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CURSO DE

INSPETOR DE EQUIPAMENTOS

Módulo 5

ASPECTOS LEGAIS DA INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS

Módulo 5 – Aspectos Legais da Inspeção de Equipamentos


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INSPETOR DE EQUIPAMENTOS

1. ASPECTOS LEGAIS DO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO

Tempos atrás, as pessoas viam-se sem ter com quem e onde reclamar sobre os abusos, as
lesões ou as práticas abusivas praticadas por pessoas físicas ou jurídicas, estas últimas através
dos seus agentes em decorrência da prestação e/ou fornecimento de serviços.

Atualmente, principalmente após a promulgação da Constituição da República de 1988,


com o advindo da Lei 8.078/90, muito conhecido como Código de Defesa do Consumidor, e da
Lei 9.099/95, que no âmbito estadual criou os Juizados Especiais, a maioria das pessoas tem
consciência de que podem procurar o Poder Judiciário para dirimir os conflitos de qualquer
extensão e natureza.

Vê-se com clareza e facilidade no dia a dia que a sociedade cobra o respeito aos seus
direitos daqueles que atuam fora de especificações pré-determinadas.

Na área da saúde, por exemplo, são inúmeros os casos no Brasil, de ações judiciais
procedentes, condenando o médico que no exercício da profissão, causou dano ao paciente,
reparação esta moral, estética e material, reparações independentes entre si. Insto sem contar
o processo penal que pode culminar com uma condenação privativa de liberdade.

Os profissionais de inspeção de equipamentos, assim como os de END, também estão


sujeitos a serem responsabilizados pelos danos causados a alguém ou ao bem de alguém.

É importante destacar que o judiciário pode ser buscado tanto nos âmbitos cível e/ou
âmbito penal, logo pode ser apurado o dano em duas ações separadas, que vão gerar cada uma
na sua área, uma espécie de condenação ao causador do dano.

Sem dúvida, submeter-se ao julgamento de qualquer um dos processos acima


mencionados é desagradável e desgastante, considerando que além destes, os profissionais
também serão submetidos a processo administrativo junto à entidade de classe.

Em suma, verifica-se que o profissional que no seu agir ou na omissão causar dano a
alguém pode responder em três esferas independentes, mas não diferentes, eis que todas vão
apurar a conduta do agente causador do dano:

 Administrativa – pode perder o registro profissional;

 Cível – pode ser condenado à reparação, respondendo com seu patrimônio


pessoal;

 Criminal – tem como pena mais grave a condenação à pena privativa de liberdade.
Nas infrações de menor potencial ofensivo (previstas legalmente) não há privação
de liberdade, há o cumprimento de obrigações, como veremos adiante.

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1.1. Responsabilidade Civil

Significa a obrigação de reparar o dano, oriundo de um ato ilícito ou previsto em lei.

No que tange os atos previstos em lei, o Código Civil no artigo 188 elenca os atos que são
lícitos, mas que podem gerar danos. Chamamos atenção: não é porque o ato é lícito por força
de lei que a vítima do dano não poderá pleitear indenização ao seu causador. Este direito está
previsto no artigo 927 deste mesmo diploma legal, valendo transcrevê-lo.

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado
a repará-lo”.

Para configuração de um ato ilícito e nascimento da responsabilidade civil, o artigo 186


exige a presença de quatro requisitos:

a) CONDUTA – é ela que causa o dano a alguém.

Pode ser:

a.1) Comissiva: a ação causa o dano;

a.2) Omissiva: a pessoa tem o dever praticar um ato, mas deixa de cumpri-lo. Esta omissão causa
o dano.

b) DANO – é uma lesão a um bem jurídico.

Este bem pode ser moral, quando atingir a imagem, a honra, o nome, entre outros e pode
ser material, quando causar prejuízo patrimonial ou financeiro. No primeiro, a reparação será
por arbitramento do juiz e o segundo será o pagamento no valor do prejuízo e do lucro cessante.

c) CULPA – judicialmente, será apurado se houve a intenção do agente causador (dolo) em


praticar o ato ou houve a inobservância de um dever de cuidado, seja pela negligência,
imperícia ou imprudência do agente.

c.1) Imprudência: Consiste na falta involuntária de observância de medidas de precaução e


segurança, de consequências previsíveis, que se faziam necessárias para evitar um mal ou uma
infração a lei.

Ex. falta de atenção.

c.2) Imperícia: É a inaptidão especial, a falta de habilidade ou experiência, ou mesmo de


previsão, no exercício de determinada atividade.

Ex: falta de qualificação para a execução de ensaios não destrutivos.

c.3) Negligência: Representa uma omissão voluntária de diligência ou cuidados que o bom senso
aconselha, em circunstâncias de consequências previsíveis.

Ex: suprimir etapas de inspeção.

d) NEXO OU NEXO DE CAUSALIDADE – é a ligação entre a conduta e o dano (como resultado).

Verificados os requisitos para configuração da responsabilidade civil, veremos que esta


se divide em dois tipos distintos: responsabilidade objetiva e subjetiva.
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1.1.1. Responsabilidade Objetiva

É o tipo de responsabilidade no qual o agente causador do dano deverá repará-lo sem


que seja apurado ou até mesmo provado o elemento culpa (se teve ou não a intenção de
lesionar).

Respondem objetivamente pelo dano o fornecedor e o prestador de serviços, ou seja, a


empresa.

A jurisprudência predominante nos tribunais indica que a empresa tem como verdadeiro
risco do empreendimento assumir a responsabilidade perante a vítima no lugar daquele
profissional incapaz de exercer adequadamente as suas funções, pois o que é exposto no
momento da lesão é o nome desta empresa, que é mais fácil de identificar para a vítima.

1.1.2. Responsabilidade Subjetiva

É aquela relativa ao profissional, à pessoa. Aqui sim, será apurado o elemento culpa, ou
seja, se a pessoa agiu ou deixou de agir da forma que deveria.

Importante ressaltar que o profissional liberal – engenheiros, advogados, médicos, etc. –


assume obrigação de meio, isto é, no decorrer do serviço prestado utilizará todas as formas
possíveis para atingir o objetivo final. Por isso, a culpa deverá ser apurada e este profissional
deverá comprovar que não agiu de forma ilícita causando dano a alguém ou ao patrimônio de
alguém.

1.1.3. Ação Civil Pública

Além da ação judicial que pode ser proposta individualmente, isto é, a própria vítima do
dano, procura o Estado. Representado pelo Juiz, conforme vimos acima, a ação civil pública é
uma ação movida pelo Ministério Público que, em nome de um grupo de pessoas ou da
coletividade, que sofreu a lesão, visando garantir os direitos destes.

1.2. Responsabilidade Criminal

Após o inquérito policial, que visa apurar a infração e qual é o autor, no Juízo Criminal o
profissional poderá ser obrigado a submeter-se às sanções determinadas na lei.

Basicamente, a diferença entre crime e infração penal consiste em:

a) Crime: tem pena privativa de liberdade, previsto no artigo 18 do Código Penal. Há diferença
entre o crime doloso e o culposo, dentre outros, vale trazer à baila a redação do artigo 132
deste que determina:

“Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e eminente. Pena – detenção
de 03 meses a 01 ano, se o fato não constitui crime mais grave.”

b) Contravenção Penal: é a prevista em lei, que cominará pena de prisão simples ou de multa.
Esta multa pode ser o pagamento de um valor, perda de um bem, prestação de serviços 4
sociais gratuitos em benefício da comunidade ou de alguma entidade pública, entre outras.

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1.3. Processo por Infração Profissional

Poderá ainda o profissional da área de inspeção responder por processo de infração


profissional junto a entidade de classe, neste caso, ao CREA, pelo exercício ilegal da profissão ou
exercício profissional antiético, podendo ser enquadrado como infração ao código de ética ou
crime infame.

As responsabilidades técnicas devem ser orientadas pela Lei 5194 de 1966 que normaliza
todas as atividades de Engenharia, delimitando o âmbito de seu exercício e fixando as
atribuições profissionais em linhas gerais.

Os preceitos éticos, por sua, foram relacionados na Resolução N° 205/71 do CONFEA


(Conselho Federal e Engenharia, Arquitetura e Agronomia), e normaliza a conduta que cerca o
exercício da atividade do profissional com relação aos colegas, aos seus subordinados, à
sociedade e à técnica.

2. CONCLUSÃO

O acesso da população aos meios de comunicação (rádio, televisão, jornais, entre outros)
auxilia muito na conscientização dos seus direitos. Observa-se, também, que o próprio Poder
Judiciário nos últimos anos vem buscando facilitar o acesso à prestação da atividade
jurisdicional, tomando como exemplo, a criação dos Juizados Especiais, na qual a própria pessoa,
dependendo do caso, pode ingressar com uma ação sem assistência de um advogado.

Por isso, a importância do profissional de qualquer área, inclusive o profissional de


engenharia trabalhar visando o êxito da sua atividade sem esquecer dos cuidados necessários
no exercício da profissão dia após dia, seja com os demais profissionais, no uso dos
equipamentos de segurança, seja com terceiros, que podem indiretamente, estarem submetido
a algum tipo de risco devido ao trabalho executado.

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