
contraprestação pactuada, em relação ao número de horas
trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e
dos valores referentes aos depósitos do FGTS.
o SV 43. É inconstitucional toda modalidade de provimento que
propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em
concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que
não integra a carreira na qual anteriormente investido.
o STF 684. É inconstitucional o veto não motivado à
participação de candidato a concurso público.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
12
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

II. Cargos em comissão e Função de confiança


 Cargos em comissão e função de confiança são de livre nomeação
e exoneração, porém, vedado a familiares – nepotismo é
legalmente proibido!
 O nepotismo cruzado também é vedado > é aquele em que o agente
público nomeia pessoa ligada a outro agente público, enquanto a
segunda autoridade nomeia uma pessoa ligada por vínculos de
parentescos ao primeiro agente, como troca de favores, também
entendido como designações recíprocas.
o SV 13. A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em
linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma
pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou
de confiança ou, ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta em qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações
recíprocas, viola a Constituição Federal.

III. Desvio de Função


 O desvio de função acontece quando um servidor público passa a
exercer outras atribuições que não aquelas do cargo no qual foi
empossado originalmente.
o STF 566. Enquanto pendente, o pedido de readaptação
fundado em desvio funcional não gera direitos para o
servidor, relativamente ao cargo pleiteado.
o STJ 378. Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus
às diferenças salariais decorrentes.

IV. Sistema Remuneratório (art. 37, X à XV e §9º, CF/88)

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
13
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

 O Teto Constitucional corresponde ao subsidio dos Ministros do STF


– ninguém da administração pública direta ou indireta poderá
receber acima.
 Na empresa pública e a sociedade de economia mista, aplica-se o
teto constitucional somente quando recebem ajuda do governo.
o SV 4. Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário
mínimo não pode ser usado como indexador de base de
cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado,
nem ser substituído por decisão judicial.
o SV 6. Não viola a Constituição o estabelecimento de
remuneração inferior ao salário mínimo para as praças
prestadoras de serviço militar inicial.
o SV 15. O cálculo de gratificações e outras vantagens do
servidor público não incide sobre o abono utilizado para se
atingir o salário mínimo.
o SV 16. Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98),
da Constituição, referem-se ao total da remuneração
percebida pelo servidor público.
o SV 37. Não cabe ao poder judiciário, que não tem função
legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob
o fundamento de isonomia - Súmula 339/COAD.
o SV 42. É inconstitucional a vinculação do reajuste de
vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices
federais de correção monetária - Súmula 681/STF.
o SV 55. O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos
servidores inativos - Súmula 680/STF.
o STF 679. A fixação de vencimentos dos servidores públicos
não pode ser objeto de convenção coletiva.
o STF 682. Não ofende a Constituição a correção monetária no
pagamento com atraso dos vencimentos de servidores
públicos.
o STJ 736. Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações que
tenham como causa de pedir o descumprimento de normas

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
14
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos


trabalhadores.

V. Acumulação de cargos, empregos e funções (art. 37, XVI e XVII,


CF/88)
 A Constituição Federal veda a acumulação remunerada de cargos
públicos, exceto quando houver compatibilidade de horários e nas
hipóteses expressamente previstas também no próprio texto
constitucional.

VI. Exercício de mandato eletivo (art. 38, CF/88)


 É o afastamento do cargo efetivo permitido ao servidor quando
investido em mandato eletivo federal, estadual, distrital, de prefeito
ou de vereador, e que tenha tomado posse no cargo para o qual foi
eleito, conforme disposto no artigo 94 da Lei 8.112/1990.
 O exercício de mandato eletivo é permitido, mas com regras.
 O vereador poderá acumular exercícios/funções e a remuneração.
o Ex.: Se um professor quer exercer mandato de vereador, ele
pode acumular, continuando a ser professor e vereador, se
houver compatibilidade de horários – poderá acumular o
exercício e as remunerações.
 O prefeito não pode acumular exercícios, por exemplo, sendo
professor e prefeito – precisa optar por um. Contudo, poderá optar
pela melhor remuneração para si.
 Todos os outros agentes de mandatos eletivos não poderão
acumular cargos e nem remuneração.

VII. Direito de associação sindical e greve (art. 37, VI a VII, CF/88)


 Encontra-se assegurado no artigo 37, inciso VII, da Constituição
Federal, o direito de greve do servidor público civil, desde que,
conforme reza o referido dispositivo constitucional, seja exercido
dentro dos limites previstos em lei. Entretanto, não existe lei
específica regulamentando o exercício de referida prerrogativa

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
15
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

constitucional no âmbito do serviço público, gerando inúmeras


controvérsias sobre a aplicabilidade do direito de greve no âmbito
da Administração Pública.

VIII. Direitos Sociais (art. 39, §3º, c/c art. 7, da CF/88)


 Direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social.
 Dentre todos os direitos, alguns incisos não são aplicados aos
servidores públicos > incisos I, II, III, V, VI, X, XI, XIV e XXI.
o Aplicam-se os incisos IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI,
XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX.

IX. Estágio probatório e Estabilidade (art. 41, CF/88)


 São estáveis após 3 anos de efetivo exercício, os servidores nomeados
para cargo de provimento efetivo através de concurso público.
 Avaliação especial de desempenho é condição para aquisição da
estabilidade, por meio de comissão instituída para essa finalidade.
 Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento
efetivo ficará sujeito a estágio probatório por período de 3 anos/36
meses (art. 20 da Lei 8112/90).
o TST 390. Estabilidade. Art. 41 da CF/88.
o STF 20. É necessário processo administrativo com ampla defesa,
para demissão de funcionário admitido por concurso.
o STF 21. Funcionário em estágio probatório não pode ser
exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as formalidades
legais de apuração de sua capacidade.
o STF 22. O estágio probatório não protege o funcionário contra a
extinção do cargo.
o STF 18. Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo
juízo criminal, é admissível a punição administrativa do servidor
público.
o STF 19. É inadmissível segunda punição de servidor público,
baseada no mesmo processo em que se fundou a primeira.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
16
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

X. Perda do cargo público


 Mesmo sendo estável, o servidor público poderá perder seu cargo, nos
casos:
o Sentença judicial transitada em julgado;
o Processo administrativo disciplinar;
o Reprovação em avaliação periódica de desempenho;
o Decorrência do limite de gastos com servidores.

REGIME INFRACONSTITUCIONAL – LEI 8.112/90


A lei divide-se em:
- Conceitos e Direitos do servidor (art. 1 ao 115)
- Regime disciplinar do servidor (art. 116 ao 182)
- Seguridade social do servidor (art. 183 ao 250) > o art. 185 é
essencial!

I. Conceitos, Direitos e Deveres do Servidor (art. 1 ao 115)


Título I
 O servidor é o agente efetivamente investido em cargo público.
 Institui o regime jurídico dos servidores públicos civis da União,
Autarquias, Agências Reguladoras e Fundações Públicas Federais –
militar possui regime jurídico próprio!
 Defeso prestação de serviços gratuitos, salvo casos previstos em Lei.
Título II
 Provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição (caps).
Forma de Lembrete Precisa de
Provimento Estabilidade?
Nomeação Entrada no serviço público Não

Promoção Evolução na carreira Não


Readaptação Retorno por conta de limitação Não
(art. 24) (física ou mental)
Reversão Retorno do aposentado A pedido > sim
(art. 25) De ofício > não

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
17
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

Aproveitamento Retorno do disponível Sim


Reintegração Retorno do demitido Sim
(art. 28)
Recondução Retorno ao cargo anterior Sim
(art. 29)
Remoção Deslocamento do servidor entre
(art. 36) entes
Redistribuição Deslocamento de cargo
(art. 37)

II. Regime Disciplinar (art. 116 ao 182)


o STJ 591. É permitida a prova emprestada no processo
administrativo disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo
juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa.
o STJ 592. O excesso de prazo para conclusão do processo
administrativo disciplinar só causa nulidade se houver
demonstração de prejuízo à defesa.
o STJ 611. Desde que devidamente motivada e com amparo em
investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo
administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face
do poder-dever de autotutela imposta à Administração.
o STJ. 635. Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei n.
8.112/1990 iniciam-se na data em que a autoridade competente
para a abertura do procedimento administrativo toma
conhecimento do fato, interrompem-se com o primeiro ato de
instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou processo
disciplinar - e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias
desde a interrupção.
o STJ 641. A portaria de instauração do processo administrativo
disciplina prescinde da exposição detalhada dos fatos a serem
apurados.

III. Seguridade Social (art. 183 ao 230)

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
18
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

 Ênfase para o art. 185, que trata dos benefícios do Plano de Seguridade
Social do servidor.

SISTEMA PREVIDENCIÁRIO (ART. 40)


o STF 36. Servidor vitalício está sujeito à aposentadoria compulsória, em
razão da idade.
o STF 38. Reclassificação posterior à aposentadoria não aproveita ao
servidor aposentado.
o STF 726. Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se
computa o tempo de serviço prestado fora da sala de aula - Sem efeito.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
19
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL
DO ESTADO

Conhecida também como Observação: A responsabilidade


Responsabilidade Civil, contratual diz respeito aos contratos
Patrimonial ou Aquiliana.
administrativos.

A responsabilidade extracontratual do estado é o dever


do poder público ou de quem faz o papel deste de
indenizar os prejuízos causados a terceiros em virtude
do comportamento de seus agentes, este
comportamento pode ser de uma ação ou uma omissão
e o dever de indenizar pode surgir tanto de um ato
material ou jurídico

Diferentemente do que ocorre com o direito privado, a administração


responde por danos decorrentes de condutas ilícitas ou lícitas, desde que o
dano seja, a um só tempo, certo (efetivo), anormal (aquele que supera os
meros dissabores da vida em sociedade) e especial (atingindo indivíduos ou
grupos de indivíduos determinados).

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
20
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

1. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA X OBJETIVA

Objetiva Subjetiva
O dano decorre de conduta comissiva dos O dano decorre de omissão
agentes públicos, conforme previsão do estatal (falta do serviço), aplica-
art. 37, §6º, da CF, que consagra a teoria se a responsabilidade subjetiva
do risco administrativo. do estado, aplicando-se a teoria
Desse modo, a administração responderá da culpa administrativa,
pelos danos que seus agentes, nessa conforme orientação doutrinária
qualidade, causem a terceiros, sendo e jurisprudencial.
dispensável a avaliação de culpa ou dolo. -
- Fato + elemento subjetivo
Fato + nexo causal = dano > gera o dever (culpa ou dolo) + nexo causal =
de indenizar ou reparar dano > gera dever de indenizar
ou reparar

Regra no Direito Regra no Direito Civil


Administrativo > art. 37,
§ 6, CF/88 e o art. 43 do
CC/02
Quando há omissão do
Estado = Teoria da Culpa
Teoria do Risco Administrativo Administrativa

Exceções onde mesmo o dano tendo sido causado por omissão,


aplica-se a responsabilidade objetiva do estado:
▪ Dano ambiental;
▪ Dano nuclear;
▪ Danos em situação de trânsito;
▪ Hipóteses de custódia (incluindo prejuízos ocorridos em hospitais e
escolas públicas e ambientes prisionais).

2. EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE – hipóteses de exclusão da


responsabilidade do Estado > afastam o dever de reparação
2.1. Caso fortuito > conduta humana (assalto em via pública, etc);
2.2. Força maior > evento da natureza (chuva forte, terremoto, etc);

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
21
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

2.3. Culpa exclusiva da vítima > vítima dá causa ao dano sofrido.

3. TEORIA DO RISCO INTEGRAL (SEGURADOR UNIVERSAL)


 A teoria do risco integral envolve a responsabilidade objetiva da
administração.
 Não admite as excludentes de responsabilidade.
 Na teoria do risco integral, o Estado apresenta-se como segurador
universal, de modo que assume integralmente o risco da atividade.
 Aplica-se aos danos decorrentes de atividade ambiental, nuclear e
aqueles causados por atentados terroristas com uso de aeronave de
matrícula brasileira, salvo taxi aéreo.

4. AÇÃO INDENIZATÓRIA E AÇÃO REGRESSIVA


 Configurada a hipótese de prejuízo causado a terceiro, cabe à vítima
buscar a sua reparação por meio de ação pelo rito comum, de natureza
indenizatória, englobando, de acordo com a circunstância fática, a
reparação de danos materiais (dano emergente e lucro cessante),
morais (in re ipsa) e estético.
 Em conformidade com o princípio da dupla garantia, essa ação deve
ser movida unicamente pela vítima contra o estado.
 Não se admite a denunciação à lide do agente e submete-se ao prazo
de prescrição em cinco anos, conforme art. 1º do Decreto 20.910/32.
 Uma vez sendo obrigado a reparar a vítima, cabe ao estado buscar a
sua reparação mediante ação regressiva. A ação regressiva, que tem
natureza obrigatória, se baseia na responsabilidade subjetiva do
agente que, portanto, apenas responde em casos de dolo ou culpa.
Prescreve em três anos, sendo que a característica da
imprescritibilidade, hodiernamente, reservou-se aos danos
decorrentes de atos de improbidade administrativa praticados por
meios dolosos.

5. ALCANCE DO ART. 37, §6º, CRFB

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
22
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

 O art. 37, §6º, da CF, que consagra a teoria do risco administrativo


(responsabilidade objetiva) não se limita à União, Estados, Distrito
Federal e Municípios. Alcança, na realidade, as pessoas jurídicas de
direito público e de direito privado prestadoras de serviços públicos.
 Assim, incidem também sobre as autarquias e fundações públicas
(pessoas jurídicas de direito público), além das empresas públicas e
sociedades de economia mista (quando prestadoras de serviços
públicos), bem como as delegatárias de serviços públicos.
 As delegatárias (concessionárias e permissionárias) respondem de
forma objetiva por danos causados a seus usuários e a terceiros.
 Quanto a essas pessoas jurídicas, a responsabilidade do estado é
subsidiária. Vale lembrar que será subsidiária a responsabilidade
envolvendo tabeliães e oficiais de registros.
 Consigne-se, ainda, que tem natureza solidária a responsabilidade pelo
fornecimento de medicamentos e prestação de serviços de saúde à
população.

6. A (IR)RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ATOS TIPICAMENTE


LEGISLATIVOS E JURISDICIONAIS
 Diferentemente do que ocorre em relação aos atos de natureza
administrativa, prevalece a irresponsabilidade do estado por danos
decorrentes de atos tipicamente legislativos e jurisdicionais. Assim,
não haverá dever de reparação quanto a prejuízos decorrentes da
edição de leis ou de decisões judiciais. Admite-se, entretanto,
exceções.
 Quanto ao Estado-Legislador, haverá responsabilidade em decorrência
de danos provocados pela edição de leis formalmente declaradas
inconstitucionais e pela edição de leis dos efeitos concretos, ou seja,
leis em sentido formal, que causam prejuízos ao indivíduo.
 No que tange ao Estado-Juiz, haverá responsabilidade
excepcionalmente envolvendo o erro judicial (ou erro judiciário), ou
seja, aquele que for preso indevidamente ou que permanecer preso
além do tempo fixado na sentença, na forma do art. 5º, LXXV, da CF.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
23
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

 O Brasil envergonha-se, dentre outras hipóteses, da prisão ilegal do


mecânico Marcos Mariano da Silva, cuja memória se deve fazer
presente para evitar a repetição da conduta quanto a outros indivíduos.

QUESTÕES DE TREINO:
1. A responsabilidade civil do Estado por conduta omissiva não exige
caracterização da culpa estatal pelo não-cumprimento de dever legal, uma
vez que a Constituição brasileira adota para a matéria a teoria da
responsabilidade civil objetiva.
( ) CERTO ( ) ERRADO

2. Os servidores públicos de uma autarquia do Acre respondem


objetivamente pelos danos que, no exercício de suas funções, causem
culposamente a terceiros.
( ) CERTO ( ) ERRADO

3. Considere que um detento tenha sido morto por seus colegas de


carceragem, dentro da cela de uma delegacia de polícia do estado do Acre.
Nessa situação, o Acre responde pelos danos materiais e morais resultantes
dessa morte, mesmo que reste demonstrada a ausência de culpa dos agentes
públicos responsáveis pela segurança dos presos.
( ) CERTO ( ) ERRADO

4. Os atos lesivos a terceiros praticados em razão dos serviços públicos


prestados por empregados de empresas concessionárias ou permissionárias
não geram a responsabilidade objetiva do Estado.
( ) CERTO ( ) ERRADO

5. Assinale a opção correta no que concerne à responsabilidade civil do


Estado.
a) Nos Estados absolutistas, negava-se a obrigação da administração
pública de indenizar os prejuízos causados por seus agentes aos
administrados, com fundamento no entendimento de que o Estado não

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
24
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

podia causar males ou danos a quem quer que fosse (the king can do
no wrong). Segundo a classificação da doutrina, a teoria adotada nesse
período era a teoria do risco integral.
b) Perante o transportado, a responsabilidade da transportadora que
exerça função pública sob concessão é contratual e subjetiva.
c) A Constituição Federal de 1988 adotou o princípio da
responsabilidade civil subjetiva para as autarquias.
d) De acordo com a teoria da responsabilidade objetiva, o Estado
responde pelos danos causados por seus agentes a terceiros,
independentemente da prova de culpa ou da demonstração do nexo
causal.
e) Uma sociedade de economia mista prestadora de serviço público
responderá por danos causados a terceiros independentemente da
prova de culpa.

6. Um policial militar do estado da Paraíba, durante o período de folga, em


sua residência, teve um desentendimento com sua companheira e lhe
desferiu um tiro com uma arma pertencente à corporação. Considerando o
ato hipotético praticado pelo referido policial, é correto afirmar que:
a) está configurada a responsabilidade civil do Estado, pois a arma
pertencia à corporação.
b) está configurada a responsabilidade civil do Estado, pois o disparo
foi efetuado por um policial militar, e o fato de ele estar de folga não
afasta a responsabilidade do Estado.
c) não há responsabilidade civil do Estado, visto que o dano foi causado
por policial fora de suas funções públicas.
d) não há responsabilidade civil do Estado, pois o dano não foi causado
nas dependências de uma repartição pública.
e) não há responsabilidade civil do Estado, uma vez que a conduta
praticada pelo policial não configurou dano.

7. A obrigação do Estado de indenizar o particular independe de culpa da


administração, visto que a responsabilidade é objetiva. O agente público

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
25
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

causador do dano deverá ressarcir a administração, desde que comprovada


a existência de culpa ou dolo do agente. Com relação aos efeitos da ação
regressiva do Estado contra o agente público, julgue os seguintes itens:
I. Os efeitos da ação regressiva transmitem-se aos herdeiros e sucessores do
agente público culpado, respeitado o limite do valor do patrimônio
transferido.
II. A ação regressiva pode ser movida mesmo após terminado o vínculo entre
o agente e a administração pública.
III. A ação por meio da qual o Estado requer ressarcimento aos cofres
públicos de prejuízo causado por agente público considerado culpado
prescreve em 5 anos.
IV. A orientação dominante na jurisprudência e na doutrina é de ser cabível,
em casos de reparação do dano, a denunciação da lide pela administração a
seus agentes.
Estão certos apenas os itens:
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

8. Tratando-se de responsabilidade civil do Estado, assinale a afirmativa


INCORRETA.
a) Empresas públicas podem se sujeitar à responsabilidade objetiva ou
subjetiva, dependendo de seu objeto social.
b) Pessoas jurídicas de direito privado, não integrantes da
Administração Pública, podem se sujeitar à responsabilidade objetiva.
c) A teoria francesa da faute du service é enquadrada como hipótese
de responsabilidade objetiva.
d) A responsabilidade do Estado por omissão caracteriza-se como de
natureza subjetiva.
e) A responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência
de culpa.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
26
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

GABARITO
1. E 2. E 3. C 4. E 5. E 6. C 7. A 8. C

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
27
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

INTERVENÇÃO DO ESTADO
SOBRE A PROPRIEDADE PRIVADA

As intervenções do estado sobre a


propriedade privada têm como fundamento
os princípios da supremacia do interesse
público sobre o interesse privado e da
função social da propriedade.

AS INTERVENÇÕES DO ESTADO DIVIDEM-SE:


RESTRITIVAS SUPRESSIVAS
→ Não tomam a propriedade do
particular, mas tão somente as Retira o patrimônio do expropriado,
restringem. correspondendo, portanto, à
→ Mitigam um dos direitos Desapropriação.
inerentes ao domínio (usar,
gozar, fruir, dispor e reivindicar),
tendo como espécies:
i) limitação administrativa;
ii) requisição administrativa;
iii) ocupação temporária;
iv) servidão administrativa;
v) tombamento.

1. CARACTERÍSTICAS DAS ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO DO ESTADO

1.1. Limitação Administrativa


▪ Espécie de intervenção marcada por um caráter geral e não
individualizado > atinge a todos os envolvidos!

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
28
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

Ex.: altura máxima de prédios, rodízio de veículos, obrigação


de extintor em veículos, espaço entre construções, etc.
▪ Não gera direito a indenização.
▪ Afeta o caráter absoluto da propriedade > está intimamente ligada
ao poder de polícia do Estado.

1.2. Requisição Administrativa


▪ Envolve situações emergenciais e de calamidade pública > situação
atípica emergencial > chuva forte, terremoto, enchentes, geada,
acidentes, etc.
▪ Incidem sobre bens móveis, imóveis, semoventes e sobre serviços
particulares > serviço médico é comumente requisitado.
▪ Dá direito à indenização posterior, em caso de dano > pois atinge
um bem específico/individualizado.

1.3. Ocupação Temporária


▪ Incide sobre terrenos/imóveis vizinhos (ou próximos) a obras
públicas, objetivando viabilizar a sua execução.
Ex.: escavações arqueológicas (conceito amplo de obras
públicas), perfuração de poços, etc.
▪ Dá direito à indenização posterior, em caso de dano.

1.4. Servidão Administrativa


▪ Possui natureza típica de direito real > de caráter perpétuo!
Ex.: servidão para transmissão de energia elétrica, servidão de
passagem, servidão de dutos de combustíveis e de gás e a altura
máxima de prédios próximos a pistas de pouso e decolagem de
aeronave.
▪ Registrado em cartório de registro de imóveis.
▪ A coisa dominante = serviço público
A coisa serviente = propriedade particular
▪ Instituída através de lei, de contrato ou por sentença judicial > não
possui natureza auto executória (diferente das outras).

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
29
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

▪ Quando imposta por lei, não dá direito a indenização; quando


estabelecida mediante contrato ou sentença, dá direito a
indenização.

1.5. Tombamento
▪ Visa proteger o patrimônio histórico, cultural e artístico Nacional.
▪ Realiza-se através de órgãos públicos ou entidades da
administração pública indireta, a exemplo do IPHAN (Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – autarquia federal).
▪ Incide sobre bens móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos.
▪ Em regra, não gera direito à indenização.
▪ Embora os bens públicos tombados sejam absolutamente
inalienáveis, o bem privado tombado pode ser vendido livremente,
não persistindo o direito de preferência antes instituído no Decreto
25/1937.
▪ O bem tombado pode ser gravado com penhor, anticrese e
hipoteca, por exemplo.

1.5.1. Espécies de tombamento (classificação):


a) Tombamento Geral ou Individual:
Geral > atinge a vários bens > tombamento existente nos
centros históricos de Salvador (Pelourinho), Olinda, Ouro Preto, São
Luís, dentre outros.
Individual > atinge um único bem > elevador Lacerda e a Igreja
do Senhor do Bonfim (na Bahia); o Cristo Redentor e a casa de
Drummond (no Rio de Janeiro).
b) Tombamento Provisório ou Definitivo:
Provisório > dúvidas sobre o valor histórico do bem.
Definitivo > quando já se tem certeza do valor histórico do bem.
c) Tombamento de Ofício ou Mediante Processo:
De ofício > atinge bens públicos, não sendo obrigatória a
observância da hierarquia política.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
30
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

Mediante processo administrativo > atinge bens particulares. O


tombamento de bens particulares pode ser voluntario (quando o
proprietário pede, solicita ou aceita o tombamento), ou compulsório
(quando o proprietário resiste ao tombamento).

1.5.2. Efeitos do tombamento:


a) Aos proprietários: dever de manutenção e conservação; proibição
de alterar o bem e necessidade de autorização para retirar o bem do
País.
b) À entidade responsável pelo tombamento: dever subsidiário de
conservação da coisa e dever de fiscalização.
c) Aos vizinhos: sofrem uma servidão administrativa envolvendo a
denominada “área de entorno”, dentro da qual não se pode realizar
construções ou inserir placas ou pinturas que tirem a visibilidade do
bem tombado.

Observação: Vale consignar que o


tombamento não é a única forma de proteção
do bem dotado de valor histórico, artístico ou
cultural, podendo também serem
resguardados através dos livros, registros e
museus, dentre outros.

1.6. Desapropriação
▪ Espécie de intervenção supressiva.
▪ Resulta na perda da propriedade pelo particular.
▪ Constitui modo originário de aquisição.
▪ Incide sobre bens móveis ou imóveis, de valor patrimonial > apenas
não se aplica à moeda corrente (dinheiro) e aos direitos
personalíssimos (vida, honra, intimidade).
▪ Para fins didáticos, a desapropriação se divide em dois grandes
grupos: desapropriações com ou sem caráter sancionatório.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
31
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

1.6.1. Desapropriação com caráter sancionatório: nessas hipóteses a


expropriação funciona quando a desapropriação tem caráter de sanção,
ela corresponde a uma penalidade ao proprietário, que deixou de
cumprir a função social da propriedade privada, daí porque, ele NÃO
terá a indenização ou a indenização será paga através de títulos.

Existem três espécies de desapropriação sancionatória:


a) Desapropriação urbana: É de competência exclusiva
dos Municípios e o pagamento da indenização se dará através de
títulos da dívida pública, com prazo de resgate até 10 anos,
desde que a emissão seja autorizada pelo Senado Federal. Vale
registrar que o não cumprimento da função social da
propriedade urbana não resulta na imediata desapropriação, na
medida em que o Município deve atender a passos antecedentes
à desapropriação: o primeiro passo é a notificação para a
edificação (construção) ou o parcelamento compulsório; o
segundo passo é a imposição do IPTU progressivo no tempo
(pelo prazo de cinco anos e a alíquota máxima de 15); terceiro
passo é a desapropriação sancionatória. Para a imposição de
qualquer dessas medidas interventivas, o Município precisa ser
dotado de plano diretor e de uma lei específica para a área
(imóvel) em que serão aplicadas.
b) Desapropriação rural: É da competência exclusiva da
União, realizada através do INCRA (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária), quando o proprietário deixa de
cumprir a função social da propriedade rural.
A indenização se dá através de títulos da dívida agrária, no prazo
de resgate de até 20 anos, sendo os dois primeiros anos de
carência (ou seja, o pagamento ocorre apenas a partir do 3º ano
das emissões). Consigne-se que se no imóvel tiver benfeitorias
úteis ou necessárias, estas serão indenizadas de forma prévia e
em dinheiro, de modo que, as benfeitorias voluptuárias e a terra
nua (sem benfeitoria) é que serão indenizadas através de TDA

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
32
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

(títulos da dívida agrária). NÃO são passiveis dessa


desapropriação a pequena ou média propriedade rural (a não ser
que tenha mais de uma pequena ou medida propriedade rural),
e também NÃO atinge a propriedade produtiva (que cumpre a
função social).
c) Desapropriação confiscatória: constitui a modalidade
MAIS grave de desapropriação em razão da plantação ILEGAL de
substâncias psicotrópicas ou da utilização de mão-de-obra
análoga à escrava. A expropriação é feita sem o pagamento de
qualquer indenização. O confisco se estende também para todos
os bens vinculados ao tráfico de entorpecentes ou à utilização
de mão-de-obra escrava e os imóveis arrecadados serão
utilizados para assentamento de colonos e parcelamento
popular.

1.6.2. Desapropriação sem caráter sancionatório: Aplica-se quando o


proprietário cumpre a função social da propriedade, mas esta se
mostra indispensável à consecução do interesse público. Nessas
hipóteses o proprietário terá direito à indenização justa, prévia e em
dinheiro. Vale lembrar que a desapropriação SEM caráter sancionatório
atinge também os bens públicos, mediante lei autorizativa e
observância da hierarquia política, ou seja, somente a entidade de
maior grau hierárquico pode desapropriar as entidades de menor
hierarquia.

Existem duas espécies de desapropriação sem natureza


sancionatória:
a) Desapropriação por utilidade (ou necessidade) pública:
Quando o bem expropriado passa a incorporar o patrimônio
público, a exemplo da desapropriação de um imóvel para
duplicação de uma avenida.
b) Desapropriação por interesse social: Hipótese em que
o bem é transferido a um particular, a exemplo da

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
33
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

desapropriação de um imóvel para construção de casas


populares. Essas espécies de desapropriação se efetivam
mediante um processo administrativo composto de duas fases:
declaratória e executória, a saber:
1ª) Fase declaratória: Nela, o poder público declara o
motivo (causa) e a finalidade da desapropriação, sendo,
essa declaração, de competência exclusiva das pessoas
políticas (União, Estados, DF e Municípios),
correspondendo, portanto, ao exercício do poder de
polícia do Estado, por isso mesmo absolutamente
indelegável; A declaração pode ser feita pelo Poder
Executivo (mediante decreto expropriatório) ou pelo
Poder Legislativo (mediante lei, cabendo, nesse caso, ao
Executivo os atos subsequentes da desapropriação). O
objetivo da fase declaratória é o de fixar o estado do bem,
realizando as avaliações necessárias para aferir o preço a
ser oferecido ao proprietário a título de indenização. A
Administração tem o prazo de 5 anos para concluir a fase
declaratória na desapropriação por utilidade pública.
Tratando-se de desapropriação por interesse social, esse
prazo é de 2 anos.
2ª) Fase executória: Nela, promove-se a desapropriação,
de forma amigável (se o proprietário aceitar o valor da
indenização oferecida pelo Poder Público) ou pela via
judicial (quando o proprietário não aceitar o preço
oferecido). Daí se vê que a desapropriação, nessa fase,
não tem natureza auto executória. Diferentemente do que
ocorre com a fase declaratória, a fase executória pode ser
delegada às pessoas integrantes da administração pública
indireta, bem como às delegatárias de serviços públicos
(concessionárias e permissionárias), já que corresponde
aos denominados atos materiais ligados ao exercício ao
poder de polícia, mas não exercício do poder de polícia em

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
34
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

si, que, conforme já estudado, é absolutamente


indelegável. Na ação judicial de desapropriação é cabível
o pedido de imissão provisória na posse do imóvel,
mediante dois requisitos: deposito prévio da quantia
oferecida e demonstração de urgência, à luz dos quais o
juiz é obrigado a conceder o pedido em favor do
expropriante.
Também merece registro o fato de que na ação judicial a
contestação somente pode versar sobre vício do processo
ou impugnar a oferta do preço, já que não cabe ao juiz
avaliar se se trata ou não de caso de utilidade pública ou
interesse social (ou seja, não cabe ao poder judiciário
adentrar no mérito do ato administrativo).

2. CONCEITOS JURÍDICOS APROFUNDADOS


Envolvem institutos ligados ao tema de desapropriação de extrema relevância
para as provas:

2.1. Destinação: É a finalidade da desapropriação.


Exemplo: Administração Pública desapropria um imóvel para a
utilidade pública para construção de uma escola pública.

2.2. Tredestinação: Corresponde ao desvio da finalidade inicialmente


indicada para o bem expropriado e pode ser lícita ou ilícita. Será lícita
quando, embora haja desvio de finalidade, ainda se atende o interesse
público, por exemplo, quando se desapropria um bem para a
construção de uma escola, mas, no lugar da escola, constrói-se um
hospital público. A tredestinação será lícita, por sua vez, quando se
desvia da finalidade e também do interesse público, por exemplo, se a
Administração desapropria para a construção de uma escola, e, no
lugar, se constrói uma borracharia e destina-a à um determinado

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
35
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

particular. A tredestinação lícita não gera qualquer consequência


jurídica. Por sua vez, a tredestinação ilícita gera a retrocessão.

2.3. Retrocessão: É a consequência da tredestinação ilícita. Através


dela, embora o particular não possa reaver o bem (reivindicar), terá
direito a uma indenização complementar ante a perda do bem e à
destinação diversa que lhe foi dada. Anote-se que quando a
desapropriação é feita para parcelamento popular, sua destinação é
obrigatória, de modo que não pode haver tredestinação, e, portanto,
não haverá retrocessão.

2.4. Desapropriação Indireta: Corresponde a um fato


administrativo através do qual o poder público retira a propriedade
particular sem a observância de um processo. Por causar danos ao
proprietário, a desapropriação indireta dá ensejo a indenização, não
sendo possível ao proprietário reaver o bem ao qual já tenha sido dada
determinada utilidade pública. Geralmente a desapropriação indireta é
configurada em situações equivalentes ao esbulho (ou invasão) de um
determinado imóvel pela Administração Pública.

2.5. Direito de extensão: É o direito que o proprietário tem de


postular que a desapropriação parcial alcance todo o imóvel, quando
lhe sobejar uma parte mínima, sem possibilidade de exploração
econômica ou menor que a pequena propriedade rural.

QUESTÕES PARA TREINO:


1. A empresa pública federal X, que atua no setor de pesquisas
petroquímicas, necessita ampliar sua estrutura, para a construção de dois
galpões industriais. Para tanto, decide incorporar terrenos contíguos a sua
atual unidade de processamento, mediante regular processo de
desapropriação. A própria empresa pública declara aqueles terrenos como de
utilidade pública e inicia as tratativas com os proprietários dos terrenos –

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
36
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

que, entretanto, não aceitam o preço oferecido por aquela entidade. Nesse
caso:
A) se o expropriante alegar urgência e depositar a quantia arbitrada de
conformidade com a lei terá direito a imitir-se provisoriamente na
posse dos terrenos.
B) a desapropriação não poderá consumar-se, tendo em vista que não
houve concordância dos titulares dos terrenos.
C) a desapropriação demandará a propositura de uma ação judicial e,
por não haver concordância dos proprietários, a contestação poderá
versar sobre qualquer matéria.
D) os proprietários poderão opor-se à desapropriação, ao fundamento
de que a empresa pública não é competente para declarar um bem
como de utilidade pública.

2. O Município Y promove o tombamento de um antigo bonde, já desativado,


pertencente a um colecionador particular. Nesse caso,
A) o proprietário pode insurgir‐se contra o ato do tombamento, uma
vez que se trata de um bem móvel.
B) o proprietário fica impedido de alienar o bem, mas pode propor ação
visando a compelir o Município a desapropriar o bem, mediante
remuneração.
C) o proprietário não poderá alienar livremente o bem tombado,
devendo garantir o direito de preferência do Poder Público.
D) o proprietário do bem, mesmo diante do tombamento promovido
pelo Município, poderá gravá-lo com o penhor.

3. Com relação à intervenção do Estado na propriedade, assinale a alternativa


correta.
A) requisição administrativa é uma forma de intervenção supressiva do
Estado na propriedade que somente recai em bens imóveis, sendo o
Estado obrigado a indenizar eventuais prejuízos, se houver dano.
B) A limitação administrativa é uma forma de intervenção restritiva do
Estado na propriedade que consubstancia obrigações de caráter

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
37
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

específico e individualizados a proprietários determinados, sem afetar


o caráter absoluto do direito de propriedade.
C) A servidão administrativa é uma forma de intervenção restritiva do
Estado na propriedade que afeta as faculdades de uso e gozo sobre o
bem objeto da intervenção, em razão de um interesse público.
D) O tombamento é uma forma de intervenção do Estado na
propriedade privada que possui como característica a conservação dos
aspectos históricos, artísticos, paisagísticos e culturais dos bens
imóveis, excepcionando-se os bens móveis.

4. Nas hipóteses de desapropriação, em regra geral, os requisitos


constitucionais a serem observados pela Administração Pública são os
seguintes:
A) comprovação da necessidade ou utilidade pública ou de interesse
social; pagamento de indenização prévia ao ato de imissão na posse
pelo Poder Público, e que seja justa e em dinheiro; e observância de
ato administrativo, sem contraditório por parte do proprietário.
B) comprovação da necessidade ou utilidade pública ou de interesse
social; pagamento de indenização prévia ao ato de imissão na posse
pelo Poder Público, e que seja justa e em dinheiro; e observância de
procedimento administrativo, com respeito ao contraditório e ampla
defesa por parte do proprietário.
C) comprovação da necessidade ou utilidade pública ou de interesse
social; pagamento de indenização prévia ao ato de imissão na posse
pelo Poder Público, e que seja justa e em títulos da dívida pública ou
quaisquer outros títulos públicos, negociáveis no mercado financeiro;
e observância de procedimento administrativo, com respeito ao
contraditório e ampla defesa por parte do proprietário.
D) comprovação da necessidade ou utilidade pública ou de interesse
social; pagamento de indenização, posteriormente ao ato de imissão
na posse pelo

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
38
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

Poder Público, e que seja justa e em dinheiro, e observância de


procedimento administrativo, com respeito ao contraditório e ampla
defesa por parte do proprietário

5. Assinale a opção correta com relação às modalidades de restrição do


Estado sobre a propriedade.
A) As limitações administrativas consubstanciam obrigações de caráter
específico a proprietários determinados, sem afetar o caráter absoluto
do direito de propriedade, que confere ao titular o poder de usar, gozar
e dispor da coisa do modo como melhor lhe convier.
B) O tombamento, que configura instituição de direito real de natureza
pública, impõe ao proprietário a obrigação de suportar ônus parcial
sobre o imóvel e não afeta o caráter absoluto do direito de propriedade.
C) A servidão administrativa afeta a exclusividade do direito de
propriedade, visto que transfere a outrem faculdades de uso e gozo.
D) A requisição de imóveis é restrição imposta ao proprietário que não
utiliza adequadamente a sua propriedade.

6. A respeito do instituto da servidão administrativa, assinale a opção correta.


A) As servidões administrativas podem decorrer diretamente da lei, de
acordo ou de sentença judicial.
B) Somente mediante lei pode ser extinta uma servidão administrativa.
C) Cabe direito a indenização em qualquer das hipóteses de servidão
administrativa.
D) A servidão administrativa tem natureza auto executória.

7. Acerca da intervenção do Estado na propriedade, assinale a opção correta.


A) No tombamento, modalidade de intervenção restritiva da
propriedade, não há mudança de propriedade.
B) O direito de preempção municipal, por meio do qual se assegura ao
município preferência para aquisição do imóvel urbano objeto de
alienação onerosa entre particulares, não é exemplo de limitação
administrativa.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
39
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

C) A ocupação temporária não pode incidir sobre bens imóveis.


D) A servidão administrativa é um direito pessoal.

8. Acerca da intervenção do Estado na propriedade privada, assinale a opção


correta.
A) A limitação administrativa consiste na instituição de ônus real de
uso pelo poder público sobre a propriedade privada.
B) A desapropriação, que consiste na transferência de propriedade de
terceiro ao poder público, tem por objeto bens móveis ou imóveis,
corpóreos ou incorpóreos, públicos ou privados.
C) A desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária,
é de competência da União e dos estados, devendo ser realizada sobre
imóvel rural que não esteja cumprindo a sua função social, mediante
prévia indenização em títulos da dívida agrária.
D) Ocorre a desapropriação indireta quando a entidade da
administração direta decreta a desapropriação, sendo o processo
expropriatório desenvolvido por pessoa jurídica integrante da
administração descentralizada.

9. Assinale a opção correta acerca de desapropriação.


A) Em caso de desapropriação por interesse social para fim de reforma
agrária, deve haver indenização, necessariamente em dinheiro, das
benfeitorias úteis e das necessárias.
B) A desapropriação de imóveis urbanos pode ser feita mediante prévia
e justa indenização, permitindo-se à administração, caso haja
autorização legislativa do Senado Federal, pagá-la com títulos da dívida
pública.
C) A desapropriação indireta, forma legítima de intervenção na
propriedade, é realizada por entidade da administração indireta.
D) Os bens públicos não podem ser desapropriados.

10. A modalidade de intervenção estatal que gera a transferência da


propriedade de seu dono para o Estado é:

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
40
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

A) o tombamento.
B) a desapropriação.
C) a servidão administrativa.
D) a requisição.

GABARITO
1. D 2. D 3. C 4. B 5. C 6. A 7. A 8. B 9. A 10. B

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
41
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

SERVIÇOS PÚBLICOS

A prestação de serviços públicos pode ser prestada pela Administração


Pública de forma direta (educação, saúde) ou mediante delegação (serviço
postal), isto é, transferindo a prestação dos serviços públicos mediante
contrato administrativo de concessão ou permissão, em regra, sem caráter
de exclusividade, salvo no caso de inviabilidade técnica ou econômica
devidamente justificada. > art. 175 da CF/88

I. Prestação do Serviço Adequado (concessionária ou permissionária)


➢ Aplica-se a elas o Código do Consumidor (CDC).
➢ Para prestarem o serviço público que lhe fora concedido de forma
adequada, as delegatárias precisam atender aos princípios da
regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade,
generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
➢ Merece destaque o fato de que o postulado da atualidade compreende
a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua
conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.
➢ Por sua vez, o princípio da continuidade (ou permanência) proíbe,
como regra, a interrupção da prestação dos serviços pelas
delegatárias.
➢ Não obstante, os serviços podem ser interrompidos por questões de
emergência/segurança ou em razão do inadimplemento das tarifas do
usuário, desde que seja efetivado o aviso prévio, que tenha interesse
da coletividade e que seja feito de segunda à quinta (dias de semana)
– não pode ser feito na sexta (final de semana) e feriados.

II. A Concessão de Serviços Públicos


➢ A concessão de serviço público corresponde à delegação de sua
prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na
modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
42
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua


conta e risco e por prazo determinado.
➢ Em suma, as concessões de serviços públicos configuram contratos
administrativos firmados com prazo certo, através de licitação por meio
de concorrência com pessoas jurídicas ou consórcios de pessoas
jurídicas para prestação de serviços públicos em seu próprio nome, por
sua conta e risco.
➢ No momento em que o serviço não é prestado adequadamente, a
intervenção do serviço poderá ser feita, mediante decreto do chefe do
poder executivo.
i) A administração tem 30 dias para iniciar um processo
administrativo, garantindo a ampla defesa > podendo tramitar
por 180 dias, no máximo;
ii) Ao final do prazo máximo, existem dois possíveis resultados:
o serviço poderá ser considerado adequado e a concessão ser
devolvida, ou o serviço poderá ser considerado inadequado e o
poder público extingue a concessão, conhecido como o instituto
da caducidade.

1. POLÍTICA TARIFÁRIA
➢ As concessões comuns são marcadas pelo fato de que a remuneração
do concessionário é feita através do recebimento das tarifas pagas
pelos usuários, observado o princípio da modicidade e preservada
pelas regras de reajuste e revisão previstas na lei, no edital e no
contrato administrativo de concessão.
➢ Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, a fim
de manter-se o equilíbrio econômico-financeiro, inclusive envolvendo
a teoria da imprevisão, como, por exemplo, as hipóteses de fato do
príncipe, uma vez que, ressalvados os impostos sobre a renda, a
criação, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos
legais, após a apresentação da proposta, quando comprovado seu

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
43
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

impacto, implicará a revisão da tarifa, para mais ou para menos,


conforme o caso.
➢ Haverá direito à manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
também nas hipóteses de caso fortuito, força maior, áleas
administrativas, áleas extraordinárias e fatos imprevisíveis, na forma
como estudada no capítulo relativo a contratos administrativos.
➢ Admite-se o recebimento, em favor da concessionária, de outras fontes
provenientes de receitas alternativas, complementares, acessórias ou
de projetos associados, com ou sem exclusividade, com vistas a
favorecer a modicidade das tarifas, as quais serão obrigatoriamente
consideradas para a aferição do inicial equilíbrio econômico-financeiro
do contrato, a exemplo de receitas provenientes da locação de espaços
para lojas, lanchonetes e estacionamentos, bem como espaços
publicitários.
➢ É possível, no processo de licitação, a inversão da ordem das fases de
habilitação e julgamento na concorrência, hipótese em que encerrada
a fase de classificação das propostas ou o oferecimento de lances, será
aberto o invólucro com os documentos de habilitação do licitante mais
bem classificado, para verificação do atendimento das condições
fixadas no edital.
➢ Por sua vez, o contrato de concessão poderá prever o emprego de
mecanismos privados para resolução de disputas decorrentes ou
relacionadas ao contrato, inclusive a arbitragem.
➢ Conforme estudado no capítulo próprio, os concessionários respondem
objetiva e diretamente pelos prejuízos causados durante a execução
dos serviços (a usuários ou terceiros, não usuários dos serviços
públicos), sendo apenas subsidiária a responsabilidade do Estado.

2. DA INTERVENÇÃO NA CONCESSÃO
➢ A fim de averiguar o atendimento dos princípios pertinentes à
prestação do serviço adequado, poderá, o poder concedente, intervir
na concessão.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
44
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

➢ A intervenção é realizada mediante decreto, que indicará a designação


do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da
medida.

➢ No prazo de trinta dias após o decreto, cabe ao poder concedente


instaurar procedimento administrativo para comprovar as causas
determinantes da medida e apurar responsabilidades, dentro de até
cento em oitenta dias, sob pena de considerar-se inválida a
intervenção, assegurado ao concessionário o direito de ampla defesa.
➢ Cessada a intervenção, se não for extinta a concessão (mediante
caducidade), a administração do serviço será devolvida à
concessionária, precedida de prestação de contas pelo interventor, que
responderá pelos atos praticados durante a sua gestão.

3. DAS MODALIDADES DE EXTINÇÃO DA CONCESSÃO E DA REVERSÃO


DOS BENS
➢ São modalidades de extinção do contrato de concessão:
i) o advento do termo/prazo contratual > o contrato é extinto
por atingir os 20 anos;
ii) anulação > o contrato é extinto por uma ilegalidade no
contrato;
iii) falência da empresa > o contrato administrativo possui
intuito personae;
iv) caducidade > o contrato é extinto por culpa do
concessionário/contratado, por inexecução total ou parcial;
v) rescisão > o contrato é extinto por culpa do poder
concedente/estado, mediante a via judicial > os serviços
prestados pela concessionária não poderão ser interrompidos ou
paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado;
vi) encampação > o contrato é extinto por motivo de interesse
público, mediante lei autorizativa específica e após prévio
pagamento da indenização.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
45
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

➢ Em qualquer hipótese de extinção da concessão, haverá a reversão ao


poder concedente de todos os bens reversíveis, direitos e privilégios
transferidos ao concessionário, mediante pagamento de indenização,
salvo quanto às parcelas já amortizadas.

4. PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS
➢ O contrato pelo qual o parceiro privado assume o compromisso de
disponibilizar à administração pública ou à comunidade uma certa
utilidade mensurável mediante a operação e manutenção de uma obra
por ele previamente projetada, financiada e construída. O contrato de
concessão divide-se em concessão patrocinada e a concessão
administrativa.

4.1. Concessão Patrocinada: Configura a concessão de serviços


públicos ou de obras públicas de quando envolve,
adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação
pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. O destino é
a coletividade. Pago pelo usuário e pelo Estado. Considerada
como a modalidade de concessão mais efetiva.
Ex.: Pedágio, etc.

4.2. Concessão Administrativa: Corresponde ao contrato de


prestação de serviços de que a Administração Pública seja a
usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra
ou fornecimento e instalação de bens. O destino é o poder
público. É pago pelo próprio Estado, já que eles usam.
Ex.: Presídios públicos, etc.

➢ Aplicam-se às parcerias público-privadas as regras relativas à


concessão comum, acima estudadas, além de outras condições
específicas. Destarte, é legalmente vedada a celebração de contrato
de parceria público-privada cujo valor do contrato seja inferior a R$

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
46
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

10.000.000,00 (dez milhões de reais) ou cujo período de prestação do


serviço seja inferior a 5 (cinco) ou superior a 35 (trinta e cinco) anos.
o Lembrando que a lei 13.529/2017 alterou o valor mínimo para
a PPP, agora são 10.000.000,00 (dez milhões) > antes eram
20.000.000,00 (vinte milhões)
➢ Considerando a necessidade de prestação de serviços, igualmente é
defeso a contratação de parceria público-privada que tenha como
objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e
instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.
➢ Importante previsão relativa às PPP’s envolve o direito ao equilíbrio
econômico-financeiro à luz da teoria da imprevisão. Isto porque, a lei
de PPP’s prevê a repartição de riscos entre as partes, inclusive os
referentes a caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea
econômica extraordinária. Ou seja, os prejuízos decorrentes desses
fatores serão suportados, meio a meio, pelas partes contratantes:
poder concedente e concessionário.
➢ Naturalmente que os prejuízos decorrentes de fato da administração
(inexecução contratual) são suportados unicamente pelo poder
concedente.

5. DA SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO


➢ Antes da celebração do contrato de concessão, deverá ser constituída
sociedade de propósito específico, incumbida de implantar e gerir o
objeto da parceria.
➢ Essa entidade poderá assumir a forma de companhia aberta, com
valores mobiliários admitidos a negociação no mercado, e deverá
obedecer a padrões de governança corporativa e adotar contabilidade
e demonstrações financeiras padronizadas, conforme regulamento,
não podendo ter como titular da maioria do capital votante das
sociedades a Administração Pública, salvo quanto à eventual aquisição
da maioria do capital votante da sociedade de propósito específico por
instituição financeira controlada pelo Poder Público em caso de
inadimplemento de contratos de financiamento.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
47
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

6. PERMISSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS


➢ Conforme conceito legalmente inserto na Lei 8.987/95, a permissão de
serviço público corresponde à modalidade de delegação, a título
precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita
pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco, sendo
formalizada mediante contrato de adesão, revogável unilateralmente
pelo poder concedente.
➢ Vê-se que, diferentemente do que ocorre quanto às concessões, a
permissão pode ser outorgada à pessoa física.

QUESTÕES PARA TREINO:


1. No que se refere aos serviços públicos, julgue o item abaixo.
Os serviços públicos uti singuli são aqueles prestados à coletividade, que têm
por finalidade a satisfação indireta das necessidades dos cidadãos, tais como
os serviços de iluminação pública e de saneamento.
( ) CERTO( ) ERRADO

2. Sobre Serviços Públicos analise as assertivas a seguir:


I. Por ser incumbência do Poder Público, a prestação dos serviços públicos
deve sempre, ser diretamente por ele executada.
II. A concessão de serviço público é uma relação jurídica alterável
unilateralmente pela Administração Pública.
III. O equilíbrio econômico-financeiro é direito do concessionário de serviço
público, devendo por isso ser restabelecido se afetado por alteração unilateral
do contrato.
IV. A encampação é forma de extinção contratual, pela qual o poder
concedente retoma o serviço durante o prazo da concessão, por motivo de
interesse público, mediante lei específica e prévio pagamento de indenização.
a) Apenas I, III e IV são corretas.
b) Apenas II, III e IV são corretas.
c) Somente II e IV são corretas.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
48
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

d) Todas são corretas .


e) Todas são incorretas.

3. Quanto aos serviços públicos e à administração pública, julgue o item


seguinte.
A autorização de serviço público constitui contrato administrativo pelo qual o
poder público delega a execução de um serviço de sua titularidade a
determinado particular, para que o execute em seu próprio nome, por sua
conta e risco, predominantemente em benefício próprio, razão pela qual não
depende de licitação e, quando revogado pela administração pública, gera,
para o autorizatário, o direito à correspondente indenização.
( ) CERTO ( ) ERRADO

4. Nos termos do que prevê a Lei Federal no 8.987/95, a concessão de


serviços públicos extingue-se por diversas formas, sendo correto afirmar,
neste tema, que a:
a) falência do concessionário acarreta a extinção da concessão e, como
consequência, a reversão ao poder concedente dos bens aplicados ao
serviço objeto do contrato.
b) encampação da concessão é implementada por meio da edição de
decreto e tem lugar quando se verifica a inadimplência do
concessionário.
c) caducidade enseja a rescisão da concessão pela expiração do prazo
fixado no contrato.
d) anulação da concessão tem lugar somente quando o concessionário
pratica infração contratual que também configure violação de
dispositivo normativo, eivando a relação de vício de ilegalidade.
e) reversão da concessão enseja o retorno ao poder concedente dos
bens afetos ao serviço público somente nos casos em que tiver havido
inadimplência do concessionário.

5. Em relação aos Serviços Públicos, é INCORRETO afirmar:

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
49
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

a) O contrato de concessão pela chamada parceria público-privada


deve ser precedido de licitação, na modalidade concorrência, sendo
imprescindível consulta pública e autorização legislativa quando se
tratar da hipótese de concessão patrocinada, por prazo superior a 35
anos.
b) A conservação de praças, jardins e canteiros de avenidas, em troca
de publicidade local da pessoa jurídica prestadora dos respectivos
serviços, enquadra-se na chamada autorização de serviços públicos,
dispensada licitação e autorização legislativa.
c) A permissão tem caráter precário, mediante contrato de adesão
tanto com pessoas jurídicas quanto físicas, admitindo qualquer
modalidade de licitação.
d) A instituição de um órgão gestor e a criação de um fundo Garantidor
de Parcerias Público-Privadas são essenciais para as parcerias público-
privadas em que a União figurar como parceira.
e) A concessão de serviço público exige autorização legislativa,
licitação exclusivamente pela modalidade concorrência, formalização
de contrato e prazo determinado, abrangendo somente pessoas
jurídicas ou consórcio de empresas.

6. É indevida a utilização de tutela possessória por concessionário de serviço


público com a finalidade de tentar assegurar o direito que acredita possuir
sobre o serviço de utilidade pública a ele confiado pelo poder público, pois tal
direito não configura direito possessório.
( ) CERTO ( ) ERRADO

7. A autorização de serviço público é ato unilateral da administração pública


pelo qual se consente a um particular a prática de atividade individual
incidente sobre um bem público, com caráter precário.
( ) CERTO ( ) ERRADO

8. A discricionariedade ínsita aos atos de autorização de serviços públicos


permite ao poder público avaliar a conveniência de eventual revogação do

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
50
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

ato autorizado, não havendo, portanto, por parte do particular, qualquer


direito subjetivo à continuidade da autorização.
( ) CERTO ( ) ERRADO

9. Em relação ao sentido de serviço público que se pode extrair do regime


constitucional hoje vigente no Brasil, pode-se corretamente afirmar que é um
sentido:
a) unívoco, na medida em que a Constituição contém um rol expresso
taxativo dos deveres do Estado, dizendo-os “serviços públicos”.
b) mais restrito do que certas formulações doutrinárias, face à
dicotomia constitucional estabelecida entre serviços públicos e
atividades econômicas exploradas pelo Estado.
c) amplo, posto que as atividades estatais em geral, como regra,
comportam execução por delegação, mediante concessão ou
permissão.
d) restrito, vez que apenas pode ser considerado serviço público aquele
prestado diretamente pelo Estado.
e) restrito, vez que apenas pode ser considerado serviço público aquele
prestado mediante concessão ou permissão.

10. Se a empresa de transportes Viação Ligeirinho Ltda. venceu licitação para


transportar passageiros entre estados, então esse serviço pode ser
considerado serviço público, mesmo sendo explorado por sociedade privada.
( ) CERTO ( ) ERRADO

11. Quanto aos usuários, os serviços públicos podem ser gerais ou específicos
(divisíveis, para alguns autores); o serviço de telefonia é um exemplo de
serviço público divisível.
( ) CERTO ( ) ERRADO

12. Considere que compete ao município determinado serviço público; então,


caberá ao próprio município a regulamentação dele, mas, não obstante,

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
51
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

competirá à União baixar normas gerais acerca da licitação para sua outorga
a particular.
( ) CERTO ( ) ERRADO

13. Todos os serviços públicos são, juridicamente, prestados aos membros


da coletividade em caráter facultativo.
( ) CERTO ( ) ERRADO

14. O requisito da generalidade do serviço público tem fundamento


constitucional.
( ) CERTO ( ) ERRADO

15. A permissão de serviço público, formalizada mediante celebração de


contrato de adesão entre o poder concedente e a pessoa física ou jurídica que
demonstre capacidade para o seu desempenho, por sua conta e risco, tem
como características a precariedade e a possibilidade de revogação unilateral
do contrato pelo poder concedente.
( ) CERTO ( ) ERRADO

16. Os serviços de utilidade pública têm característica de essencialidade e


necessidade para os membros da coletividade, sendo prestados de forma
direta, pela administração pública, ou indireta, por meio de concessionários,
permissionários ou autorizatários.
( ) CERTO ( ) ERRADO

17. A responsabilidade civil do Estado por conduta omissiva não exige


caracterização da culpa estatal pelo não-cumprimento de dever legal, uma
vez que a Constituição brasileira adota para a matéria a teoria da
responsabilidade civil objetiva.
( ) CERTO ( ) ERRADO

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
52
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

18. Os servidores públicos de uma autarquia do Acre respondem


objetivamente pelos danos que, no exercício de suas funções, causem
culposamente a terceiros.
( ) CERTO ( ) ERRADO

19. Considere que um detento tenha sido morto por seus colegas de
carceragem, dentro da cela de uma delegacia de polícia do estado do Acre.
Nessa situação, o Acre responde pelos danos materiais e morais resultantes
dessa morte, mesmo que reste demonstrada a ausência de culpa dos agentes
públicos responsáveis pela segurança dos presos.
( ) CERTO ( ) ERRADO

20. A declaração de caducidade nos contratos de concessão de serviço


público não é autorizada quando:
a) o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente,
tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâmetros
definidores da qualidade do serviço.
b) a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições
legais ou regulamentares concernentes à concessão.
c) a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou
operacionais para manter a adequada prestação do serviço concedido.
d) a concessionária for condenada em sentença transitada em julgado
por sonegação de tributos, inclusive contribuições sociais.
e) o poder público retomar o serviço durante o prazo da concessão, por
motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica e após
prévio pagamento da indenização devida.

21. No que concerne ao serviço público, assinale a opção correta.


a) O dispositivo constitucional que preceitua caber ao poder público,
na forma da lei, diretamente ou sob o regime de concessão ou
permissão, sempre mediante licitação, a prestação de serviços
públicos, demonstra que o Brasil adotou uma concepção subjetiva de
serviço público.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
53
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

b) A permissão de serviço público é definida pela lei geral de


concessões como a delegação, a título precário, mediante licitação, da
prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa
física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por
sua conta e risco.
c) No procedimento de licitação para contratação de serviços públicos,
obrigatoriamente a primeira fase será a de habilitação e a segunda, de
julgamento da proposta que melhor se classificar, conforme as
condições estabelecidas no edital, não sendo possível a inversão
dessas fases.
d) No contrato de concessão, é obrigatória cláusula que preveja o foro
de eleição, não sendo possível, diante do interesse público envolvido,
prever-se o emprego de mecanismos privados para a resolução de
disputas decorrentes do contrato ou a ele relacionadas, inclusive a
arbitragem.
e) No contrato de concessão patrocinada, no âmbito das parcerias
público-privadas, os riscos do negócio jurídico decorrentes de caso
fortuito ou força maior serão suportados exclusivamente pelo parceiro
privado.

22. Em caso de inadimplência, torna-se possível, após prévio aviso, a


realização de corte no fornecimento de serviços públicos essenciais ao usuário
e remunerados por tarifa, sem que se configure a descontinuidade na
prestação do serviço.
( ) CERTO ( ) ERRADO

23. Uma concessionária de energia elétrica, pessoa jurídica de direito


privado, houve por bem terceirizar o serviço de corte do fornecimento de tal
serviço. Marcos, empregado dessa empresa terceirizada, ao efetuar a
suspensão dos serviços de energia elétrica em favor de Maria, acabou por
agredi-la, já que essa alegava que a conta já havia sido paga. Em relação a
essa situação hipotética, assinale a opção correta.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
54
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

a) A lei geral de concessão não autoriza a suspensão do fornecimento


de energia elétrica, pelo inadimplemento por parte do usuário, já que
o acesso ao serviço de energia elétrica decorre da própria dignidade da
pessoa humana, que deve prevalecer sobre os interesses econômicos
da concessionária.
b) Eventual ação de indenização por danos materiais e morais deverá
ser proposta contra a concessionária, já que essa se responsabiliza
pelos atos dos seus prepostos, não sendo possível alegar-se culpa
exclusiva de terceiro.
c) O prazo prescricional da ação de reparação de danos, na espécie,
será de cinco anos, na forma do Código Civil, já que inexiste prazo
prescricional específico para as concessionárias de serviço público.
d) Cabe mandado de segurança contra ato dos diretores da
concessionária de serviço público, com vistas a restabelecer o serviço
de energia elétrica, o qual deverá ser impetrado na justiça estadual.
e) A competência para julgar eventual ação de indenização proposta
contra a concessionária de serviço público será da justiça federal, já
que se trata de uma delegação de serviço público federal.

24. Assinale a alternativa incorreta, a respeito do processo de licitação e


contratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública:
a) é vedada a celebração de contrato de parceria público-privada cujo
período de prestação do serviço seja inferior a 5 anos;
b) a contraprestação da Administração pública será obrigatoriamente
precedida da disponibilização do serviço objeto do contrato de parceria
público-privada;
c) a contratação de parceria público-privada será precedida de licitação
na modalidade de concorrência;
d) é permitida a celebração de contrato de parceria público-privada
que tenha como objeto único a execução de obra pública.
e) não respondida.

25. No que concerne às concessões de serviço público, é correto afirmar:

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
55
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

a) A concessionária poderá contratar com terceiro o desenvolvimento


de atividades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço
concedido, sendo tal contrato regido pelo direito público.
b) É admitida a subconcessão, nos termos previstos no contrato de
concessão, sendo tal outorga sempre precedida de concorrência, não
se exigindo, todavia, autorização expressa do poder concedente.
c) O contrato de concessão não poderá prever o emprego de
mecanismos privados de solução de conflitos, como a arbitragem, por
se tratar de contrato de direito público, o qual deve ser dirimido
somente pelo Judiciário, na hipótese de litígio.
d) A concessão é feita mediante licitação, na modalidade concorrência,
havendo algumas peculiaridades em tal procedimento licitatório, como
a possibilidade da inversão das fases de habilitação e julgamento.
e) A transferência da concessão ou do controle societário da
concessionária sem prévia anuência do poder concedente implicará na
encampação da concessão do serviço público.

26. Entende-se por permissão de serviço público a:


a) expedição de ato unilateral, discricionário e precário, em favor de
pessoa jurídica ou física que comprove formalmente perante o poder
concedente, a sua plena capacidade para a prestação do serviço.
b) transferência através de contrato por prazo determinado e prévia
licitação, na modalidade concorrência, celebrado pelo poder
concedente com a pessoa jurídica ou consórcio de empresas, que tenha
demonstrado capacidade para a sua prestação, por sua conta e risco.
c) outorga mediante ato unilateral e precário, expedido pelo poder
público à pessoa física ou jurídica que tenha demonstrado no decorrer
do procedimento licitatório, capacidade para a prestação do serviço,
por sua conta e risco.
d) contratação mediante ato administrativo discricionário e precário,
sem necessidade de realização do certame licitatório, de pessoa
jurídica que comprove plena capacidade para a execução do serviço.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
56
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

e) delegação a título precário, mediante contrato de adesão e prévia


licitação, objetivando a prestação de serviço público, formalizado entre
o poder público e a pessoa física ou jurídica que tenha demonstrado,
no procedimento licitatório, capacidade para a sua prestação.

27. No que se refere à autorização de serviço público, é correto afirmar:


a) Trata-se de ato precário, podendo, portanto, ser revogado a
qualquer momento, por motivo de interesse público.
b) Trata-se de ato unilateral, sempre vinculado, pelo qual o Poder
Público delega a execução de um serviço público de sua titularidade,
para que o particular o execute predominantemente em seu próprio
benefício.
c) O serviço é executado em nome do autorizatário, por sua conta e
risco, sem fiscalização do Poder Público.
d) Trata-se de ato unilateral, discricionário, porém não precário, pelo
qual o Poder Público delega a execução de um serviço público, para
que o particular o execute predominantemente em benefício do Poder
Público.
e) Trata-se de ato que depende de licitação, pois há viabilidade de
competição.

28. O Jurista José dos Santos Carvalho Filho apresenta o seguinte conceito
para
um dos princípios dos serviços públicos: Significa de um lado, que os serviços
públicos devem ser prestados com a maior amplitude possível, vale dizer,
deve
beneficiar o maior número de indivíduos. Mas é preciso dar relevo também
ao
outro sentido, que é o de serem eles prestados, sem discriminação entre os
beneficiários, quando tenham estes as mesmas condições técnicas e jurídicas
para a fruição. Trata-se do princípio da:
a) modicidade.
b) continuidade.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
57
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

c) eficiência.
d) generalidade.
e) atualidade.

GABARITO:
1. E 2. B 3. E 4. A 5. A 6. C 7. C 8. C 9. B 10. C
11. C 12. C 13. E 14. C 15. C 16. C 17. E
18. E 19. C 20. E 21. B 22. C 23. B 24. D
25. D 26. E 27. A 28. D

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
58
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

Administração Direta e administração Indireta

A Organização Administrativa estuda a maneira em que a


atividade pública é desenvolvida no Brasil. Envolve a
administração pública direta, indireta e as entidades
paraestatais ou entidades do “terceiro setor”.

A Administração Pública pode ser exercida:

I. De forma “Direta” ou “Centralizada”


→ A própria pessoa jurídica de direito público desenvolve a função.
→ Envolve a prestação de atividades e serviços públicos pela própria
União, Estados, Distrito Federal e Municípios de forma desconcentrada
por meio de seus órgãos públicos, isto é, unidades de atuação
destituídos de personalidade jurídica própria. Por excelência os órgãos
públicos são os ministérios e as secretarias. Considerando que esses
órgãos são destituídos de personalidade jurídica própria, esses órgãos
não têm patrimônio, servidores, nem responsabilidade jurídica
próprias. Sua atuação é imputada à pessoa jurídica que esse órgão
integra, conforme teoria do órgão (também chamada de teoria da
imputação volitiva).
→ Os órgãos públicos independentes e os autônomos gozam de
personalidade judiciária, podendo, portanto, demandar em juízo, no
polo ativo, na defesa de prerrogativas próprias, conforme previsto na
súmula 525 do STJ, que se aplica às Casas Legislativas.

II. De forma “Indireta” ou “Descentralizada”


→ Cria-se uma nova pessoa jurídica para desenvolver a função
determinada pela Administração Pública.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
59
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

→ Efetiva-se através da criação de novas pessoas jurídicas para


desenvolver a função pública. Cria-se, assim, autarquias, fundações
públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista (além de
suas subsidiárias).
→ As entidades que compõem a administração pública indireta são
regidas por três princípios: Tutela, Especialidade e Legalidade.
a) Tutela → Controle que a administração pública direta realiza
sobre as entidades da administração pública indireta. A tutela
(que não se confunde com a autotutela) não se realiza com
vínculo de subordinação hierárquica, já que envolve diferentes
pessoas jurídicas, dotadas, portanto, de autonomia. No plano
Federal, a tutela denomina-se supervisão ministerial, como
acontece, por exemplo, quando o ministério da previdência
(órgão da União) controle o Instituto Nacional de Seguro Social
(autarquia federal).
b) Especialidade → Justifica a própria descentralização
administrativa, uma vez que a criação dessas pessoas jurídicas
se faz com o objetivo de prestar determinada atividade com alto
grau de especialização. É o que acontece, por exemplo, com o
IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional),
autarquia federal que cuida da proteção do patrimônio histórico
brasileiro.
c) Legalidade → Aplica-se porque a criação de qualquer pessoa
da administração pública indireta depende sempre de lei
autorizativa, conforme regras insertas no art. 37, XIX e XX, da
CF. Trata-se de lei ordinária específica, porque trata de um único
tema. As autarquias e as fundações públicas de direito privado
nascem diretamente da lei.

Observação:
• Frise-se que todas as entidades da administração pública (direta ou
indireta) sujeitam-se a limitações públicas, dentre as quais a

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
60
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

necessidade de realização de concurso público, licitação e controle


financeiro, a cargo dos Tribunais de Contas.
• As fundações públicas constituídas como pessoas jurídicas de direito
privado têm sua criação autorizada mediante lei ordinária específica,
são criadas por decreto e terão sua área de atuação definida em lei
complementar.
• As empresas públicas e as sociedades de economia mista nascem
quando do arquivamento dos seus atos constitutivos na Junta
Comercial ou Cartório de Pessoas Jurídicas competente.
• A criação das subsidiárias também depende de autorização em lei
ordinária específica.

AS PESSOAS DESCENTRALIZADAS E SEUS RESPECTIVOS REGIMES


JURÍDICOS

AUTARQUIAS FUNDAÇÕES PÚBLICAS ENTIDADES ESTATAIS


▪ Correspondem à ▪ Correspondem à ▪ São as Empresas Públicas e
personificação de um serviço personificação de um as Sociedades de Economia
público. patrimônio público, e Mista.
▪ São sempre pessoas jurídicas desenvolvem atividades ▪ São sempre pessoas
de direito público que complementares a do estado. jurídicas de direito privado,
desenvolvem atividades típicas Exemplo clássico é a Fundação tendo vários pontos em
do estado (prestação de Nacional do Índio (FUNAI). comum, especialmente
serviços públicos), sem ▪ As fundações públicas podem quanto ao seu regime
finalidade lucrativa. ser constituídas com jurídico de direito privado
▪ As autarquias gozam das personalidade jurídica de quanto às obrigações de
mesmas prerrogativas das direito público ou de direito natureza civil, comercial,
entidades da administração privado. Trata-se, essa trabalhista e tributária. Por
pública direta. Assim, seus diferença de “roupagem isso mesmo seus bens
bens são públicos; gozam de jurídica” de uma mera opção sejam de natureza privada,
imunidade tributária recíproca; legislativa que não altera a suas obrigações comerciais
seus créditos são exigidos via natureza pública dessa em nada diferem dos
execução fiscal; gozam de entidade, de modo que às contratos firmados pelas
privilégios processuais (prazos fundações aplica-se o regime demais pessoas jurídicas de
________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
61
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

dilatados, isenção de custas, jurídico de direito público, direito privado, não se


intimação pessoal dos seus inclusive as mesmas aplicando a falência a essas
procuradores, foro privativo, prerrogativas das autarquias. entidades, entretanto.
duplo grau de jurisdição ▪ As fundações públicas se ▪ Seus empregados são
obrigatório, dentre outros). confundem com as fundações regidos pela CLT e essas
privadas, que são sempre pessoas jurídicas não
pessoas jurídicas de direito gozam de imunidade ou
privado e não integram a isenções fiscais.
administração pública indireta, ▪ Vale ressaltar, entretanto,
como, por exemplo, a que quando essas entidades
Fundação Ayrton Sena, prestam serviços públicos,
Fundação Roberto Marinho, sem finalidade lucrativa (a
Fundação Bradesco e exemplo da EBCT –
Fundação José Aras. Além das “Correios”), sofrem uma
autarquias e fundações maior interferência de
públicas comuns, existe no normas de direito público e,
direito brasileiro as autarquias por isso, terão algumas
em regime especial prerrogativas públicas, a
(denominadas de agências exemplo de
reguladoras) e as agências impenhorabilidade de seus
executivas, isto é, autarquias e bens e imunidade tributária.
fundações públicas
qualificadas pela assinatura de
contrato de gestão.
▪ O regime especial aplicado às
agências reguladoras se
consubstancia na maior
extensão do seu poder
normativo e na maior
estabilidade conferida a seus
dirigentes, na medida em que
exercem mandato, de modo
que somente podem perder o
cargo em decorrência de
renúncia, processo judicial ou
administrativo, com garantia

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
62
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

de ampla defesa e
contraditório. Após o exercício
do mandato, o dirigente fica
sujeito a um período de
quarentena, continuando
vinculado à agência e proibido
de prestar serviços ao setor
regulamentado, a fim de evitar
que transfira informações
privilegiadas.
▪ Por sua vez, a qualificação das
autarquias ou fundações
públicas como agências
executivas se realiza, como
dito, por meio da assinatura de
um contrato de gestão, através
do qual essa entidade tem
ampliada a sua autonomia, em
troca do cumprimento de
metas de desempenho, na
forma do art. 37, §8º, da CF. O
descumprimento dessas metas
de desempenho implicará na
desqualificação da entidade.

AS “PARAESTATAIS” OU ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR.


❖ As entidades paraestatais são pessoas jurídicas de direito privado, que
atuam sem finalidade lucrativa em prol dos interesses da coletividade.
❖ Essas entidades preenchem uma lacuna deixada pelo Estado, quanto ao
atendimento dos interesses coletivos e, por conta disso, gozam de um
sistema de compensação pública, através do qual se valem da utilização
de bens públicos, cessão de pessoal, isenções fiscais, assinatura de
convênios e termos de parcerias, recebimento de contribuições
parafiscais, dentre outros.
❖ Classificam-se em três categorias:
________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
63
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

I. Entidades de Cooperação Governamental (serviços sociais


autônomos - sistema “S”: SESI, SEBRAE, SEMATEC, SESC, SENAI);
II. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP’s);
III. Organizações Sociais (OS’s).

QUESTÕES PARA TREINO:


1. Ocorre desconcentração administrativa quando:
a) Pressupõe pessoas jurídicas distintas para desempenho de
atividades públicas;
b) Se reparte várias funções entre os vários órgãos despersonalizados
de uma mesma Administração, sem quebra de hierarquia;
c) O ente administrativo age por outorga, mediante supervisão
ministerial;
d) O ente administrativo age por delegação para execução de sua
atividade, em nome próprio e sua conta e risco, observada a necessária
tutela administrativa;
e) A prestação de serviços pelo Estado é indireta e mediata, sem
quebra de hierarquia.

2. Analisando as proposições abaixo:


I - A administração pública federal indireta compreende as autarquias,
empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas.
II - A administração pública, no âmbito do Poder Executivo Federal, se
constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência
da República e dos Ministérios.
III - Todas as entidades integrantes da administração pública indireta são
dotadas de personalidade jurídica de direito privado.
IV - As autarquias são entidades dotadas de personalidade jurídica de direito
público.
V – As empresas públicas são dotadas sempre de personalidade jurídica de
direito privado.
Assinale:
a) se apenas as afirmativas I, II e III estão corretas;

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
64
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

b) se apenas as afirmativas III e IV estão corretas;


c) se apenas a afirmativa V está correta;
d) se apenas as afirmativas IV e V estão corretas;
e) se apenas as afirmativas I, II, IV e V estão corretas.

3. Sobre a autarquia não é correto afirmar-se:


a) a autarquia, por tratar-se de um prolongamento do Poder Público,
deve executar serviços próprios do Estado;
b) a autarquia, por atuar em condições idênticas às do Estado, é
entidade estatal;
c) a instituição das autarquias faz-se por lei específica;
d) as proibições de acumulação remunerada de cargos, empregos e
funções atingem também os servidores das autarquias;
e) dedicando-se à exploração de atividade econômica, impõe-se, nas
relações de trabalho com os seus empregados, o mesmo regime das
empresas privadas.

4. Quais, dentre as entidades abaixo, não ostentam a natureza de Autarquia?


a) as agências reguladoras
b) as empresas públicas
c) as agências executivas
d) as autarquias sob regime especial

5. Julgue:
A gestão das agências reguladoras mereceu um tratamento legislativo
especial, tendo em vista a complexidade de suas atividades. Entre as
inovações constantes de seu regramento, está a figura da denominada
“estabilidade” de seus dirigentes, materializado no fato de exercerem
mandato.
( ) CERTO ( ) ERRADO

6. A empresa pública:

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
65
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

a) é pessoa jurídica de direito público interno, criada por lei, com


patrimônio próprio, exercendo função delegada pelo Estado;
b) é pessoa jurídica de direito público interno, criada por lei, com
patrimônio próprio, sem vínculo de subordinação hierárquica,
exercendo funções típica do Estado;
c) é pessoa jurídica de direito privado, criada por lei, com capital
dividido entre o Estado e particulares, com patrimônio próprio, para a
realização de serviço público ou atividade econômica, regendo-se pelas
normas das sociedades anônimas, com as adaptações previstas na sua
lei de criação;
d) é pessoa jurídica de direito privado, criada por lei, com capital
exclusivamente público, ainda que vindo de suas Administrações
Indiretas, com patrimônio próprio, destinadas ao exercício de serviço
público ou de atividade econômica de relevante interesse coletivo,
podendo-se revestir de qualquer forma e organização empresarial;
e) é pessoa jurídica de direito privado, criada por lei, com capital
exclusivamente público, não se admitindo que venha de suas
Administrações Indiretas, com patrimônio próprio, destinadas ao
exercício de serviço público ou de atividade econômica de relevante
interesse coletivo, podendo-se revestir de qualquer forma e
organização empresarial.

7. Considere as seguintes proposições:


I. A exploração direta de atividade econômica pelo Estado somente será
permitida quando necessária aos imperativos de segurança nacional ou
relevante interesse coletivo, conforme definido em lei, ressalvados os casos
previstos na Constituição Federal.
II. As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão
gozar de privilégios fiscais, não extensivos às do setor privado.
III. A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a
sociedade.
IV. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado
exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
66
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para


o setor privado.
V. A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública da sociedade de
economia mista, exceto o de suas subsidiárias que explorem atividade
econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de
serviços.
Assinale a alternativa correta:
a) somente a proposição IV está incorreta
b) as proposições I e V estão incorretas
c) somente a proposição V está incorreta
d) as proposições I, II e V estão incorretas
e) somente a proposição II está incorreta

8. Acerca do direito administrativo, julgue:


Considere que uma lei estadual do Acre institua, com caráter de autarquia, o
Instituto Academia de Polícia Civil, com o objetivo de oferecer formação e
aperfeiçoamento aos servidores ligados à polícia civil do Acre. Nessa situação,
a criação do instituto representaria um processo de descentralização
administrativa, visto que implicaria a criação de uma entidade da
administração estadual indireta.
( ) CERTO ( ) ERRADO

GABARITO
1. B 2. E 3. E 4. B 5. C 6. D 7. C 8. C 9. C

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
67
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

CONTROLE LEGISLATIVO, JUDICIAL


E ADMINISTRATIVO

 A Atuação Administrativa está sujeita a um sistema de controle.


 O controle pode ser interno ou externo, administrativo, judicial ou
legislativo, realizado pela Administração Pública ou pelos poderes
executivos, judiciário ou legislativo.

CONTROLE LEGISLATIVO
 Realizado em duas vertentes: Político e Financeiro.
o Controle político > envolve atos de governo (art. 42 ao 58, CF/88)
– de competência das casas legislativas > CPI.
o Controle financeiro > de competência das casas legislativas, com
auxilio dos tribunais de contas.
 Tribunal de Contas
o TCU trata das verbas federais > fiscaliza (art. 70 ao 75, CF/88).
o TCE trata das verbas de aplicação estadual.
o TCM trata das verbas de aplicação municipais (apenas 5 em todo
Brasil) > A CF proíbe a criação de novos tribunais de contas
municipais.

Atribuições do Tribunal de Contas (art. 71, CF/88):

- apreciar as contas anuais do chefe do poder executivo

- julgar as demais contas públicas

- sustar os atos irregulares envolvendo contratos administrativos

CONTROLE ADMINISTRATIVO
 Controle interno > própria administração realiza sobre seus próprios
atos = autotutela!
 A administração tem o dever de anular seus próprios atos, quando
eivados de nulidade, podendo revogá-los ou alterá-los, por
conveniência e oportunidade.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
68
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

 A revogação ou anulação são atos discricionários > não deve conduzir


abusos!
 Controle realizado de ofício ou provocado.

CONTROLE JUDICIAL
 Controle externo.
 Atenta-se ao princípio da Legalidade > ato ilegal será extinto pela
anulação!
 O Controle Judicial da Administração Pública é função do Poder
Judiciário sobre os atos administrativos exercidos pelos Três Poderes
(Executivo, Legislativo e Judiciário). Esse Controle, destarte, como o
próprio nome já diz, é exercido exclusivamente pelos órgãos do Poder
Judiciário e tem atuação sobre os atos administrativos praticados pelo
Executivo, Legislativo e Judiciário.
 Assegura que esse tipo de controle poderá recair sobre qualquer ato
da administração pública que tem a finalidade de garantir a atuação
administrativa idônea e adstrita, porém, é vedado ao Poder Judiciário
apreciar o mérito administrativo e restringe-se ao controle de
legalidade e da legitimidade do ato impugnado.

QUESTÕES PARA TREINO:


1) O Estado X está ampliando a sua rede de esgotamento sanitário. Para
tanto, celebrou contrato de obra com a empresa “Enge-X-Sane”, no valor de
R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais). A fim de permitir a conclusão
das obras, com a extensão da rede de esgotamento a quatro comunidades
carentes, o Estado celebrou termo aditivo com a referida empresa, no valor
de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais), custeados com recursos
transferidos pela União, mediante convênio, elevando, assim, o valor total do
contrato para R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais). Considerando
que foram formuladas denúncias de sobrepreço ao Tribunal de Contas da
União, assinale a afirmativa correta.
A) O Tribunal de Contas da União não tem competência para apurar
eventual irregularidade, uma vez que se trata de obra pública estadual,

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
69
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

devendo o interessado formular denúncia ao Tribunal de Contas do


Estado.
B) O Tribunal de Contas da União não tem competência para apurar
eventual irregularidade, mas pode, de ofício, remeter os elementos da
denúncia para o Tribunal de Contas do Estado.
C) O Tribunal de Contas da União é competente para fiscalizar a obra
e pode determinar, diante de irregularidades, a imediata sustação da
execução do contrato impugnado.
D) O Tribunal de Contas da União é competente para fiscalizar a obra
e pode indicar prazo para que o órgão ou a entidade adote as
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada
ilegalidade.

2) O Estado X, após regular processo licitatório, celebrou contrato de


concessão de serviço público de transporte intermunicipal de passageiros, por
ônibus regular, com a sociedade empresária “F”, vencedora do certame, com
prazo de 10 (dez) anos. Entretanto, apenas 5 (cinco) anos depois da
assinatura do contrato, o Estado publicou edital de licitação para a concessão
de serviço de transporte de passageiros, por ônibus do tipo executivo, para
o mesmo trecho. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
A) A sociedade empresária “F” pode impedir a realização da nova
licitação, uma vez que a lei atribui caráter de exclusividade à outorga
da concessão de serviços públicos.
B) A outorga de concessão ou permissão não terá caráter de
exclusividade, salvo no caso de inviabilidade técnica ou econômica
devidamente justificada.
C) A lei atribui caráter de exclusividade à concessão de serviços
públicos, mas violação ao comando legal somente confere à sociedade
empresária “F” direito à indenização por perdas e danos.
D) A lei veda a atribuição do caráter de exclusividade à outorga de
concessão, o que afasta qualquer pretensão por parte da
concessionária, salvo o direito à rescisão unilateral do contrato pela
concessionária, mediante notificação extrajudicial.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
70
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

3) A União celebrou convênio com o Município Alfa para a implantação de um


sistema de esgotamento sanitário. O Governo Federal repassou recursos ao
ente local, ficando o município encarregado da licitação e da contratação da
sociedade empresária responsável pelas obras. Após um certame conturbado,
cercado de denúncias de favorecimento e conduzido sob a estreita supervisão
do prefeito, sagrou-se vencedora a sociedade empresária Vale Tudo Ltda. Em
escutas telefônicas, devidamente autorizadas pelo Poder Judiciário,
comprovou-se o direcionamento da licitação para favorecer a sociedade
empresária Vale Tudo Ltda., que tem, como sócios, os filhos do prefeito do
Município Alfa. Tendo sido feita perícia no orçamento, identificou-se
superfaturamento no preço contratado. Com base na situação narrada,
assinale a afirmativa correta.
A) Não compete ao Tribunal de Contas da União fiscalizar o emprego
dos recursos em questão, pois, a partir do momento em que ocorre a
transferência de titularidade dos valores, encerra-se a jurisdição da
Corte de Contas Federal.
B) O direcionamento da licitação constitui hipótese de frustração da
licitude do certame, configurando ato de improbidade administrativa
que atenta contra os princípios da Administração Pública e, por isso,
sujeita os agentes públicos somente à perda da função pública e ao
pagamento de multa civil.
C) Apenas os agentes públicos estão sujeitos às ações de improbidade,
de forma que terceiros, como é o caso da sociedade empresária Vale
Tudo Ltda., não podem ser réus da ação judicial e, por consequência,
imunes à eventual condenação ao ressarcimento do erário causado
pelo superfaturamento.
D) Por se tratar de ato de improbidade administrativa que causou
prejuízo ao erário, os agentes públicos envolvidos e a sociedade
empresária Vale Tudo Ltda. estão sujeitos ao integral ressarcimento do
dano, sem prejuízo de outras medidas, como a proibição de contratar
com o Poder Público ou receber incentivos fiscais por um prazo
determinado.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
71
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

4) A pretexto de regulamentar a Lei nº 8.987/1995, que dispõe sobre a


concessão e a permissão de serviços públicos, o Presidente da República
editou o Decreto XYZ, que estabelece diversas hipóteses de gratuidade para
os serviços de transporte de passageiros. A respeito da possibilidade de
controle do Decreto XYZ, expedido pelo chefe do Poder Executivo, assinale a
afirmativa correta.
A) Como ato de natureza essencialmente política, o Decreto XYZ não
está sujeito a qualquer forma de controle.
B) Como ato discricionário, o Decreto XYZ não está sujeito a qualquer
forma de controle.
C) Como ato normativo infralegal, o Decreto XYZ está sujeito apenas
ao controle pelo Poder Judiciário.
D) Como ato normativo infralegal, o Decreto XYZ sujeita-se ao controle
judicial e ao controle legislativo.

GABARITO:
1) D 2) B 3) D 4) D

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
72
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

LICITAÇÃO E CONTRATOS
A licitação visa assegurar Quanto aos contratos
igualdade de condições a administrativos, essa mesma
todos os concorrentes, regra prevê o direito do
efetivando os princípios da Contratado à manutenção do
Conforme o art. 37, XXI,
isonomia, impessoalidade, equilíbrio-econômico-
da CF, a licitação é
julgamento objetivo, financeiro.
procedimento via de regra
vinculação ao instrumento
obrigatório para a
convocatório, adjudicação
contratação, pela
compulsória, dentre outros.
administração pública, de
obras, serviços, compras e
alienações.

Atualmente convivem as Leis 8.666/93 e 14.133/21. Vamos aguardar


como o tema de licitações e contratos será cobrado no Edital do Exame da
Ordem, e daremos um material de apoio específico para esse tema.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
73
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

PODERES ADMINISTRATIVOS

“Os Poderes Administrativos são o conjunto de


prerrogativas de direito público que a ordem
jurídica confere aos agentes administrativos para o
fim de permitir que o Estado alcance seus fins”.
José dos Santos

Poderes Administrativos Poderes Políticos


- Os poderes Administrativos são - Quando pensamos na Política de
aqueles da administração pública um Estado, em sua estrutura e
para consecução de seus interesses, organização, existem três poderes
visando o bem comum da políticos que norteiam suas ações,
coletividade, dentre eles, estão os são eles:
poderes vinculados, Poder Executivo.
discricionários, hierárquico, Poder Legislativo.
disciplinar, regulamentar e o Poder Judiciário.
poder de polícia.

* Quem possui poderes, também possui deveres. *

▪ Poderes da Doutrina Clássica > Vinculado, Discricionário,


Hierárquico, Disciplinar, Normativo e Polícia.
o Alguns críticos defendem que “Vinculado” e “Discricionário”
são formas de atuação, e não poderes.
▪ Poderes da Doutrina Moderna > Hierárquico, Disciplinar, Normativo
e Polícia.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
74
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

1) PODER HIERARQUICO
▪ Poder de distribuir competências no âmbito interno da
administração.
▪ Não existe hierarquia entre pessoas jurídicas distintas.
▪ Consiste nas atribuições de comando, chefia e direção dentro da
estrutura administrativa, portanto, é um poder interno e permanente
exercido pelos chefes de repartição sobre seus agentes subordinados
e pela administração central no atinente aos órgãos públicos.
▪ Existe a possibilidade de delegar atribuições.
o A delegação não transfere a competência > somente empresta.
o A administração delega, mas também poderá exercer a
atribuição.
o A extinção da delegação ocorre através da revogação.
o São indelegáveis:
i. competência exclusiva;
ii. ato normativo;
iii. decisão de recurso administrativo.

Observação: A avocação transfere o


exercício da competência do órgão inferior
para o órgão superior na cadeia hierárquica.

2) PODER DISCIPLINAR
▪ Poder de apurar infrações e aplicar punições a todos aqueles que
possuem vínculo com a administração pública.
o Os servidores possuem vínculo, mas, alguns terceiros também
possuem > prisioneiros em cumprimento de pena, alunos
universitários, etc.
▪ Poder disciplinar pressupõe um vínculo.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
75
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

3) PODER NORMATIVO
▪ Também conhecido como Poder Regulamentar.
▪ Poder que a Administração possui de editar atos complementares,
buscando a fiel execução da lei.
o Poder de dar fiel execução à lei.

4) PODER DE POLÍCIA
▪ O Poder de Polícia não pressupõe vínculo > é geral, cabível para todos.
▪ Poder de limitar ou condicionar direito individual, buscando
favorecer o coletivo.
▪ O poder de polícia administrativa irá incidir sobre bens, direitos e
atividades, tem caráter predominantemente preventivo, podendo ser
repressivo e fiscalizador, tem por objetivo prevenir ou reprimir ilícitos
administrativos.
▪ Em regra, o poder de polícia é indelegável, mas, caso a pessoa jurídica
privada seja da administração, o poder de policia pode ser delegado,
desde que não exista concorrência. Delegável para pessoas de direito
público.
▪ Possui atributos característicos do seu exercício, quais sejam:
i. Discricionariedade > Em regra é discricionário, mas é
cabível de forma vinculada em situações especiais.
ii. Autoexecutoriedade > Afasta o controle jurisdicional
prévio, mas não afasta o posterior.
iii. Coercibilidade > Imposição coercitiva das medidas
adotadas pela Administração, que diante de eventuais
resistências dos administrados, pode se valer, inclusive, da
força pública para garantir o seu cumprimento. Todo ato de
polícia administrativa é imperativo, de observância
obrigatória.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
76
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

Atenção!
Polícia Administrativa Polícia Judiciária
- Direito administrativo. - Direito penal ou processual penal.
- Atuação com bens, direitos e - Atuação com pessoas.
atividades. - Apuração de crimes.
- Apuração de infrações. - Em regra, é repressiva.
- Em regra, é preventiva.

QUESTÕES DE TREINO
1) Sobre o Poder de Polícia exercido pela Administração Pública, assinale a
afirmativa incorreta.
A) Limita o uso, gozo e disposição da propriedade e restringe o
exercício da liberdade dos indivíduos em benefício do interesse público.
B) Restringe direitos individuais, interferindo na órbita do interesse
privado, para salvaguardar o interesse público.
C) Admite até o emprego da força pública para o seu normal
cumprimento, quando houver resistência por parte do administrado.
D) Impede ou paralisa atividades antissociais.
E) Atua para a punição de agentes públicos que se recusarem a
executar as tarefas em conformidade com as determinações
superiores, desde que manifestamente legais.

2) O poder que permite que a Administração Pública apure infrações e aplique


penalidades aos servidores públicos e às demais pessoas sujeitas à disciplina
administrativa é denominado poder
A) normativo.
B) regulamentar.
C) disciplinar.
D) de polícia.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
77
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

E) cautelar.

GABARITO: 1) E 2) C

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
78
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS (LGPD)

Lei 13.709/18

➢ Criação de um cenário de segurança jurídica, com a padronização de


normas e práticas, para promover a proteção, de forma igualitária
e dentro do país e no mundo, aos dados pessoais de todo cidadão que
esteja no Brasil.
➢ A Lei estabelece o que são os dados pessoais, define ainda, que há
alguns desses dados sujeitos a cuidados ainda mais específicos, como
os dados sensíveis e os sobre crianças e adolescentes, e que dados
tratados tanto nos meios físicos como nos digitais estão sujeitos à
regulação.
➢ Determina também que é permitido compartilhar dados com
organismos internacionais e com outros países, desde que isso
ocorra a partir de protocolos seguros e/ou para cumprir exigências
legais.
➢ Outro elemento essencial da LGPD é o consentimento > base para
que dados pessoais possam ser tratados, contudo, é possível tratar
dados sem consentimento se isso for indispensável para: cumprir uma
obrigação legal, executar política pública prevista em lei, realizar
estudos via órgão de pesquisa, executar contratos, defender direitos
em processo, preservar a vida e a integridade física de uma pessoa,
tutelar ações feitas por profissionais das áreas da saúde ou sanitária,
prevenir fraudes contra o titular, proteger o crédito, ou atender a um
interesse legítimo, que não fira direitos fundamentais do cidadão.
➢ A Lei traz várias garantias ao cidadão, que pode solicitar que dados
sejam deletados, revogar um consentimento, transferir dados para
outro fornecedor de serviços, entre outras ações.
➢ O tratamento dos dados deve ser feito levando em conta alguns
quesitos, como finalidade e necessidade, que devem ser previamente
acertados e informados ao cidadão.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
79
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

➢ O país contará com a Autoridade Nacional de Proteção de Dados


Pessoais (ANPD), com finalidade de fiscalizar e, se a LGPD for
descumprida, penalizar. A ANPD também terá as tarefas de regular e
de orientar, preventivamente, sobre como aplicar a lei. Cidadãos e
organizações poderão colaborar com a autoridade.
➢ A LGDP também estipula os agentes de tratamento de dados e
suas funções, nas organizações: tem o controlador, que toma as
decisões sobre o tratamento; o operador, que realiza o tratamento, em
nome do controlador; e o encarregado, que interage com cidadãos e
autoridade nacional (e poderá ou não ser exigido, a depender do tipo
ou porte da organização e do volume de dados tratados).

QUESTÕES DE TREINO

1) A propósito do tratamento de dados pessoais, no âmbito da Lei Geral de


Proteção de Dados, Lei n° 13.709 de 14 de agosto de 2018, e da Lei de Acesso
à Informação Pública, Lei n° 12.527, de 18/11/2011, verifica-se que
A) a comunicação ou o uso compartilhado de dados pessoais de pessoa
jurídica de direito público a pessoa de direito privado será informado à
autoridade nacional de proteção de dados e sempre dependerá de
consentimento do titular.
B) o acesso a dados pessoais de terceiros depende de pedido de
instauração de procedimento de desclassificação, dirigido à autoridade
máxima do órgão detentor das informações.
C) os serviços notariais e de registro exercidos em caráter privado, por
delegação do Poder Público, terão o mesmo tratamento dispensado às
pessoas jurídicas de direito público, no tocante ao tratamento de dados
pessoais.
D) as informações pessoais tratadas pelas pessoas jurídicas de direito
público devem ser disponibilizadas publicamente, salvo expressa
manifestação de vontade de seus titulares em sentido contrário.

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
80
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

2) Os agentes de tratamento de dados, em razão das infrações cometidas às


normas previstas na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei
13.709/2018), ficam sujeitos às seguintes sanções administrativas aplicáveis
pela autoridade nacional:
I. advertência, com indicação de prazo para adoção de medidas corretivas;
II. multa diária não superior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais); III.
publicização da infração após devidamente apurada e confirmada a sua
ocorrência; IV. suspensão por prazo indeterminado do exercício da atividade
de tratamento dos dados pessoais a que se refere a infração; V. bloqueio dos
dados pessoais a que se refere a infração até a sua regularização.
Analise os itens acima e assinale
A) se apenas o item I estiver correto.
B) se apenas os itens II e IV estiverem corretos.
C) se apenas os itens I, III e V estiverem corretos.
D) se apenas os itens I, II e V estiverem corretos.
E) se apenas os itens II, III, IV e V estiverem corretos.

3) Sabe-se que a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei 13.709/2018)


dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, como, por exemplo, o dado
relativo a titular que não possa ser identificado, considerando a utilização de
meios técnicos razoáveis e disponíveis na ocasião de seu tratamento.
Nesse caso, trata-se legalmente de dado
A) sensível.

B) aleatório.

C) oculto.

D) suspeito.

E) anonimizado.

GABARITO: 1) C 2) C 3) E

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
81
DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________________
José Aras

PARABÉNS PELO EMPENHO!

A FAMÍLIA QUE MAIS APROVA NO BRASIL!

________________________________________________
https://www.cejasonline.com.br/
82

Você também pode gostar