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DIREITO ADMINISTRATIVO

Profa. JUSSARA MARIA PORDEUS E SILVA

RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO

1. ASPECTOS GERAIS

( ? ) O Estado tem que recompor integralmente os gravames de ordem pessoal


ou patrimonial infligidos à vítima em razão de sua ação ou abstenção lesiva ?

Outros tipos de responsabilidade que não se deve confundir:


- Responsabilidade contratual
- Responsabilidade criminal/administrativa
- Obrigação de indenizar por legítimo exercício de poderes
(desapropriação, servidão, etc.)

Responsabilidade do Estado e não da AP (atos do Legislativo e do Judiciário)

Responsabilidade civil (?) – pecuniária

2. CONCEITO

A obrigação que se lhe atribui para recompor os danos causados a terceiros em


razão do comportamento comissivo ou omissivo, legítimo ou ilegítimo,
material ou jurídico que lhe seja imputável
- ato lícito - indenização
- ato ilícito – ressarcimento
3. FUNDAMENTO

Ato lícito

Ato ilícito: (o agente autor do dano é obrigado a recompor)


- descumprimento da lei
- ilegalidade

4. EVOLUÇÃO

IRRESPONSABILIDADE (antiguidade e na fase do absolutismo)

RESPONSABILIDADE

1) COM CULPA

a) AGENTE/CIVIL/SUBJETIVA (art. 15 do Cód. Civil)


> exige dolo ou culpa do agente

b) DO SERVIÇO OU CULPA ADMINISTRATIVA (Sistema


francês)
- não funciona
- funciona mal
- funciona atrasado

2) SEM CULPA
a) RISCO ADMINISTRATIVO OU OBJETIVA (§ 6o do art. 37 da
CF)
> independe de dolo ou culpa
> nexo de causalidade entre a ação do agente e o resultado dano

b) RISCO INTEGRAL
> não existe excludente e nem atenuantes
5. EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE

a) Culpa da vítima
- exclusiva
- concorrente

b) Força maior

* caso fortuito

6. CARACTERÍSTICAS DO DANO REPARÁVEL

- Dano certo – possível, real, efetivo, presente (exclui-se o dano eventual)


- Especial – individualizado, referido à vítima (pois geral = ônus comum)
- Anormal – exceente aos inconvenientes naturais do serviço
- Situação protegida pelo Direito – incidente sobre atividade lícita
- Valor economicamente indenizável

7. RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ATOS LEGISLATIVOS E


JUDICIAIS

Regra: irresponsabilidade

Sentença
- condenações injustas (Revisão Criminal) – art. 5o , LXXV
- § 2o do art. 260 CPP – réu inocente

* CDC – dolo, fraude, recusa, omissão (retardamento injustificado,


providências de ofício que deveria tomar) – art. 133 do CPC –
responsabilidade do juiz que não se transmite ao Estado

Lei inconstitucional
- submissão à CF
- pessoas determinadas
- delegação é para fazer lei constitucional
 Cretella admite até de leis constituionais
 Yussef S. Cahali – em caso de dano injusto

8. RESPONSABILIDADE POR DANO NUCLEAR

- Inciso XXIII do art. 21 da CF


- Objetiva
- Por que foi diferenciada da do § 6 o do art. 37 da CF? Direito de regresso
(?)

9. REPARAÇÃO DO DANO

a) Procedimento
- amigável
- judicial
 competência
 requisitos da inicial
 art. 100 CF
 prescrição
 denunciação à lide (art. 60, III, CPC)

b) Indenização
- o que perdeu
- o que despendeu
- o que deixou de ganhar

* lesão pessoal e morte da vítima


* tratamento
* sepultamento
* prestação alimentícia
E mais
- honorários
- correção/ juros
- danos morais
10. DENUNCIAÇÃO DA LIDE

CONTROVÉRSIA na doutrina e na jurisprudência sobre a aplicação do art.


70, III do CPC

CONTRÁRIOS: Celso Antonio, Lúcia Valle, Vicente Greco Filo, Weida


Zancaner pelos seguintes FUNDAMENTOS:
a) fundados em responsabilidade diversa
b) retardaria injustamente a solução do conflito (outra lide)
c) o art. 70 CPC se refere ao garante o que não inclui o servidor

YUSSEF SAHID CAHALI:


a) ação proposta com fundamento exclusivo na responsabilidade objetiva
do Estado ou na falha anônima do serviço, sem individualizar o
causador:
 estar-se-ia incluindo um novo fundamento não invocado pelo
autor, ou seja a culpa ou dolo do funcionário.
b) se a pretensão indenizatória é deduzida com fundamento em ato doloso
ou culposo:
 então deve ser feita

* admite ainda o litisconsórcio facultativo (ação proposta ao mesmo tempo


contra funcionário e pessoa jurídica), hipótese essa também levantada pelo
Prof. Celso Antonio – STF (RT 544/260)

11. AÇÃO REGRESSIVA (§ 6o art. 37 da CF)

RITO: ordinário

OBJETO: reaver o que desembolsou à custa do patrimônio do agente causador


do dano que tenha agido com dolo ou culpa.

AJUIZAMENTO: após o trânsito em julgado da condenação da AP a


satisfazer o prejuízo (esfera federal o prazo é de 60 dias – art. 1 o da Lei
4.619/65).

MOTIVO JUSTIFICADO PARA O NÃO-AJUIZAMENTO: o não-


pagamento da indenização
REQUISITOS:

a) condenação da AP a indenizar por ato lesivo de seu agente (se o


pagamento for amigável, desaparece esse requisito);
b) pagamento do valor da indenização;
c) a conduta dolosa ou culposa do agente causador do dano.

PRESCRIÇÃO:

-Art. 177 do Cód. Civil – 20 anos


- § 5o art. 37 da CF ??? imprescritível ???

- Na falta do servidor: contra herdeiros e sucessores (art. 928 do Cód Civil –


obrigação meramente patrimonial)
- Após o afastamento do servidor (exoneração, demissão, disponibilidade ou
aposentadoria) de cargo, emprego ou função

- PODE SER FEITO NA VIA ADMINISTRATIVA: o agente é


convocado para recompor o prejuízo que com sua ação dolosa ou
culposa proporcionou à AP
 considerando correto e justo o procedimento e o valor a ressarcir,
concorda e efetua o pagamento de uma só vez ou em parcelas
variáveis ou fixas, descontadas em folha a satisfazer o montante
da indenização
 essas prestações não poderá exceder certos limites (art. 248 do
Estatuto dos Funcionários Públicos Civis de SP – desconto
mensal de no máximo 10% do vencimento ou remuneração)
 a CLT não traz limite
 pode alcançar percentual maior, o que não pode é atingir o salário
total
 o pagamento não libera o servidor da responsabilidade penal e
administrativa
12. AÇÃO DIRETA CONTRA O SERVIDOR

A Lei Federal 4.898/65 (Abuso de Autoridade) traz a responsabilidade


- administrativa
- civil
- penal

 sistema especial de responsabilização de servidores, facultando a


vítima a promover ação civil antes mesmo da condenação da
Fazenda Pública pelo dano causado por seu agente (art. 9o )
 não se trata pois de ação regressiva, mas de ação direta contra a
autoridade que lhe lesou por abuso de poder.

13. EFEITOS DA COISA JULGADA PENAL

Havendo julgamento penal pode ocorrer 4 (quatro) hipóteses:

1) CONDENAÇÃO: produz efeito também no civil e


administrativo relativamente a culpa do agente, sujeitando-o a
reparação do dano e punições administrativas. A culpabilidade
reconhecida pela Justiça Criminal não pode ser negada em
qualquer outro juízo (CP art. 92, I e CPP arts. 63 e 64).

2) ABSOLVIÇÃO POR NEGATIVA DE AUTORIA OU FATO:


também produz efeito no civil e na esfera administrativa para
impedir que se responsabilize ou se aplique punição ao
funcionário apontado como causador do ato danoso mas cuja
autoria a sentença criminal havia negado (CC art. 1.525 e Lei
8.112/90 art. 126).

3) ABSOLVIÇãO POR AUSÊNCIA DE CULPABILIDADE


PENAL: não produz qualquer efeito no processo civil e
administrativo. Mesmo o réu sendo absolvido no crime a AP
pode mover-lhe ação regressiva de indenização e perquirir,
ainda, sua culpa administrativa para efeito de punição funcional.
4) ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS: não
produz qualquer efeito no juízo civil ou na instância
administrativa porque não impede que por outras provas se
comprove os ilícitos civil e administrativo 9CPP arts. 66 e 67).

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