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Princípio da proteção do Consumidor


Dentro da seção destinada à análise das práticas comerciais, o microssistema consumerista trata expressamente da
proteção ao consumidor na seara contratual, buscando estabelecer normas especiais que ofereçam tratamento
especial à parte vulnerável da relação de consumo.
Como já analisado no estudo dos direitos que regem a lei de Defesa dos direitos do consumidor, a autonomia
privada e a força obrigatória dos contratos (“pacta sunt servanda”) existente nas relações consumeristas é atenuada
pela heteronomia exercida pelo caráter de ordem pública e interesse social que emana das disposições do
microssistema de direito de consumidor.
Isso implica dizer que os contratos regidos pela lei de defesa dos direitos do consumidor têm sua validade
condicionada à observância dos princípios e regras contidos no microssistema consumerista, os quais são, em sua
maioria, irrenunciáveis e submetidos uma leitura constitucionalizada da autonomia da vontade, que também exige
o cumprimento de sua função social e a observância da boa-fé objetiva.

princípio da Transparência e Vinculação Contratual


O art. 21º, nº2 da Lei da Defesa dos direitos do consumidor estabelece que os contratos que regulam as relações de
consumo não obrigarão os consumidores, se:
Não for dada a eles a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo do contrato; ou
Os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
Trata-se de implicação directa do princípio da transparência, que determina que a informação no contrato deve ser
clara, fácil, útil, completa e gratuita, não se podendo aceitar a utilização de expedientes que deem margem a
prejuízos à parte vulnerável da relação.
Entretanto, releva notar que as limitações contratuais, que restringem direitos do consumidor, são possíveis, desde
que, para além de seguir as diretrizes da transparência e da boa-fé objetiva, sejam razoáveis e não abusivas.

Princípio da Interpretação mais Favorável


De acordo com o art.21º, nº3 da lei n• 22/20109, de 29 de sstembro . “As cláusulas contratuais serão interpretadas
de maneira mais favorável ao consumidor.” Dessa forma, se o contrato submetido à disciplina da Lei de Defesa
dos direitos do consumidor possuir cláusula dúbia ou mal redigida, ou se houver conflito entre cláusulas ou
dificuldade de se apurar seu âmbito de aplicação, a interpretação deverá ser dirigida favoravelmente
ao consumidor.
Trata-se de disposição similar o para o tratamento de contratos de adesão, dado o facto de que a grande maioria dos
contratos previstos pela lei de Defesa dos direitos do consumidor possui tal natureza,conforme se verá adiante.
Vale mencionar, contudo, que a regra da LDC é mais ampla e determina interpretação mais favorável também às
cláusulas previstas em contratos que não sejam tidos como de adesão.

princípio da Vinculação do Fornecedor


Este princípio consiste na responsabilidade por vício do serviço previsto no art.16 da lei n• 22 / 2009, de 28 de
setembro( lei da Defesa dos direitos do consumidor). As declarações de vontade constantes
de escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam o
fornecedor, ensejando inclusive execução específica.
Trata-se de disposição que, em reforço aos comandos que prestigiam a boa-fé objectiva, reconhecendo que
o princípio da confiança influencia diretamente no ânimo da contratação, não compactuando com a frustração da
expectativa razoavelmente gerada no consumidor.
A interpretação dessa disposição deve ser ampla, de modo a incluir como vinculantes todas as manifestações
razoavelmente comprovadas, mesmo que implícitas, sendo de se notar que, aplicação da teoria da aparência, a
fonte de tais manifestações é ampla, sendo vinculantes aquelas que advêm de prepostos e representantes
autônomos do fornecedor.

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