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(nova versão)
Sra. Procuradora-Chefe,
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Regimento de uso dos equipamentos culturais da Representação Regional da Funarte São Paulo.
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públicos, sempre no interesse público e da forma mais ampla possível, visando sua
disponibilização aos interessados.
9. Esses espaços são oferecidos aos atuantes nas produções artística-culturais das
mais diversas, sendo chamados os possíveis proponentes, em regra, através de editais
de ocupação, podendo ser também preenchidos mediante envio de propostas quando os
respectivos períodos estiverem vagos.
10. Quanto aos bens pertencentes à administração pública direta e indireta cabe
transcrever o seguinte trecho do Código Civil vigente:
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às
pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são
particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Art. 99. São bens públicos:
(...)
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a
serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial
ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de
direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma
dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se
dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a
que se tenha dado estrutura de direito privado.
(...)
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído,
conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração
pertencerem.
11. Em sua estrutura a FUNARTE detém a administração patrimonial de diversos
espaços físicos destinados a apresentação de espetáculos e congêneres, ou seja, de
difusão cultural (teatros, arenas, complexos culturais etc.). Para levar à prática estas
atividades se têm usado de instrumento jurídico denominado TERMO DE CESSÃO, ou
TERMO DE CESÃO DE USO.
11.1. A par da precariedade em que os espaços são disponibilizados aos
interessados, cremos que a nomenclatura utilizada não é a mais adequada
tecnicamente, conforme veremos à frente.
11.2. Em que pese a formalização de instrumento contratual de cessão na
forma acima citada, o que se apresenta, de fato, é um ato administrativo precário e
discricionário da autoridade administrativa, a permitir o uso do bem imóvel, assim
como de seus equipamentos, mediante a aplicação de critérios predefinidos, sem
envolver a transmissão de posse ou de direito real sobre as instalações (o espaço e
seus equipamentos).
12. Convém ressaltar que as ocupações, via de regra, não são onerosas, permite-se o
uso por curto período, bem como não envolve a transmissão da posse do imóvel ao
eventual ocupante, tampouco se encerra em direito subjetivo de ocupação, podendo a
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Administração revogar o ato a qualquer tempo, sem que caibam quaisquer indenizações,
desde que presente o interesse público.
13. As características descritas no parágrafo anterior é inerente à precariedade do
ato, envolvendo a permissão da utilização de bem de uso especial.
14. Para ilustrar a presente manifestação, trazemos à baila os ensinamentos da
Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro2, segundo os quais, para a doutrinadora:
bens de uso especial são todas as coisas, móveis ou imóveis,
corpóreas ou incorpóreas, utilizadas pela Administração Pública
para realização de suas atividades e consecução de seus fins.
14.1. A doutrinadora também distingue o uso do bem em uso comum e uso
privativo, sendo o primeiro aquele que se exerce, em igualdade de condições, por
todos os membros da coletividade; o segundo, de uso privativo, que alguns
denominam de uso especial, é o que a Administração Pública confere, mediante
título jurídico individual, a pessoa ou grupo de pessoas determinadas, para que o
exerçam, com exclusividade, sobre parcela de bem público. Esta última
modalidade de uso é a que nos interessa.
14.2. Em relação aos títulos jurídicos individuais, Maria Sylvia Zanella Di
Pietro sugere a utilização de instrumento jurídico público, obrigatórios para o uso
privativo de bens de uso comum e de uso especial, podendo se servir a
Administração Pública dos instrumentos da autorização, da permissão e da
concessão de uso.
15. Coadunamos com os ensinamentos da ilustre professora e entendemos aplicáveis
ao presente caso, pois a outorga da ocupação dos imóveis alvos das utilizações por
terceiros, na forma aqui discutida, se refere aos bens de uso especial pertencentes à
FUNARTE e destinados em conformidade com o conceito exposto no subparágrafo
14.1 acima. Nada se altera possam classifica-los como bens dominicais (Art. 99, inciso
III, do CC), a despeito de parte da doutrina, pois se conservam ipsis verbis os conceitos
e aplicações jurídicos já comentados.
16. Alusão legislativa a ser feita é o art. 22 da Lei nº 9.636, de 15 de maio de 1998,
que “Dispõe sobre a regularização, administração, aforamento e alienação de bens
imóveis de domínio da União...”. Prescreve o dispositivo:
Art. 22. A utilização, a título precário, de áreas de domínio da
União para a realização de eventos de curta duração, de
natureza recreativa, esportiva, cultural, religiosa ou educacional,
poderá ser autorizada, na forma do regulamento, sob o regime de
permissão de uso, em ato do Secretário do Patrimônio da União,
publicado no Diário Oficial da União.
17. Esse artigo está regulamentado, no âmbito da União, no art. 14 do Decreto nº
3.725/2001.
18. O ato da outorga do uso do bem público em questão deve ser, portanto,
precário e unilateral, e sob o regime da permissão de uso, condicionando o
permissionário a aceitar os termos da política de uso dos espaços e equipamentos
culturais, o que poderá se dar mediante assinatura de termo de responsabilidade e
compromisso para o bom uso do bem disponibilizado, o qual deverá conter, ainda,
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DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30ª ed. Forense, 2017.
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referência ao edital que contemplou o permissionário, se houver, assim como
demais deveres e direitos pertinentes.
19. Quando as ocupações se derem como resultantes de seleções em editais e essas
ocupações forem para a realização de eventos conforme citação supra:
19.1. Os editais devem conter em suas disposições menção aos interessados de
que no uso dos espaços/equipamentos culturais serão obrigatoriamente observadas
as regras predefinidas pela Administração para o local; bem como trazer entre seus
anexos minuta de Termo de Responsabilidade e Compromisso a ser assinado pelos
contemplados.
19.2. A outorga poderá ser dada no próprio ato de divulgação dos
contemplados mediante a inserção do seguinte texto sugerido: “X. A presente
Portaria/(ou outro instrumento hábil) concede aos contemplados listados no Anexo
a outorga do uso do (identificar o espaço ou equipamento), sob o regime de
permissão de uso, pelo período de ../../... a ../../... e em conformidade com as regras
e procedimentos previsto no edital nº ..../...., publicado no D.O.U de ....., pg. ....
Seção ...., na seguinte ordem:
X.1. Permissão de Uso nº ..., em favor de ...........................;
.
.
X.n. Permissão de Uso nº ..., em favor de ...........................”.
19.3. Como se vê, a publicidade do ato se fará atendida, afastando a
necessidade de publicação ato a ato. Entretanto, sugerimos à Administração a
divulgação dos eventos na página web institucional.
19.4. Atente-se para a recomendação de manter um registro cronológico das
permissões de uso, com as respectivas numerações, para fins de arquivo e consulta.
19.5. Para a confecção da minuta padrão e adesiva do instrumento obrigacional
a ser formalizada pelos permissionários contemplados em editais, sugerimos o
Modelo de Termo de Responsabilidade e Compromisso anexo (Anexo I).
20. Quando as ocupações se derem em preenchimento de pautas vazias e que não se
justifique a abertura de edital para a ocupação, poderá a FUNARTE, no âmbito de sua
autonomia administrativa e desde que para a realização de eventos típicos de sua
finalidade institucional, outorgar a permissão de uso do respectivo espaço/equipamento,
mediante o uso de critérios que possam, além de justificar a pauta vazia, mensurar o
projeto em importância:
20.1. A outorga, neste caso, poderá ser conferida mediante o registro do ato
nos autos administrativos correspondentes, assinado pela autoridade, nos seguintes
termos sugeridos:
“PERMISSÃO DE USO Nº ..../....
O presidente da Fundação Nacional de Artes – FUNARTE, no uso de
suas atribuições (descrever os poderes e as disposições legais), resolve
conceder a outorga do uso do (identificar o espaço ou equipamento), sob
o regime de permissão de uso, pelo período de ../../... a ../../..., em
conformidade com a instrução do processo administrativo nº
01530................, em favor de (identificar a Permissionária”;
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20.2. Dado que não haverá, nesses casos, nenhuma divulgação anterior,
sugerimos a publicação resumida do ato no Diário Oficial da União, em semelhança
à subcláusula 18.2 acima, inclusive a divulgação da permissão de uso no site
institucional.
20.3. Para a confecção da minuta padrão e adesiva do instrumento obrigacional
a ser formalizada pelos permissionários escolhidos para atender pautas vazias,
sugerimos o Modelo de Termo de Responsabilidade e Compromisso anexo (Anexo
II).
CONCLUSÃO
21. Senhora Procuradora-Chefe, buscando atender ao seu pedido para fazer um pré-
estudo visando uma readequação dos procedimentos atinentes à ocupações dos espaços
e demais equipamentos culturais utilizados pela Funarte na sua missão institucional,
apresento este trabalho, que não encerra o objetivo buscado, o qual servirá de ponto de
partida para, juntamente com os órgãos da FUNARTE, encontrar a forma mais eficiente
e produtiva da utilização de seu patrimônio, com o intuito de fomentar as artes,
inclusivamente e com resultados satisfatórios.
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Anexo I
(Modelo destinado às ocupações derivadas de editais para seleção dos ocupantes)
TERMO DE RESPONSABILIDADE E COMPROMISSO Nº ......../....
EDITAL Nº......, PUBLICADO ................
Processo nº 01530..................
Obs._1: As partes em vermelho deverão ser adaptadas caso a caso, podendo ser modificadas,
excluídas, ou apenas preenchidas adequadamente.
Entendemos não ser necessária a publicação deste termo no DOU, pois a divulgação do
contemplado, juntamente com a outorga conferida, atende ao princípio da publicidade.
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A área requisitante/interessada poderá acrescer elementos adicionais ao objeto do
instrumento, modificar o texto acima, bem como acrescer maiores detalhamentos.
As indicações acima são sugestivas e podem ser aproveitadas ou não pela área interessada,
assim como incrementadas.
Conferido e de acordo:
(integrantes do corpo técnico da PERMITENTE)
________________________________ ________________________________
Nome: Nome:
CPF: CPF:
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Anexo II
(Modelo destinado às ocupações para preenchimento de pautas vazias)
TERMO DE RESPONSABILIDADE E COMPROMISSO
Processo nº 01530...................
Obs._1: As partes em vermelho deverão ser adaptadas caso a caso, podendo ser modificadas,
excluídas, ou apenas preenchidas adequadamente.
Entendemos não ser necessária a publicação deste termo no DOU, pois a divulgação do ato
de outorga da permissão atende ao princípio da publicidade.
As indicações acima são sugestivas e podem ser aproveitadas ou não pela área interessada,
assim como incrementadas.
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3.2. A vigência do presente Termo de Responsabilidade e Compromisso corresponde à
Outorga prevista na subcláusula 1.1 acima e permanecerá em vigor, de forma irretratável e
irrevogável, enquanto perdurar a Permissão de Uso outorgada.
____________________________________
nome
PERMISSIONÁRIO(A)
Conferido e de acordo:
11
(integrantes do corpo técnico da PERMITENTE)
________________________________ ________________________________
Nome: Nome:
CPF: CPF:
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