O legislador percebeu que de nada adiantaria elencar esses
direitos se o consumidor não tivesse uma efetiva proteção no momento de celebrar o contrato. É a boa-fé levada para a fase de execução do contrato, por isso que a boa-fé do CDC tem 3 momentos distintos, o que se quer é que os contratantes ajam com boa-fé na fase pré-contratual, durante a vida do contrato, e mesmo depois da sua morte. E nessa proteção contratual estabelece algumas regras para que no curso do contrato o consumidor seja efetivamente protegido. O contrato deve ser claro e de fácil compreensão
Art. 46 CDC: um dos mais importantes do CDC, é o que diz que os
contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os seus instrumentos não forem redigidos de forme que dificulte a compreensão. Não basta dar conhecimento prévio das condições do contrato, é preciso também que os contratos sejam redigidos de maneira clara, não serve se for de maneira inteligível, que o consumidor leia e não entenda o que realmente representa. Não pode haver palavras técnicas, etc. Regras de interpretação
Art. 47 CDC: estabelece regra de hermenêutica de
muita importância, pois os contratos como qualquer ato jurídico precisam ser interpretados. E a experiência mostra que pode se extrair de um contrato várias interpretações, e quando isso ocorrer, o juiz deve aderir a que for mais favorável ao consumidor. Razão: se o consumidor é a parte vulnerável, é evidente que a interpretação do contrato há de lhe ser a mais favorável para compensar essa diferença. Execução específica
Art. 48 CDC: Execução específica é aquela que torna útil uma
execução, que alcança o fim perseguido pelo credor. Veja aqui a dimensão de poder que se conferiu ao julgador, ele tem hoje um arsenal de medidas poderosas no sentido de tornar efetiva o cumprimento do contrato de consumo. E ele pode adotar as medidas que julgar necessárias para a execução do contrato. Prazo de Reflexão
Art. 49 CDC: Criou o famoso “prazo de reflexão”, e por isso
surgiu muita polêmica em torno deste dispositivo, por ser considerado excessiva proteção ao consumidor, sendo paternalista. Este artigo permite que o consumidor no prazo de 7 dias devolva o produto ou o serviço arrependendo-se de ter adquirido exigindo a devolução integral do preço pago em compras feitas FORA DO ESTABELECIMENTO. Cláusulas abusivas – artigo 51 CDC em ônibusFORTUITO INTERNO x EXTERNO Assalto em ônibus
As cláusulas são auto-explicativas. Todas elas
criam vantagens desproporcionais para o fornecedor, em detrimento do consumidor, e aí aparece a figura da lesão. FORTUITO INTERNO x EXTERNO Contratos de Adesão:
Adesão é uma modalidade, é quando partimos de uma proposta
imutável, não há liberdade para que o consumidor discuta paritariamente as condições do contrato, pode somente aderir à proposta, mas nada impede que se inclua uma cláusula diferente, isso não vai descaracterizar o contrato de adesão, desde que ela não modifique fundamentalmente o contrato, no contrato de adesão se quer que ele seja igual para todos os aderentes. Bibliografia
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Direito do Consumidor. 3
ed. São Paulo: Atlas, 2011.
MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor. 6 ed. ver.
atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.
Ação Ordinária de Desfazimento de Relação Contratual, Declaratória de Nulidade de Cláusulas C/C Reembolso de Parcelas Adimplidas e Reparação Por Danos Morais
GURGEL, Yara MAIA, Catherine MOREIRA, Thiago Oliveira. Direito Internacional Dos Direitos Humanos e As Pessoas em Situação de Vulnerabilidade. Vol. 3. Natal Polimatia, 2022. PDF