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Direito do Consumidor

Carmen Caroline
Aula 6 – Responsabilidade Civil do Fornecedor

PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO CONTRATO DE CONSUMO:

a) princípio do rompimento com a tradição privatista do código civil


1. pacta sunt servanda
2. oferta como mero convite e não vinculativa
3. cláusulas contratuais elaboradas por ambas as partes em igualdade de condições

b) princípio da preservação dos contratos de consumo (art.51, parágrafo 2º, CDC)


c) princípio da transparência contratual (art. 46 CDC)
d) princípio da interpretação mais favorável ao consumidor (art. 47 CDC)
e) princípio da vinculação pré contratual (art. 48 CDC)
RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR NO
CDC
Teoria do risco da atividade desenvolvida: Tanto na teoria subjetiva clássica,
quanto na teoria objetiva, a discussão gira em torno da culpa. A única
diferença entre a teoria subjetiva e a teoria objetiva, é que na teoria
subjetiva quem tem que provar a culpa é a vítima, e na objetiva quem tem
que provar que não teve culpa é o autor do dano. Mas a discussão é em
torno da culpa.
O CDC acabou com isso, e adotou a teoria do risco, que afasta a discussão
sobre a culpa. Pela teoria do risco do consumo basta que o consumidor
prove: o dano, nexo causal. Se esquece a culpa. Diferente dos 3 clássicos
elementos da responsabilidade civil: culpa, dano, e nexo causal. O eixo da
discussão, que antigamente se centrava na culpa, deslocou-se para o nexo
causal.
Elementos da responsabilidade objetiva:

1. defeito ou vício do produto ou serviço


2. evento danoso
3. relação de causalidade entre vício/ defeito e o
evento danoso /prejuízo
Fato x Vício

Responsabilidade pelo fato


• preocupação incolumidade física e psíquica
• defeito no produto serviço
• acidente de consumo

Responsabilidade pelo vício


• preocupação incolumidade econômica
• vício no produto/serviço
• inadequação aos fins pretendidos
Responsabilidade pelo Fato do produto

• Definição de produto defeituoso (art.12, parágrafo 1º, CDC)


• Inovação tecnológica (art. 12, parágrafo 2º, CDC)
• Responsabilidade do comerciante pelo fato do produto (art. 13 CDC)
1. subsidiariamente responsável (incisos I e II)
2. responsabilidade direta (inciso III)
• Direito de regresso (art. 13 parágrafo único CDC)
• Excludentes de responsabilidade do fornecedor pelo fato do serviço (art. 12
parágrafo 3º CDC)
Caso fortuito e força maior
1. fortuito interno
2. fortuito externo
Fortuito interno

Enunciado CJF nº 443 : O caso fortuito e a força maior, somente serão considerados como
excludentes da responsabilidade civil quando o fato gerador do dano não for conexo à atividade
desenvolvida.

Fortuito Interno x Fortuito externo:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ASSALTO A ÔNIBUS


COLETIVO. MORTE DO COBRADOR. FATO ESTRANHO À ATIVIDADE DE TRANSPORTE.
EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. PRECEDENTES DA SEGUNDA SEÇÃO. RECURSO PROVIDO.
1. A jurisprudência consolidada no âmbito da Segunda Seção do STJ considera assalto em
interior de ônibus causa excludente da responsabilidade de empresa transportadora por
tratar-se de fato de terceiro inteiramente estranho à atividade de transporte - fortuito externo.
2. Agravo regimental provido.
(STJ, AgRg no Resp 620.259/MG, 4ª T., Rel. Min. João Otávio de Noronha, j. 15.10.2009, DJe
26.10.2009) Assalto em ônibusFORTUITO INTERNO x EXTERNO
Assalto em ônibus
Responsabilidade pelo fato do serviço (artigo 14)

• Excludentes de responsabilidade do fornecedor


pelo fato do serviço (artigo 14 parágrafo 3º)
• Recall (art. 10 parágrafo 1º)
Responsabilidade do profissional liberal (art. 14
parágrafo 4º)
• Requisitos
1. ausência de subordinação exercício permanente de uma profissão
2. conhecimentos técnicos específicos
3. formação específica
• Razões do tratamento diferenciado
1. natureza intuitu personae
2. em regra atividade de meio
3. serviço diferenciado
• Profissional liberal no desempenho de atividade de resultados
• Responsabilidade da empresa diante falha na atuação do profissional liberal
1. falha na estrutura hospitalar - responsabilidade objetiva (artigo 14)
2. falha de profissional sem vínculo com o hospital - ausência de responsabilidade
3. falha de profissional com vínculo com o hospital - responsabilidade subjetiva (arts. 932, 933
CC)
Responsabilidade pelo vício do produto (artigo 18)

Vício de qualidade
1. produto impróprio para consumo (artigo 18 parágrafo 6º)
2. produto inadequado para consumo
3. diminuir o valor do produto
4. em desacordo com informações da oferta
Prazo para sanar o vício (artigo 18 parágrafo 1º)
5. 7 dias mínimo convencional
6. 30 dias prazo legal
7. 180 para prazo máximo convencional
Responsabilidade pelo vício do produto (artigo 19)

Vício de quantidade do produto (artigo 19)

Garantias no CDC
1. legal (artigo 24)
2. contratual (artigo 50)
• não é obrigatória
• depende de termo expresso
• complementar a garantia legal (não pode ser inferior a
esta)
Prazos

Prazo prescricional no CDC (artido 27)


Prazos decadenciais no CDC (artigo 26)
• 30 dias produtos não duráveis
• 90 dias produtos duráveis
Início da contagem
• vícios de fácil constatação - a partir da entrega
• vícios ocultos - a partir do momento em que ficarem
evidenciados
O que diferencia o prazo dos vícios aparentes dos ocultos é o
dies a quo, quando o prazo começará a fruir.
Vida útil do produto:

A jurisprudência criou 3 fases da vida útil de um produto:


- vida útil do produto: aqui qualquer defeito presume-se que é um defeito de fabricação.
Em cada produto haverá um tempo, de acordo com sua natureza.
ex.: automóvel tem uma vida útil mais ou menos de 2 anos, eles não devem apresentar
defeitos antes disso, e aí o fabricante é que terá que provar que o carro não tinha defeito,
e que aquele defeito decorreu do uso inadequado, anormal.
- uso normal: aqui já tem que se fazer perícia para se saber se o defeito é de fabricação
ou se veio do mal uso, ou do tempo, pois aqui já é natural que se apresente alguns
defeitos.
- obsolescência: o produto já deu o que tinha que dar, aqui o consumidor é que tem que
provar que o defeito é de fabricação, e não do decurso do tempo, ou de mal uso.
Serviços Públicos

O CDC garante que o consumidor também reclame dos vícios dos serviços
públicos, prestados diretamente pelo Estado ou através de suas concessionárias.
Art. 22 CDC: esta redação está suscitando milhares de questões e com soluções
divergentes.

Sendo assim, 2 correntes se formaram:


1ª corrente: entende que contínuo só tem uma interpretação, que não pode ser
interrompido, e como não se faz distinção, não pode ser interrompido tanto para o
inadimplente quanto para o adimplente. E a cobrança destas contas terá que ser feita
pelos mecanismos comuns de todos os credores, através de ação própria, pela via
judicial, não mais existiria após o advento do CDC a possibilidade de um concessionário
de serviço público cortar o fornecimento sobre pretexto de mora ou inadimplência do
consumidor
Serviços Públicos

2ª corrente: é a corrente dominante entre os próprios autores do projeto -


entende que este “contínuo” é em relação à sociedade, a Light não pode dizer a
população do Rio de Janeiro que resolveu fazer uma revisão nas suas instalações
e que irá interromper a luz do RJ durante 48 horas. Não pode fazer isso porque os
serviços públicos essenciais tem que ser contínuos, mas contínuos para a
sociedade, genericamente. Mas esse contínuo não está se referindo ao
consumidor individual inadimplente, quanto à esse o serviço poderá ser cortado,
em caso de inadimplência.

OBS: Suspensão de serviços de energia elétrica durante a pandemia


 
Bibliografia

CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Direito do Consumidor. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2011.

MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor. 6 ed. ver. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.

Site Aneel. https://www.aneel.gov.br/sala-de-imprensa-exibicao/-/asset_publisher/XGPXSqdMFHrE/content/aneel-prorroga-decisao-de-


suspender-cortes-de-energia-a-familias-de-baixa-renda/656877?inheritRedirect=false#:~:text=A%20medida%2C%20que%20se
%20encerraria,aproximadamente%2012%20milh%C3%B5es%20de%20fam%C3%ADlias. Acesso em 14 de outubro de 2021.

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