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ATUALIZAÇÃO JURISPRUDENCIAL

Atualização Jurisprudencial

Direito Administrativo
Sumário
1. Princípio da autotutela 1
a. Revisão do tema 1
b. Prazo decadencial para a Administração Pública anular seus
próprios atos 2
c. Princípio da intranscendência subjetiva das sanções 2
d. Outros temas 4
2. Poder de Polícia 5
a. Súmulas importantes 5
3. Organização administrativa 6
a. Alienação do controle acionário de empresas públicas e
sociedades de economia mista 6
4. Responsabilidade Civil do Estado 7
a. Responsabilidade da concessionária de serviço público em caso
de assédio 7
b. Aplicação da teoria da perda de uma chance no âmbito da
Responsabilidade Estatal 7
c. Responsabilidade do administrador em caso de parecer 8
1.Princípio da autotutela
a. Revisão do tema
i. O princípio da autotutela constitui no poder-dever de a
Administração controlar seus próprios atos, com a
possibilidade de anular aqueles que forem ilegais e
revogar os não oportunos.
● Em regra, o direito da Administração anular os atos
administrativos decai em 5 anos (art 54, da Lei
9784/99). Todavia, há exceções: no caso de má-fé e
quando o ato a ser anulado afronta diretamente
a Constituição Federal.
ii. Sabendo disso, veja a tese do STJ fixada, a seguir: no
exercício de seu poder de autotutela, poderá a
Administração Pública rever os atos de concessão de
anistia a cabos da Aeronáutica relativos à Portaria nº
1.104/1964, quando se comprovar a ausência com
motivação exclusivamente política, assegurando-se ao
anistiado, em procedimento administrativo, o devido
processo legal e a não devolução das verbas já recebidas.
ST J . 1ª Seção 10/08/2022 . MS 20.187 (Info 744)
● O grupo de Trabalho Interministerial analisando
algumas anistias dadas verificou que a Portaria
1.104/64 não constitui um ato de perseguição
política para concessão de anistia política. Assim,
entendeu-se que essa Portaria viola a Constituição
Federal, no artigo 8º, do ADCT. Com isso, chegou-se
a conclusão importante que você deve ficar atento

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para sua prova: a revisão dos atos de anistia pela
Administração Pública não se submete ao prazo
decadencial de 5 anos quando o ato de anistia for
inconstitucional.
b. Prazo decadencial para a Administração Pública
anular seus próprios atos
i. O prazo para anular os atos inválidos é de 5 anos, de
modo que tal prazo é aplicável a todos os entes
federativos, em regra, por força do princípio da isonomia
(STF, ADI 6019, Info 1012).
c. Princípio da intranscendência subjetiva das
sanções
i. Conceito: não podem ser impostas sanções e restrições
que superem a dimensão estritamente pessoal do
infrator e atinjam pessoas que não tenham sido
causadoras do ato ilícito.
ii. 1ª acepção: quando a irregularidade foi praticada pela
gestão anterior
● Existem julgados do STF afirmando que, se a
irregularidade no convênio foi praticada pelo
gestor anterior e a gestão atual, depois que
assumiu, tomou todas as medidas para ressarcir o
erário e corrigir as falhas (exs: apresentou todos os
documentos ao órgão fiscalizador, ajuizou ações de
ressarcimento contra o antigo gestor etc.), neste
caso, o ente (Estado ou Município) não poderá ser
incluído nos cadastros de inadimplentes da União.
○ Súmula 46-AGU: Será liberada da restrição
decorrente da inscrição do município no
SIAFI ou CADIN a prefeitura administrada

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pelo prefeito que sucedeu o administrador
faltoso, quando tomadas todas as
providências objetivando o ressarcimento ao
erário.
iii. 2ª acepção: quando a irregularidade foi praticada por
uma entidade do Estado/Município ou pelos outros
Poderes que não o Executivo
● Os Estados-membros e o Distrito Federal, em
consequência, não podem sofrer limitações em sua
esfera jurídica, motivadas pelo só fato de se
acharem administrativamente vinculadas a eles as
autarquias, as entidades paraestatais, as
sociedades sujeitas a seu poder de controle e as
empresas governamentais alegadamente
inadimplentes e que, por tal motivo, hajam sido
incluídas em cadastros federais (CAUC, SIAFI,
CADIN, v.g.). (...) STF. Plenário. ACO 1848 AgR, Rel.
Min. Celso de Mello, julgado em 06/11/2014.
● A imposição de sanções ao Executivo estadual em
virtude de pendências dos Poderes Legislativo e
Judiciário locais constitui violação do princípio da
intranscendência, na medida em que o Governo do
Estado não tem competência para intervir na
esfera orgânica daquelas instituições, que dispõem
de plena autonomia institucional a elas outorgadas
por efeito de expressa determinação
constitucional. (STF. Plenário. ACO 2995 AgR, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/02/2018).
○ Assim, viola o princípio da intranscendência
quando o Estado-membro é incluído nos
cadastros de inadimplentes da União por

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irregularidades praticadas pelos outros
Poderes que não o Executivo ou por órgãos
autônomos.
d. Outros temas
i. Descabimento da inscrição do Estado-membro nos
cadastros desabonadores em decorrência de pendências
administrativas relativas a débitos já submetidos a
pagamento por precatório.
● Argumentos
○ A Constituição Federal já prevê a
possibilidade de intervenção federal em caso
de descumprimento do pagamento de
precatório pelo Estado membro. Logo, é
incompatível com o postulado da
razoabilidade onerar duplamente o
Estado-membro, tanto com a possibilidade
de intervenção federal quanto com a sua
inscrição em cadastros desabonadores.
○ Viola o princípio da razoabilidade.

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2. Poder de Polícia
a. Súmulas importantes
i. Súmula vinculante 38: É competente o Município para
fixar o horário de funcionamento de estabelecimento
comercial.
ii. Súmula vinculante 49: Ofende o princípio da livre
concorrência lei municipal que impede a instalação de
estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em
determinada área.
iii. Súmula 19 - STJ: A fixação do horário bancário, para
atendimento ao público, é da competência da União.

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3. Organização administrativa
a. Alienação do controle acionário de empresas
públicas e sociedades de economia mista
i. Para alienar o controle acionário de empresas públicas
e sociedades de economia mista, há a necessidade de
autorização legislativa. Todavia, não há necessidade de
licitação, bastando a adoção de procedimento público
competitivo.
ii. Para alienar o controle acionário de subsidiárias e
controladas de empresas públicas e sociedades de
economia mista, não precisa de autorização legislativa
e nem de licitação, bastando observar os princípios da
Administração Pública e a necessária competitividade.

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4. Responsabilidade Civil do Estado
a. Responsabilidade da concessionária de serviço
público em caso de assédio
i. Tese fixada: "a concessionária não responde em caso de
assédio sexual cometidos dentro do estabelecimento"
● Argumento: há exclusão do nexo causal, por
exclusiva da vítima.
b. Aplicação da teoria da perda de uma chance no
âmbito da Responsabilidade Estatal
i. O que é responsabilidade pela perda de uma chance?
● É a responsabilidade pela perda de uma chance
que não se vislumbrará o dano efetivo mencionado,
sequer se responsabilizará o agente causador por
um dano emergente, ou por eventuais lucros
cessantes, mas por algo intermediário entre um e
outro, precisamente a perda da possibilidade de
se buscar posição mais vantajosa, que muito
provavelmente se alcançaria, não fosse o ato ilícito
praticado.
○ Há um prejuízo certo e não apenas
hipotético. Repara-se a chance perdida e não
o dano final.
ii. Aplicação no âmbito estatal
● A teoria da perda de uma chance tem sido
admitida não só no âmbito das relações privadas
stricto sensu, mas também na responsabilidade
civil do Estado (REsp 1.308.719)

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c. Responsabilidade do administrador em caso de
parecer
i. Situação prática: imagine que um administrador
realizou uma ação com base no parecer dado por um
advogado público que agiu com dolo ou culpa grave
(erro grosseiro). Nesse caso o parecerista pode ser
responsabilidade com base no artigo 28, LINDB1. Todavia,
conforme o Decreto nº 9.830/19 (art 12, §6º-A): a
responsabilização pela opinião técnica somente se
estenderá ao administrador se estiver representantes
elementos suficientes para o decisor aferir o dolo ou o
erro grosseiro da opinião técnica ou se houver conluio
entre os agentes. Ainda, salvo demonstração de culpa ou
erro grosseiro, não cabe responsabilização do advogado
público pelo conteúdo de seu parecer de natureza
meramente opinativa. (Informativo 680 STF)

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o agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em
caso de dolo ou erro grosseiro"

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Em resumo, veja esse quadro retirado do site Dizer o
Direito:

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