Você está na página 1de 3

Princípios básicos da teoria geral dos contratos

Podemos dividir os princípios contratuais em duas categorias: os princípios


tradicionais e os princípios sociais. Ao passo que os listarei, farei uma breve
explicação de cada um.

Princípios tradicionais

1. Liberdade de contratar ou autonomia privada ou autonomia da vontade

O princípio em questão apresenta diferentes nomenclaturas, e divide-se em


três subprincípios:
 Liberdade de contratar propriamente dita: ninguém é obrigado a
contratar o que não deseja (exceções são aplicáveis, como o DPVAT,
por exemplo, seguro obrigatório por lei – caso em que a lei se sobrepõe
ao princípio).
 Determinar a contraparte (determinar com quem contratar): O
cidadão é livre para contratar com quem quiser. Novamente, exceções
são aplicáveis, como a imposição do CDC aos fornecedores, que não
podem se negar a vender um produto para um consumidor que deseje
pagar à vista e em dinheiro; igualmente, concessionárias de serviço
público não podem escolher com quem contratar.
 Liberdade de determinar o conteúdo do contrato: Liberdade de
escolher o objeto do contrato, limitado pela lei. Não se pode, por
exemplo, estabelecer um contrato cujo objeto é ilícito.

2. Força obrigatória dos contratos (pacta sunt servanda)

Os contratos são considerados obrigações justamente pela força


obrigatória que lhe é atribuída. Não é um princípio absoluto, pois não foi
dado ao princípio um tratamento concreto (por lei). Pode-se, portanto,
relativizá-lo com base em lei ou até mesmo com base em outro princípio.

Leia mais: Entenda o direito das obrigações, suas fontes fontes e


espécies.
3. Relatividade das convenções

Via de regra, os contratos geram efeitos para as partes contratantes.


Novamente, não se trata de princípio absoluto, já que o próprio Código Civil
traz hipóteses de intervenção de terceiros no contrato. São os exemplos de
contratos com pessoa a declarar.

Princípios sociais

O Código Civil de 2002 estabeleceu como valores básicos da lei a socialidade,


eticidade e moralidade. O Código foi feito para explicitar esses valores.
Conforme será possível verificar, os princípios sociais estão previstos em lei,
à diferença dos princípios tradicionais.

Abaixo, você confere os princípios sociais e sua importância na teoria geral dos
contratos:

1. Função social

Está previsto no art. 421 do CC, que versa:


A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social
do contrato”. Trata-se do conceito de mais difícil definição.”

Como sabemos, os contratos servem para regulamentar atividades,


fomentar e dar segurança às relações contratuais. Contudo, tal proteção só
será dada caso o pacto esteja de acordo com valores de eticidade, moralidade
e sociabilidade.

Não há conceito pré-estabelecido, muito pelo fato de que a sociedade altera


sua compreensão do que é exercer um contrato em respeito à função social. O
importante é assimilar que a liberdade de contratar não é absoluta e
encontra limites na função social do contrato.

2. Equilíbrio contratual

É importante ressaltar que o desequilíbrio contratual é aceito em


nosso ordenamento jurídico. Os contratos podem ser onerosos. Por outro
lado, os contratos são inaceitáveis quando representam lesão, estado de
perigo ou quando são excessivamente onerosos.

Não basta, para isso, que haja qualquer desproporcionalidade no contrato para
que ele seja invalidado, mas que seja um pacto manifestamente
desproporcional, a ponto de chocar e ofender, evidenciando o prejuízo de uma
das partes.

3. Boa-fé objetiva

Trata-se da análise da conduta, do ato praticado, sem qualquer


preocupação em relação ao sujeito. Não importa, para a boa-fé objetiva, o
que quis o sujeito, já que não há análise do estado de consciência. Deve-se
apreciar a conduta com base no cidadão médio.

A boa-fé objetiva encontra aplicação no art. 113 (regra de interpretação dos


contratos), no art. 187 (regra de abuso dos contratos) e art. 422 (regra de
aplicação dos contratos) do CC.

Há certa proximidade com a função social, já que representa o exercício do


direito conforme os ditames da sociedade.

Você também pode gostar