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1.

DA RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO

o Superação do modelo contratual (arts. 389 a


420 do CC) x extracontratual (arts. 927 a 954);

Código Civil:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.

CDC – REGRA: RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA E


OBJETIVA
o Reparação integral o dano
o Cláusula geral de responsabilidade objetiva;
o Teoria do risco-proveito;
o Ubi emolumentum, ibi onus, que significa “onde
há ganho, há despesa”;

Tabela retirada da obra: TARTUCE, Flávio; NEVES,


Daniel Amorim A. Manual de Direito do Consumidor:
Direito Material e Processual. Volume Único. Rio de
Janeiro: Grupo GEN, 2022. P. 132
a) Responsabilidade pelo vício do produto;
b) Responsabilidade pelo fato do produto
(defeito);
c) Responsabilidade pelo vício do serviço;
d) Responsabilidade pelo fato do serviço (defeito);

a) Responsabilidade pelo vício do produto;


Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor,
nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,
independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos decorrentes de projeto, fabricação,
construção, montagem, fórmulas, manipulação,
apresentação ou acondicionamento de seus
produtos, bem como por informações insuficientes
ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece
a segurança que dele legitimamente se espera,
levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se
esperam;
III - a época em que foi colocado em circulação.

§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo


fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado
no mercado.
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou
importador só não será responsabilizado quando
provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no
mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável,


nos termos do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o
importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara
do seu fabricante, produtor, construtor ou
importador;
III - não conservar adequadamente os produtos
perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao
prejudicado poderá exercer o direito de regresso
contra os demais responsáveis, segundo sua
participação na causação do evento danoso.

o VEDAÇÃO À DENUNCIAÇÃO DA LIDE


Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste
código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em
processo autônomo, facultada a possibilidade de
prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a
denunciação da lide.

Jurisprudência em teses – Edição 39


6) A vedação à denunciação da lide prevista no art.
88 do CDC não se restringe à responsabilidade de
comerciante por fato do produto (art. 13 do CDC),
sendo aplicável também nas demais hipóteses de
responsabilidade civil por acidentes de consumo
(arts. 12 e 14 do CDC).

Chamamento ao processo
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do
fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do
disposto nos Capítulos I e II deste título, serão
observadas as seguintes normas:
II - o réu que houver contratado seguro de
responsabilidade poderá chamar ao processo o
segurador, vedada a integração do contraditório pelo
Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta hipótese, a
sentença que julgar procedente o pedido condenará
o réu nos termos do art. 80 do Código de Processo
Civil. Se o réu houver sido declarado falido, o síndico
será intimado a informar a existência de seguro de
responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo,
o ajuizamento de ação de indenização diretamente
contra o segurador, vedada a denunciação da lide ao
Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o
litisconsórcio obrigatório com este.

b) FATO DO SERVIÇO

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece
a segurança que o consumidor dele pode esperar,
levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente
dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso
pela adoção de novas técnicas.

 Responsabilidade SUBJETIVA dos profissionais


liberais
Art. 14
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais
liberais será apurada mediante a verificação de
culpa.

Autonomia profissional sem subordinação;


Prestação pessoal dos serviços;
Elaboração de regras pessoais de atendimento;

FATO DO SERVIÇO
Obrigação de meio x Obrigação de resultado
Resultado: obriga-se o devedor a realizar um fato
determinado, adstringe-se a alcançar certo objetivo;
(culpa PRESUMIDA)
Meio: o devedor obriga-se a empregar diligência a
conduzir-se com prudência, para atingir a meta
colimada pelo ato.

Resp 985.888 - SP (2007/0088776-1) - 2012


Responsabilidade subjetiva – culpa presumida
DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO
MÉDICO. CIRURGIA PLÁSTICA. OBRIGAÇAO DE
RESULTADO. SUPERVENIÊNCIA DE PROCESSO
ALÉRGICO. CASO FORTUITO. ROMPIMENTO DO NEXO
DE CAUSALIDADE.
1. O requisito do prequestionamento é
indispensável, por isso inviável a apreciação, em sede
de recurso especial, de matéria sobre a qual não se
pronunciou o Tribunal de origem, incidindo, por
analogia, o óbice das Súmulas 282 e 356 do STF.
2. Em procedimento cirúrgico para fins estéticos,
conquanto a obrigação seja de resultado, não se
vislumbra responsabilidade objetiva pelo insucesso
da cirurgia, mas mera presunção de culpa médica, o
que importa a inversão do ônus da prova, cabendo
ao profissional elidi-la de modo a exonerar-se da
responsabilidade contratual pelos danos causados ao
paciente, em razão do ato cirúrgico.
3. No caso, o Tribunal a quo concluiu que não houve
advertência a paciente quanto aos riscos da cirurgia,
e também que o médico não provou a ocorrência de
caso fortuito, tudo a ensejar a aplicação da súmula
7/STJ, porque inviável a análise dos fatos e provas
produzidas no âmbito do recurso especial.
4. Recurso especial não conhecido.

RECURSO ESPECIAL Nº 1.180.815 – MG - 2010


RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO
MÉDICO. ART. 14 DO CDC. CIRURGIA PLÁSTICA.
OBRIGAÇAO DE RESULTADO. CASO FORTUITO.
EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE.
1. Os procedimentos cirúrgicos de fins meramente
estéticos caracterizam verdadeira obrigação de
resultado, pois neles o cirurgião assume verdadeiro
compromisso pelo efeito embelezador prometido.
2. Nas obrigações de resultado, a responsabilidade
do profissional da medicina permanece subjetiva.
Cumpre ao médico, contudo, demonstrar que os
eventos danosos decorreram de fatores externos e
alheios à sua atuação durante a cirurgia.
3. Apesar de não prevista expressamente no CDC, a
eximente de caso fortuito possui força liberatória e
exclui a responsabilidade do cirurgião plástico, pois
rompe o nexo de causalidade entre o dano apontado
pelo paciente e o serviço prestado pelo profissional.
4. Age com cautela e conforme os ditames da boa-fé
objetiva o médico que colhe a assinatura do paciente
em “termo de consentimento informado”, de
maneira a alertá-lo acerca de eventuais problemas
que possam surgir durante o pós-operatório.
RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

o O médico é civilmente responsável por falha no


dever de informação acerca dos riscos de morte em
cirurgia
o Profissional liberal:
 Autonomia profissional, sem subordinação;
 Prestação pessoal dos serviços;
 Elaboração de regras pessoais de atendimento;
 Atuação lícita e eticamente admitida.

TARTUCE: “Mas qual seria a diferença prática entre a


culpa presumida e a responsabilidade objetiva, tema
que sempre gerou dúvidas entre os aplicadores do
Direito? De comum, tanto na culpa presumida como
na responsabilidade objetiva inverte-se o ônus da
prova, ou seja, o autor da ação não necessita provar
a culpa do réu. Todavia, como diferença fulcral entre
as categorias, na culpa presumida, hipótese de
responsabilidade subjetiva, se o réu provar que não
teve culpa, não responderá. Por seu turno, na
responsabilidade objetiva essa comprovação não
basta para excluir o dever de reparar do agente, que
somente é afastado se comprovada uma das
excludentes de nexo de causalidade, a seguir
estudadas (culpa ou fato exclusivo da vítima, culpa
ou fato exclusivo de terceiro, caso fortuito ou força
maior)”.

Exemplo: Contrato de transporte em caso de culpa


presumida e responsabilidade objetiva.

Obs.: Art. 487, CC Português: “1. É ao lesado que


incumbe provar a culpa do autor da lesão, salvo
havendo presunção legal de culpa” (a culpa ainda
deve ser provada, como regra).

Todo paciente possui, como expressão do princípio


da autonomia da vontade (autodeterminação), o
direito de saber dos possíveis riscos, benefícios e
alternativas de um determinado procedimento
médico, possibilitando, assim, manifestar, de forma
livre e consciente, o seu interesse ou não na
realização da terapêutica envolvida, por meio do
consentimento informado. Esse dever de informação
decorre não só do Código de Ética Médica, que
estabelece, em seu art. 22, ser vedado ao médico
"deixar de obter consentimento do paciente ou de
seu representante legal após esclarecê-lo sobre o
procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco
iminente de morte", mas também das regras
dispostas na legislação consumerista, destacando-se
os arts. 6º, inciso III, e 14 do Código de Defesa do
Consumidor. Além disso, o Código Civil de 2002
também disciplinou sobre o assunto no art. 15, ao
estabelecer que "ninguém pode ser constrangido a
submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico
ou a A propósito, a jurisprudência desta Corte
Superior há muito proclama ser indispensável o
consentimento informado do paciente acerca dos
riscos inerentes ao procedimento cirúrgico. O
médico que deixa de informar o paciente acerca dos
riscos da cirurgia incorre em negligência, e responde
civilmente pelos danos resultantes da operação
(AgRg no Ag 818.144/SP, Relator o Ministro Ari
Pargendler, DJ de 5/11/2007). Impõe-se registrar,
ainda, que a informação prestada pelo médico ao
paciente, acerca dos riscos, benefícios e alternativas
ao procedimento indicado, deve ser clara e precisa,
não bastando que o profissional de saúde informe,
de maneira genérica ou com termos técnicos, as
eventuais repercussões no tratamento, o que
comprometeria o consentimento informado do
paciente, considerando a deficiência no dever de
informação. intervenção cirúrgica".
Com efeito, não se admite o chamado "blanket
consent", isto é, o consentimento genérico, em que
não há individualização das informações prestadas
ao paciente, dificultando, assim, o exercício de seu
direito fundamental à autodeterminação. Outro
ponto que merece destaque é o fato de que não há
qualquer obrigatoriedade no ordenamento jurídico
de que o consentimento informado seja exercido
mediante "termo", isto é, na forma escrita. O que se
garante é tão somente a prestação clara e precisa de
todas as informações sobre os riscos, benefícios e
alternativas do procedimento médico a ser adotado,
independentemente da forma.
Admite-se, portanto, qualquer meio de prova para
tentar demonstrar que foi cumprido o dever de
informação, nos termos do art. 107 do Código Civil,
que assim dispõe: "A validade da declaração de
vontade não dependerá de forma especial, senão
quando a lei expressamente a exigir". Entretanto,
não se pode ignorar que a ausência de "termo de
consentimento informado" gera uma enorme
dificuldade em se comprovar o cumprimento do
dever de informação ao paciente, recomendando-se,
por essa razão, sobretudo em casos mais complexos,
em que há um maior incremento do risco, que o
consentimento informado seja feito em documento
próprio, por escrito e assinado, a fim de resguardar o
profissional médico em caso de eventual discussão
jurídica sobre o assunto. Conclui-se, assim, que o
médico precisa do consentimento informado do
paciente para executar qualquer tratamento ou
procedimento médico, em decorrência da boa-fé
objetiva e do direito fundamental à
autodeterminação do indivíduo, sob pena de
inadimplemento do contrato médicohospitalar, o
que poderá ensejar a responsabilização civil.

 Para ocorrer indenização por danos morais em


função do encontro de corpo estranho em alimento
industrializado, é necessária a sua ingestão?
SIM. Só há danos morais NÃO. A simples
se consumir o corpo comercialização de
estranho. Vale ressaltar alimento industrializado
que, para gerar danos contendo corpo estranho
morais, a ingestão pode é suficiente para
ser apenas parcial. configuração do dano
Posição da 4ª Turma do moral. Posição da 3ª
STJ. Turma do STJ.
STJ. 4ª Turma. AgRg no STJ. 3ª Turma. REsp
AREsp 489030/SP, Rel. 1828026/SP, Rel. Min.
Min. Luis Felipe Salomão, Nancy Andrighi, julgado
julgado em 16/04/2015. em 10/09/2019 (Info
STJ. 4ª Turma. AgInt no 656)
AREsp 1299401/SP, Rel.
Min. Raul Araújo, julgado
em 12/02/2019.

Posição Atual: NÃO


RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR.
AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL.
AQUISIÇÃO DE POTE DE IOGURTE COM CORPO
ESTRANHO (INSETO) EM SEU INTERIOR. INGESTÃO
PARCIAL. EXPOSIÇÃO DO CONSUMIDOR A RISCO
CONCRETO DE LESÃO À SUA SAÚDE E SEGURANÇA.
FATO DO PRODUTO.
EXISTÊNCIA DE DANO MORAL. VIOLAÇÃO DO DEVER
DE NÃO ACARRETAR RISCOS AO CONSUMIDOR.
NEXO DE CAUSALIDADE. INVESTIGAÇÃO.
DESNECESSIDADE.
1. Ação ajuizada em 14/09/2016. Recurso especial
interposto em 30/01/2019 e concluso ao Gabinete
em 29/07/2019.
2. A aquisição de produto de gênero alimentício
contendo em seu interior corpo estranho, expondo o
consumidor à risco concreto de lesão à sua saúde e
segurança, ainda que não ocorra a ingestão de seu
conteúdo, dá direito à compensação por dano moral,
dada a ofensa ao direito fundamental à alimentação
adequada, corolário do princípio da dignidade da
pessoa humana. Precedentes.
3. O valor da indenização por dano moral está sujeito
ao controle do Superior Tribunal de Justiça,
recomendando-se que, na fixação da indenização a
esse título, o arbitramento seja feito com
moderação, razoabilidade e bom senso, atento à
realidade da vida e às peculiaridades de cada caso.
Na hipótese dos autos, o valor fixado a título de
danos morais não ultrapassa os limites do razoável,
impondo-se sua redução.
4. Hipótese em que se caracteriza defeito do produto
(art. 12, CDC), o qual expõe o consumidor à risco
concreto de dano à sua saúde e segurança, em clara
infringência ao dever legal dirigido ao fornecedor,
previsto no art. 8º do CDC.
5. Na hipótese dos autos, a simples comercialização
de produto contendo corpo estranho possui as
mesmas consequências negativas à saúde e à
integridade física do consumidor que sua ingestão
propriamente dita. Além disso, pode-se se verificar a
ocorrência de ingestão parcial do produto,
possivelmente ocasionando uma contaminação
alimentar à criança. 6. Não se faz necessária,
portanto, a investigação do nexo causal entre a
ingestão e a ocorrência de contaminação alimentar
para caracterizar o dano ao consumidor.
7. Recurso especial não provido.
(REsp 1828026/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 10/09/2019, DJe
12/09/2019)
6.1 Excludentes de responsabilidade

Artigo 12;

§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou


importador só não será responsabilizado quando
provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no
mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Art. 14
§ 3° O fornecedor de serviços só não será
responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
(fortuito externo)
Culpa exclusiva de terceiro ou da vítima

CÓDIGO CIVIL - Art. 945. Se a vítima tiver concorrido


culposamente para o evento danoso, a sua
indenização será fixada tendo-se em conta a
gravidade de sua culpa em confronto com a do autor
do dano.

Obs.: terceiro que integra a corrente produtiva, ainda


que remotamente, não é terceiro; é fornecedor
solidário.

Serviços de transporte

CÓDIGO CIVIL - Art. 735. A responsabilidade


contratual do transportador por acidente com o
passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra
o qual tem ação regressiva.
Súmula 187 do STF - A responsabilidade contratual
do transportador, pelo acidente com o passageiro,
não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem
ação regressiva.

Responsabilidade civil. Acidente ferroviário. Queda


de trem. "Surfista ferroviário". Culpa exclusiva da
vítima. I - A pessoa que se arrisca em cima de uma
composição ferroviária, praticando o denominado
"surf ferroviário", assume as consequências de seus
atos, não se podendo exigir da companhia ferroviária
efetiva fiscalização, o que seria até impraticável.
II Concluindo o acórdão tratar o caso de "surfista
ferroviário", não há como rever tal situação na via
especial, pois demandaria o revolvimento de matéria
fático-probatória, vedado nesta instância superior
(Súmula 7/STJ).
III Recurso especial não conhecido.
RECURSO ESPECIAL Nº 160.051 - RJ (1997/0092328-
2)
o Culpa exclusiva do consumidor
Responsabilidade civil. Acidente ferroviário. Queda
de trem. "Surfista ferroviário". Culpa exclusiva da
vítima. I - A pessoa que se arrisca em cima de uma
composição ferroviária, praticando o denominado
"surf ferroviário", assume as consequências de seus
atos, não se podendo exigir da companhia ferroviária
efetiva fiscalização, o que seria até impraticável.
II Concluindo o acórdão tratar o caso de "surfista
ferroviário", não há como rever tal situação na via
especial, pois demandaria o revolvimento de matéria
fático-probatória, vedado nesta instância superior
(Súmula 7/STJ).
III Recurso especial não conhecido.
RECURSO ESPECIAL Nº 160.051 - RJ (1997/0092328-
2)

o Caso fortuito e força maior


CÓDIGO CIVIL - Art. 393. O devedor não responde
pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força
maior, se expressamente não se houver por eles
responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior
verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era
possível evitar ou impedir.

Caso Fortuito: evento totalmente imprevisível


Força maior: evento previsível mas inevitável
Interno é aquele que tem relação com o negócio
desenvolvido;
Externo é aquele totalmente estranho ou alheio ao
negócio.
Automóvel. Roubo ocorrido em posto de lavagem.
Força maior. Isenção de responsabilidade. O fato de
o artigo 14, § 3º do Código de Defesa do Consumidor
não se referir ao caso fortuito e à força maior, ao
arrolar as causas de isenção de responsabilidade do
fornecedor de serviços, não significa que, no sistema
por ele instituído, não possam ser invocadas.
Aplicação do artigo 1.058 do Código Civil. A
inevitabilidade e não a imprevisibilidade é que
efetivamente mais importa para caracterizar o
fortuito. E aquela há de entender-se dentro de certa
relatividade, tendo-se o acontecimento como
inevitável em função do que seria razoável exigir-se.
(STJ - REsp: 120647 SP 1997/0012374-0, Relator:
Ministro EDUARDO RIBEIRO, Data de Julgamento:
16/03/2000, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJ 15.05.2000 p. 156 LEXSTJ vol. 132 p.
101 RSTJ vol. 132 p. 311)

V Jornada de Direito Civil:


443 - Arts. 393 e 927: O caso fortuito e a força maior
somente serão considerados como excludentes da
responsabilidade civil quando o fato gerador do dano
não for conexo à atividade desenvolvida

Súmula 479 STJ


As instituições financeiras respondem objetivamente
pelos danos gerados por fortuito interno relativo a
fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito
de operações bancárias.

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. INDENIZAÇAO


POR DANOS MORAIS, ESTÉTICOS E MATERIAL.
ASSALTO À MAO ARMADA NO INTERIOR DE ÔNIBUS
COLETIVO. CASO FORTUITO EXTERNO. EXCLUSAO DE
RESPONSABILIDADE DA TRANSPORTADORA.
1. A Segunda Seção desta Corte já proclamou o
entendimento de que o fato inteiramente estranho
ao transporte em si (assalto à mão armada no
interior de ônibus coletivo) constitui caso fortuito,
excludente de responsabilidade da empresa
transportadora.
3. Recurso conhecido e provido.
RECURSO ESPECIAL Nº 726.371 - RJ (2005/0027195-
0)
Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham
por objetivo a reparação de qualquer produto
considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor
de empregar componentes de reposição originais
adequados e novos, ou que mantenham as
especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a
estes últimos, autorização em contrário do
consumidor.

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,


concessionárias, permissionárias ou sob qualquer
outra forma de empreendimento, são obrigados a
fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e,
quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total
ou parcial, das obrigações referidas neste artigo,
serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e
a reparar os danos causados, na forma prevista neste
código.

Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios


de qualidade por inadequação dos produtos e
serviços não o exime de responsabilidade.

Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou


serviço independe de termo expresso, vedada a
exoneração contratual do fornecedor.

Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à


reparação pelos danos causados por fato do produto
ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo,
iniciando-se a contagem do prazo a partir do
conhecimento do dano e de sua autoria.

1.3 Prescrição e Decadência


PRESCRIÇÃO: Inexigibilidade da pretensão em
virtude da inércia do titular do Direito ou daquele
que possui autorização para exigir o Direito.

DECADÊNCIA: Perda do direito material em virtude


da inércia do titular do direito ou daquele que
possui autorização para exercer o direito.

A pretensão não pode ser algo exercitável


indefinidamente no tempo, e importante que haja
um limite para a exigibilidade do cumprimento da
obrigação para se garantir a paz social e a segurança
das relações jurídicas. Por isso que existe um prazo
fixado para que a pessoa possa exigir a reparação.
A pretensão não pode ser algo exercitável
indefinidamente no tempo, e importante que haja
um limite para a exigibilidade do cumprimento da
obrigação para se garantir a paz social e a segurança
das relações jurídicas. Por isso que existe um prazo
fixado para que a pessoa possa exigir a reparação.

RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. AÇÃO DE


RESSARCIMENTO. CIRURGIA CARDÍACA.
DESCUMPRIMENTO DE CLÁUSULA CONTRATUAL.
PRAZO PRESCRICIONAL DECENAL.
1.- Em se tratando de ação objetivando o
ressarcimento de despesas realizadas com cirurgia
cardíaca para a implantação de "stent", em razão da
negativa do plano de saúde em autorizar o
procedimento, a relação controvertida é de natureza
contratual.
2.- Não havendo previsão específica quanto ao prazo
prescricional, incide o prazo geral de 10 (dez) anos,
previsto no art. 205 do Código Civil, o qual começa a
fluir a partir da data de sua vigência (11.1.2003),
respeitada a regra de transição prevista no art.
2.028.
3.- Recurso Especial provido.
RECURSO ESPECIAL Nº 1.176.320 - RS
(2010/0008120-3) – 26/2/2013

1
Caso adaptado: Carlos adquiriu um automóvel.
Ainda dentro da garantia contratual, o veículo
simplesmente parou de funcionar e, em seguida,
começou a pegar fogo, o que ocasionou a destruição
quase integral do carro. Felizmente, Carlos conseguiu
se salvar com vida. Carlos ajuizou ação de
responsabilidade pelo fato do produto em face da
concessionária e da fabricante. Foi realizada perícia,
mas o laudo pericial foi inconclusivo, não apontando
a causa do incêndio, além de não ter identificado a
existência de defeito na fabricação do produto. Em
primeira e segunda instâncias, o pedido
indenizatório não foi acolhido sob fundamento de
1
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A inexistência de responsabilidade solidária por fato do produto
entre os fornecedores da cadeia de consumo impede a extensão do acordo feito por um réu em
benefício do outro. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/
7bee424db269e7f9c5d0a68c7a635018>. Acesso em: 14/08/2022
que o consumidor não se desincumbiu do ônus
probatório.
O Tribunal de 2ª instância não agiu corretamente.
O consumidor satisfaz o seu ônus probatório quando
demonstra o vínculo causal entre o evento danoso e
o produto. No caso, o consumidor satisfez esse ônus
considerando que ficou demonstrado que o
automóvel incendiou. Embora as perícias realizadas
não tenham identificado a causa do incêndio, a
inexistência de defeito no veículo deveria ter sido
comprovada pelas fornecedoras rés, que, não o
fazendo, não se eximem de responsabilidade pelo
fato do produto.
STJ. 3ª Turma. REsp 1955890-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 05/10/2021 (Info 714).
o A pretensao não pode ser algo exercitável
indefinidamente no tempo, e importante que haja
um limite para a exigibilidade do cumprimento da
obrigação para se garantir a paz social e a segurança
das relações jurídicas. Por isso que existe um prazo
fixado para que a pessoa possa exigir a reparação.

Direito Subjetivo: são prestacionais, possuem


características distintas dos potestativos, porque, a
princípio, são obstados por eventual resistência da
outra parte, exigindo atuação judicial para se
realizarem.2

3
Pretensão: é a possibilidade de se exigir de outrem,
em um determinado prazo, o adimplemento de uma

2
CHIOVENDA. Giuseppe. Instituições de Direito Processual Civil. Tradução de Paolo Caopitiano. 4 ed.
Campinas: Bookseller, 2008.
3
PONTES DE MIRANDA. Francisco Cavalcante. Tratado das Ações. Tomo I. São Paulo: RT, 1972.P 52.
determinada obrigação, sob pena de execução
patrimonial dos bens do devedor.
Para Pontes de Miranda “Pretensão é a posição
subjetiva de poder exigir de outrem alguma
prestação positiva ou negativa”.

o Em qualquer situação que não envolva acidente


de consumo deverá prevalecer os prazos
prescricionais previstos no CC:
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a
lei não lhe haja fixado prazo menor.
Art. 206. Prescreve:
§ 1o Em um ano:
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de
víveres destinados a consumo no próprio
estabelecimento, para o pagamento da hospedagem
ou dos alimentos;
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a
deste contra aquele, contado o prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de
responsabilidade civil, da data em que é citado para
responder à ação de indenização proposta pelo
terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza,
com a anuência do segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato
gerador da pretensão;
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça,
serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela
percepção de emolumentos, custas e honorários;
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos
bens que entraram para a formação do capital de
sociedade anônima, contado da publicação da ata da
assembléia que aprovar o laudo;
V - a pretensão dos credores não pagos contra os
sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo
da publicação da ata de encerramento da liquidação
da sociedade.
§ 2o Em dois anos, a pretensão para haver
prestações alimentares, a partir da data em que se
vencerem.
§ 3o Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos
ou rústicos;
II - a pretensão para receber prestações vencidas de
rendas temporárias ou vitalícias;
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou
quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em
períodos não maiores de um ano, com capitalização
ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento
sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou
dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da
data em que foi deliberada a distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida
indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado
o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos
constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da
apresentação, aos sócios, do balanço referente ao
exercício em que a violação tenha sido praticada, ou
da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar
conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembléia
semestral posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título
de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as
disposições de lei especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e
a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de
responsabilidade civil obrigatório.
§ 4 o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a
contar da data da aprovação das contas.
§ 5 o Em cinco anos:

I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas


constantes de instrumento público ou particular;

II - a pretensão dos profissionais liberais em geral,


procuradores judiciais, curadores e professores pelos
seus honorários, contado o prazo da conclusão dos
serviços, da cessação dos respectivos contratos ou
mandato;

III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o


que despendeu em juízo.

Direito civil e do consumidor. Ação de cobrança de


valor complementar. Indenização securitária.
Inadimplemento. Pagamento a menor. Prazo
prescricional.
- O não cumprimento das obrigações por parte do
segurador consistentes no ressarcimento dos danos
sofridos pelo segurado constitui inadimplemento
contratual, e não fato do serviço.
- Caracterizada a inexecução contratual, é ânuo o
prazo prescricional para ação de cobrança de valor
complementar de indenização securitária.
Recurso especial parcialmente provido.
RECURSO ESPECIAL Nº 574.947 - BA (2003/0138906-
0) – 28/6/2004

RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. AÇÃO DE


RESSARCIMENTO. CIRURGIA CARDÍACA.
DESCUMPRIMENTO DE CLÁUSULA CONTRATUAL.
PRAZO PRESCRICIONAL DECENAL.
1.- Em se tratando de ação objetivando o
ressarcimento de despesas realizadas com cirurgia
cardíaca para a implantação de "stent", em razão da
negativa do plano de saúde em autorizar o
procedimento, a relação controvertida é de natureza
contratual.
2.- Não havendo previsão específica quanto ao prazo
prescricional, incide o prazo geral de 10 (dez) anos,
previsto no art. 205 do Código Civil, o qual começa a
fluir a partir da data de sua vigência (11.1.2003),
respeitada a regra de transição prevista no art.
2.028.
3.- Recurso Especial provido.
RECURSO ESPECIAL Nº 1.176.320 - RS
(2010/0008120-3) – 26/2/2013

(...) A incidência da regra de prescrição prevista no


art. 27 do CDC tem como requisito essencial a
formulação de pedido de reparação de danos
causados por fato do produto ou do serviço, o que
não ocorreu na espécie.
Ante à ausência de disposições no CDC acerca do
prazo prescricional aplicável à prática comercial
indevida de cobrança excessiva, é de rigor a
aplicação das normas relativas a prescrição
insculpidas no Código Civil. RECURSO ESPECIAL Nº
1.032.952 - SP (2008/0037003-7) – 26/3/2009

SÚMULA N. 412 - STJ


A ação de repetição de indébito de tarifas de água e
esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido
no Código Civil.

Jurisprudência em teses – STJ - 74

8) A ação de indenização por danos morais


decorrente da inscrição indevida em cadastro de
inadimplentes não se sujeita ao prazo quinquenal do
art. 27 do CDC, mas ao prazo de 3 (três) anos,
conforme previsto no art. 206, § 3º, V, do CC/2002.

Prazo prescricional em caso de acidente aéreo


Direito do Consumidor Responsabilidade pelo fato
do produto ou do serviço Geral
Qual é o prazo prescricional da ação de
responsabilidade civil no caso de acidente aéreo em
voo doméstico?5 anos, segundo entendimento do
STJ, aplicando-se o CDC. Qual é o prazo prescricional
da ação de responsabilidade civil no caso de acidente
aéreo em voo internacional?2 anos, com base no art.
29 da Convenção de Varsóvia. Nos termos do art.
178 da Constituição da República, as normas e os
tratados internacionais limitadores da
responsabilidade das transportadoras aéreas de
passageiros, especialmente as Convenções de
Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao
Código de Defesa do Consumidor. STF. Plenário.RE
636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes e ARE
766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em
25/05/2017 (repercussão geral) (Info 866).

 Risco do desenvolvimento
TRANSGÊNICOS:
I Jornada de Direito Civil: 43 – Art. 931: a
responsabilidade civil pelo fato do produto, prevista
no art. 931 do novo Código Civil, também inclui os
riscos do desenvolvimento.

o Culpa concorrente do consumidor


V Jornada de Direito Civil – 459:
Art. 945. A conduta da vítima pode ser fator
atenuante do nexo de causalidade na
responsabilidade civil objetiva.

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.


Responsabilidade do fornecedor. Culpa concorrente
da vítima. Hotel. Piscina. Agência de viagens. -
Responsabilidade do hotel, que não sinaliza
convenientemente a profundidade da piscina, de
acesso livre aos hóspedes. Art. 14 do CDC, - A culpa
concorrente da vítima permite a redução da
condenação imposta ao fornecedor. Art. 12, § 2°, III,
do CDC. - A agência de viagens responde pelo dano
pessoal que decorreu do mau serviço do hotel
contratado por ela para a hospedagem durante o
pacote de turismo.
Recursos conhecidos e providos em parte.

2. DA RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO


PRODUTO E DO SERVIÇO
VÍCIO DE QUALIDADE
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo
duráveis ou não duráveis respondem solidariamente
pelos vícios de qualidade ou quantidade que os
tornem impróprios ou inadequados ao consumo a
que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim
como por aqueles decorrentes da disparidade, com a
indicações constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as
variações decorrentes de sua natureza, podendo o
consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de


trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma
espécie, em perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga,


monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou


ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior,
não podendo ser inferior a sete nem superior a
cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a
cláusula de prazo deverá ser convencionada em
separado, por meio de manifestação expressa do
consumidor.
EXCEÇÃO:
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das
alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em
razão da extensão do vício, a substituição das partes
viciadas puder comprometer a qualidade ou
características do produto, diminuir-lhe o valor ou se
tratar de produto essencial.4

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO VERIFICADA.


VICIO NO PRODUTO. APARELHO CELULAR
CONSIDERADO BEM ESSENCIAL. DANOS MORAIS
CONCEDIDOS. EMBARGOS ACOLHIDOS. (TJPR – 1ª
Turma Recursal – 0008352-88.2017.8.16.0014 –
Londrina – Rel.: Juíza Vanessa Bassani – J.
12.11.2018) (TJ-PR – ED: 00083528820178160014 PR
0008352-88.2017.8.16.0014 (Acórdão), Relator: Juíza
Vanessa Bassani, Data de Julgamento: 12/11/2018,
1ª Turma Recursal, Data de Publicação: 13/11/2018)
4
https://www.migalhas.com.br/quentes/136691/mpf-reconhece-telefone-celular-como-produto-
essencial

https://anaclarasuzart.com.br/produtos-essenciais-sob-a-otica-do-codigo-de-defesa-do-consumidor/
§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do
inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a
substituição do bem, poderá haver substituição por
outro de espécie, marca ou modelo diversos,
mediante complementação ou restituição de
eventual diferença de preço, sem prejuízo do
disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo.
§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura,
será responsável perante o consumidor o fornecedor
imediato, exceto quando identificado claramente seu
produtor.

§ 6° São impróprios ao uso e consumo:

I - os produtos cujos prazos de validade estejam


vencidos;
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados,
avariados, falsificados, corrompidos, fraudados,
nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda,
aqueles em desacordo com as normas
regulamentares de fabricação, distribuição ou
apresentação;
III - os produtos que, por qualquer motivo, se
revelem inadequados ao fim a que se destinam.
PROCESSO CIVIL E DIREITO DO CONSUMIDOR.
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. NEGATIVA
DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AUSÊNCIA. JUNTADA
DE DOCUMENTOS COM A APELAÇÃO.
POSSIBILIDADE. VÍCIO DO PRODUTO.
REPARAÇÃO EM 30 DIAS. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA DO COMERCIANTE.
1. Ação civil pública ajuizada em 07/01/2013, de que
foi extraído o presente recurso especial, interposto
em 08/06/2015 e concluso ao Gabinete em
25/08/2016. Julgamento pelo CPC/73.
2. Cinge-se a controvérsia a decidir sobre: (i) a
negativa de prestação jurisdicional (art. 535, II, do
CPC/73); (ii) a preclusão operada quanto à produção
de prova (arts. 462 e 517 do CPC/73);
(iii) a responsabilidade do comerciante no que tange
à disponibilização e prestação de serviço de
assistência técnica (art.
18, caput e § 1º, do CDC).
3. Devidamente analisadas e discutidas as questões
de mérito, e fundamentado o acórdão recorrido, de
modo a esgotar a prestação jurisdicional, não há que
se falar em violação do art. 535, II, do CPC/73.
4. Esta Corte admite a juntada de documentos, que
não apenas os produzidos após a inicial e a
contestação, inclusive na via recursal, desde que
observado o contraditório e ausente a má-fé.
5. À frustração do consumidor de adquirir o bem
com vício, não é razoável que se acrescente o
desgaste para tentar resolver o problema ao qual ele
não deu causa, o que, por certo, pode ser evitado -
ou, ao menos, atenuado - se o próprio comerciante
participar ativamente do processo de reparo,
intermediando a relação entre consumidor e
fabricante, inclusive porque, juntamente com este,
tem o dever legal de garantir a adequação do
produto oferecido ao consumo. 6. À luz do princípio
da boa-fé objetiva, se a inserção no mercado do
produto com vício traz em si, inevitavelmente, um
gasto adicional para a cadeia de consumo, esse gasto
deve ser tido como ínsito ao risco da atividade, e não
pode, em nenhuma hipótese, ser suportado pelo
consumidor. Incidência dos princípios que regem a
política nacional das relações de consumo, em
especial o da vulnerabilidade do consumidor (art. 4º,
I, do CDC) e o da garantia de adequação, a cargo do
fornecedor (art. 4º, V, do CDC), e observância do
direito do consumidor de receber a efetiva reparação
de danos patrimoniais sofridos por ele (art. 6º, VI, do
CDC).
7. Como a defesa do consumidor foi erigida a
princípio geral da atividade econômica pelo art. 170,
V, da Constituição Federal, é ele - consumidor - quem
deve escolher a alternativa que lhe parece menos
onerosa ou embaraçosa para exercer seu direito de
ter sanado o vício em 30 dias - levar o produto ao
comerciante, à assistência técnica ou diretamente ao
fabricante -, não cabendo ao fornecedor impor-lhe a
opção que mais convém.
8. Recurso especial desprovido.
(REsp 1634851/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 12/09/2017, DJe
15/02/2018)

Dever do comerciante de receber e enviar os


aparelhos viciados para a assistência técnica ou
para o fabricante Direito do Consumidor -
Responsabilidade pelo vício do produto ou do
serviço Geral

Se o produto que o consumidor comprou apresenta


um vício, ele tem o direito de ter esse vício sanado
no prazo de 30 dias (art. 18, § 1º do CDC). Para tanto,
o consumidor pode escolher para quem levará o
produto a fim de ser consertado: a) para o
comerciante; b) para a assistência técnica ou c) para
o fabricante. Em outras palavras, cabe ao
consumidor a escolha para exercer seu direito de ter
sanado o vício do produto em 30 dias: levar o
produto ao comerciante, à assistência técnica ou
diretamente ao fabricante. STJ. 3ª Turma.REsp
1634851-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
12/09/2017 (Info 619).

Em se tratando de relação de consumo, todos da


cadeia produtiva são solidariamente responsáveis

Há responsabilidade solidária de todos os


integrantes da cadeia de fornecimento por vício no
produto adquirido pelo consumidor, aí incluindo-se o
fornecedor direto (ex: concessionária de veículos) e
o fornecedor indireto (ex: o fabricante do
automóvel). Os integrantes da cadeia de consumo,
em ação indenizatória consumerista, também são
responsáveis pelos danos gerados ao consumidor,
não cabendo a alegação de que o dano foi gerado
por culpa exclusiva de um dos seus integrantes. STJ.
3ª Turma. REsp 1684132/CE, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 02/10/2018. STJ. 4ª Turma.
AgInt no AREsp 1183072/SP, Rel. Min. Maria Isabel
Gallotti, julgado em 02/10/2018.

Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente


pelos vícios de quantidade do produto sempre que,
respeitadas as variações decorrentes de sua
natureza, seu conteúdo líquido for inferior às
indicações constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha
I - o abatimento proporcional do preço;
II - complementação do peso ou medida;
III - a substituição do produto por outro da mesma
espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios;
IV - a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos.
§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do
artigo anterior.
§ 2° O fornecedor imediato será responsável quando
fizer a pesagem ou a medição e o instrumento
utilizado não estiver aferido segundo os padrões
oficiais.

Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos


vícios de qualidade que os tornem impróprios ao
consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade com as
indicações constantes da oferta ou mensagem
publicitária, podendo o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:
I - a reexecução dos serviços, sem custo
adicional e quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 1° A reexecução dos serviços poderá ser
confiada a terceiros devidamente capacitados, por
conta e risco do fornecedor.
§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem
inadequados para os fins que razoavelmente deles se
esperam, bem como aqueles que não atendam as
normas regulamentares de prestabilidade.

Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham


por objetivo a reparação de qualquer produto
considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor
de empregar componentes de reposição originais
adequados e novos, ou que mantenham as
especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a
estes últimos, autorização em contrário do
consumidor.

Responsabilidade de transportadora de passageiros e


culpa exclusiva do consumidor
A sociedade empresária de transporte coletivo
interestadual não deve ser responsabilizada pela
partida do veículo, após parada obrigatória, sem a
presença do viajante que, por sua culpa exclusiva,
não compareceu para reembarque mesmo após a
chamada dos passageiros, sobretudo quando houve
o embarque tempestivo dos demais. STJ. 4ª Turma.
REsp 1354369-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 5/5/2015 (Info 562).

Vício de quantidade e direito à informação

Ainda que haja abatimento no preço do produto, o


fornecedor responderá por vício de quantidade na
hipótese em que reduzir o volume da mercadoria
para quantidade diversa da que habitualmente
fornecia no mercado, sem informar na embalagem,
de forma clara, precisa e ostensiva, a diminuição do
conteúdo. STJ. 2ª Turma. REsp 1364915-MG, Rel.
Min. Humberto Martins, julgado em 14/5/2013 (Info
524).

Vício do produto em automóvel e responsabilização


solidária da concessionária e da fabricante

A aquisição de veículo para utilização como táxi, por


si só, não afasta a possibilidade de aplicação das
normas protetivas do CDC. A constatação de defeito
em veículo zero-quilômetro revela hipótese de vício
do produto e impõe a responsabilização solidária da
concessionária (fornecedor) e do fabricante,
conforme preceitua o art. 18, caput, do CDC. STJ. 4ª
Turma. REsp 611872-RJ, Rel. Min. Antonio Carlos
Ferreira, julgado em 2/10/2012 (Info 505).

Súmula 595-STJ: As instituições de ensino superior


respondem objetivamente pelos danos suportados
pelo aluno/consumidor pela realização de curso não
reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o
qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada
informação.

RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR.


AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO.
VEÍCULO USADO. VENDA. HODÔMETRO
ADULTERADO.
RESPONSABILIDADE. PROPRIETÁRIO. AGÊNCIA
CONTRATADA. SOLIDARIEDADE.
ART. 18 DO CDC. FORNECEDOR ORIGINÁRIO.
INAPLICABILIDADE. RELAÇÕES DE CONSUMO
DISTINTAS. CADEIA DE FORNECIMENTO. RUPTURA.
1. Ação de rescisão contratual cumulada com pedido
indenizatório promovida por adquirente de veículo
usado que pretende responsabilizar o ex-proprietário
do automóvel, a empresa por ele contratada para
revender o bem e o fornecedor originário deste
pelos prejuízos decorrentes da constatação de que o
hodômetro do veículo foi adulterado.
2. Acórdão recorrido que concluiu pela integral
procedência do pleito autoral, com a
responsabilização solidária de todos os requeridos,
sob o fundamento de que eles integrariam uma
única cadeia de fornecedores, atraindo, assim, a
incidência dos arts. 14, 18 e 20 do CDC.
3. O fornecimento de bem durável ao seu
destinatário final, por removê-lo do mercado de
consumo, põe termo à cadeia de seus fornecedores
originais. A revenda desse mesmo bem por seu
adquirente constitui nova relação jurídica
obrigacional, obstando que seja considerada
solidariamente responsável por prejuízos resultantes
dessa segunda relação, com esteio no art. 18 do CDC,
empresa integrante daquela primeira cadeia de
fornecimento interrompida.
4. Recurso especial provido.
(REsp 1517800/PE, Rel. Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
02/05/2017, DJe 05/05/2017)

DIREITO CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO. VEÍCULO NOVO. VÍCIO DO PRODUTO.
INCOMPATIBILIDADE ENTRE O DIESEL
COMERCIALIZADO NO BRASIL E AS ESPECIFICAÇÕES
TÉCNICAS DO PROJETO. PANES REITERADAS. DANOS
AO MOTOR. PRAZO DE TRINTA DIAS PARA
CONSERTO. RESTITUIÇÃO DO VALOR PAGO. DANO
MORAL. CABIMENTO.
1.- Configura vício do produto incidente em veículo
automotor a incompatibilidade, não informada ao
consumidor, entre o tipo de combustível necessário
ao adequado funcionamento de veículo
comercializado no mercado nacional e aquele
disponibilizado nos postos de gasolina brasileiros. No
caso, o automóvel comercializado, importado da
Alemanha, não estava preparado para funcionar
adequadamente com o tipo de diesel ofertado no
Brasil.
2.- Não é possível afirmar que o vício do produto
tenha sido sanado no prazo de 30 dias, estabelecido
pelo artigo 18, § 1º, caput, do Código de Defesa do
Consumidor, se o automóvel, após retornar da
oficina, reincidiu no mesmo problema, por diversas
vezes. A necessidade de novos e sucessivos reparos é
indicativo suficiente de que o veículo, embora
substituídas as peças danificadas pela utilização do
combustível impróprio, não foi posto em condições
para o uso que dele razoavelmente se esperava.
3.- A jurisprudência do STJ orienta-se no sentido de
ser cabível indenização por dano moral quando o
consumidor de veículo zero quilômetro necessita
retornar à concessionária por diversas vezes, para
reparos.
4.- Recurso Especial provido.
(REsp 1443268/DF, Rel. Ministro SIDNEI BENETI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 03/06/2014, DJe
08/09/2014)

SERVIÇOS PÚBLICOS
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer
outra forma de empreendimento, são obrigados a
fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e,
quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total
ou parcial, das obrigações referidas neste artigo,
serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e
a reparar os danos causados, na forma prevista neste
código.
Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios
de qualidade por inadequação dos produtos e
serviços não o exime de responsabilidade.
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou
serviço independe de termo expresso, vedada a
exoneração contratual do fornecedor.
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula
que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de
indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.

Garantia legal e contratual


CDC - Art. 50. A garantia contratual é
complementar à legal e será conferida mediante
termo escrito.
Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente
deve ser padronizado e esclarecer, de maneira
adequada em que consiste a mesma garantia, bem
como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser
exercitada e os ônus a cargo do consumidor,
devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido
pelo fornecedor, no ato do fornecimento,
acompanhado de manual de instrução, de instalação
e uso do produto em linguagem didática, com
ilustrações.

7.1 Decadência
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes
ou de fácil constatação caduca em:
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço
e de produtos não duráveis;
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de
serviço e de produtos duráveis.
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a
partir da entrega efetiva do produto ou do término
da execução dos serviços.
§ 2° Obstam a decadência:
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo
consumidor perante o fornecedor de produtos e
serviços até a resposta negativa correspondente, que
deve ser transmitida de forma inequívoca;
III - a instauração de inquérito civil, até seu
encerramento.
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial
inicia-se no momento em que ficar evidenciado o
defeito.

Vícios existentes em vestido de noiva devem ser


reclamados em até 90 dias

Vestido de noiva é bem durável e os vícios nele


existentes devem ser reclamados em até 90 dias. STJ.
3ª Turma. REsp 1161941-DF, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 5/11/2013 (Info 533).

Dos Vícios Redibitórios


CÓDIGO CIVIL:
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato
comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos
ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é
destinada, ou lhe diminuam o valor.

Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo


às doações onerosas.

Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o


contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar
abatimento no preço.

Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito


da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e
danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o
valor recebido, mais as despesas do contrato.
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste
ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se
perecer por vício oculto, já existente ao tempo da
tradição.
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a
redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta
dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel,
contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o
prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1 o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser
conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do
momento em que dele tiver ciência, até o prazo
máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de
bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
§ 2 o Tratando-se de venda de animais, os prazos de
garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em
lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais,
aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se
não houver regras disciplinando a matéria.
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo
antecedente na constância de cláusula de garantia;
mas o adquirente deve denunciar o defeito ao
alienante nos trinta dias seguintes ao seu
descobrimento, sob pena de decadência.

Necessidade de provocar o fornecedor no prazo


decadencial

Não tem direito à reparação de perdas e danos


decorrentes do vício do produto o consumidor que,
no prazo decadencial, não provocou o fornecedor
para que este pudesse sanar o vício. STJ. 3ª Turma.
REsp 1520500-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 27/10/2015 (Info 573).

A reclamação obstativa da decadência, prevista no


art. 26, § 2º, I, do CDC, pode ser feita
documentalmente ou verbalmente
Direito do Consumidor Responsabilidade pelo vício
do produto ou do serviço Geral

O CDC prevê que é causa obstativa da decadência a


reclamação comprovadamente formulada pelo
consumidor perante o fornecedor de produtos e
serviços até a resposta negativa correspondente,
que deve ser transmitida de forma inequívoca, nos
termos do art. 26, § 2º, I: Art. 26 (...)§ 2º Obstam a
decadência: I - a reclamação comprovadamente
formulada pelo consumidor perante o fornecedor de
produtos e serviços até a resposta negativa
correspondente, que deve ser transmitida de forma
inequívoca; De que forma tem que ocorrer essa
“reclamação”? Pode ser verbal? SIM. A reclamação
obstativa da decadência, prevista no art. 26, § 2º, I,
do CDC, pode ser feita documentalmente ou
verbalmente. STJ. 3ª Turma.REsp 1442597-DF, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/10/2017 (Info
614).

PROCESSO REsp 1.442.597-DF, Rel. Min. Nancy


Andrighi, por unanimidade, julgado em 24/10/2017,
DJe 30/10/2017
TEMA
Ação redibitória. Reclamação que obsta a
decadência. Forma documental ou verbal. Admissão.
Comprovação pelo consumidor.
DESTAQUE
A reclamação obstativa da decadência, prevista no
art. 26, § 2º, I, do CDC pode ser feita
documentalmente ou verbalmente.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Na origem, trata-se de ação redibitória – extinta com
resolução do mérito, ante o reconhecimento da
decadência – por meio da qual se buscava a rescisão
do contrato de compra e venda de veículo
defeituoso. Nesse contexto, discute-se a forma pela
qual o consumidor deve externar a reclamação
prevista no art. 26, § 2º, I, do Código de Defesa do
Consumidor. Nos termos do dispositivo supracitado,
é causa obstativa da decadência, a reclamação
comprovadamente formulada pelo consumidor
perante o fornecedor de produtos e serviços até a
resposta negativa correspondente, que deve ser
transmitida de forma inequívoca. Infere-se do
preceito legal que a lei não preestabelece uma forma
para a realização da reclamação, exigindo apenas
comprovação de que o fornecedor tomou ciência
inequívoca quanto ao propósito do consumidor de
reclamar pelos vícios do produto ou serviço. Com
efeito, a reclamação obstativa da decadência pode
ser feita documentalmente – por meio físico ou
eletrônico – ou mesmo verbalmente – pessoalmente
ou por telefone – e, consequentemente, a sua
comprovação pode dar-se por todos os meios
admitidos em direito. Afinal, supor que o
consumidor, ao invés de servir-se do atendimento
atualmente oferecido pelo mercado, vá burocratizar
a relação, elaborando documento escrito e
remetendo-o ao Cartório, é ir contra o andamento
natural das relações de consumo.
7.3 VÍCIOS OCULTOS

Tratando-se de vício oculto o prazo decadencial


inicia-se a partir do momento em que ficar
evidenciado o problema.

o Garantia legal eterna?

O STJ entende que devemos utilizar como parâmetro


o tempo de vida útil do bem.

RECURSO ESPECIAL. CONSUMIDOR. VÍCIO OCULTO.


PRODUTO DURÁVEL. RECLAMAÇAO. TERMO INICIAL.
1. Na origem, a ora recorrente ajuizou ação
anulatória em face do PROCON/DF - Instituto de
Defesa do Consumidor do Distrito Federal, com o fim
de anular a penalidade administrativa imposta em
razão de reclamação formulada por consumidor por
vício de produto durável.
2. O tribunal de origem reformou a sentença,
reconheceu a decadência do direito de o consumidor
reclamar pelo vício e concluiu que a aplicação de
multa por parte do PROCON/DF se mostrava
indevida.
3. De fato, conforme premissa de fato fixada pela
corte de origem, o vício do produto era oculto.
Nesse sentido, o dies a quo do prazo decadencial de
que trata o art. 26, 6º, do Código de Defesa do
Consumidor é a data em ficar evidenciado o aludido
vício, ainda que haja uma garantia contratual, sem
abandonar, contudo, o critério da vida útil do bem
durável, a fim de que o fornecedor não fique
responsável por solucionar o vício eternamente. A
propósito, esta Corte já apontou nesse sentido.
4. Recurso especial conhecido e provido.
RECURSO ESPECIAL Nº 1.123.004 - DF
(2009/0026188-1) – 29/6/2009

o Vício do produto e prazo de garantia

O fornecedor responde por vício oculto de produto


durável decorrente da própria fabricação e não do
desgaste natural gerado pela fruição ordinária, desde
que haja reclamação dentro do prazo decadencial de
noventa dias após evidenciado o defeito, ainda que o
vício se manifeste somente após o término do prazo
de garantia contratual, devendo ser observado como
limite temporal para o surgimento do defeito o
critério de vida útil do bem. STJ. 4ª Turma. REsp
984106-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
4/10/2012.

o Dever do comerciante de receber e enviar os


aparelhos viciados para a assistência técnica ou para
o fabricante:

O comerciante tem o dever de receber do


consumidor o aparelho que esteja viciado
(“defeituoso”) com o objetivo de encaminhá-lo à
assistência técnica para conserto? Sim. O
comerciante tem a obrigação de intermediar a
reparação ou a substituição de produtos nele
adquiridos e que apresentem defeitos de
fabricação(vício oculto de inadequação), com a
coleta em suas lojas e remessa ao fabricante e
posterior devolução. STJ. 3ª Turma. REsp 1568938-
RS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/08/2020
(Info 678). Ainda sobre o tema: Cabe ao consumidor
a escolha para exercer seu direito de ter sanado o
vício do produto em 30 dias - levar o produto ao
comerciante, à assistência técnica ou diretamente ao
fabricante. STJ. 3ª Turma. REsp 1634851-RJ, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 12/09/2017 (Info 619).

DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO COLETIVA DE


CONSUMO. RECURSO ESPECIAL MANEJADO SOB A
ÉGIDE DO CPC/73. SOLIDARIEDADE DA CADEIA DE
FORNECIMENTO. ART. 18 DO CDC. DEVER DE QUEM
COMERCIALIZA PRODUTO QUE POSTERIORMENTE
APRESENTE DEFEITO DE RECEBÊ-LO E ENCAMINHA-
LO À ASSISTÊNCIA TÉCNICA RESPONSÁVEL,
INDEPENDENTE DO PRAZO DE 72 HORAS.
OBSERVÂNCIA DO PRAZO DE DECADÊNCIA. DANO
MORAL COLETIVO. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
RAZOABILIDADE. MODIFICAÇAO. IMPOSSIBILIDADE.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 7 DO STJ. RECURSO
ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E NÃO
PROVIDO.
1. Inaplicabilidade do NCPC a este julgamento ante
os termos do Enunciado Administrativo nº 2
aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de
9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento
no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17
de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos
de admissibilidade na forma nele prevista, com as
interpretações dadas até então pela jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça.
2. Por estar incluído na cadeia de fornecimento do
produto, quem o comercializa, ainda que não seja
seu fabricante, fica responsável, perante o
consumidor, por receber o item que apresentar
defeito e o encaminha-lo à assistência técnica,
independente do prazo de 72 horas da compra,
sempre observado o prazo decadencial do art. 26 do
CDC. Precedente recente da Terceira Turma desta
Corte.
3. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
consolidou o entendimento de que os valores fixados
a título de danos morais, porque arbitrados com
fundamento no arcabouço fático-probatório
carreado aos autos, só podem ser alterados em
hipóteses excepcionais, quando constatada nítida
ofensa aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, mostrando-se irrisória ou
exorbitante, o que não ocorreu no caso. Incidência
da Súmula nº 7 desta Corte. Precedentes.
4. Recurso especial parcialmente conhecido e não
provido.
(REsp 1568938/RS, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO,
TERCEIRA TURMA, julgado em 25/08/2020, DJe
03/09/2020)

Responsabilidade do fabricante que garante na


publicidade a qualidade dos produtos

Responde solidariamente por vício de qualidade do


automóvel adquirido o fabricante de veículos
automotores que participa de propaganda
publicitária garantindo com sua marca a excelência
dos produtos ofertados por revendedor de veículos
usados. Ex: a concessionária “XXX” revende veículos
seminovos da fabricante GM. A concessionária
lançou uma propaganda na qual anunciava diversos
veículos para venda e, ao final do comercial, era
divulgada a seguinte informação: “os únicos
seminovos com o aval da GM”. STJ. 4ª Turma. REsp
1365609-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 28/4/2015 (Info 562).
JURISPRUDÊNCIA – FATO6
A queda de passageiro em via férrea de metrô, por
decorrência de mal súbito, não enseja o dever de
reparar os danos mesmo que a concessionária não
adote tecnologia moderna (portas de plataforma)
Considera-se fortuito externo a queda de passageiro
em via férrea de metrô, por decorrência de mal
súbito, não ensejando o dever de reparação do dano
5
http://abracesp.org.br/2020/02/24/relatos-de-acidentes-de-consumo-ao-inmetro-caem-31-em-2019/
6
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar?categoria=5&subcategoria=49
por parte da concessionária de serviço público,
mesmo considerando que não houve adoção, por
parte do transportador, de tecnologia moderna para
impedir o trágico evento.
Não é a regra que trens de metrôs, inclusive em
países com altíssimo nível de desenvolvimento
econômico e social, tenham as denominadas “portas
de plataforma” (Platform Screen Doors - PSD).
Caso concreto: jovem de 29 anos teve mal súbito
(convulsão por epilepsia) e caiu ao tentar ingressar
na composição do metrô, vindo a falecer.
STJ. 4ª Turma. REsp 1936743-SP, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 14/06/2022 (Info 741).

A sociedade empresária que comercializa ingressos


no sistema on-line responde civilmente pela falha
na prestação do serviço

A venda de ingresso para um determinado


espetáculo cultural é parte típica do negócio. Logo,
trata-se de um risco da própria atividade empresarial
que visa ao lucro e que integra o investimento do
fornecedor, compondo, portanto, o custo básico
embutido no preço.
Desse modo, as sociedades empresárias que
atuaram na organização e na administração da
festividade e da estrutura do local integram a mesma
cadeia de fornecimento e, portanto, são
solidariamente responsáveis pelos danos, em virtude
da falha na prestação do serviço, ao não prestar
informação adequada, prévia e eficaz acerca do
cancelamento/adiamento do evento.
Os integrantes da cadeia de consumo, em ação
indenizatória consumerista, também são
responsáveis pelos danos gerados ao consumidor,
não cabendo a alegação de que o dano foi gerado
por culpa exclusiva de um dos seus integrantes.
Caso concreto: ação de indenização proposta pelos
consumidores em razão dos custos advindos da
compra de ingresso para o evento Pretty Little
Weekend, a ser sediado na cidade do Rio de Janeiro-
RJ, cancelado, contudo, sem qualquer satisfação aos
consumidores. A sociedade empresária que
comercializou os ingressos no sistema on-line possui
responsabilidade pela falha na prestação do serviço,
a ensejar a reparação por danos materiais e a
compensação dos danos morais.
STJ. 3ª Turma. REsp 1985198-MG, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 05/04/2022 (Info 733).

O médico é civilmente responsável por falha no


dever de informação acerca dos riscos de morte em
cirurgia
Todo paciente possui, como expressão do princípio
da autonomia da vontade (autodeterminação), o
direito de saber dos possíveis riscos, benefícios e
alternativas de um determinado procedimento
médico, possibilitando, assim, manifestar, de forma
livre e consciente, o seu interesse ou não na
realização da terapêutica envolvida, por meio do
consentimento informado.
Esse dever de informação decorre do art. 22 do
Código de Ética Médica e dos arts. 6º, III, e 14 do
CDC.
Além disso, o Código Civil também disciplinou sobre
o assunto no art. 15.
Justamente por isso, é indispensável o
consentimento informado do paciente acerca dos
riscos inerentes ao procedimento cirúrgico. O
médico que deixa de informar o paciente acerca dos
riscos da cirurgia incorre em negligência, e responde
civilmente pelos danos resultantes da operação.
Vale ressaltar, ainda, que a informação prestada pelo
médico ao paciente, acerca dos riscos, benefícios e
alternativas ao procedimento indicado, deve ser
clara e precisa, não bastando que o profissional de
saúde informe, de maneira genérica ou com termos
técnicos, as eventuais repercussões no tratamento, o
que comprometeria o consentimento informado do
paciente, considerando a deficiência no dever de
informação.
Com efeito, não se admite o chamado “blanket
consente”, isto é, o consentimento genérico, em que
não há individualização das informações prestadas
ao paciente, dificultando, assim, o exercício de seu
direito fundamental à autodeterminação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1848862-RN, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 05/04/2022 (Info 733).
Se ocorreu um acidente em um espetáculo artístico,
a patrocinadora desse evento pode ser
responsabilizada?
A empresa patrocinadora de evento, que não
participou da sua organização, não pode ser
enquadrada no conceito de fornecedor para fins de
responsabilização por acidente de consumo ocorrido
no local.
STJ. 3ª Turma. REsp 1955083-BA, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 15/02/2022 (Info 727).

A inexistência de responsabilidade solidária por


fato do produto entre os fornecedores da cadeia de
consumo impede a extensão do acordo feito por um
réu em benefício do outro
Exemplo: Marina adquiriu um suco de caixinha
industrializado no supermercado e, depois de tomar
o primeiro gole, percebeu que o produto estava
contaminado com um corpo estranho. A
consumidora ajuizou ação de indenização por danos
morais contra a fabricante do suco e o
supermercado.
O comerciante (supermercado) resolveu fazer um
acordo com a consumidora e pagou R$ 4 mil à
autora. A fabricante, por sua vez, não participou da
transação.
O juiz, ao homologar a transação, irá extinguir o
processo apenas no que tange ao supermercado,
prosseguindo o feito com relação à fabricante.
A ingestão parcial de produto contaminado configura
hipótese de fato do produto, situação na qual o
comerciante não possui responsabilidade solidária,
mas sim subsidiária (art. 13 do CDC). Sendo a
responsabilidade do supermercado subsidiária, o
acordo por ele firmado não se estende
necessariamente à fabricante porque não se aplica o
§ 3º do art. 844 do CC (este dispositivo afirma que se
a transação foi feita entre um dos devedores
solidários e seu credor, ela extingue a dívida em
relação aos codevedores).
STJ. 3ª Turma. REsp 1968143-RJ, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 08/02/2022 (Info 724).
Demonstrada, pelo consumidor, a relação de causa
e efeito entre o produto e o dano, incumbe ao
fornecedor o ônus de comprovar a inexistência de
defeito do produto ou a configuração de outra
excludente de responsabilidade consagrada no § 3º
do art. 12 do CDC
Caso adaptado: Carlos adquiriu um automóvel. Ainda
dentro da garantia contratual, o veículo
simplesmente parou de funcionar e, em seguida,
começou a pegar fogo, o que ocasionou a destruição
quase integral do carro. Felizmente, Carlos conseguiu
se salvar com vida. Carlos ajuizou ação de
responsabilidade pelo fato do produto em face da
concessionária e da fabricante. Foi realizada perícia,
mas o laudo pericial foi inconclusivo, não apontando
a causa do incêndio, além de não ter identificado a
existência de defeito na fabricação do produto. Em
primeira e segunda instâncias, o pedido
indenizatório não foi acolhido sob fundamento de
que o consumidor não se desincumbiu do ônus
probatório.
O Tribunal de 2ª instância não agiu corretamente.
O consumidor satisfaz o seu ônus probatório quando
demonstra o vínculo causal entre o evento danoso e
o produto. No caso, o consumidor satisfez esse ônus
considerando que ficou demonstrado que o
automóvel incendiou. Embora as perícias realizadas
não tenham identificado a causa do incêndio, a
inexistência de defeito no veículo deveria ter sido
comprovada pelas fornecedoras rés, que, não o
fazendo, não se eximem de responsabilidade pelo
fato do produto.
STJ. 3ª Turma. REsp 1955890-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 05/10/2021 (Info 714).

Concessionária de transporte ferroviário não tem


que indenizar passageira que sofreu assédio sexual
praticado por outro usuário no interior do trem
Imagine a seguinte situação:
Maria estava voltando para casa, por volta das 18h,
em um trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos), na cidade de São Paulo/SP.
Ela estava em pé dentro do vagão e, de repente, “foi
importunada por um homem que se postou atrás da
mesma, esfregando-se na região de suas nádegas”,
sendo que, ao se queixar com o agressor, verificou
que ele “estava com o órgão genital ereto”.
Vale ressaltar que, na parada seguinte, Maria
informou o fato à equipe da CPTM, que localizou e
conduziu o agressor à delegacia.
A vítima ficou muito abalada emocionalmente com o
episódio e ingressou com ação de indenização por
danos morais contra a CPTM, empresa
concessionária do transporte ferroviário, alegando
que não foi oferecida a devida segurança a ela
enquanto passageira.
A questão chegou até o STJ. A empresa
concessionária tem o dever de indenizar neste caso?
NÃO. A concessionária de serviço público de
transporte não tem responsabilidade civil em caso
de assédio sexual cometido por terceiro em suas
dependências.
A importunação sexual no transporte de passageiros,
cometida por pessoa estranha à empresa, configura
fato de terceiro, que rompe o nexo de causalidade
entre o dano e o serviço prestado pela
concessionária – excluindo, para o transportador, o
dever de indenizar.
O crime era inevitável, quando muito previsível
apenas em tese, de forma abstrativa, com alto grau
de generalização. Por mais que se saiba da
possibilidade de sua ocorrência, não se sabe quando,
nem onde, nem como e nem quem o praticará.
Apenas se sabe que, em algum momento, em algum
lugar, em alguma oportunidade, algum malvado o
consumará. Então, só pode ter por responsável o
próprio criminoso.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.833.722/SP, Rel. Min. Raul
Araújo, julgado em 03/12/2020.

Na hipótese de responsabilidade civil de médicos


pela morte de paciente em atendimento custeado
pelo SUS incidirá o prazo do art. 1º-C da Lei nº
9.494/97, segundo o qual prescreverá em cinco
anos a pretensão de obter indenização
Exemplo hipotético: uma criança foi atendida na
emergência de um hospital particular conveniado ao
SUS. Em razão de erro médico, ela acabou falecendo.
Os pais da criança pretendem ajuizar ação de
indenização por danos morais contra os médicos e o
hospital. Qual é o prazo prescricional neste caso?
5 anos, com base no art. 1º-C, da Lei nº 9.494/97:
Art. 1º-C. Prescreverá em cinco anos o direito de
obter indenização dos danos causados por agentes
de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviços
públicos.
A participação complementar da iniciativa privada na
execução de ações e serviços de saúde se formaliza
mediante contrato ou convênio com a administração
pública (art. 24, parágrafo único, da Lei nº 8.080/90).
Assim, o hospital privado que, mediante convênio, se
credencia para exercer essa atividade de saúde
pública, recebendo, em contrapartida, remuneração
dos cofres públicos, passa a desempenhar o múnus
público. O mesmo acontecendo com o profissional
da medicina que, diretamente, se obriga com o SUS.
A participação complementar da iniciativa privada -
seja das pessoas jurídicas, seja dos respectivos
profissionais - na execução de atividades de saúde
caracteriza-se como serviço público indivisível e
universal (uti universi), o que afasta, por
conseguinte, a incidência das regras do CDC. Logo,
não se aplica o prazo prescricional do art. 27 do CDC,
mas sim o do art. 1º-C da Lei nº 9.494/97.
Obs: na prática, não muda nada quanto ao prazo
porque tanto o art. 27 como o art. 1º-C preveem o
prazo de 5 anos.
STJ. 3ª Turma. REsp 1771169-SC, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 26/05/2020 (Info 672).
O laboratório tem responsabilidade objetiva na
ausência de prévia informação qualificada quanto
aos possíveis efeitos colaterais da medicação, ainda
que se trate do chamado risco de desenvolvimento

O risco inerente ao medicamento impõe ao


fabricante um dever de informar qualificado (art. 9º
do CDC), cuja violação está prevista no § 1º, II, do
art. 12 do CDC como hipótese de defeito do produto,
que enseja a responsabilidade objetiva do
fornecedor pelo evento danoso dele decorrente.
O ordenamento jurídico não exige que os
medicamentos sejam fabricados com garantia de
segurança absoluta, até porque se trata de uma
atividade de risco permitido, mas exige que
garantam a segurança legitimamente esperável,
tolerando os riscos considerados normais e
previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição,
desde que o consumidor receba as informações
necessárias e adequadas a seu respeito (art. 8º do
CDC).
O fato de o uso de um medicamento causar efeitos
colaterais ou reações adversas, por si só, não
configura defeito do produto se o usuário foi prévia e
devidamente informado e advertido sobre tais riscos
inerentes, de modo a poder decidir, de forma livre,
refletida e consciente, sobre o tratamento que lhe é
prescrito, além de ter a possibilidade de mitigar
eventuais danos que venham a ocorrer em função
dele.
O risco do desenvolvimento, entendido como aquele
que não podia ser conhecido ou evitado no
momento em que o medicamento foi colocado em
circulação, constitui defeito existente desde o
momento da concepção do produto, embora não
perceptível a priori, caracterizando, pois, hipótese de
fortuito interno.
STJ. 3ª Turma. REsp 1774372-RS, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 05/05/2020 (Info 671).

O laboratório responde objetivamente pelos danos


morais causados à genitora por falso resultado
negativo de exame de DNA, realizado para fins de
averiguação de paternidade
À luz do art. 14, caput e § 1º, do CDC, o fornecedor
responde de forma objetiva, ou seja,
independentemente de culpa, pelos danos causados
por defeito na prestação do serviço, que se considera
defeituoso quando não fornece a segurança que o
consumidor dele pode esperar.
Em se tratando da realização de exames médicos
laboratoriais, tem-se por legítima a expectativa do
consumidor quanto à exatidão das conclusões
lançadas nos laudos respectivos, de modo que
eventual erro de diagnóstico de patologia ou
equívoco no atestado de determinada condição
biológica implica defeito na prestação do serviço, a
atrair a responsabilidade objetiva do laboratório.
O simples fato do resultado negativo do exame de
DNA agride, ainda, de maneira grave, a honra e
reputação da mãe, ante os padrões culturais que,
embora estereotipados, predominam socialmente.
Basta a ideia de que a mulher tenha tido
envolvimento sexual com mais de um homem, ou de
que não saiba quem é o pai do seu filho, para que
seja questionada sua honestidade e moralidade.
STJ. 3ª Turma. REsp 1700827-PR, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 05/11/2019 (Info 660).
A lanchonete tem o dever de indenizar o
consumidor que sofreu roubo armado na fila do
drive-thru
A lanchonete responde pela reparação de danos
sofridos pelo consumidor que foi vítima de crime
ocorrido no drive-thru do estabelecimento
comercial.
A lanchonete, ao disponibilizar o serviço de drive-
thru em troca dos benefícios financeiros indiretos
decorrentes desse acréscimo de conforto aos
consumidores, assumiu o dever implícito de lealdade
e segurança.
A empresa, ao oferecer essa modalidade de compra,
aumentou os seus ganhos, mas, por outro lado,
chamou para si o ônus de fornecer a segurança
legitimamente esperada em razão dessa nova
atividade.
STJ. 4ª Turma. REsp 1450434-SP, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 18/09/2018 (Info 637).

Bancorbrás responde por acidente de consumo


ocorrido em hotel conveniado
A Bancorbrás é parte legítima para figurar no polo
passivo de ação indenizatória de dano moral
decorrente de defeito do serviço prestado por hotel
integrante de sua rede conveniada.
STJ. 4ª Turma. REsp 1378284-PB, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 08/02/2018 (Info 620).

Fabricante de veículo tem o dever de indenizar


danos muito graves decorrentes da abertura do air
bag
A comprovação de graves lesões decorrentes da
abertura de air bag em acidente automobilístico em
baixíssima velocidade, que extrapolam as
expectativas que razoavelmente se espera do
mecanismo de segurança, ainda que de
periculosidade inerente, configura a
responsabilidade objetiva da montadora de veículos
pela reparação dos danos ao consumidor.
STJ. 3ª Turma. REsp 1656614-SC, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 23/5/2017 (Info 605).

JURISPRUDÊNCIA – VÍCIO
Dano moral decorrente de carro 0 km que
apresentou inúmeros problemas

É cabível dano moral quando o consumidor de


veículo automotor zero quilômetro necessita
retornar à concessionária por diversas vezes para
reparar defeitos apresentados no veículo adquirido.
STJ. 3ª Turma. REsp 1443268-DF, Rel. Min. Sidnei
Beneti, julgado em 3/6/2014 (Info 544).

REsp 1.369.579-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,


por unanimidade, julgado em 24/10/2017, DJe
23/11/2017 RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL,
DIREITO DO CONSUMIDOR

Os agentes financeiros (“bancos de varejo”) que


financiam a compra e venda de automóvel não
respondem pelos vícios do produto, subsistindo o
contrato de financiamento mesmo após a resolução
do contrato de compra e venda, exceto no caso dos
bancos integrantes do grupo econômico da
montadora (“bancos da montadora”).
Em caso de vício no veículo comprado, o banco no
qual foi realizado o financiamento terá
responsabilidade civil e o contrato de arrendamento
mercantil poderá ser rescindido?
• Se foi feito com um “banco de varejo”: NÃO.
• Se foi feito com um “banco de montadora”: SIM.
STJ. 3ª Turma. REsp 1946388-SP, Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, julgado em 07/12/2021 (Info
722).

Caso concreto: consumidor adquiriu veículo, que


apresentou diversos problemas após a compra,
tornando-se inadequado ao uso. Consumidor propôs
ação redibitória contra a concessionária, pedindo a
devolução do preço pago. A sentença foi procedente
tendo o juiz determinado a restituição da quantia
gasta com a aquisição do carro. Não falou nada,
contudo, sobre a devolução do carro à
concessionária. Com o trânsito em jugado, o
consumidor deu início do cumprimento de sentença.
A concessionária restituiu o valor pago e pediu a
devolução do veículo usado. O juiz negou o pleito
afirmando que no título executivo não constou
nenhum comando para que o consumidor
devolvesse o automóvel.
Não agiu corretamente o magistrado.
É obrigatória a devolução de veículo considerado
inadequado ao uso após a restituição do preço pelo
fornecedor no cumprimento de sentença prolatada
em ação redibitória.
Acolhida a pretensão redibitória do consumidor,
rescinde-se o contrato de compra e venda,
retornando as partes à situação anterior à sua
celebração (status quo ante), sendo uma das
consequências automáticas da sentença a sua
eficácia restitutória, com a restituição atualizada do
preço pelo vendedor e devolução da coisa adquirida
pelo comprador.
Constitui obrigação do consumidor devolver o
veículo viciado à fornecedora, sob pena de afronta
ao princípio que veda o enriquecimento sem causa
e à proibição do venire contra factum proprium.
STJ. 3ª Turma. REsp 1823284-SP, Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, julgado em 13/10/2020 (Info
681).
O comerciante tem o dever de receber do
consumidor o aparelho que esteja viciado
(“defeituoso”) com o objetivo de encaminhá-lo à
assistência técnica para conserto?
Sim. O comerciante tem a obrigação de intermediar
a reparação ou a substituição de produtos nele
adquiridos e que apresentem defeitos de fabricação
(vício oculto de inadequação), com a coleta em suas
lojas e remessa ao fabricante e posterior devolução.
STJ. 3ª Turma. REsp 1568938-RS, Rel. Min. Moura
Ribeiro, julgado em 25/08/2020 (Info 678).

Ainda sobre o tema:


Cabe ao consumidor a escolha para exercer seu
direito de ter sanado o vício do produto em 30 dias -
levar o produto ao comerciante, à assistência técnica
ou diretamente ao fabricante.
STJ. 3ª Turma. REsp 1634851-RJ, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 12/09/2017 (Info 619).

A ação de indenização por danos materiais proposta


por consumidor contra construtora em virtude de
vícios de qualidade e de quantidade do imóvel
adquirido tem prazo prescricional de 10 anos, com
fundamento no art. 205 do CC/2002.
Não se aplica o prazo decadencial do art. 26 do CDC.
O art. 26 trata do prazo que o consumidor possui
para exigir uma das alternativas previstas no art. 20
do CDC. Não se trata de prazo prescricional.
Não se aplica o prazo do art. 27 do CDC porque este
se refere apenas a fato do produto.
STJ. 3ª Turma. REsp 1534831-DF, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 20/02/2018 (Info 620).

O CDC prevê que é causa obstativa da decadência a


reclamação comprovadamente formulada pelo
consumidor perante o fornecedor de produtos e
serviços até a resposta negativa correspondente,
que deve ser transmitida de forma inequívoca, nos
termos do art. 26, § 2º, I:
Art. 26 (...)§ 2º Obstam a decadência:I - a reclamação
comprovadamente formulada pelo consumidor
perante o fornecedor de produtos e serviços até a
resposta negativa correspondente, que deve ser
transmitida de forma inequívoca;
De que forma tem que ocorrer essa “reclamação”?
Pode ser verbal?
SIM. A reclamação obstativa da decadência, prevista
no art. 26, § 2º, I, do CDC, pode ser feita
documentalmente ou verbalmente.
STJ. 3ª Turma.REsp 1442597-DF, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 24/10/2017 (Info 614).

O fornecimento de bem durável ao seu destinatário


final, por removê-lo do mercado de consumo, põe
termo à cadeia de seus fornecedores originais. A
posterior revenda desse mesmo bem por seu
adquirente constitui nova relação jurídica
obrigacional com o eventual comprador. Assim, os
eventuais prejuízos decorrentes dessa segunda
relação não podem ser cobrados do fornecedor
original.
Não se pode estender ao integrante daquela
primeira cadeia de fornecimento a responsabilidade
solidária de que trata o art. 18 do CDC por eventuais
vícios que o adquirente da segunda relação jurídica
venha a detectar no produto.
Ex: a empresa “Via Autos” alienou um carro para
João que, depois de dois anos utilizando o veículo,
vendeu o automóvel para Pedro. Em seguida, Pedro
percebeu que o hodômetro do carro havia sido
adulterado para reduzir a quilometragem. Pedro não
poderá exigir a responsabilização da “Via Autos” pelo
vício do produto.
STJ. 3ª Turma. REsp 1517800-PE, Rel. Min. Ricardo
Villas BôasCueva, julgado em 2/5/2017 (Info 603).

O provedor de buscas de produtos à venda on-line


que não realiza qualquer intermediação entre
consumidor e vendedor não pode ser
responsabilizado por qualquer vício da mercadoria
ou inadimplemento contratual.
Exemplos de provedores de buscas de produtos:
Shopping UOL, Buscapé, Bondfaro.
STJ. 3ª Turma. REsp 1444008-RS, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 25/10/2016 (Info 593).

Não existe obrigação legal de se inserir nos rótulos


dos vinhos informações acerca da quantidade de
sódio e de calorias (valor energético) existentes no
produto.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.605.489-SP, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 4/10/2016 (Info 592).
A sociedade empresária de transporte coletivo
interestadual não deve ser responsabilizada pela
partida do veículo, após parada obrigatória, sem a
presença do viajante que, por sua culpa exclusiva,
não compareceu para reembarque mesmo após a
chamada dos passageiros, sobretudo quando houve
o embarque tempestivo dos demais.
STJ. 4ª Turma. REsp 1354369-RJ, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 5/5/2015 (Info 562).

QUESTÕES

1 - Aplicada em: 2017Banca: FCC Órgão: TRF - 5ª


REGIÃO Prova: Analista Judiciário - Área Judiciária
Minotauro encomendou da empresa X trinta cestas
de Natal modelo A. A referida empresa entregou
cestas de Natal modelo C, ou seja, com diversos
produtos perecíveis natalinos em quantidade menor.
Neste caso, de acordo com o Código de Defesa do
Consumidor, o direito de Minotauro reclamar pelos
vícios aparentes ou de fácil constatação existentes
nas cestas natalinas caducará em
a trinta dias a contar da entrega efetiva das cestas.
b sessenta dias a contar da entrega efetiva das
cestas.
c noventa dias a contar da entrega efetiva das
cestas.
d trinta dias a contar da data da realização do
pagamento da compra.
e sessenta dias a contar da data da realização do
pagamento da compra.

2 - Aplicada em: 2017Banca: FCCÓrgão: PROCON-


MAProva: Fiscal de Defesa do Consumidor
O art. 26 do Código de Defesa do Consumidor
estabelece que o direito de reclamar pelos vícios
aparentes ou de fácil constatação caduca em
a 15 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e
de produtos não duráveis; e de 60 dias, tratando-se
de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
b 15 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e
de produtos não duráveis; e de 30 dias, tratando-se
de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
c 30 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e
de produtos não duráveis; e de 90 dias, tratando-se
de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
d 30 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e
de produtos não duráveis; e de 60 dias, tratando-se
de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
e 60 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e
de produtos não duráveis; e de 30 dias, tratando-se
de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.

3 - Aplicada em: 2017Banca: FCCÓrgão: PROCON-


MAProva: Fiscal de Defesa do Consumidor
O prazo para reclamar por vício aparente do serviço
ou do produto é de natureza
a oculta, revelando-se quando da percepção do
vício.
b prescricional.
c decadencial, mas que pode ser alterado pela
vontade das partes.
d prescricional, mas que pode ser alterado pela
vontade das partes.
e decadencial.

4 - Aplicada em: 2017Banca: CESPE Órgão: MPE-RR


Prova: Promotor de Justiça Substituto
Pedro entregou seu veículo para ser lavado e polido
em um estabelecimento especializado. Ao retornar,
ele constatou riscos na pintura do veículo e reclamou
formalmente ao fornecedor do serviço.
Essa situação hipotética mostra um caso de
a vício de fácil constatação, no qual a reclamação
formulada por Pedro obstou a prescrição.
b vício de fácil constatação, no qual a reclamação
formulada por Pedro obstou a decadência.
c vício oculto, no qual o direito de reclamar estará
sujeito a prazo decadencial.
d vício de fácil constatação, no qual o direito de
reclamar estará sujeito a prazo prescricional.
5 - Ano: 2022 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: DPE-
PA Prova: CESPE / CEBRASPE - 2022 - DPE-PA -
Defensor Público
João adquiriu um carro novo em uma
concessionária em janeiro de 2020. No dia em que
retirou da loja o automóvel, ele percebeu que o
veículo fazia um ruído quando a embreagem era
acionada, o que o levou a retornar à concessionária
para verificar se havia algum problema. Ao conversar
com os funcionários a respeito disso, foi informado
de que o ruído era natural, uma vez que o motor era
novo. Oito meses depois, ao retornar à
concessionária para realizar a revisão de dez mil
quilômetros do veículo, João, mais uma vez, queixou-
se desse ruído, porém foi informado na ocasião de
que o barulho era normal e de que se tratava de uma
característica do modelo do carro adquirido. Uma
semana depois, o veículo parou de funcionar e foi
rebocado até a concessionária, lá permanecendo por
mais de 60 dias. Em razão dessa situação, João
acionou o Poder Judiciário, alegando vício oculto e
pleiteando ressarcimento por danos materiais e
indenização por danos morais.
Considerando essa situação hipotética, julgue os
itens a seguir.
I Uma vez viciado o produto, o fornecedor tem 30
dias para sanar o vício; caso não o faça, o
consumidor pode exigir a restituição da quantia
paga.
II Em se tratando de vício oculto, o prazo decadencial
de 90 dias se inicia no momento em que fica
evidenciado o defeito.
III Reclamação comprovadamente formulada pelo
consumidor perante o fornecedor é causa de
suspensão do prazo decadencial.
IV Nessa situação, por se tratar de vício do produto, a
responsabilidade entre a concessionária e o
fabricante do veículo é solidária.
Assinale a opção correta.
A Apenas os itens I e II estão certos.
B Apenas os itens I e IV estão certos.
C Apenas os itens II e III estão certos.
D Apenas os itens III e IV estão certos.
E Todos os itens estão certos.

GABARITO
1–A
2–C
3–E
4–B
5–E

Leitura complementar:
https://www.conjur.com.br/2022-mar-03/agencia-
nao-responde-dano-material-moral-emite-bilhete
https://www.migalhas.com.br/quentes/382542/
mercado-livre-indenizara-consumidor-por-compra-
nao-entregue
https://www.migalhas.com.br/quentes/339967/
agencia-de-viagens-e-responsabilizada-por-
cancelamento-de-voo

As agências de turismo não respondem


solidariamente pela má prestação do serviço de
transporte aéreo na hipótese de compra e venda de
passagens sem a comercialização de pacotes de
viagens
Agência de turismo vendeu o pacote de viagens:
possui responsabilidade solidária
Imagine que o consumidor comprou um pacote de
viagens na agência de turismo, incluindo passagem
aérea, hospedagem e translado para um período de
7 dias.
Ocorre que o voo foi cancelado e, com isso, toda a
programação feita pelo consumidor para as férias
ficou prejudicada, conforme comprovação feita nos
autos.
A agência de turismo possui responsabilidade
solidária pelos prejuízos causados.
No caso de pacote turístico, a agência assume a
responsabilidade por todo o roteiro da viagem
contratada.
A agência de turismo que vende pacote de viagem é
responsável solidária por qualquer vício na prestação
do serviço.
STJ. 4ª Turma. AgRg no Ag 1319480/RJ, Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, julgado em 18/2/2014.
Agência de turismo foi mera intermediária da
compra de passagem aérea: não possui
responsabilidade solidária
Imagine agora que o consumidor comprou apenas a
passagem aérea com a agência de turismo. Nessa
hipótese, a agência funciona tão somente como
intermediária entre o adquirente e a companhia
aérea.
Ocorre que o voo foi cancelado e, com isso, esse
consumidor perdeu um importante compromisso de
trabalho que tinha na cidade de destino, conforme
foi devidamente comprovado.
Apenas a companhia aérea que será responsável
pelos prejuízos causados. A agência de turismo não
possui responsabilidade solidária nesse caso.
As agências de turismo não respondem
solidariamente pela má prestação dos serviços na
hipótese de simples intermediação de venda de
passagens aéreas.
STJ. 3ª Turma. AgRg no REsp 1453920/CE, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 09/12/2014.

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