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RESPONSABILIDADE CIVIL

Curso de Mestrado em Direito Civil


Módulo de Responsabilidade Civil

Rui Lágrima Inácio Ezequiel Chichango


Código: 706230189

1. Responsabilidade contratual

A responsabilidade contratual resulta da violação de um direito de crédito ou obrigação em


sentido técnico, embora segundo alguma doutrina o qualificativo não se mostra rigoroso, dado
que, além dos contratos, existem outras fontes de tais vínculos – negócios jurídicos unilaterais e
lei, artigos 798 e seguintes do Código Civil

2. Responsabilidade Extracontratual

2.1. Responsabilidade por factos ilícitos

Responsabilidade extracontratual ou extra-obrigacional é que deriva da violação de deveres ou


vínculos jurídicos gerais, isto é, de deveres de conduta impostos a todas as pessoas e que
correspondem aos direitos absolutos, ou até da prática de certos atos que, embora lícitos,
produzem dano a outrem, artigos 483 e seguintes do Código Civil, queé a regra geral .

2.2. Responsabilidade pelo risco

Surge da mera ocorrência do dano e independentemente da culpa na actuação do agente; e que


evolui, posteriormente, para uma responsabilidade que pode mesmo abdicar de uma conexão
entre o responsável e a acção causadora do dano, bastando-se com a existência, para aquele, de
um benefício resultante da actividade que proporcionou o dano, conforme o número 2 do artigo
483º e artigo 499 ambos do Código Civil.
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2.3. Responsabilidade por factos lícitos

É a responsabilidade que deriva da obrigação de indemnizar por actuações lícitas de um agente,


causadoras de dano. Esta responsabilidade não está regulada na lei em termos gerais, mas existem
alguns exemplos como as normas do n.º 1 do artigo 1322º e do n.º 2 do artigo 1348º do Código
Civil.

3. Pressupostos da responsabilidade

Nos termos do n.º 1 do artigo 483 do Código Civil, e da doutrina são mencionados 5 pressupostos
da responsabilidade civil extracontratual por factos ilícitos da enumeram:

a) o facto;
b) ilícitude;
c) a imputação do facto ao agente;
d) o dano, e
e) o nexo de causalidade entre o facto e o dano.

a) Facto

O facto é uma conduta humana e voluntária, controlável pela vontade do agente, afastando-se
deste conceito de facto os eventos naturais causadores de prejuízos que não estejam dependentes
da vontade humana, como acontece com os danos resultantes de causas de força maior ou
produzidos por caso fortuito.

A referida conduta humana e voluntária pode ser praticada através de um acto positivo, de uma
acção, como de um acto negativo, uma omissão. Nestas, a omissão só será considerada causa do
dano se existir, para o agente, um dever jurídico especial de praticar um acto queteria impedido a
consumação desse dano, conforme o teor do artigo 486º do Código Civil.

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b) Ilícitude

A ilícitude é uma conduta antijurídica que consistente na violação de um dever jurídico. No n.º 1
do artigo 483º do Código Civil, são apontadas duas formas de ilícitude: a violação de um direito
de outrem, e a violação de qualquer disposição legal destinada a proteger interesses alheios.

A violação dos direitos de outrem integra os direitos absolutos (uma vez que os direitos relativos
se encontram abrangidos pela responsabilidade contratual), nomeadamente os direitos reais e os
direitos de personalidade.

A segunda forma de violação atenta na infracção a disposições legais destinadas a proteger


interesses alheios, integra a lesão dos interesses dos particulares quando corresponda a ofensa de
uma norma legal; interesses alheios legítimos ou juridicamente protegidos por essa norma; e que
a lesão se efective no próprio bem jurídico ou interesse privado que a lei tutela.

c) Imputação do facto ao agente (culpa)

A culpa é o nexo de imputação subjectiva de um facto ilícito a uma pessoa e que pode comportar
duas vertentes: a imputabilidade, que avalia os graus de discernimento e de liberdade de
determinação de cada agente, considerando-se inimputável aquele que não possua suficiente
capacidade de discernimento ou liberdade de determinação, conforme se retira do disposto no n.º
1 do artigo 488º do Código Civil, e segunda vertente que prende-se com o apuramento da
existência de culpa por parte do agente em face da sua actuação, isto é, do apuramento da
reprovabilidade da sua actuação.

A culpa pode revestir duas formas distintas: o dolo (a que os autores e as leis dão algumas vezes
o nome de má fé) e a negligência ou mera culpa (culpa em sentido estrito).

O dolo pode ser directo, necessário e eventual. No dolo directo, o autor do facto age com a
intenção de atingir o resultado ilícito da sua conduta, que de antemão representou e quis. No dolo
necessário, o agente não tem intenção de causar o resultado ilícito, mas bem sabe que este
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constituirá uma consequência necessária e inevitável do efeito imediato que a sua conduta resulta.
No dolo eventual, o autor representa o resultado ilícito, mas o dano surge apenas como
consequência meramente possível – e não necessária – da sua conduta, actuando ele sem confiar
que o mesmo não se produza.

A mera culpa ou negligência consiste no desleixo, imprudência ou inaptidão. O resultado ilícito


deve-se somente a falta de cuidado, imprevidência ou imperícia.

d) Dano

Só existe responsabilidade civil edever de indemnizar, se, da acção ilícita e culposa, ocorrer um
dano ou prejuízo. Dano é qualquer lesão de um bem ou interesse alheio, merecedor de protecção
pela ordem jurídica. Esses danos podem ser patrimoniais e danos não patrimoniais conforme a
susceptibilidade da sua avaliação pecuniária ou não. indirectos. Mas também podem ser
encontradas outras distinções entre dano real e dano de cálculo, ver o n.º 1 do artigo 564º do
Código Civil; dano emergente que representa perda ou diminuição de valores já existentes no
património do lesado; os lucros cessantes que sereferem aos benefícios que o lesado deixou de
obter em consequência da lesão; danos presentes que são aqueles que já se produziram no
momento da lesão e os futuros aqueles que não aconteceram ainda mas cuja ocorrência é
previsível.

e) Nexo de causalidade entre o facto e o dano

Nexo de causalidade é o laço causal entre o facto e o dano no sentido de se poder afirmar que este
foi produzido por aquele. Isto é, nem todos os danos que sobrevêm ao facto ilícito e culposo são
consequência

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Referência bibliográfica

DOMINGOS, Maria Adelaide; POSSANTE, João; LAMEIRAS. Direito Civil e Processual Civil.
Tomo I. Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários (no âmbito do Programa
PIR PALOP II – VIII FED). Formação contínua para Magistrados Autores Assistência técnica do
INA com apoio científico e pedagógico do CEJ Manual de apoio ao Curso M2. Pág. 223 – 244.

Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa. Responsabilidade Civil. Linha de


Sebentas. Associacao de Estudantes. Págs. 3 - 44.

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