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Obrigações e contratos resuminho

O que é um contrato? Um contrato é um acordo de vontades firmado por duas ou mais


pessoas, capaz de criar, modificar ou extinguir direitos e obrigações.
* O testamento é unilateral
Liberdade contratual  Para ser possível -–> deve ser reconhecida pela ordem jurídica e
garantida dentro de certos limites. O indivíduo deve poder regular suas relações jurídicas
relativas a um parceiro escolhido por ele livremente é com uma vinculação consensual pelas
duas partes.
ART. 107, CC: A validade da declaração de vontade não exige forma especial, senão expresso
em lei. ART. 108, CC: A Escritura Pública é necessária para a validade dos NJ's nas
circunstâncias especificadas.
2º elemento: Vontade de se vincular juridicamente. Há contrato = existem consequências
jurídicas cabíveis. “Quais são as implicações jurídicas de um acordo como esse?”: - Execução in
natura (vai realizar o combinado de alguma forma) - Perdas e Danos. O que é se vincular
juridicamente?: Criar direitos e deveres jurídicos. É a geração de um vínculo
obrigatório/coercitivo - não tem como voltar atrás. Não há um conceito de contrato, mas um
conceito de ato jurídico (CC/2016) = todo ato lícito que tenha por fim imediato adquirir,
resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos [e deveres] = Elemento da intenção de
vincular atos juridicamente. No caso do almoço de Leandro e Fernando, as partes,
presumivelmente, não querem contratar. Nesse caso, como as partes não estabeleceram
expressamente um conteúdo jurídico/consequências jurídicas, é necessário recorrer à vontade
presumida - não tendo se dito NADA. Presumivelmente, na sociedade em que vivemos, as
partes que chegam àquele acordo de vontade não querem extrair dele consequências jurídicas.
Logo, uma vez que as partes não querem ser, o acordo não é um contrato. O direito contratual,
dessa forma, não alcança porque as partes não querem. Não há intenção de se vincular
juridicamente. Elas vão ficar, então, nas sanções difusas (Esqueceu do nosso almoço? Perdi a
confiança em você, não posso contar com Leandro). A vontade presumida se vale de critérios
objetivos. Objetivamente, em um acordo simples como esse, de almoçar na casa de um amigo,
via de regra, as pessoas não entendem/querem extrair dele uma atuação jurídica. No entanto,
nem todo caso é simples assim [Caso Alemanha - Acordo entre amigos de jogar na Loteria].
Precisamos delimitar os elementos da vontade presumida. Existe ou não um contrato? (Eles
poderiam ter estabelecido uma cláusula penal, por ex. Uma sanção pelo descumprimento).
3º elemento: Patrimonialidade. Alguns autores defendem (DD NÃO SE FILIA À ADESÃO). A
ideia de que o contrato precisa haver patrimônio, lato sensu, envolvendo compra e venda,
contrato de sociedade, envolvendo dinheiro. A questão da juridicidade aparece na medida em
que as pessoas querem uma certa segurança, certa previsibilidade sob suas expectativas. Ela
aparece na gravidade do tema (gastos anteriores que não se faria se não achasse que o acordo
fosse vir a ser cumprido) mediante possibilidade de desistência de cumprimento. Que haja
sanções, que você me indenize, ao desistir, pelos gastos inutilizados. Acordos de vontade que
regulam situações eminentemente existenciais, não estariam abarcados pelo conceito de
contrato. Não é contrato. Há uma incompatibilidade entre as normas contratuais e as situações
existenciais. Toda ontologia do direito é de regime jurídico. Quando discutimos o que é
contrato, na verdade, estamos tentando identificar, no mundo, situações compatíveis com a
aplicação daquele regramento contratual que existe não só no Direito Civil, como no
ordenamento jurídico brasileiro como um todo. Nesse ponto que Tepedino ataca: “Essas
situações (existenciais) não devem ser chamadas de contratuais, uma vez que são incompatíveis
com o regime jurídico”. Não faz sentido chamar de contrato, já que o motivo de classificar um
acordo como contrato/definir o conceito de contrato seria por atribuí-lo à regimes jurídicos que
vão a reboque dos conceitos que estão sendo utilizados. Crítica: É incompatibilidade ou mera
adequação? - Pode, sim, haver contrato sem patrimonialidade. Ex. Execução em natura - em
alguns casos será cabível, outros não. Não é uma questão de ver, no caso concreto, quais são as
normas aplicáveis ou não? No fundo, os dois elementos necessários e suficientes para
conceitualizar um contrato são os determinantes. O problema da patrimonialidade, na verdade,
vai voltar como elemento indicador do 2º elemento - não determinante - da intenção jurídica: É
um sinal de que ali, no caso, quando há valores vultosos sendo acordados, mesmo entre amigos,
há uma vontade de obter maior segurança, previsibilidade, tutela das expectativas. E isso
geralmente está relacionado à incidência das normas jurídicas. A patrimonialidade é relevante,
estando inserida como elemento indicador da intenção de se vincular juridicamente. 1.2. Casos -
Locação Caso Ligia e Natasha 1. É um contrato de locação? (Lígia tem razão?) 1- Vontade
expressa: Não há. Não havia acordo pretérito sobre Ligia arcar com as despesas inerentes da
viagem. Se ainda tivesse dizendo “precisa, não precisa” ou “depois a gente acerta”... 2- O que
uma pessoa normal entenderia dessas circunstâncias? (Vontade presumida) Os elementos
fáticos: amizade, tipo do carro e tipo da viagem levam, uma pessoa, na nossa cultura, a dizer
que isso foi alguma coisa que locação não foi (Carro velho, duas amigas, passeio de fim de
semana). Não foi uma cessão remunerada. Ou estamos no mundo extrajurídico (almoço na casa
do outro), ou jurídico. 2. Se locação não é: É contrato de comodato ou mera cordialidade? 1.3.
Relação de cortesia Ajurídica X Relação de Comodato Relação de Comodato: - Há direitos e
deveres jurídicos, apesar de ser uma relação jurídica gratuita (apresenta impacto
econômico/patrimonial apenas para uma das partes. Só uma das partes está suportando efeitos
patrimoniais). - Previsibilidade/estabilidade de relações. Exemplo: tem prazos, ou definidos
expressamente, ou presumidos pela finalidade do uso da coisa (dentro daquele prazo, não posso
“tomar de volta”, mesmo sendo uma transferência gratuita). Previsibilidade/estabilidade de
relações. - No comodato, quem paga o custo do uso da coisa é o comodatário. Relação de mera
cordialidade: - Quem paga o custo do uso da coisa não é o comodatário. Em um campo de
ajuridicidade, totalmente dentro de um campo de arbitrariedade do proprietário da coisa. Pode-
se “tomar de volta” a qualquer momento, não posso cobrar o custo pelo uso da coisa. 3. É
Comodato, pois trata-se de uma viagem. Um prazo estabelecido, que configura necessidade de
previsibilidade. Pessoas se programam para fazer uma viagem. Caso - Viagem | Lancha
Primeiro passo: Análise Expressa - Não há vontade expressa. Segundo passo: Análise
Presumida - Analisar as circunstâncias dos casos sob a ótica de “uma pessoa razoável”. Por
mais que seja um carro velho, a pessoa quer se programar, quer uma previsibilidade. 2.
Princípio da Liberdade Contratual 2.1. PRINCÍPIO DA LIBERDADE CONTRATUAL (ART.
421, CC) Primeiro dispositivo do título de contratos. Função Social do contrato = “interesse
coletivo de filtro da formulação de vontade das partes”. Crítica: a liberdade de contratar vale
enquanto não está violando normas externas/cogentes/impositivas, caso as partes assim estejam
de acordo. “No campo da autonomia privada, não é necessário justificativa nenhuma para
atribuir valor jurídico a determinado acordo que além do fato de que as partes assim quiserem”.
2.2. 3 ESFERAS DA LIBERDADE 1. Escolhas meramente individuais Relações de mera
cortesia entram nessa dimensão. 2. Condutas livres de relevância jurídica, pode-se extrair
relevância jurídica Contratos dentro do âmbito de liberdade que o Estado confere 3. Condutas
de não liberdade. Se fizer, será sancionado. 2.3. Conteúdo da Liberdade Contratual: 1.
Liberdade de Celebração - Liberdade de conclusão/contratar: “Quero celebrar ou não?”.
Liberdade de dizer não. Não se é obrigado a contratar determinado contrato, nem a contratar
com determinada pessoa. CONTROLE: Autolimitação Dever de boa-fé = expectativa gerada de
celebrar que gerou prejuízo para a outra parte ao desistir, quando não há vinculação contratual
expressa. Direito da Concorrência = exercício abusivo de alto poder de mercado para recusa de
celebração 2. Liberdade de estipular o conteúdo/fixação do conteúdo - Liberdade Contratual:
Uma vez dizendo sim, querendo-se contratar, a liberdade de determinar/estabelecer todas as
possibilidades de atuação dentro do conteúdo. CONTROLE: Comandos negativos, exceções.
2.1. Liberdade da Forma: Optar por escritura pública se não estiver dentro daquelas exceções
legais, estabelecer valores, prazos, alterar e encerrar um contrato, etc. ART. 425, CC: Existe um
catálogo com vários tipos contratuais e se você conseguir inventar um contrato que seja outro
além do catálogo, você tem a liberdade de fazê-lo. No entanto, estão andando por conta própria.
3.1. Princípio da Força Obrigatória 3.1.1. Força obrigatória: Celebrado um contrato, as partes já
não podem mais não quererem se submeter ao contrato. Não podem querer desfazer aquele
contrato. À regra, o contrato deve ser cumprido. Situações em que se tem alterações na situação
de base colocam o princípio em jogo. ART. 473, CC. Só quando a lei permitir é que você pode
extinguir o contrato. Insuficiência da moralidade como um fundamento - colocado mais amplo,
mais adequado é o fundamento da segurança/previsibilidade das relações. Os contratos devem
ser cumpridos sob pena da sociedade não conseguir se estabelecer em bases seguras o suficiente
- Se as pessoas pudessem voltar atrás, não daria para construir a sociedade em sua
complexidade como temos hoje. 3.1.2. EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA FORÇA
OBRIGATÓRIA: 1. Distrato. O contrato deve ser cumprido até o momento em que ambas as
partes dizerem que não querem mais. Não faz sentido tentarmos exigir o cumprimento de um
contrato se ambas as partes não querem mais o cumprimento. Dessa forma, se estão na liberdade
de celebrar e estipular o conteúdo, podem distratar o acordo. 2. Hipóteses onde o código
autoriza em que uma das partes está autorizada a sair da relação. 2.1 Relações duradouras: Onde
as partes não acordaram prazo específico para determinar o encerramento daquela relação.
(diarista) 2.2. Relações que tenham bases muito fortes na confiança: Relação que o cliente tem
com o advogado de sua causa, por ex. 2.3. Impossibilidade: As obrigações são cumpridas na
medida em que elas são possíveis de serem cumpridas. Se o acordo é feito sob algo impossível
de ser feito, ele é nulo. (ART. 1236, CC). 2.3.1. (ART. 248, CC) - Impossibilidade
Superveniente - Extingue-se a obrigação. O Direito é muito rigoroso quando se trata de
Impossibilidade. “Do ponto de vista jurídico, ainda é possível cumprir o contrato. Não há
nenhum elemento que torne o cumprimento do acordo impossível”. (Caso da mudança)
Obrigações pecuniárias não se submetem à impossibilidade. Ela podia ter dinheiro, podia ser
rica, podia ter como, podia ter reserva. Entende-se que obrigações pecuniárias são sempre
possíveis. A finalidade do contrato de locação está impossibilitada de ser exercida. A
IMPOSSIBILIDADE É DO LOCADOR. (NANÁ). 2.4. Onerosidade Excessiva (ART. 478,
CC): Ainda é possível, mas se torna excessivamente oneroso. O grande desequilíbrio precisa ser
entre as prestações. (Caso da subida do dólar). As prestações, no caso da mudança, não foram
alteradas. O que tenho que pagar continua o mesmo. Foram as circunstâncias da MINHA VIDA
que se alteraram. Requisito: IMPREVISIBILIDADE 2.5. Se uma das partes descumprir, a parte
credora tem opção de 1. exigir o cumprimento 2. sair fora. Crítica: “Cláusulas de revisão
contratual" = isso não é uma exceção à força obrigatória dos contratos, você está cumprindo os
termos do contrato. Só faz sentido falar de obrigatoriedade daquilo que é lícito. Lesão, vícios de
declaração de vontade não tornam o contrato válido para que se possa analisar uma exceção
sobre a força obrigatória. O acordo de vontade, sendo invalido, não tem força obrigatória. 3.2.
Princípio da Relatividade dos Efeitos Contratuais Caso Zeca: - Ação da Nova Skin contra o
Zeca Pagodinho: Zeca quebrou o contrato, já que era de exclusividade e você gravou uma
propaganda para a Brahma; - Ação da Nova Skin contra a Brahma: Brahma cooptou o garoto
propaganda da Nova Skin, por causa disso precisam indenizá-los, devido o papel
aliciador/terceiro cúmplice/ator que intervém em relação jurídica alheia. Caso Insper - O
contrato original é igualmente desnaturado, na situação de Zeca, quando se contrata com
terceiros (não se pode ser professor nos dois lugares, apesar de não haver cláusula de
exclusividade). As intervenções (do Insper e da Brahma), de maneira equivalente, estimularam
contratações incompatíveis com as contratações anteriores. Se nós devemos respeitar relações
jurídicas alheias - e é uma premissa do texto -, a incompatibilidade do Insper e da Brahma não
são idênticas? 3.2.1. O princípio da Relatividade se relaciona com a ideia de que os contratos
afetam apenas as partes contratantes, que estão ali envolvidas. Relativo às partes contratantes.
3.2.2. Acepções da Relatividade: Ponto de vista estrutural: Direitos de crédito: Exigir de
alguém determinada atividade. Onde tenho a possibilidade de exigir uma determinada
conduta de determinadas pessoas. - SÃO DIREITOS E DEVERES QUE
PRESSUPÕEM UMA RELAÇÃO JURÍDICA PRÉVIA. Direitos absolutos:
propriedade, honra, personalidade em geral. São direitos que permitem uma posição
absoluta no sentido de, mesmo que não se tenha uma relação jurídica prévia entre
determinadas pessoas, você pode exigir que qualquer pessoa respeite esses direitos.
Ponto de vista da eficácia: Só as partes envolvidas podem extrair direitos e deveres. Não
faz sentido celebrar um contrato com X, e exigir algo de Y. Ponto de vista _ : Se só X é
afiliado a mim, só X pode descumprir esse contrato. As consequências do
descumprimento contratual se relacionam apenas com a figura do devedor e mais
ninguém. 3.2.3. Exceções a Relatividade: 1. Ampliação positiva 1.2. Estipulação em
favor de terceiro: Gera a possibilidade de que terceiros que não estejam envolvidos na
relação jurídica dela extraírem direitos. (ART. 436-438, CC). a possibilidade de duas
partes pactuarem o direito de uma terceira parte. Ex. Seguro de vida. Quando se faz um
seguro e coloca como beneficiário determinada pessoa, mesmo que ela não saiba,
possui direito subjetivo autônomo de exigir o valor que lhe foi assegurado. 2.
Ampliação negativa “Quem descumpre é o devedor” isso foi mudando. (ex. batida de
carro vendido) Hoje é consenso na doutrina que as partes precisam respeitar as relações
obrigacionais de terceiros. Terceiro que se passa pelo credor p/ obter a prestação - O
credor que não recebeu a prestação vai poder se voltar contra esse terceiro que
interveio. Terceiros que destroem documentos de credores. Crítica da livre iniciativa:
Onde fica, então, a liberdade de poder estar no mundo, poder contratar, poder celebrar
contratos, inclusive incompatíveis com contratos até antes celebrados. Brahma e Insper,
então, teriam que responder pela reação do credor. Como compatibilizar isso? (!) O que
diferencia o Insper da situação da Brahma, é exatamente a intenção em que em um dos
casos não está presente e está em outro, de abusar daquela liberdade/direito, que é a
liberdade que nós temos de celebrar contrato. Em um dos casos se percebe uma
intenção específica de lesar, e no outro não- apesar de que a consequência prática em
ambos foi excluído, impossibilitado, você tem um deles a intenção de ferir, e o outro
não tem. De onde se extrai isso? Hipótese de responsabilidade civil extracontratual
(ART 186, CC) ART. 186 ILICITUDE X ART. 188 INC. I EXCLUDENTE DE
ILICITUDE X ART. 187 ABUSO DA EXCLUDENTE DE ILICITUDE Artigo voltado
para resolver situações de lesão à violação de direitos absolutos. Quando vai resolver
situações de lesão à violação de direitos de crédito, se aplica outros artigos, como
(ART. 389, 475…. CC) - NORMAS DE RESPONSABILIDADE CONTRATUAL Só
que é possível defender interpretação criativa de que, ao violar direitos de crédito em
situação em que um terceiro está fazendo isso. Ao contratar com o Zeca pagodinho,
daquela maneira incompatível com contrato incompatível com a Nova Skin, a Brahma
está violando o direito de crédito da Nova Skin. COMPATIBILIZA-SE ISSO COM A
LIVRE INICIATIVA POR MEIO DO ARTIGO 188, CC. O artigo 188 prevê algumas
hipóteses de excludente de ilicitude! Não constituem em atos ilícitos, os praticados em
legítima defesa ou exercidos a fim de regular um direito reconhecido. Só que, se você
faz isso no exercício de uma liberdade reconhecida (a liberdade de contratar), está
incidindo uma excludente de liberdade. A Brahma abusou de uma liberdade
reconhecida. ART. 186 ILICITUDE X ART. 188 INC. I EXCLUDENTE DE
ILICITUDE X ART. 187 ABUSO DA EXCLUDENTE DE ILICITUDE 4. Princípio da
boa-fé (ART. 421, CC) - Liberdade Contratual e Função Social (ART. 422, CC). -
Precisamos entender a boa-fé presente neste artigo. 4.1. Mas o que é boa fé,
genericamente? A Boa-fé é uma expressão que aparece em todas as áreas do direito
civil. - Referida à ideia de uma ignorância e uma confiança em uma determinada
relação/situação vista como relevante do ponto de vista jurídico para a resolução desses
casos. No esforço de racionalização, a separação feita é entre boa-fé objetiva x
subjetiva. 4.2. Boa-fé Objetiva (MAIS DETALHES ABAIXO) Norma de conduta.
Você age de acordo com a boa-fé objetiva ou está violando a boa-fé objetiva. 4.3. Boa-
fé Subjetiva Já a boa-fé subjetiva se refere a um estado psicológico, direta ou
indiretamente. A Boa-fé subjetiva se relaciona com um estado de ignorância - a pessoa
não sabia que estava a prevaricar, agindo contrariamente às normas impostas. O mundo
seria uma fotografia psíquica. Um não sabe, e o outro não sabe e não deveria saber. Já
tem um juízo normativo, mas no fundo está comunicando com um estado do sujeito.
4.3.1. Psicológica de fato x Ética Qual das opções se coloca como a mais defensável e
que é de fato tutelada? Ética! Porque?: O Direito não existe para chancelar só o que é.
Ele tem um aspecto pedagógico de influenciar conduta - se exijo uma boa-fé ética, estou
impulsionando as pessoas a se informarem (caso contrário, você terá tratamento
negativo). Adequação - Se chancelarmos a boa-fé puramente psicológica estaremos
tratando melhor os preguiçosos, e sancionando as pessoas mais diligentes. Argumento
prático - Não temos acesso ao que as pessoas de fato sabem, e estaremos sempre
submetidos à confissão, e nunca saberemos da veracidade dela. A pergunta, a partir da
alegação de que não se sabe, é: Mas você deveria saber? Se sim, é má-fé. Caso Clássico
- Usucapião (art. 1242, CC). Está de boa-fé aquele que acha e tem razão de achar que
aquele terreno é dele. (Art. 1.201, CC) É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora 1 o
vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. ART. 856, CC - Recompensa. Se
eu achar meu cachorro e não divulgar que achei, o p.u. dá uma saída para a pessoa que
buscou ser recompensada, de ser reembolsada, se houver tido despesas e se de boa-fé. A
BOA-FÉ SUBJETIVA É CONFIGURADA NO NÃO SABER. (Ele sabia ou não sabia?
Se a pergunta for essa, é subjetiva). - Não sabia e deveria saber -
psicológica/preguiçosos - Não sabia e não deveria saber - ética (Não foi anunciado o
achar do cachorro). 1 Por interpretação sistemática, não basta ignorar. O dispositivo,
dessa forma, poderia ser complementado com “...se o possuidor, sem culpa, ignora o
vício…” Boa-fé Objetiva Boa-fé, no direito brasileiro, figura como instituto de abertura
do sistema para a resolução de casos novos, que não tem ainda solução prevista no
direito positivo. Instituto que abre a boa-fé em sentido amplíssimo. Tanto que a
tendência à boa-fé é de abrir o sistema para solução de casos que não tem uma solução
concreta, clara no direito positivo. Causar um dano a si e tentar imputar a terceiro é
contrário à boa-fé, só que, no DB, chamamos isso de culpa da vítima. Temos uma
regulação, não precisamos recorrer ao princípio da boa-fé. Concretizações objetivas •A
culpa in contrahendo: Tutela da boa-fé pré-contratual. Estado em que as normas
contratuais ainda não incidem. Tentativa de regular, minimamente, essa situação. •A
interpretação dos negócios •O abuso do direito: Grupo de casos •A complexidade das
obrigações •A responsabilidade pós-contratual •A interpretação dos negócios – art. 113
•O abuso do direito – art. 187 •Dever de guardar a boa-fé – art. 422 SE DIFEREM EM
MOMENTO NA LINHA DO TEMPO EM RELAÇÃO AO CONTRATO. As relações
obrigacionais são feitas/formadas por um agrupamento vivo de diversas posições
jurídicas, direitos e deveres de ambas as partes. (Ex. Compra e venda (481, CC)).
Deveres e direitos ligados à prestação principal ou para além dessa prestação principal.
Prestação principal da compra e venda: “entregar em determinado dia e vc pagar o
preço”. Mas a relação obrigacional não se resume a isso: Deveres de Prestação
Principal: Entregar uma máquina vendida Secundário: O dever de EMPACOTAR essa
máquina, ligado indiretamente à prestação, para que esta seja cumprida de uma maneira
satisfatória. Deveres Acessórios Informação: Só que, também deve garantir a entrega da
coisa em uma situação em que o comprador entenda e saiba usar aquilo que está
comprando. (informar sobre como opera a máquina, principalmente se ela for nova e o
comprador leigo). Primeiro é preciso dar as informações necessárias, a todo tempo,
desde antes da celebração do contrato (pré-contratuais), durante (simultâneos ao
contrato) e posteriormente ao contrato (pós-contratuais). que são relevantes para o
desenvolvimento da relação contratual. (caso da cirurgia) Lealdade: Os deveres de
lealdade são os deveres que levam as partes a não falsear comportamentos, quebrar
expectativas. (caso das 4 da manhã, caso de dados sensíveis compartilhados) Segurança:
O dever de garantir a segurança de ambas as partes durante todo o momento que a
contratação está tomando custo. (caso do telhado) – A culpa in contrahendo Campo da
liberdade. Tutela da boa-fé pré-contratual. Estado em que as normas contratuais ainda
não incidem. Tentativa de regular, minimamente, essa situação. – A complexidade das
obrigações – A culpa pos pactum finitum A boa-fé intermedia dois princípios:
Materialidade Subjacente e Tutela da confiança. Materialidade Subjacente: - Os
exercícios jurídicos precisam conformar materialmente as expectativas subjacentes, e
não apenas formalmente. (Ex. Horário de madrugada para receber mercadoria, carro
dentro da fazenda - cumprimento formal - mas que é injustificadamente oneroso para a
outra parte - posicionado em região pantanosa do terreno); Tutela da Confiança: - Se a
pessoa achava de fato que haveria um contrato, se ela confiou. Era uma confiança
objetivamente fundamentada? Qualquer pessoa nessa situação pensaria dessa forma?; -
Houve investimento da confiança? (A pessoa gastou dinheiro, plantou, deixou de fazer
outras coisas?); 5. Função Social do Contrato Art. 421. A liberdade de contratar será
exercida nos limites da função social do contrato. 1. Origem Principal teoria a dar corpo
ao art: Teoria da “função econômico-social" ou “causa” do negócio jurídico. O negócio
jurídico só ganha eficácia se ele cumpre essa função. Emilio Betti diz que as
convenções/acordos não ganham eficácia jurídica com base na autonomia das partes. Na
verdade, existe um filtro duplo: Aquilo que você acordou precisa ser lícito, mas, além
disso, aquilo que você acordou para merecer a eficácia jurídica vai precisar ter uma
utilidade social. Seu acordo passa nesse filtro duplo? É legal (aspecto negativo)? Tem
valor/relevância coletiva/interessa a sociedade (aspecto positivo)? Decisão - STJ: “No
que tange a função social do contrato, observa-se que a incorporação imobiliária
cumpre seus fins sócio econômicos quando o adquirente se torna proprietário
habitacional. Na compra e venda, atinge-se a função social quando o comprador adquire
o bem e o vendedor adquire o preço”. O grande desafio do 421 é achar aquilo para o
qual só ele mesmo consegue resolver, e de maneira inovadora. 2. Função: Necessária
"utilidade social” A liberdade contratual à luz do 421: “a eficácia de cada contrato
estaria sujeita a reserva de sua utilidade social. Sem ela, o juiz deveria negar ao contrato
o reconhecimento jurídico. Isso mesmo se não houvesse violação dos bons costumes ou
da ordem pública”. A função do contrato para a doutrina e jurisprudência brasileira: - O
art. 421 impede que o contrato seja instrumento de comportamento abusivo (Reale); -
187? - O contrato deveria servir aos interesses das partes sem entrar em conflito com o
interesse público (Reale); - Não cabe ao contrato função caritativa (Theodoro Jr.); - O
contrato não seria instrumento de assistência social (STJ). O interesse privado e o social
não deveriam ser separados. A insolidariedade brasileira nos faz carecer de
predisposição de solidariedade institucionalizada. Função Social do contrato como um
remédio para curar essa insolidariedade brasileira. CONCLUSÕES DE SCHMIDT: A
liberdade contratual é, ainda, o princípio geral, e tem que permanecer assim- e a
restrição à essa liberdade é a exceção. As partes fecham um contrato no seu próprio
interesse e não têm de considerar os interesses coletivos. Isso implica no âmbito de
liberdade que resta. O sentido que se atribuirá ao art. 421 irá implicar em restrição da
liberdade dessas pessoas. FUNDAMENTOS DE SCHMIDT: 1. Argumentos de justiça:
– A intervenção estatal pode intervir em relações equilibradas – Atinge frequentemente
um indivíduo puramente aleatório, prejudicando-o arbitrariamente 2. Outras áreas do
direito são mais adequadas para a realização de justiça social: direito da educação,
social e tributário. Direito tributário, direito previdenciário, contém projetos sociais
mais adequados para mitigar esse problema. Portanto, o direito dos contratos não parece
a melhor saída. 3. Argumentos de ordem prática: – Contraproducente: os afetados
passam a não querer mais fechar novos contratos – As partes sabem em princípio
apenas o que é bom para elas mesmas e não para a sociedade. As partes não têm que
considerar os interesses coletivos nos contratos, sobretudo, porque elas não sabem o que
são os interesses coletivos. As partes não são capazes de analisar se aquilo seria um
valor concebido pela sociedade. E elas não precisam saber. 3. Aplicações - A função
social flexibiliza: 3.1. Princípio da liberdade contratual Tese: O art. 421 limitaria a
liberdade contratual quando o contrato afetar interesse de terceiros ou do público em
geral. Ex. Enunciado 23, I Jornada DirCiv STJ: “A função social do contrato, prevista
no art. 421 do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas
atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes interesses metaindividuais
ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana”. Antítese (Schmidt):
Esses casos devem ser resolvidos pelo art. 166, II, ou seja, seriam casos de nulidade do
contrato ou por ilicitude do objeto (art. 104, II). Se for pra filtrar contratos que têm
efeitos que gerariam prejuízo a terceiros já temos muito tempo, pela ilicitude do objeto!
Eu hein. Solução mais de acordo com a sistemática do CC. 3.2. Princípio da força
obrigatória do contrato Tese: - Os arts. 317 e 478 (onerosidade excessiva) como
expressão do princípio da função social Eles tratam situações em que as prestações se
tornaram muito onerosas! Dessa forma, vamos usar a função social para tutelar os casos
que não são abrangidos por esses dispositivos. Função social como cláusula geral, uma
saída para esses casos, ampliando. Nos casos não abrangidos por essas regras, o art. 421
deveria agir como regra geral de flexibilização da força obrigatória do contrato; -
Soluciona os casos de frustração do fim do contrato Ex. Enunciado 166, III, Jornada de
D. Civil: “A frustração do fim do contrato, como hipótese que não se confunde com a
impossibilidade da prestação ou com a excessiva onerosidade, tem guarida no Direito
Brasileiro pela aplicação do art. 421 do Código Civil”. Antítese: Esses temas e casos
são tradicionalmente tratados e resolvidos à luz da boa-fé. Atualmente, já se entende
que a ideia de impossibilidade não está mais restrita apenas às prestações em si. A
finalidade já foi açambarcada pelo estudo da impossibilidade. Não existe uma prestação
sem a finalidade a que ela quer atender. 3.3. Princípio da relatividade dos efeitos
contratuais Tese: O art. 421 deveria ampliar os efeitos contratuais, as partes precisam
respeitar as relações contratuais alheias, que terceiros possam extrair direitos e deveres
daquele contrato - Permitindo que pessoas não envolvidas no contrato possam dele
extrair direitos; Ex. Lesado que teria pretensão reparatória direta contra a seguradora do
lesante - Protegendo o contrato contra intervenções de terceiros. En. 21, I Jornada d.
civil: “A função social do contrato, prevista no art. 421, do novo Código Civil, constitui
cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em
relação a terceiros, (...)” Antítese: Problema de inutilidade, novamente. Se você está
querendo dizer que as partes precisam respeitar as relações contratuais, isso já é
consenso. Só que pra isso, já temos outro fundamento: O princípio da boa fé ou a tutela
do 186 (hipótese de responsabilidade civil extracontratual). Não precisa da função
social do contrato, tanto pra ampliar negativamente, quanto para extrair direitos e
deveres. –Para os casos de inclusão de terceiros nas relações obrigacionais, o art. 421 é
supérfluo – Estariam à disposição ainda as cláusula gerais ● Da interpretação conforme
a boa-fé (art. 113) ● Do abuso do direito (art. 187) ● Dos deveres acessórios (art. 422)
Conclusões finais de Schmidt: “No futuro, o papel do art. 421, CC/2002 deverá
permanecer, em essência, limitado à retórica advocatícia e judicial.” (p. 29). - Crítica a
Reale - Estabeleceu em local central um conceito desconhecido; - Pouco se manifestou
a respeito. - Crítica ao art. 421 - Livre acesso para interpretações ideológicas; -
“Coringa” para qualquer resultado; - Invocado por quem não quer cumprir o contrato. 8.
Formação dos Contratos (Proposta) - Noção e Requisitos É a partir do momento em que
o contrato é formado que você se vincula à ele e pode extrair os direitos e deveres deste
contrato. Assim, podemos saber se é possível exigir pagamentos, entregas, e honre com
a palavra empenhada. Quando se tem um contrato, não está mais em discussão a tutela
da confiança. A confiança está sendo tutelada através do cumprimento contratual. As
formas de contratação são infinitas. Como o CC regula isso? Há contratações de
complexidades variáveis, desde automatizações que não requerem manifestação oral ou
escrita, mesa de negociações complexa, etc. O código optou por um modelo
intermediário. Isso é fruto da época em que os CCs se formaram. Era vigente, como
uma das formas mais fortes de contratação, a por carta. É a forma que ainda está no CC:
O modelo de contratação entre ausentes (quando haverá, inevitavelmente, um lapso
temporal juridicamente relevante entre uma declaração de vontade e outra). O código,
assim, vai basear-se em duas manifestações distantes (A PROPOSTA E A
ACEITAÇÃO). Contratação entre presentes: (Whatsapp, E-mail, Ao vivo). Justificativa
para essa antiquação: Fica mais viável para o jurista se posicionar em face de casos
concretos frente a esse modelo de fácil compreensão. Superação: Muitos desses
contratos são regrados pelo CDC, e o CDC não regula dessa forma; “Qualquer
informação externalizada, suficientemente precisa, vincula o fornecedor”. (art. 48,
CDC). A figura da proposta: A formação de contratos começa com o art. 427: “A
proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da
natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso”. O código não define ‘proposta’.
No entanto, ele dá a consequência jurídica: “obriga o proponente”. A doutrina
desenvolve a definição de ‘proposta’: A declaração de vontade que vincula o
proponente que é dirigida a pessoas determinadas e, caso aceita pelo destinatário, gera
contrato. Se, por um lado, proposta não é contrato, ela já obriga. Como se fosse um
momento intermediário: Duas pessoas livres para fazer o que quiser- se der um passo
pra frente, já há proposta: o proponente já está vinculado, mas não há contrato. Ele
estará vinculado por período de tempo específico (a contratação entre ausentes mede o
tempo juridicamente relevante entre declaração e outra). É como se surgisse nova etapa
da negociação, onde aquele que propôs já se encontra em estado de vinculação, mas, se
a outra parte não aceitar dentro de um tempo específico, deixa de estar vinculado.
PERÍODO DE TEMPO EM ESTADO DE SUJEIÇÃO EM RELAÇÃO AO
DESTINATÁRIO DA PROPOSTA. Essa vinculação se justifica no fato de que já se
gera expectativas. Proposta X Oferta: Oferta é a declaração de vontade que vincula o
ofertante, mas não tem destinatário certo (publicidade. Ex. “vendo meu iphone por 10
reais”). A diferença entre os dois é o segundo requisito de direção às pessoas
determinadas. 3 Requisitos, logicamente ligados com o efeito da proposta. A proposta
obriga e caso aceita pelo destinatário, gera contrato. Se tivermos uma proposta for feita
em termos muito vagos, e o destinatário aceita, isso gera um contrato exequível? Quais
são os requisitos de validade do NJ, em relação ao objeto? - Licitude
determinada/determinável. - Intenção de contratar. - Forma exigida. Caso contrário, é
nulo! Se tenho algo vago demais, na melhor das hipóteses vai gerar um negócio jurídico
nulo. Dizer ‘contrato’ só faz sentido se estamos nos referindo a um contrato válido.
Assim, os requisitos da própria proposta (que, por sua vez, é requisito do contrato)
encaixarão com requisitos de validade do NJ. Só vai haver proposta, só estou de
maneira, séria, lógica e consistente vinculado àquilo que seria
autodeterminado/determinável, que tive a intenção de contratar e que está numa forma
exigida para a celebração do contrato. Em que medida a proposta tem que ser
completa/determinada? R: O critério que vai determinar a medida é o da ACEITAÇÃO.
Só vai estar completa a ACEITAÇÃO À PROPOSTA, que mediante ACEITAÇÃO,
gera contrato válido. Vai depender de contrato a contrato, de qual tipo. O que vai
determinar isso, portanto, é o CONTRATO QUE VAI SURGIR DESSA ACEITAÇÃO.
Daniel X Camila A proposta NÃO CONTÉM PREÇO. Ela está completa? Se a
aceitação gerou um contrato com esses termos, sem preço. Isso é um contrato de
compra e venda válido? Se sim, a proposta está completa. Se não, a proposta não está
completa. A proposta precisa estar completa em relação ao contrato que ela quer
formar. O preço determinado ou determinável é elemento indispensável no contrato de
compra e venda? R: O contrato se contenta com o preço determinável. 482, CC
(REGRA GERAL) X 485, CC X 487, CC 488, CC = nem preço, nem critério objetivo-
se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço
corrente nas vendas habituais do vendedor. O CC tentando salvar os acordo de vontade.
(Conservação dos negócios jurídicos). Se for a primeira vez que essa pessoa estiver
vendendo, e não há preço determinado, não tem como determinar o preço, ou seja,
também não é determinável, e o negócio jurídico é nulo. Pergunta para qualquer tipo de
contrato: “Estou diante de uma declaração de vontade que é exequível?” Forma Exigida
Formalidade requerida (a forma da declaração precisa assumir determinada forma, em
alguns casos). Ex. Outdoor: “Vendo uma casa”. Isso é uma proposta/oferta ao público
(art. 429, CC) (art. 30, CDC)? CDC incide para relações de consumo = precisa ter
fornecedor e consumidor. Prevalece o CDC nesse tipo de relação. O CC acaba entrando
pela negativa. Se não é uma relação de consumo, é uma civil, incide o CC. CAMILA X
DANIEL Há contrato, porque houve proposta e aceitação. Houve proposta porque a
declaração de vontade estava completa, de modo que os requisitos da completude,
intenção de se vincular (Daniel quer fazer valer o contrato, pelo seu comportamento) e
forma exigida (não há forma específica exigida para o tipo de contrato) estavam
preenchidos. Um dos requisitos do contrato de compra e venda ser válido em seu objeto
é haver preço determinado ou ao menos determinável. Como não foi acordado valor,
resta analisar se havia preço determinável. Camila e Daniel combinam de estipular o
preço com base no valor de mercado, parâmetro suscetível de objetiva determinação
(art. 487, CC). Falar da forma. Forma prescrita ou não defesa em lei. Tem a forma
exigida? Sim. Daniel tem razão. Compra e venda não exige forma! Proposta - Conteúdo
Jurídico: Eficácia e Duração Soluções: - Livre revogabilidade: Se não há contrato ainda,
posso mudar de ideia! Revogação da proposta e aceitação. A proposta pode ser
revogada até a conclusão do contrato. No entanto, se o aceitante tiver realizado sua
execução de boa-fé antes de ser informado da revogação, o proponente é obrigado a
compensá-lo pelos custos e perdas sofridos pela execução iniciada do contrato. (CC
italiano, art. 1328). - Irrevogabilidade: Quem propõe a outrem a celebração de um
contrato, está vinculado à proposta, a menos que ele tenha excluído vinculação (BGB, §
145). - Irrevogabilidade protegida por regra de responsabilidade: (A proposta) não pode
ser retirada antes do término do prazo fixado por seu autor ou, na sua falta (de prazo),
no final de um período razoável. A retirada da oferta em violação a esta proibição
impede a conclusão do contrato. Ele assume a responsabilidade extracontratual de seu
autor nas condições da lei comum, sem obrigá-lo a compensar a perda dos benefícios
esperados do contrato. (art. 1116, CC francês). Na prática, você pode retirar, mas se
tirou antes da formação do contrato, você indeniza. Modelo adotado pelo Brasil:
Irrevogabilidade. - Pequeno Príncipe All the Way No direito brasileiro, a parte
proponente está vinculada à sua proposta. Isso quer dizer, em termos práticos, que a
pessoa não pode voltar atrás. Mesmo que ela tenha mudado de ideia, durante aquele
período em que a proposta está vigente, a outra parte pode aceitar, e vai se formar um
contrato, sim, independentemente da efetiva vontade do proponente. “obriga o
proponente" (art. 427, CC) = Vincula, deixa a pessoa em estado de sujeição em relação
ao destinatário da proposta. A outra parte tem o direito de celebrar o contrato. Caso
Carta de Getúlio ● A não tem razão. B tem razão. 428, INC. IV. ● Houve tempo
suficiente para chegar a B (INC. II) ● Na proposta, A não se reservou a possibilidade de
retratação ● Ela chegou ao conhecimento de C após ele ter tomado conhecimento da
proposta ● A retratação é ineficaz: C pode ainda aceitar eficazmente a proposta,
formando o contrato A proposta não obriga o proponente a celebrar o contrato. A
própria proposta celebra o contrato. Ela obriga o proponente a MANTÊ-LA. Resposta
do exercício 1: A afirmação está equivocada, no sentido de que a proposta não obriga o
proponente a celebrar o contrato, mas sim ela própria celebra o contrato. Não há
contrato que obrigue algum proponente a celebrar, com exceção de contratos
preliminares (aqueles cujo objeto é a celebração de contrato futuro). A partir da
aceitação de proposta sobre negócio jurídico válido, o contrato é formado. Se há uma
obrigação do proponente, é a obrigação de manter sua proposta dentro do tempo estado
de sujeição em relação ao destinatário da proposta. O proponente, na realidade, está
vinculado uma vez proposto. O contrato, com a aceitação, se forma, independentemente
de qualquer ação do proponente. A proposta “obriga” • Conclusão: – Por meio da
aceitação, surge o contrato – Proponente: estado de sujeição – Destinatário: direito
potestativo 1. QUANDO A PROPOSTA COMEÇA A SURTIR EFEITO (Efeitos de
Vinculação)? A liberdade de mudar de ideia, pelo proponente, se dá apenas antes ou
simultaneamente a efetivação da proposta. R: ART. 428, CC. Deixa de ser obrigatória a
proposta: IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra
parte a retratação do proponente. Ou seja: A proposta produz efeitos a partir do
momento que ela chega ao conhecimento do destinatário. ART. 434, CC - Os contratos
entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a ACEITAÇÃO É EXPEDIDA: Mesmo
antes dela ter chegado ao proponente, no mundo jurídico, o contrato já existe. EMAIL -
CASO 3 “O art. 428, IV, alude ao ‘conhecimento’ do destinatário. Não cabe realizar
uma interpretação literal e acanhada da terminologia legal. Parece suficiente que o
destinatário possa conhecer a proposta, ‘isto é, quando, segundo o uso do tráfico, devia
ter aberto a carta, telegrama, ou outro meio de transmissão’ [Pontes de Miranda].”
(Araken de Assis, p. 177). Art. 433, CC - Considera-se inexistente a aceitação, se antes
dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. A leitura de que, no art.
428 IV, deve ser lido chegar à outra parte - em vez de chegar ao conhecimento - pode
ser confirmado por essa previsão. Não faria sentido tratar distintamente situações
eminentemente parecidas. Conclusão • O que interessa é o momento em que a proposta
ou a aceitação: – Chega ao destinatário – Entra em seu campo de influência, ou seja, ele
passa a poder tomar conhecimento deles Exemplos ● A mensagem chega à caixa de
entrada, à caixa postal do destinatário ou é entregue a pessoa autorizada a recebê-la pelo
próprio destinatário CISG Artigo 15 (1) A proposta se torna eficaz quando chega ao
destinatário. Artigo 24 Para os fins desta Parte da Convenção, se considerará que a
proposta, a manifestação de aceitação ou qualquer outra manifestação de intenção
“chega” ao destinatário quando for efetuada verbalmente, ou for entregue pessoalmente
por qualquer outro meio, no seu estabelecimento comercial, endereço postal, ou, na
falta destes, na sua residência habitual. DURAÇÃO DA EFICÁCIA DA PROPOSTA
(ou prazo para aceitação) ● Estipulado pelo proponente ● Legal ○ Entre presentes ○
Entre ausentes Prazo convencional - Refere-se ao momento de expedição da resposta
(art. 428, inc. III, CC) ● Prazo legal - entre presentes ○ Quando a proposta não é
imediatamente aceita (art. 428, I) ○ “imediatamente aceita”: ■ Sem hesitação ■ Não
exclui período de reflexão ■ Na prática: até o fim da conversa ● Considera-se presente
○ Quem contrata “por telefone ou meio de comunicação semelhante” (art. 428, I, 2ª fr.)
○ “meio de comunicação semelhante”: ■ Videoconferência (Skype, FaceTime)? ■ E-
mail? ■ WhatsApp? ● Prazo legal: entre ausentes ○ Decurso do “tempo suficiente para
chegar a resposta ao conhecimento do proponente” (art. 428, II) ○ Como medir? ■
Determinado por critérios objetivos: ● Duração normal da transmissão da proposta
(ENVIO) ● Prazo de processamento e de reflexão ○ Importância e urgência do negócio
(compra de carro ou entrada em sociedade? Contratação de advogado ou conserto de
máquina?) ○ Analise do caso. O enunciado indicará a necessidade ou não do tempo que
levou para refletir. ● Duração normal da transmissão da resposta ○ Correspondência
dos meios de expedição/envio (Quanto Carla tem que esperar? Levar em consideração
quanto tempo a carta chega. Se chega em 2 dias, também volta em 2 dias.) Aceitação O
que é: A aceitação é uma declaração formulada pelo destinatário da proposta negocial
(se for uma proposta) ou por qualquer interessado (se for uma oferta), cujo conteúdo
exprime uma total e inequívoca concordância com o teor da declaração do proponente.
A declaração de vontade, para ser uma aceitação, precisa de dois elementos: ●
CONCORDÂNCIA SER TOTAL ● CONCORDÂNCIA SER INEQUÍVOCA (não
pode ser formulada em termos nem de dúvida, nem hipotéticos, nem condicionais). (!)
Não se exige, no direito brasileiro, uma forma específica de declaração de vontade. ●
Declarações expressas = aquela que é transmitida através de meio direto de
manifestação da vontade. Apresento a declaração que diretamente manifesta aquilo que
quero dizer (oral, escrito ou por gestos). ● ou tácitas. = a pessoa não indica diretamente
sua vontade, você vai precisar fazer uma investigação indiciária (ao que tudo indica, a
toda a probabilidade, uma pessoa que se comporta desta forma quer dizer isso - Atos de
execução do contrato (entrega do bem) se entende que é anuência tácita (anuência e
execução, simultaneamente)). O próprio silêncio importa anuência se as circunstâncias
autorizarem. Em qualquer oposição posterior sobre detalhe no contrato que a pessoa
faça, será inexecução contratual de contrato que já existe. CISG, ART. 18, INC. III -
“Se, todavia, em decorrência da proposta, ou de práticas estabelecidas entre as partes,
ou ainda de usos e costumes, o destinatário da proposta puder manifestar seu
consentimento através da prática de ato relacionado (por exemplo, com a remessa das
mercadorias ou com o pagamento do preço, ainda que sem comunicação direta,
expressa ao proponente, a aceitação produzirá efeito no momento em que esse ato for
praticado, desde que observados os prazos previstos no parágrafo anterior”. OUTROS
EXEMPLOS DE ATOS CONCLUDENTES: - Realização de outros atos de execução: -
Adquire mercadorias de terceiro, precisa ainda produzir o produto que está interessado
em comprar; - Deposita o cheque a partir da proposta; - Cliente paga o preço pela venda
de mercadorias!; - Utiliza o bem que você mandou ART. 39, CDC - É vedado ao
fornecedor de produto ou serviços, dentre outras práticas abusivas, enviar ou entregar
ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço.
(:O)-|-< p.u. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor,
na hipótese prevista no inc. III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo a obrigação
de pagamento. ( ! ) Por silêncio mediante proposta, se entende a RECUSA, e não a
ACEITAÇÃO. HÁ EXCEÇÕES (Onde o silêncio presume aceitação): Dispositivos
Gerais ART. 432, CC - Aceitação por Silêncio “Se o negócio for daqueles em que não
seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á
concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa”. ART. 111, CC - “O silêncio
importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for
necessária a declaração de vontade expressa”. Exceções específicas ART. 539, CC - “O
doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade.
Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-
á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo”. É uma exceção que se justifica
porque a doação é um exemplo mor de contratos gratuitos em que o doador é o único
que suporta os danos, os encargos econômicos. O doador só tem a ganhar - se tem uma
proposta de doação e é estipulado um prazo para ele dizer se aceita ou não e ele não faz
nada dentro desse prazo, presume-se que ele aceitou! ISSO SÓ FAZ SENTIDO NO
ÂMBITO DO CONTRATO COMUM DE DOAÇÃO. ART. 769, § 1 º , CC- “O
segurador, desde que o faça nos quinze dias seguintes ao recebimento do aviso da
agravação do risco sem culpa do segurado, poderá dar-lhe ciência, por escrito, de sua
decisão de resolver o contrato”. CDC - O Direito do Consumidor é um campo em que a
liberdade de celebração está flexibilizada. A seguradora, ficando inerte mediante a
inscrição, entende-se a aceitação (para quando acontecer o sinistro ela não dizer que não
aceitou) Aceitação modificativa - na verdade não é aceitação Art. 431, CC - “A
aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova
proposta.” - Princípio da congruência: A concordância, para ser uma concordância que
há aceitação, é uma concordância que precisa espelhar a proposta. O aceitante passa a
ser o proponente e vice-versa. Quem estava em estado de sujeição fica em estado de
direito subjetivo e vice-versa. Uma aplicação muito rígida dessa regra gera dificuldades
práticas! Solução: ART. 19, INC. II, CISG - “Se a resposta que pretender constituir
aceitação contiver elementos complementares ou diferentes, mas que não alterem
substancialmente as condições da proposta, tal resposta constituirá aceitação, salvo se o
proponente, sem demora injustificada, objetar verbalmente as diferenças ou enviar uma
comunicação em respeito delas (...)”. - Há uma proposta inicial, a proposta chega ao
destinatário, este reflete e responde com algumas alterações que não substancialmente
alteram o contrato. - Há necessidade da outra parte se manifestar, sem demora
injustificada, sob pena de VALER O CONTRATO com aquela proposta acompanhada
com as alterações da pseudo-alteração. Araken de Assis: Se você fizer uma alteração
que não seja essencial, em princípio, será uma contraproposta. Se ela for limitada a
elementos secundários (detalhes), podemos aplicar o art. 432, CC. Será uma situação
em que é possível a parte pode entender que, do silêncio, houve uma aceitação. ART.
431 - Não abre a possibilidade. Mas a doutrina propõe uma análise flexível a partir dos
problemas práticos decorrentes da aplicação do 431, trabalhando este dispositivo junto
do 432. Como avaliar os elementos de mudança como essenciais ou não? Os elementos
serão averiguados pelo art. 104. Se mexeu em objeto, ou na pessoa contratante, é
mudança essencial. Não essencial (exemplos): Cláusula Nula Resquício de antiga
minuta das partes Pode ser ou pode não ser essencial (exemplos): Mudanças no prazo
de entrega Mudança de quantidade 50 + 80, Rejeição, mas contraproposta. “Houve
celebração do contrato (proposta + aceitação) ou proposta seguida de contraproposta?”
CABE INTERPRETAÇÃO DO 431! Caso carro alemão - Fernando Leal É preciso
saber se a declaração de vontade de Fernando é aceitação ou proposta. R: É proposta!
Dependendo das condições que Fernando preencheu no formulário, a seguradora pode
aceitar ou não. Como quem envia o formulário é ele, a seguradora precisa, ainda, tomar
conhecimento de seu perfil, moradia, por onde circula - uma série de fatores que são
considerados relevantes para a seguradora para aceitar ou não fazer esse seguro. A
aceitação só poderá ser feita tendo seu prazo iniciado a partir da declaração de vontade
completa de Fernando, para que possa realizar essa avaliação. Caso Hugo Engenharia -
ART. 132, CC. Caso Celular da Lígia Whatsapp fora do Ar - ART. 430, CC.
FLEXIBILIZAÇÃO DA REGRA GERAL DO ART. 434, CC. CULPA IN
CONTRAHENDO “Culpa na conclusão do contrato” - Momento de negociações,
tratativas contratuais. Possibilidade de se ter indenizações da parte culpada por uma
celebração mal fadada, não sucesso de uma negociação, ou por um contrato que é
celebrado de maneira nula- a parte culpada por isso responder por isso. Na maioria dos
casos, estaremos de fato trabalhando com responsabilidade civil, imputação de danos.
Porque não chamar de responsabilidade civil pré-contratual? A culpa in contrahendo
não necessariamente leva apenas à responsabilidade civil. É possível ir além e, pela
culpa in contrahendo, exigir a celebração do contrato. Dar início às negociações, do
ponto de vista jurídico, é um ATO JURÍDICO em sentido estrito. Já a proposta e a
aceitação são classificadas como NEGÓCIO JURÍDICO. TRATATIVAS
CONTRATUAIS = Relação comunicativa entre duas ou mais partes, juntas com um
objetivo comum - ver se dali sai um contrato. ● Elemento cronológico = As tratativas
são tudo aquilo que vem antes da celebração do contrato. A partir do momento em que
houve a celebração do contrato, você não está mais em tratativa, você está no campo do
direito contratual. ● Objetivo = Verificar se há compatibilidade de interesses e
viabilidade contratual, e delimitar o conteúdo... ART. 186, CC. Principal dispositivo da
responsabilidade civil extracontratual “Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito ou causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”. ART. 927, CC. “Aquele que por ato ilícito -
art. 186 e 187 -, causar dano a outrem, fica obrigado à repará-lo. Judith Martins Costa
diz que o contrato meramente eventual - batida de carro entre duas pessoas que nunca se
viram na vida e que nunca mais se verão - está resolvido pelo art. 186 // extracontratual
Diferentes contratos sociais podem gerar relações jurídicas, desde caso fortuito
(encontro ocasional), pode gerar uma obrigação de indenizar com base nas previsões da
responsabilidade civil delitual (art. 186). No extremo oposto, há casos onde há uma
formação de contrato, mas no meio do caminho há a zona cinzenta. Relação crescente
polarizada pelo elemento da confiança: cada vez mais as partes vão se relacionando,
confiando mutuamente na produção de um contrato- sabem, no início da relação, que
aquele contrato pode existir ou não, mas elas de maneira crescente vão tendo fortalecido
essa expectativa, baixando as guardas progressivamente. Percebeu-se que não é ainda
contrato, mas também não dá pra dizer que é uma situação igual ao da batida de carro
de pessoas que nunca se viram antes. O CC/16 não tratava das tratativas. Todos os
códigos do Séc. XIX não tinham previsão nenhuma sobre tratativas contratuais
(Entendimento de que, se não há contrato, estamos no campo da liberdade contratual! A
única saída vai ser o “186”!). Com o tempo, houve mudança de perspectiva CULPA IN
CONTRAHENDO = Momento quando expectativas ligadas ao contrato são frustradas,
enquanto não se tem contrato. ART. 227, CC PT-EU: “Quem negoceia com outrem para
conclusão de um contrato deve, tanto nos preliminares, como na formação dele,
proceder segundo as regras da boa-fé, sob pena de responder pelos danos que
culposamente causar a outrem”. CC Brasileiro ART. 422 - Extrai-se da previsão de que,
na conclusão (interpretado no sentido ampliativo, que leva em conta, também, a fase de
formação - as tratativas) do contrato, na sua execução, você precisa atender a probidade.
Não é o único dispositivo, pois já temos vícios do consentimento que aparecem. ●
Vícios do consentimento: quando você celebra um contrato nulo ou anulável, você pode
celebrá-lo por erro ou dolo. ● Dispositivos esparsos - Contratos em espécie ● Código de
Defesa do Consumidor. CENÁRIO ATUAL: A RELAÇÃO PRÉ-CONTRATUAL
AINDA É O CAMPO, POR EXCELÊNCIA, DA LIBERDADE! Vigora o princípio da
liberdade dos negociantes. Mas, essa liberdade é temperada pela necessidade de
lealdade e preservação em alguma medida dos interesses da outra parte. DEVERES
APLICÁVEIS ÀS TRATATIVAS: ● de Segurança ● de Informação ● de Lealdade
GRUPOS DE DEVERES PRÉ-CONTRATUAIS ● DEVERES DE SEGURANÇA: As
partes devem agir de maneira a prevenir danos (permite o ressarcimento de danos
causados). ● DEVERES DE INFORMAÇÃO: Visa a circulação, entre as partes, de
todas as informações necessárias para a contratação. ○ Esclarecimentos ■ Incumbem à
parte que esteja em condições de informar ■ Incidem, em especial, sobre a parte forte ■
Sem base a ideia de que só se informa o que for perguntado ● Quando se pergunta é
porque já se sabe: tudo ou bastante para desconfiar ● Há de se informar tudo que,
razoavelmente, for de esperar que a outra parte não conheça ● DEVERES DE
LEALDADE: ○ As partes não podem, in contrahendo: ■ Adotar comportamentos que
se desviem da procura, ainda que eventual, de um contrato ■ Assumir atitudes que
induzam em erro ou provoquem danos injustificados ○ Exemplo: negociação para
aquisição de um imóvel ■ Concluídas com êxito as negociações ■ Por conta da
aquisição em vista, o projetado comprador realiza despesas ■ O contrato definitivo não
vem a ser celebrado por culpa do vendedor ■ O vendedor vem a ser condenado por,
através de seu comportamento pré-contratual, ter gerado a convicção, na contraparte, de
que a transação teria lugar Você pode mudar de ideia! O que muda é quando a parte
começa, pelo seu comportamento e pela fase de negociação em que se encontra, a
despertar uma confiança justificada na outra parte de que o contrato será celebrado. A
doutrina não vai dar, como consequência da culpa in contrahendo, a tutela específica de
dizer que, pela culpa in contrahendo, se chega à celebração do contrato. A doutrina vai
chamar o próprio instituto de responsabilidade civil pré-contratual, dando a entender
que, mesmo nessa situação onde você gerou na outra parte essa expectativa legítima de
celebrar o contrato, A TUTELA É APENAS INDENIZATÓRIA. Constelações de casos
● Vulnerabilidade contratual e tutela da parte mais fraca - desigualdade entre as partes
(a parte precisa informar a outra, sob pena dela assumir riscos desnecessários, aos quais
ela não poderia conhecer, exatamente por ser a parte mais vulnerável). ● A contratação
ineficaz ○ Casos, por ex., de erro ou dolo - A parte que sabia de informação omitida, ou
o próprio contrato nulo, pode fazer com que a parte brigue pelo dever de informação
pré-contratual ○ Em paralelo: cic para tutela indenizatória. ● A interrupção injustificada
das negociações ○ O contrato deve ser de maior complexidade (partes passaram meses,
semanas contratando agentes, criando expectativas, muitas vezes começando a
execução antes da definição completa do contrato, e a disputa, em geral, vai se dar em
volta dos GASTOS INCORRIDOS). ○ Existência de gastos incorridos na negociação /
Prejuízos decorrentes da não-conclusão ○ Negociação deve se encontrar em estágio
avançado ○ Ausência de justo motivo para a não-conclusão do contrato RESP 361
Concretizações da Boa-Fé Objetiva 3) Abuso de Direito – Art.187 • Venire • Suresio •
Surectio o Concretizações da Boa-Fé Objetiva 1) Culpa in contrahendo – Art.422 •
Tutela da boa-fé no Estado pré-contratual • Não há contrato, mas não pode tudo 2)
Interpretação dos negócios – Art.133 3) Abuso de Direito – Art.187 • Venire • Suresio •
Surectio 4) Complexidade das obrigações – Art.422 • Durante a execução contratual 5)
A culpa post pactum finitum – Art.422 • Fase pós cumprimento contratual
Seção I - “De quem deve pagar”
• Crítica: título equívoco:
• Quem deve pagar é o devedor
• Isso é incontroverso
• Não é disso que trata a seção
• A seção trata da legitimidade para pagar
• Quem pode pagar
• Em que situações pode pagar
• O que pode fazer para efetuar pagamento
• O conteúdo, contudo, é excessivamente restrito
• Praticamente tudo (3 de 4 artigos) é sobre terceiros,
prevendo muito pouco sobre o devedor
2
Quem é terceiro?
• Em princípio, todo aquele que não é devedor
• Atenção ao caso da representação
• Não é faticamente o devedor em pessoa quem paga,
mas sim outrem
• Tecnicamente quem paga é o devedor e não terceiro
• Ex. pai que paga dívida do filho menor de 16 anos
(representante legal, v. art. 1.634, VII)
• Mandatário que paga dívida de mandante (representação
voluntária)
3
Quem é terceiro interessado?
• Aquele “que paga a dívida pela qual era ou podia ser
obrigado, no todo ou em parte.” (art. 346, III)
• Fiador
• Terceiro garantidor hipotecário
• Mas não só: é interessado todo aquele terceiro que
pode ser prejudicado pelo não pagamento
• Sublocatário com relação à dívida do locatário que lhe
possa ocasionar o despejo
4
Terceiro interessado: jurisprudência
• Adquirente de imóvel hipotecado em garantia ao credor, que tem
evidente interesse na extinção da dívida que ameaça o seu bem
• Promissário comprador que paga quotas condominiais em execução
movida pelo condomínio em face do promitente vendedor
• Sócio, e até o filho do sócio de companhia devedora, que tem direito a
pagar a dívida a fim de evitar a incidência de ônus adicionais sobre a
empresa, o que, em última análise, reflete-se negativamente sobre o
valor das suas quotas ou ações
• A companhia pode ser terceira interessada no pagamento do sócio. É o
que ocorre quando, por exemplo, a dívida do sócio está garantida por um
penhor de quotas sociais, as quais, passando ao credor, o tornariam
sócio da empresa, talvez contrariamente ao interesse dos demais sócios
e da própria companhia
5
Terceiro não interessado que paga “em nome e
à conta do devedor” (art. 304, § único)
• Previsão que inicialmente causa estranheza
• Quem atua “em nome e à conta de outrem”, representa e,
portanto, não é terceiro
• Não é esse o caso: o dispositivo regula a hipótese de quem age
em nome alheio, mas sem ser representante
• Em geral: seria caso de falso representante e o ato seria ineficaz
em relação ao devedor
• O dispositivo, no entanto, afasta-se desse regime
• Regula situação em que terceiro quer saldar dívida de
parente (sem que haja representação legal entre eles) ou
amigo
• O terceiro pode pedir reembolso?
• Não
• O animus donandi é presumido 6
Terceiro não interessado que paga “em seu
próprio nome” (art. 305)
• O pagamento pode decorrer
• De contrato entre as partes
• Gestão de negócios (art. 861 e ss)
• De terceiro que paga na convicção errada de estar obrigado, em face
do devedor a cumprir
• O CC, no entanto, não distingue essas hipóteses; aplica a todas os
mesmos efeitos
• Efeitos
• Direito a reembolso
• Não há sub-rogação
• Contudo:
• A regulação é incompatível com a situação em que em que
terceiro atua, nessa qualidade, mas com animus donandi
• Há, nesse caso, lacuna 7
Terceiro que paga dívida ilidível (art. 306)
• Requisitos
• Terceiro: apenas não interessado ou também
interessado?
• Desconhecimento ou oposição do devedor
• Meios para ilidir a ação
• Efeitos: não obriga reembolso
8
Legitimidade para receber
pagamento
9
Quem pode receber
• Credor
• Representante
• A representação deve ter poderes bastantes para
receber a prestação e para permitir a emissão da
quitação
10
Pagamento a credor putativo (art. 309)
• Requisitos
• Pagamento feito de boa-fé:
• Subjetiva ou objetiva?
• A credor putativo

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