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Bens Públicos

Professor: Gustavo Scatolino


Bens Públicos
Professor: Gustavo Scatolino
- BENS PÚBLICOS

- CONCEITO:

LEI - Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for
a pessoa a que pertencerem. (código civil de 2002)

DOUTRINA - Deve-se compreender como bens públicos todos os demais bens,


mesmo que pertencentes a pessoas de direito privado, que estejam destinados à
prestação de um serviço público.
- CLASSIFICAÇÃO

1) Quanto à titularidade:

A) união/federais: art. 20, CF

Art. 20. São bens da União:


I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares,
das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de
um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas
áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005)
Ilha de Florianópolis
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica
exclusiva; ver Lei nº 8.617/93
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
(…)
§ 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das
fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada
fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão
reguladas em lei.
PRAIA FLUVIAL
PRAIA LACUSTRE
Foto de 2011
‘Prainha em Brasília’
ILHA FLUVIAL
B) Estaduais

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:


I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito,
ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio,
excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
(Advogado da União – Cespe – 2010) Os rios públicos são bens da União quando
situados em terrenos de seu domínio, ou ainda quando banharem mais de um
estado da Federação, ou servirem de limites com outros países, ou se
estenderem a território estrangeiro ou dele provierem. Os demais rios públicos
bem como os respectivos potenciais de energia hidráulica pertencem aos
estados membros da Federação.
ERRADA. Os potenciais de energia hidráulica pertencem à União
2) Quanto ao USO

A) Bem de uso comum do povo – são aqueles destinados ao uso comum e geral
de toda a comunidade, tais como os rios, os mares, as estradas, ruas e praças.

B) BEM DE USO ESPECIAL – destinam-se á prestação do serviço administrativo,


como por exemplo, os edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração. São bens vinculados ao exercício de alguma
atividade administrativa ou ao uso especial coletivo. São os veículos oficiais,
prédios públicos onde funcionam repartições administrativas, bens tomadas,
bibliotecas públicas, museus e outros locais de acesso aberto ao público.
C) BENS DOMINICAIS ou DOMINIAIS – constituem o patrimônio disponível das
pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal ou real, de
cada uma das entidades. Se caracterizam por não possuir uma destinação
específica. Compreendem os bens móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos.
São, por exemplo, as terras devolutas, os terrenos da marinha e seus acrescidos
e os terrenos reservados e acrescidos quando não vinculados a destino público
específico.
OBS! Os bens de uso comum do povo e os de uso especial são bens públicos
com destinação pública específica (afetados) e, portanto, são inalienáveis
enquanto conservarem essa qualificação, na forma em que a lei dispuser. Os
bens dominicais, por não terem destinação específica podem ser alienados
respeitadas as exigências legais. No caso de bens imóveis – art. 17, I, 8666
A afetação é o ato ou fato através do qual um bem, não vinculado a um fim
específico, passa a sofrer destinação ao fim público se tornando bem de uso
comum do povo ou de uso especial.

A desafetação ocorre por meio de ato em que um determinado bem vinculado


ao uso coletivo ou ao uso especial tem suprimida essa destinação pública.
Ano: 2017 Banca: CONSULPLAN Órgão: Prefeitura de Sabará - MG Prova:
CONSULPLAN - 2017 - Prefeitura de Sabará - MG - Advogado
Em relação à classificação dos bens públicos, assinale a afirmativa correta.
A Os bens públicos imóveis desafetados são inalienáveis.
B As praias classificam-se como bens públicos de uso especial.
C As ruas classificam-se como bens públicos de uso comum do povo
D Os hospitais e postos de saúde classificam-se como bens dominais.
Letra C
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Prefeitura de Caruaru - PE Prova: FCC - 2018 - Prefeitura
de Caruaru - PE - Procurador do Município
A respeito do regime jurídico dos bens públicos, é correto afirmar:
A Os bens públicos imóveis poderão ser alienados mediante autorização legislativa
prévia, salvo no caso dos bens dominicais.
B Os bens dominicais são aqueles utilizados diretamente para a execução dos serviços
administrativos e serviços públicos em geral.
C Os bens de uso comum do povo, por sua natureza, não permitem a cobrança de
valores pecuniários para a sua utilização.
D Embora os bens públicos sejam dotados de impenhorabilidade, o regime jurídico
público permite que os bens públicos afetados sejam gravados com direitos reais de
garantia.
E Afetação é o fato administrativo pelo qual se atribui ao bem público uma destinação
pública especial de interesse direto ou indireto da Administração
Letra E
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PGM - João Pessoa - PB Prova: CESPE - 2018 -
PGM - João Pessoa - PB - Procurador do Município
Prédio sede de prefeitura, creches municipais e postos de saúde são bens de uso
especial, pois são destinados a uma finalidade pública específica
Certa
- CARACTERÍSTICAS

A) INALIENABILIDADE
Impossibilidade de se transferir a terceiros. Mas essa característica não é absoluta.

B) IMPENHORABILIDADE
A Administração Pública se submete a um processo de execução próprio, via
precatórios, regido pelo art. 100 da Constituição Federal.

C) IMPRESCRITIBILIDADE
Art. 183 CF - § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. E art.191, da
CF.

D) NÃO ONERABILIDADE
Não podem recair os direitos reais de garantia.
- USO DE BENS PÚBLICOS POR PARTICULAR

a) NORMAL E ANORMAL
O uso normal é o que se dá de acordo com a destinação principal.

Já o uso anormal/extraordinário é o que ocorre em desconformidade com a


destinação principal como, por exemplo, ginásio esportivo para show musical.
Depende de ato formal para utilizar.
B) COMUM E PRIVATIVO

O uso comum é aquele diante do qual todos podem, igualmente, utilizar o bem,
dispensando, em regra manifestação prévia do Poder Público.

O uso privativo é aquele em face do qual somente o particular legitimado para


tanto, através de prévio consentimento estatal, utilizará o bem. Em outras
palavras, o uso privativo do bem público consiste na utilização, em caráter
exclusivo, de um bem público pelo particular. Assim ocorre quando o particular
deseja utilizar um dos boxes em mercados municipais; colocar mesas do
restaurante na via pública; instalar bancas de revista e jornal nos calçadões e nas
praças, etc.
Uso privativo de bens públicos pode ser de bens afetados (uso comum e
especial) ou de não afetados(dominicais)
Bens afetados podem ser transferidos mediante autorização, permissão ou concessão de
uso.
AUTORIZAÇÃO DE USO PERMISSÃO DE USO CONCESSÃO DE USO
Cessão de uso
Trata-se de instituto típico de direito público, originariamente disciplinado pelo
Decreto-Lei 9.760/46 (arts. 125 e 126). Atualmente, está disciplinado na Lei n°
9.636, de 15 de maio de 1998. A cessão de uso é contrato de natureza pessoal;
somente se aplica aos bens de domínio privado do Estado, apesar de ser um
título de direito público. A cessão se fará quando interessar à União concretizar a
permissão da utilização GRATUITA de imóvel seu, auxílio ou colaboração que
entenda prestar.
Concessão de direito real de uso
Previsto no Decreto-Lei n° 271, de 28 de fevereiro de 1967. É contrato pelo qual
o Estado transfere o uso remunerado ou gratuito de terreno público ou do
espaço aéreo que o recobre. É instituto de direito real resolúvel, para fins
específicos de regularização fundiária de interesse social, urbanização,
industrialização, edificação, cultivo da terra, aproveitamento sustentável das
várzeas, preservação das comunidades tradicionais e seus meios de subsistência
ou outras modalidades de interesse social em áreas urbanas.
Concessão de direito real de uso para fins de MORADIA
Art. 1o Aquele que, até 22 de dezembro de 2016, possuiu como seu, por cinco
anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros
quadrados de imóvel público situado em área com características e finalidade
urbanas, e que o utilize para sua moradia ou de sua família, tem o direito à
concessão de uso especial para fins de moradia em relação ao bem objeto da
posse, desde que não seja proprietário ou concessionário, a qualquer título, de
outro imóvel urbano ou rural. (Redação dada pela lei nº 13.465, de 2017)
§ 1o A concessão de uso especial para fins de moradia será conferida de forma
gratuita ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado
civil.
Concessão de direito real de uso para fins de MORADIA COLETIVA
Art. 2o Nos imóveis de que trata o art. 1o, com mais de duzentos e cinquenta
metros quadrados, ocupados até 22 de dezembro de 2016, por população de
baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a
duzentos e cinquenta metros quadrados por possuidor, a concessão de uso
especial para fins de moradia será conferida de forma coletiva, desde que os
possuidores não sejam proprietários ou concessionários, a qualquer título, de
outro imóvel urbano ou rural. (Redação dada pela lei nº 13.465, de 2017)
JURISPRUDÊNCIA
Segundo o STJ, a ocupação de bem público, ainda que dominical, não passa de
mera detenção, de natureza precária, não se admitindo pedido de proteção
possessória contra o órgão público. (AgRg no REsp 1200736/DF, Rel. Ministro
CESAR ASFOR ROCHA, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/05/2011, DJe
08/06/2011)

Vale ressaltar que a proteção possessória pode ser oposta em face de terceiros
como, por exemplo, particular que tem posse de terra pública e requer proteção
possessória contra possível invasão do MST. Afastou, também, o tribunal direito
à indenização por benfeitorias quando houver ocupação indevida de bem
público.
O STJ entende que é ilegal cobrar da concessionária de serviço público o uso do
solo, subsolo ou espaço aéreo (instalação de postes, dutos, linhas de transmissão
etc.), visto que a utilização, nesses casos, reverte em favor da sociedade (daí não
se poder falar em preço público) e que não há serviço público prestado ou poder
de polícia (o que afasta a natureza de taxa). REsp 863.577-RS, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 10.8.2010, Informativo 442, STJ (questão
abordada no concurso da DPU).

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