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1.

DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR


São direitos básicos do consumidor (Art. 6):
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no
fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas
a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem
como sobre os riscos que apresentem;
 O médico deverá ser condenado a pagar indenização por danos morais ao paciente que teve sequelas
em virtude de complicações ocorridas durante a cirurgia caso ele não tenha explicado ao paciente os riscos
do procedimento (INFO 632 STJ);

 Não é abusiva a cláusula de cobrança de juros compensatórios incidentes em período anterior à entrega
das chaves nos contratos de compromisso de compra e venda de imóveis em construção sob o regime de
incorporação imobiliária (JUROS NO PÉ). (INFO 499 STJ).

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou


desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de
produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou
sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
 O CDC adotou a Teoria da Quebra da Base Objetiva, não interessa se o fato posterior era imprevisível,
interessa é se o fato superveniente alterou objetivamente as bases pelas quais as partes contrataram, não
se prendendo a aspectos subjetivos.

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e


difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de
danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica,
administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, [obs.: inversão da prova ope iudicis] for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente [obs.: hipóteses não cumulativas],
segundo as regras ordinárias de experiências;
 A inversão do Ônus da prova é regra de instrução, devendo ser decidida até o saneamento do processo;

 STJ já entendeu haver inversão do ônus da prova em favor do MP em ACP consumerista.

X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.


XI - a garantia de práticas de crédito responsável, de educação financeira e de prevenção e
tratamento de situações de superendividamento, preservado o mínimo existencial, nos termos
da regulamentação, por meio da revisão e da repactuação da dívida, entre outras medidas;
XII - a preservação do mínimo existencial, nos termos da regulamentação, na repactuação de
dívidas e na concessão de crédito;
XIII - a informação acerca dos preços dos produtos por unidade de medida, tal como por quilo,
por litro, por metro ou por outra unidade, conforme o caso.
A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com
deficiência, observado o disposto em regulamento (§ú).
Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções
internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos
expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos
princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade (Art. 7, caput).
Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos
previstos nas normas de consumo (§ú).

2. ESPÉCIES DE PERICULOSIDADE
O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança
deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade,
sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto (Art. 9).
São espécies de periculosidade:
a) Inerente (latente) → Trazem um risco intrínseco atado à sua própria qualidade ou modo de
funcionamento;
b) Adquirida → só trazem riscos em razão de um defeito;
c) Exagerada → mesmo o fornecedor tomando os devidos cuidados no que tange à informações
ao seus consumidores, não são diminuídos os riscos apresentados;
Alguns doutrinadores classificam a periculosidade exagerada como uma subespécie da inerente.

3. RECALL
É a forma que o fornecedor vem a público informar que seu produto ou serviço apresenta riscos aos
consumidores.
A comunicação deve ser feita imediatamente às autoridades e aos consumidores.
O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria
saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança (Art. 10, caput).
O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo,
tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às
autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários (§1º). Os anúncios
publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às
expensas do fornecedor do produto ou serviço (§2º).
Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança
dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a
respeito (§3º).
OBS: NENHUM produto ou serviço de ALTO GRAU DE NOCIVIDADE poderá ser
colocado no mercado, porém os produtos e serviços de perigo inerentes podem ser
comercializados, desde que haja o cumprimento do dever de informar.

4. VÍCIO NO PRODUTO/SERVIÇO E FATO DO PRODUTO/SERVIÇO


O vício no produto/serviço (dano circa rem) é de ordem patrimonial, apresenta problema que não
são capazes de prejudicar a saúde ou segurança do consumidor. Atinge somente o próprio produto
ou serviço.
O fato do produto/serviço (ou dano extra rem) é defeituoso que causa um acidente, atinge a
incolumidade física e segurança do consumidor. Não cabe denunciação à lide.
 A doutrina e o STJ entendem que o conceito de “fato do produto” previsto no § 1º do art. 12 pode ser lido de
forma mais ampla, abrangendo todo e qualquer vício que seja grave a ponto de ocasionar dano indenizável ao
patrimônio material ou moral do consumidor, mesmo o produto/serviço não sendo “inseguro”.

5. RESPONSABILIDADE
O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas,
manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos (Art. 12, caput).
O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-
se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais (§1º):
I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi colocado em circulação.
O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no
mercado (§2º).
O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando (Art. 13, caput):
[Obs.: responsabilidade subsidiária.]
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou
importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os
demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso (§ú).
O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos (Art. 14, caput).
O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar,
levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais (§1º):
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas (§2º).
O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar (§3º): [obs.: rol TAXATIVO]
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa
(§4º).

6. PRAZOS PARA RECLAMAR A RESPONSABILIDADE


Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos
vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se
destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição
das partes viciadas (art. 18, caput).
São causas que obstam a decadência:
I – reclamação perante o fornecedor de produtos até a resposta negativa correspondente;
 CUIDADO: reclamação ao PROCON ou outro órgão NÃO obsta a decadência.

II – instauração de INQUÉRITO CIVIL, até seu encerramento.


 CUIDADO: NÃO fala em inquérito policial.

Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha (Art. 18, §1º):
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior,
não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a
cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do
consumidor (§2º).
O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão
da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou
características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial (§3º).
No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o fornecedor
imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor (§4º).
Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre que,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária,
podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha (Art. 19, caput):
I - o abatimento proporcional do preço;
II - complementação do peso ou medida;
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos
vícios;
IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos.
O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento
utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais (§2º).
O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo
ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações
constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à
sua escolha (Art. 20, caput):
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e
risco do fornecedor (§1º). São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que
razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares
de prestabilidade (§2º).
No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer produto considerar-
se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição originais
adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a
estes últimos, autorização em contrário do consumidor (Art. 21).
7. RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL LIBERAL
A responsabilidade do profissional liberal depende da verificação de culpa (Art. 14, §4º).
Porém, quando a atividade liberal for explorada empresarialmente, então os defeitos de
fornecimento serão indenizáveis independentemente de culpa (objetiva).

8. RESPONSABILIDADE DO PLANO DE SAÚDE


O plano de saúde é SOLIDARIAMENTE responsável pelos danos causados aos seus associados
pela sua rede credenciada de médicos e hospitais. O plano possui responsabilidade OBJETIVA,
podendo, em ação regressiva, averiguar a culpa do médico ou hospital (STJ, INFO 494).
Se no contrato que prevê a escolhe pelo cliente livremente o médico ou hospital, o plano não é
responsável, tendo sua responsabilidade excluída.
A demora de autorização para cirurgias urgentes, sem justificativa plausível, resulta
responsabilização do plano de saúde. O plano de saúde tem responsabilização solidária por defeito
na prestação de serviço médico prestada por meio de hospital próprio e médicos contratados, ou por
meio de médicos ou hospitais credenciados (STJ, INFO 666).
O hospital, clinicas, casas de saúdes, entre outros; em regra, tem responsabilidade objetiva, todas
as vezes que o fato gerador for o defeito do seu serviço. Porém, se o dano for causado por uma
suposta conduta do médico que trabalha no hospital, a responsabilidade é subjetiva.
Serviço prestado de forma gratuita não isenta o dever de indenizar.

9. GARANTIA LEGAL X GARANTIA CONTRATUAL


A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito (Art. 50,
caput). O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira
adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode
ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido
pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso
do produto em linguagem didática, com ilustrações (§ú).
A garantia legal é sempre obrigatória, não depende de termo expresso e não pode ser afastada,
limitada ou condicionada. Já a garantia contratual é mera faculdade, concebida por liberdade do
fornecedor, por termo escrito e de acordo com sua conveniência.

10. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA


Técnica pela qual os direitos e deveres de um PJ passam a se confundir com os direitos ou
responsabilidade de sues proprietários ou o inverso.
O CDC adotou a TEORIA MENOR.
O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do
consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação
dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência,
estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má
administração (Art. 28, caput).
10.1 Espécies de personalidade jurídica:
a) Desconsideração inversa → uso indevido da personalidade da empresa pelos sócios,
esvaziando seu patrimônio pessoal para integralizar o patrimônio social da sociedade para não
responder por dívidas e obrigações.
b) Desconsideração indireta → há uma sociedade controladora cometendo fraudes e abusos
por meio de outra empresa que figura como controlada ou filiada. Com a aplicação da
desconsideração indireta, atingir-se-ia obrigações da sociedade controlada/filiada.
c) Desconsideração expansiva → atingir o patrimônio do sócio oculto que se utiliza de um
terceiro aparente (laranja) para controlar a sociedade.

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