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DIREITO CIVIL III - 2024

Coordenação: Prof. Dr. Edson Oliveira Profa. Ma. Robéria Silva

UNIDADE 01

Noções introdutórias e gerais dos contratos (conceito, função


social, condições de validade e requisitos).

1- Conceito:
Contrato é um negócio jurídico por meio do qual as partes declarantes,
limitadas pelos princípios da função social e da boa-fé objetiva,
autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a
autonomia das suas próprias vontades. (Stolze e Rodolfo, 2022)

Contrato é o acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou


extinguir um direito. (Barros, 1998)

Contrato é o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da


ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de
interesses entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou
extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial.( Diniz, 2010)

Contrato é um negócio jurídico bilateral, por meio do qual as partes,


visando a atingir determinados interesses patrimoniais, convergem as
suas vontades, criando um dever jurídico principal (de dar, fazer ou não
fazer), e, bem assim, deveres jurídicos anexos, decorrentes da boa-fé
objetiva e do superior princípio da função social.

2- Função Social do Contrato

Em um Estado verdadeiramente Democrático de Direito, o contrato somente


atenderá à sua função social no momento em que, sem prejuízo ao livre
exercício da autonomia privada:
1) respeitar a dignidade da pessoa humana — traduzida sobretudo nos
direitos e garantias fundamentais;
2) admitir a relativização do princípio da igualdade das partes
contratantes, somente aplicável aos contratos verdadeiramente paritários, que
atualmente são minoria;
3) consagrar uma cláusula implícita de boa-fé objetiva — ínsita em todo
contrato bilateral, e impositiva dos deveres anexos de lealdade, confiança,
assistência, confidencialidade e informação;
4) respeitar o meio ambiente;
5) respeitar o valor social do trabalho.
Enfim, todas essas circunstâncias, reunidas, moldam o princípio da
função social do contrato, assentado no art. 421 do Código Civil.

LEITURA OBRIGATÓRIA ARTIGO CIENTÍFICO NO PERSEUS: O PRINCÍPIO


DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO NO CÓDIGO CIVIL DE 2002. João
Hora Neto, Desembargador no Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe,
Mestre em Direito Público pela Universidade Federal do Ceará, Professor
de Direito Civil da Universidade Federal de Sergipe e da Escola Superior da
Magistratura de Sergipe DEBATE EM SALA DE AULA E QUESTÃO DE
PROVA

3- CONDIÇÕES DE VALIDADE DO CONTRATO

A validade do contrato exige, precipuamente, acordo de vontades e


também:

Agente capaz: aptidão de alguém para exercer por si os atos da vida civil. Os
artigos 3º e 4º do Código Civil excluem certas pessoas desta capacidade,
considerando-os absolutamente incapazes e relativamente incapazes.
Objeto lícito, determinado e possível: o objeto do contrato deve ser aquele não
proibido por lei, possível de ser individualizado para distinção entre outros e apto
a ser o motivo do contrato.
Forma prescrita ou não defesa em lei: há casos em que a lei determina forma
especial aos contratos, que se desobedecida, os tornam nulos de pleno direito.
Para aqueles casos em que há liberdade de forma, as partes devem agir sempre
de boa-fé, em conformidade com a lei.

Artigo 104 do Código Civil

4- REQUISITOS DE VALIDADE DO CONTRATO


4.1 Requisitos subjetivos
O primeiro requisito/elemento subjetivo do contrato é a manifestação de
duas ou mais vontades que formam então o vínculo contratual, seja ele escrito
ou verbal. Só existe contrato quando há essa manifestação de vontade.

Outro requisito/elemento fundamental é a capacidade dos contratantes,


pois para contratar, é necessário que ambas as partes sejam capazes de
contratar. A capacidade, por óbvio, é a capacidade civil, que basicamente exige
que as partes sejam maiores de 18 anos (ou menor devidamente representada),
não seja portador de nenhuma incapacidade relativa ou absoluta (art. 3º e 4º do
Código Civil).

O último requisito/elemento subjetivo de ordem especial, próprio dos


contratos, é o consentimento recíproco ou acordo de vontades. Deve abranger
os seus três aspectos: acordo sobre a existência e natureza do contrato; acordo
sobre o objeto do contrato; acordo sobre as cláusulas que o compõem.

OBS: Qualquer desses elementos que for ausente ou maculado no


contrato pode gerar a nulidade ou anulação contratual.

4.2 Requisitos objetivos

As condições objetivas de validade de um contrato são de simples


compreensão. Basicamente devemos ter em mente que o objeto do contrato de
ser lícito, possível e determinado ou determinável. Isso se extrai do art. 104 do
Código Civil.

Dizer que o objeto deve ser lícito implica, por óbvio, que não podemos
fazer um contrato de compra e venda de um carro produto de roubo, de
substâncias entorpecentes, ou coisa do tipo.

Quanto à possibilidade do objeto, quer dizer que devemos negociar tão


somente objetos que sejam possíveis, seja juridicamente ou fisicamente. Um
exemplo de objeto impossível seria negociar, por absurdo, um terreno no Sol.
Afinal, todos sabemos que o Sol é inabitável e inalcançável ao ser humano,
portanto, o objeto do contrato seria fisicamente impossível.

Já a questão da determinação do objeto é uma restrição de qualidade ou


quantidade do objeto. Por exemplo, se vamos negociar trigo, devemos delimitar,
seja em metros quadrados, sejam em peso, quanto de trigo será negociado e
por qual valor.
OBS: As regras objetivas do contrato, como já adiantamos, são de fácil
compreensão, e o descumprimento delas também pode invalidar um contrato.

4.3 Requisitos formais

Os requisitos formais do contrato são aplicáveis a um grupo mais restrito


de negócios jurídicos, e sua inobservância também pode invalidar a relação
negocial ao ponto de gerar a nulidade do contrato.

A forma é o meio como se revela a contratação dos contratantes. Como


já dissemos em outra oportunidade, a forma do contrato no Brasil é livre, via de
regra, mas deve ser formal sempre que a lei prescreve. Assim diz o art. 107 do
Código Civil: “A validade da declaração de vontade não dependerá de forma
especial, senão quando a lei expressamente a exigir”.

É nulo o negócio jurídico quando “não revestir a forma prescrita em lei” ou


“for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade” (CC, art. 166, IV e V). Em alguns casos a lei reclama também a
publicidade, mediante o sistema de Registros Públicos (CC, art. 221). Cumpre
frisar que o formalismo e a publicidade são garantias do direito.

Não são poucos os contratos que exigem forma prescrita em lei para
validade. Por exemplo, a venda e compra de imóvel, para ter sua validade
garantida, deve seguir o registro público da venda, isso é uma formalidade
essencial ao ato, para consubstanciar a transmissão da propriedade.

Qualquer contrato que verse sobre direitos reais na verdade, e que tenha
um valor acima dos 30 salários mínimos deve revestir-se de solenidade (Artigo
108 do Código Civil). Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é
essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição,
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor
superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

Assim também o é o casamento, que é um tipo de contrato especial


(divergência doutrinária), que rege uma relação matrimonial e deve se revestir
das formalidades necessárias ao ato.
Princípios do Contrato

1- INTRODUÇÃO

Os princípios contratuais são essenciais nas negociações pré-contratuais, na


execução dos contratos e na resolução da maioria dos casos que envolvem o
debate acerca dos contratos. Assim, eles orientam a interpretação e a aplicação
das normas.

Origem no Direito Francês: pacto servanda- cumprir o contrato, conforme


o estabelecido pelas partes.

Origem no Direito Alemão: autonomia da vontade no momento da


celebração contrato.

Teoria Moderna= socialização do direito= função social do contrato,


contrato constitucionalizado

Estado Liberal para Estado Social

AUTONOMIA PRIVADA

FORÇA OBRIGATÓRIA(pacta sunt


servanda

CLÁSSICOS RELATIVIDADE SUBJETIVA DOS

EFEITOS DOS CONTRATOS

LIMITAÇÃO

DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA(direitos fundamentais)

FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO

MODERNOS BOA-FÉ OBJETIVA

EQUIVALÊNCIA MATERIAL
2- TIPOS DE PRINCÍPIOS

2.1 Princípio da Autonomia da Vontade e Autonomia Privada e


Princípio do Consensualismo

O filósofo Immanuel Kant (1997), um dos primeiros a utilizar esse


termo, assim o define:

Autonomia da vontade é aquela sua propriedade


graças à qual ela é para si mesma a sua lei
(independentemente da natureza dos objetos do
querer). O princípio da autonomia é portanto: não
escolher senão de modo a que as máximas da
escolha estejam incluídas simultaneamente, no
querer mesmo, como lei universal. Que esta regra
prática seja um imperativo, quer dizer que a
vontade de todo o ser racional esteja
necessariamente ligada a ela como condição, é
coisa que não pode demonstrar-se pela simples
análise dos conceitos nela contidos, pois se trata
de uma proposição sintética; teria que passar-se
além do conhecimento dos objetos e entrar numa
crítica do sujeito, isto é, da razão prática pura; pois
esta proposição sintética, que ordena
apodicticamente, tem que poder reconhecer-se
inteiramente a priori.

Apesar dos precursores históricos, e a intensa luta travada na transição


de uma sociedade opressora para humanista. O sentido atual da expressão
autonomia da vontade pela doutrina civilista, tem suas raízes detectáveis no
século XIX.O sucesso da Revolução Francesa, provocou um aumento na
humanização. Assim sendo, se tornou vital reconhecer a liberdade de criar ou
produzir direito aos homens nascidos livres e iguais.

Maria Helena Diniz, por sua vez, retrata o princípio da autonomia da


vontade:

“o poder de estipular livremente, como melhor lhes


convier, mediante acordo de vontade, a disciplina
de seus interesses, suscitando efeitos tutelados
pela ordem jurídica.” (grifou-se)

Por outro lado, tem-se a correlação entre autonomia da vontade e


autonomia privada. A última é uma espécie do gênero da autonomia da vontade,
porque entende somente os fatos jurídicos. A autonomia privada seria, deste
modo, uma consequência do próprio conceito de autonomia da vontade.
Não existe unanimidade quando o assunto é a possível diferenciação
entre os termos autonomia da vontade e autonomia privada.

Artigo 421A e 425 Código Civil

▪ Liberdade de contratar propriamente dita: ninguém é obrigado a


contratar o que não deseja. Mas, neste caso, temos exceções
aplicáveis. Como por exemplo, o DPVAT: seguro obrigatório por lei,
caso em que a lei se sobrepõe ao princípio;
▪ Autonomia determinar com quem contratar: o cidadão é livre para
contratar com quem quiser. Novamente, exceções são aplicáveis.
Como a imposição do CDC aos fornecedores, que não podem se
negar a vender um produto para um consumidor que deseje pagar à
vista e em dinheiro;
▪ Liberdade de determinar o conteúdo do contrato: liberdade de
escolher o objeto do contrato, limitado pela lei. Por exemplo, não se
pode estabelecer um contrato cujo objeto é ilícito.

VONTADE LIVRE /LIBERDADE

DIREITOS FUNDAMENTAIS

NÃO É ABSOLUTA TEM LIMITAÇÕES: DIGNIDADE DA PESSOA


HUMANA

FUNÇÃO SOCIAL

BOA-FÉ OBJETIVA

MORAL

LEI

ORDEM PÚBLICA

2.2 Princípio da Força Obrigatória- Pacta sunt servanda- obrigatoriedade


da convenção

Versa sobre a vinculação das partes ao contrato, como se norma legal


fosse, tangenciando a imutabilidade. (faz lei entre as partes)
OBS: Já foi absoluto, porém hoje tem limitação, como por exemplo na
autonomia privada(vontade), autodeterminação da lei (normas imperativas nos
contratos- proibir(negativo).

Ex: herança de pessoa viva), insere(positivo) os juros moratórios sempre


serão devidos); justiça contratual- atuação do juiz (teoria da imprevisão)

Artigo 393 e parágrafo único Código Civil

Objetiva segurança nos negócios, a intangibilidade dos contratos ou


imutabilidade dos contratos.

A única limitação a este princípio, dentro da concepção clássica, é a


escusa por caso fortuito e força maior, artigo 393, parágrafo único Código
Civil. (GONÇALVES, 2020).

2.3 Princípio da Relatividade Subjetiva dos Efeitos dos Contratos

Como regra só atinge as partes (Inter partes), e não atinge terceiro, não
erga omnes.

Exceções: -contratos vão atingir terceiros-herdeiros (vinculação de


terceiros) art. 1792 CC

-Estipulação em favor de 3º

-Promessa de fato- ônus passa para 3º

-Contrato com a pessoa a declarar, 3º assumir contrato

-Obrigação de eficácia real (registrar na matrícula)

-Interesse Social e Ordem Pública-Código de Defesa do


Consumidor art. 17

2.4 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana

Direitos fundamentais nas relações privadas, garantias mínimas num


Estado Democrático de Direito, cujos efeitos podem ser diretos (eficácia direta)
ou indiretos (precisa de uma regulamentação-direito à greve presente na
CLT, porém servidor público, aplica-subsidiariamente).
Eficácia vertical- dentro do direito público que limita a atuação do Estado-
DIRETA

Eficácia horizontal- dentro das relações privadas-DIRETA

Exemplo: Direito à SAÚDE, Estado quase que absoluto-SUS.

Direito à SAÚDE, Privada(plano de saúde)- mediante


pagamento com as limitações contratuais.

Dignidade:

Toda pessoa tem direito ao mínimo existencial, que não pode ser
vulneral art. 1º III CF- fundamento da nossa república, mas é um direito
fundamental.

Não pode o contrato violar esse princípio.

EX: casa noturna na França, arremesso de anão pelos clientes,


arremesso mais longe era vencedor.

2.5 Princípio da Equivalência Material

Igualdade formal e igualdade material

Deve haver equilíbrio material entre as partes, vez que quando há uma
desigualdade o direito tem que atuar.
Finalidade= vetar o desequilíbrio desproporcional, proteger o vulnerável e
evitar abusos.

Requisito= desproporção manifesta, desigualdade dos poderes


negociais(dominante e dominado) e vulnerabilidade

EX: Ação Revisional de Contrato

2.6 Princípio da Função Social do Contrato

Antes tínhamos o contrato dentro de uma ideia individualismo-


Liberalismo.

Contrato deve atender um fim social/ justiça social/ solidariedade.

Previsto no art. 421 do Código Civil que versa:

A liberdade de contratar será exercida em


razão e nos limites da função social do
contrato.”

Os contratos servem para regulamentar atividades, fomentar e dar segurança


às relações contratuais. Contudo, tal proteção só será dada caso o pacto esteja
de acordo com valores de:

▪ eticidade;
▪ operabilidade;
▪ socialidade.

O contrato passou a carregar um poder-dever que sempre esteve ligado ao


direito público, já que a noção de função social atinge a coletividade. Não há
como definir um conceito pré-estabelecido, muito pelo fato de que a sociedade
altera sua compreensão do que é exercer um contrato em respeito à função
social.

O importante é assimilar que a liberdade de contratar não é absoluta e


encontra limites na função social do contrato, sem que possa refletir
negativamente na coletividade. O princípio em questão pode servir como forma
de controlar o conteúdo do contrato, caso haja alguma aparente violação à
função social que lhe é exigida por lei.
Art. 2035 do Código Civil: Nenhuma convenção prevalecerá se
contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este
Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos”.

Contrato de compra venda, circulação de bens.

Contrato de mútuo facilitação de crédito

Contrato de locação promover moradia

- Nível extrínseco- repercussão do contato na sociedade

-Nível Intrínseco- equivalência material e boa-fé objetiva

PARADIGMAS:

Paternalista- Contrato deve promover o equilíbrio do poder econômico - Justiça


Distributiva que é do Estado

EX: Plano de Saúde

Direito Econômico- Contrato deve respeitar a estrutura econômica onde ele


está inserido.

2.6 Princípio da Probidade e Boa- fé Objetiva

-BOA- FÉ SUBJETIVA- interno da pessoa

-BOA-FÉ OBJETIVA- regra de conduta social com conteúdo ético, moral e


exigibilidade jurídica, desde a celebração ao cumprimento do contrato.

Este é um princípio contratual pautado na análise da conduta do ato


praticado, sem qualquer preocupação em relação ao estado anímico do sujeito.

A boa-fé exerce um papel de:


▪ interpretação e integração do contrato;
▪ criação de deveres anexos ao contrato;
▪ limitação ao exercício de direitos subjetivos.

A boa-fé objetiva encontra aplicação nos seguintes artigos:

Artigo 113 do Código Civil: regra de interpretação dos contratos;


Artigo 187 do Código Civil: regra de abuso dos contratos;

Artigo 422 do Código Civil: regra de aplicação dos contratos.

Desse modo, serve tanto para direcionar a compreensão a respeito de um


contrato, como também para determinar deveres de conduta das partes. Da
mesma forma, se presta a limitar o exercício de determinadas posições
contratuais que possam prejudicar de forma exagerada a outra parte.

Não importa, para a boa-fé objetiva, o que quis o sujeito, já que não há análise
do estado de consciência. Deve-se apreciar a conduta com base no cidadão
médio. A conduta deve representar uma ação ou omissão que leve em conta a
posição do parceiro contratual, com lealdade, sem abuso, sem lesão e sempre
em cooperação para que ambos atinjam a finalidade contratual.

▪ com lealdade;
▪ sem abuso;
▪ sem lesão.

2.7 Princípio do Consensualismo

Basta para o aperfeiçoamento do contrato, o acordo de vontades,


contrapondo-se ao formalismo e ao simbolismo que vigoravam em tempos
primitivos, decorre da moderna concepção de que o contrato resulta do
consenso, do acordo de vontades, independente da entrega da coisa,
(GONÇALVES, 2022).

O consensualismo puro(REGRA) onde o fator fundamental é o acordo


de vontades acerva do objeto e no caso, por exemplo, da formação do contrato
de compra e venda é necessário que exista o acordo de vontades acerca do
preço e do objeto (art. 482 do CC). Já o consensualismo real é fundamental
que ocorra além do acordo de vontades, a tradição do objeto, como por
exemplo o contrato de comodato (art. 579 do CC) e o contrato de depósito
(art. 627 do CC).

O consensualismo é da essência do contrato e não representa senão, o


acordo das vontades das partes manifestada na direção de um objetivo comum;
é o traço característico, por assim, dizer, da relação contratual, compondo e
harmonizando em uma vontade convergente, duas vontades opostas.
Assim, o consensualismo está intimamente ligado a concepção de
confiança mútua e de uma forma geral a sua manutenção cumpre a realização
da função social.

Esse princípio do consentimento recíproco é, portanto, fundamento do


contrato, podendo ser externado de maneira verbal ou escrita e expressa ou
tácita.

2.8 Princípio da Ordem Pública

O interesse da sociedade deve prevalecer quando colide com o


interesse individual. Ressalte-se que o princípio da autonomia da
vontade não é absoluto, como já visto.

Artigo 6º do Código Civil

Artigo 2035, parágrafo único do Código Civil

Artigo 17 da lei de introdução às normas do Direito Brasileiro

OBS: A doutrina considera de ordem pública , dentre outras as normas que


instituem a organização da família( casamento, filiação adoção, alimentos), as
que estabelecem a ordem de vocação hereditária e sucessão testamentária,
dentre outras, que não admitem derrogação, compõem leis que proíbem ou
ordenam cerceamento nos seus limites a liberdade de todos, (GONÇALVES,
2020).

2.9 Princípio da revisão dos contratos, ou da onerosidade excessiva

A onerosidade excessiva é um estado contratual que ocorre quando


acontecimentos supervenientes, extraordinários e imprevisíveis provoquem
mudanças na situação refletindo diretamente sobre a prestação devida, tornando
assim excessivamente onerosa para o devedor, enquanto a outra parte obtém
benefício exagerado.

Algumas teorias explicam o instituto, porém, é possível apontar duas


teorias como as que mais profundamente fundamentam a revisão judicial dos
contratos, pois essas são as que mais se destacam. São elas a Teoria da
Imprevisão e a Teoria da Base do Negócio Jurídico.

A teoria da imprevisão, a onerosidade excessiva caracteriza-se diante


da ocorrência de fato superveniente à celebração do contrato, imprevisível e
extraordinário para as partes, tornando a obrigação extremamente onerosa para
uma delas ao mesmo tempo em que há um ganho exagerado para a outra. A
teoria da onerosidade excessiva nos contratos é encontrada nos artigos 478 a
480 do vigente Código Civil.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou
diferida, se a prestação de uma das partes se tornar
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a
outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e
imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do
contrato. Os efeitos da sentença que a decretar
retroagirão à data da citação.

Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a


apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua
prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-
la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.

Pressupostos de aplicabilidade

1- Contrato de execução continuada ou diferida;

2- Fato superveniente;

3- Acontecimento extraordinário e imprevisível;

4- Onerosidade excessiva da prestação de uma das partes;

5- Vantagem extrema para outra parte.

Presentes os seguintes pressupostos estabelecidos no artigo 478 do


Código Civil o devedor prejudicado pode requerer a resolução do negócio
jurídico. Porém de acordo com o artigo 479, é possível a revisão do contrato,
desde que a parte contraria se ofereça para modificar as condições então
vigentes.

A onerosidade excessiva está ligada a resolução e não a revisão


contratual, mas nada impede que o interessado (réu da ação de resolução
do contrato) se ofereça, ante o princípio da conservação do negócio
jurídico, na contestação ou na transação judicial, para modificar a
prestação, evitando a rescisão do contrato e restabelecer o equilíbrio
contratual.

A teoria da onerosidade excessiva é, assim, um benefício destinado ao


devedor-obrigado, cuja prestação se tenha tornado excessivamente onerosa, em
decorrência de acontecimentos supervenientes, em relação ao momento de
formação dos contratos, extraordinários e imprevisíveis.
O instituto da onerosidade excessiva e a possibilidade de revisão ou
resolução dos contratos, é com certeza uma das mais significativas conquistas
neste campo. Diante isso tudo que foi explanado, pode-se dizer, que a teoria da
imprevisão surgiu como um abrandamento ao princípio obrigatório dos contratos,
estando em absoluta conformidade com os princípios norteadores do Código
Civil.
Fonte: GONÇALVES, Mariana, 2019)

Teoria da Base Objetiva: pertencente ao direito consumerista, aplica-


se quando fatos previsíveis ou não trazem onerosidade excessiva ao
consumidor. Enseja, por isso, a revisão do contrato (a resolução também
é possível, mas excepcionalmente). É também chamada de Teoria da
Quebra da Base Contratual, pois entende-se que a base do contrato é o
equilíbrio entre as partes e a onerosidade quebraria essa harmonia.
Artigo 6.º, V, do CDC.

Teoria da Imprevisão: pertencente ao direito civilista, aplica-se


quando fatos extraordinários e imprevisíveis trazem onerosidade
excessiva a uma parte do contrato E extrema vantagem para a outra.
Enseja, por isso, a revisão ou resolução do contrato. É vista como cláusula
inerente e implícita a todos os contratos regidos pelo CC: "rebus sic
stantibus", em que os pactos mantêm-se iguais, se as condições também
se mantiverem iguais. É exceção à regra "pacta sunt servanda", em que o
contrato faz lei entre as partes. Artigos 478 a 480 do CC.

LEITURA OBRIGATÓRIA ARTIGO CIENTÍFICO NO PERSEUS: OS


INSTRUMENTOS DE REVISÃO CONTRATUAL DO CÓDIGO CIVIL
BRASILEIRO E SEU USO NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE
CORONAVÍRUS- Fábio Queiroz Pereira Professor Adjunto de Direito Civil da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutor em Direito Civil pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Direito Civil pela
Universidade de Coimbra

2.7.1 DESDOBRAMENTOS DA BOA- FÉ OBJETIVA (pesquisa, exemplo e


discussão em sala de aula)

2.7.1.1 Proibição de “venire contra factum proprium”

2.7.1.2 “Supressio”

2.7.1.3 “ Surrectio”
2.7.1.4 “Duty to mitigate the loss”

2.7.1.5 “Tu quoque”

2.7.1.6 Exceptio Doli”

2.7.1.7 Cláusula “Stoppel”

INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS

Nem sempre o contrato traduz a exata vontade das partes. Muitas vezes
a redação mostra-se obscura e ambígua, por essa razão não só a lei deve ser
interpretada, mas também os negócios jurídicos em geral.

Interpretar o negócio jurídico é, portanto, precisar o sentido e alcance


do conteúdo da declaração de vontade.

A interpretação contratual é declaratória quando tem como único


escopo a descoberta da intenção comum dos contratantes no momento da
celebração do contrato; e construtiva ou integrativa, quando objetiva o
aproveitamento do contrato, mediante o suprimento das lacunas e pontos
omissos deixados pelas partes.

A integração contratual preenche as lacunas encontradas nos contratos


buscando encontrar a verdadeira intenção das partes, muitas vezes revelada nas
entrelinhas, utilizando-se para isso a lei, a analogia, os costumes, os princípios
gerais de direito ou a equidade.

Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá


mais à intenção nelas consubstanciada do que ao
sentido literal da linguagem.

Dois princípios hão de ser sempre observados, na interpretação do


contrato: o da boa-fé e o da conservação do contrato.

Boa-fé - art. 113 do CC ( redação dada pela Lei nº


13.874, de 2019)

Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser


interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de
sua celebração.
§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe
atribuir o sentido que:

I - for confirmado pelo comportamento das partes


posterior à celebração do negócio;

II - corresponder aos usos, costumes e práticas do


mercado relativas ao tipo de negócio;

III - corresponder à boa-fé;

IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o


dispositivo, se identificável;

V - corresponder a qual seria a razoável negociação


das partes sobre a questão discutida, inferida das
demais disposições do negócio e da racionalidade
econômica das partes, consideradas as informações
disponíveis no momento de sua celebração.

Conservação ou aproveitamento do contrato: se uma cláusula


contratual permitir duas interpretações diferentes, prevalecerá a que possa
produzir algum efeito, pois não se deve supor que os contratantes tenham
celebrado um contrato carecedor de qualquer utilidade. Deverá conduzir, sempre
que possível, à revisão judicial dos contratos e não à resolução contratual.

Observação 01:

• Contrato de adesão com cláusulas ambíguas ou contraditórias, deverá


adotar a interpretação mais favorável ao aderente (art. 423);
• A transação interpreta-se restritivamente (art. 843);
• A fiança não admite interpretação extensiva (art. 819);
• Clausula testamentária suscetível de interpretações diferentes,
prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador
(art. 1.899).
• O Código de Defesa do Consumidor: Art. 47: “As cláusulas contratuais
serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”.

Observação 02:

Regras práticas para interpretar um contrato comum:


a) a melhor maneira de apurar a intenção dos contratantes é verificar o
modo pelo qual o vinham executando, de comum acordo;

b) deve-se interpretar o contrato, na dúvida, da maneira menos onerosa


para o devedor (in dubis quod minimum est sequimur);

c) as cláusulas contratuais não devem ser interpretadas isoladamente,


mas em conjunto com as demais;

d) qualquer obscuridade é imputada a quem redigiu a estipulação, pois,


podendo ser claro, não o foi (ambiguitas contra stipulatorem est);

e) na cláusula suscetível de dois significados, interpretar-se-á em atenção


ao que pode ser exequível (princípio da conservação ou aproveitamento
do contrato).

FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

O contrato é dividido em quatro fases principais, que são:

• Negociações preliminares ou de pontuação;


• Fase de proposta, policitação ou oblação;
• Fase de contrato preliminar; e
• Fase de contrato definitivo ou de conclusão do contrato.

1- Fase de negociações ou de puntuação

A manifestação de vontade é o primeiro e mais importante requisito para a


existência de um negócio jurídico, pois, é nesse momento que começa os
primeiros diálogos para um futuro contrato. Ou seja, antecede a formalização da
proposta, conhecido também como proposta não formalizada.

Um exemplo simples é quando as partes manifestam as suas vontades


através de uma carta de intenções que foi assinada e mostra à vontade para um
futuro contrato. Importante lembrar que essa fase contratual não está presente
de forma expressa no Código Civil de 2002, e por esse motivo não se pode
afirmar que essa fase vincula as partes como ocorre na proposta.
Essa vinculo só ocorrerá se ficar demonstrada a deliberada intenção. A
falsa manifestação de interesse pode causar dano ao outro contraente, uma vez
que, por exemplo, perdeu outro negócio ou realizou despesas para o fechamento
de tal contrato, ou seja, prejuízo efetivo, responsabilidade aquiliana e não
contratual.

Assim, de acordo com a doutrina e a jurisprudência, não é incorreto afirmar


que a fase de puntuação gera deveres às partes, pois em alguns casos, por
conta da confiança depositada, a quebra desses deveres pode gerar a
responsabilização civil.

2- Fase de proposta, policitação ou oblação

Essa fase está relacionada com a declaração de vontades, no qual é dirigido


de uma pessoa para outra, onde a primeira manifesta a sua intenção para o
vinculo se a outra aceitar a proposta. Mas, são necessários alguns requisitos
para a ocorrência dessa fase:

• A presença de todos os elementos essenciais do negócio proposto, como


preço, quantidade, tempo de entrega e entre outros.
• A proposta deve ser séria e consciente
• Deve também ser clara, completa e inequívoca.

Além de entender esses requisitos, é necessário compreender alguns


conceitos que fazem parte da proposta, que são:

• Policitante, proponente ou solicitante: é aquele que formula a


proposta, estando, em regra, vinculado a ela.
• Policitado, oblato ou solicitado: é aquele que recebe a proposta e, se
aceitar, torna-se aceitante, o que gera o aperfeiçoamento do contrato
(choque ou encontro de vontades). O oblato poderá formular uma
contraproposta, situação em que os papéis se invertem: o proponente
passa a ser oblato e vice-versa.

Em suma, desde que a proposta seja séria e consciente, vincula o


proponente. A obrigatoriedade da proposta consiste no ônus, imposto ou
proponente, de mantê-las por certo tempo a partir de sua efetivação e de
responder por suas consequências.

Com efeito, a morte intercorrente não desfaz a promessa, que se insere como
elemento passivo da herança. A proposta se transmite aos herdeiros como
qualquer outra obrigação.
Proposta não obrigatória:

Os casos em que a proposta não é obrigatória estão previstos no art. 428


do Código Civil, como exposto a seguir:

a) Deixa de ser obrigatória a proposta, se, feita sem prazo a


pessoa presente, não foi imediatamente aceita (art. 428, inc. I).
Esse mesmo dispositivo enuncia que deve ser considerada entre
presentes a proposta feita por telefone ou outro meio semelhante,
podendo nesse dispositivo se enquadrar o contrato eletrônico
celebrado entre presentes (v.g., por videoconferência digital ou
pelo Skype). A categoria jurídica em questão é denominada pela
doutrina como contrato com declaração consecutiva;
b) Não será obrigatória a proposta se, feita sem prazo a pessoa
ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar à
resposta ao conhecimento do proponente (art. 428, inc. II, do
CC). Ou seja, trata-se do contrato com declarações intervaladas.
O tempo suficiente é um conceito legal indeterminado. Mas, para
os fins legais, são considerados ausentes os que negociam
mediante troca de correspondência ou intercâmbio de documentos.
c) Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta
dentro do prazo dado.” Se foi fixado prazo para a resposta, o
proponente terá de esperar pelo seu término. Esgotado, sem
resposta, estará este liberado, não prevalecendo a proposta feita.
d) Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento
da outra parte a retratação do proponente.” Apesar da força
obrigatória da proposta, a lei permite ao proponente a faculdade de
retratar-se, ainda que não haja feito ressalva nesse sentido.
Todavia, para que se desobrigue e não se sujeite às perdas e
danos, é necessário que a retratação chegue ao conhecimento do
aceitante antes da proposta ou simultaneamente com ela, “casos
em que as duas declarações de vontade (proposta e retratação),
por serem contraditórias, nulificam-se e destroem-se
reciprocamente.

Contraproposta no contrato

Dando continuidade as fases de formação dos contratos, temos a


proposta, que caso esteja fora do prazo, com edições, restrições ou
modificações, haverá uma nova proposta, de forma a inverter os papéis
entre as partes, conforme comentado no (art. 431, CC).

Caso esse que é bastante conhecido como contraproposta,


principalmente em casos de negociações pré-contratuais.
Fase de aceitação na formação dos contratos

Essa fase, nada mais é do que a formulação da vontade concordante do


oblato, feita dentro do prazo e envolvendo adesão integral à proposta recebida.
Espécies de aceitação:

• Expressa: decorre de declaração do aceitante, manifestando a sua


anuência
• Tácita: decorre de sua conduta, reveladora do consentimento. Se, por
exemplo, um fornecedor costuma remeter os seus produtos a
determinado comerciante e este, sem confirmar os pedidos, efetua os
pagamentos, instaura-se uma praxe comercial. Se o último, em dado
momento, quiser interrompê-la, terá de avisar previamente o fornecedor,
sob pena de ficar obrigado ao pagamento de nova remessa.

Hipótese de inexistência de força vinculante da aceitação

Continuando nas fases da formação dos contratos, a aceitação, embora


expedida a tempo, por motivos imprevistos chegar tarde ao conhecimento do
proponente (CC, art. 430, primeira parte). Embora expedida no prazo, a
aceitação chegou tardiamente ao conhecimento do policitante, quando este,
estando liberado em virtude do atraso involuntário, já celebrara negócio com
outra pessoa, a circunstância deverá ser, sob pena de responder por perdas e
danos, imediatamente comunicada ao aceitante.

Se antes da aceitação ou com ela chegar ao proponente a retratação


do aceitante, dispõe, com efeito, o art. 433 do Código Civil que se considera
“inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a
retratação do aceitante”. Verifica-se que a lei permite também a retratação da
aceitação.
Neste caso, a “declaração da vontade, que continha a aceitação, desfez-se,
antes que o proponente pudesse tomar qualquer deliberação no sentido da
conclusão do contrato”.

Momento da conclusão do contrato

Contrato entre presentes:


Se o contrato for realizado entre presentes nenhum problema haverá visto que
as partes estarão vinculadas na mesma ocasião em que o oblato aceitar a
proposta. Nesse momento, caracteriza-se o acordo recíproco de vontades e, a
partir dele, o contrato começará a produzir efeitos jurídicos.
Contratos entre ausentes:
Nesses casos, há uma divergência entre os autores sobre o momento em que
a convenção se torna concluída, apontando as seguintes teorias:

Teoria da informação ou da cognição:


Para essa teoria é necessário a chegada da resposta ao
conhecimento do policitante, no qual irá entender inteiramente o
seu teor. Ou seja, não basta a correspondência ser entregue ao
destinatário; o aperfeiçoamento do contrato se dará somente no
instante em que o policitante abri-la e tomar conhecimento do teor
da resposta.

Teoria da declaração ou da agnição:


Subdivide-se em três:
• Teoria da declaração propriamente dita: o instante da
conclusão coincide com o da redação da correspondência
epistolar. Obviamente, tal entendimento não pode ser aceito,
porque além da dificuldade de se comprovar esse momento,
o consentimento ainda permanece restrito ao âmbito do
aceitante, que pode destruir a mensagem em vez de remetê-
la;
• Teoria da expedição: não basta a redação da resposta,
sendo necessário que tenha sido expedida, isto é, saído do
alcance e controle do oblato. É considerada a melhor,
embora não seja perfeita, porque evita o arbítrio dos
contraentes e afasta dúvidas de natureza probatória;
• Teoria da recepção: exige que, além de escrita e expedida,
a resposta tenha sido entregue ao destinatário. Distingue-se
da teoria da informação porque esta exige não só a entrega
da correspondência ao proponente como também que este
a tenha aberto e tomado conhecimento de seu teor.

Diante disso, é correto afirmar que o Código Civil adotou tanto a teoria
da expedição quanto a da recepção, sendo a primeira regra e a segunda
exceção, de acordo com a própria organização da matéria no Código em
vigor.
A grande dúvida reside sobre a formação do contrato eletrônico,
segundo o entendimento celebrado entre ausentes, como é o caso da
contratação por e-mail majoritário.
Portanto, o que prevalece na doutrina nacional é a aplicação da teoria
da recepção, o que pode ser retirado do Enunciado n. 173 do CJF/STJ,
aprovado na III Jornada de Direito Civil:

A formação dos contratos realizados entre


pessoas ausentes, por meio eletrônico,
completa-se com a recepção da aceitação
pelo proponente.

Para terminar o estudo desta fase, anote-se que, segundo o art. 435 da
atual codificação material, “reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em
que foi proposto”. Eventualmente, e por uma questão lógica, caso haja
contraproposta, o local do contrato deve ser reputado onde essa última foi
formulada.

Por fim, as fases abrangem desde a fase de negociação,


perpassando pela proposta e finalizando com a aceitação.

BOA PROVA!!!

SOMOS O QUE ESCOLHEMOS SER OU O QUE ACEITAMOS.

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