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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


FACULDADE DE DIREITO

DISCIPLINA: RESPONSABILIDADE CIVIL


PROF. DR. ÉLCIO ALÁUDIO SILVA DE MORAES
ALUNO (A): MARIA CLARA RODRIGUES SOARES
Matrícula: 201906140032

1ª AVALIAÇÃO – (Turma – 502019) – (Data – 13/12/2021)

QUETÕES:
1ª) Estabeleça contrapontos entre a responsabilidade civil e a responsabilidade penal,
buscando compreender seus fundamentos diferenciadores e apontando a norma jurídica
que contempla esses institutos. (2 pontos - Resposta de 10 a 15 linhas - Fonte Arial 12).

O art. 935 do Código Civil estabelece a independência entre a responsabilidade civil


e penal, porém, se o âmbito criminal julgou o mérito, o cível estará vinculado à decisão.
Essencialmente, a diferença entre tais responsabilidades é que na responsabilidade penal
o agente infringe norma penal de direito público, logo, o interesse lesado é o da sociedade,
motivo pelo qual, em regra, as ações penais não são condicionadas à representação da
vítima, enquanto que a responsabilidade civil rege-se pelo direito privado, ou seja, o
interesse prejudicado é o da pessoa privada, razão pela qual o interessado pode ou não
pleitear uma indenização para reparar o dano causado. Ademais, a responsabilidade penal
é intransferível, distintamente da responsabilidade civil (patrimonial), que pode ser
estendida para outras pessoas, consoante o art. 5º,XLV, da Constituição Federal. Além
disso, no campo civil, ninguém pode ser responsabilizado com pena de prisão, salvo nos
casos de mora em obrigação alimentar, já no cenário da responsabilidade penal, a
privação de liberdade é a regra. Nesse sentido, por se tratar de um bem jurídico tão
relevante (liberdade), a tipicidade é um dos requisitos genéricos para a incidência da
responsabilidade penal. Por outro lado, qualquer ação ou omissão que cause dano tem
potencial de ensejar responsabilidade civil, conforme arts. 187, 188, 927, 929 e 930 do
Código Civil.

2ª) Nos termos Parágrafo Único do Art. 927 do Código Civil, observa-se que: “Haverá
obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar por sua
natureza, riscos para os direitos de outrem”. Analise esse dispositivo legal, seu alcance e
a qual tipo de responsabilidade civil ele se refere. (2 pontos - Resposta de 10 a 15 linhas -
Fonte Arial 12).

O art. 927 do Código Civil trata da responsabilidade objetiva, que se contrapõe à


responsabilidade subjetiva. Ela é fundada no risco, consistindo na obrigação de indenizar
o dano causado por atividade exercida no interesse do agente que naturalmente implique
riscos à sociedade ou mediante seu dever de cuidado e vigilância com outrem, além dos
demais casos previstos em lei.
Essa modalidade de responsabilidade será fixada na relação de causalidade entre
o dano e a conduta do agente, tornando a culpa prescindível. Isso porque, na teoria do
risco, o elemento culpa pode até existir, porém a sua existência é irrelevante para a
atribuição da responsabilidade.
Tal responsabilidade vem crescendo gradualmente no ordenamento jurídico
brasileiro, de modo que a responsabilidade civil abarca tanto a teoria da culpa quanto a
teoria do risco, sendo considerada um modelo dual. A teoria do risco tem seu alcance
exemplificado na responsabilidade objetiva dos representantes dos incapazes por atos
destes; nos demais casos do art. 932; na esfera ambiental; no campo trabalhista; na
realização de atividade nuclear; relação de consumo; entre outros.

3ª) Discorra sobre os pressupostos da responsabilidade civil e se é possível algum deles


ser desprezado na ocorrência da responsabilidade contratual. (2 pontos - Resposta de 10
a 15 linhas - Fonte Arial 12)

Três são os pressupostos para que a responsabilidade civil seja consubstanciada.


O primeiro é a conduta do agente, seja ela configurada em uma ação ou omissão, que
tenha resultado no mundo exterior. Tal conduta deve ser exercida de modo voluntário, isto
é, mediante a livre capacidade de autodeterminação do indivíduo. O segundo pressuposto
é o dano, que é conceituado como o prejuízo ou lesão a um interesse jurídico tutelado,
gerado por ação ou omissão do agente, podendo o dano ser moral, material ou estético. O
último pressuposto é o nexo de causalidade entre a conduta e o dano, que demonstra a
necessidade de que a ação ou omissão do agente tenha sido a causa geradora do dano.
É possível ignorar o pressuposto da culpa, que, justamente por isso, passa a ser
considerada um elemento acidental da responsabilidade civil. Na responsabilidade
contratual existem casos em que a culpa pode ser desprezada, como por exemplo no
contexto de relação laboral, em que o empregado sofre um acidente exercendo a sua
profissão no ambiente de trabalho, situação na qual o empregador será responsabilizado
objetivamente, não se realizando um juízo de valor sobre a culpa.

4ª) Cite e explique dois princípios constitucionais aplicáveis a responsabilidade civil. (2


pontos - Resposta de 05 a 10 linhas - Fonte Arial 12).

Um princípio importantíssimo que rege a responsabilidade civil é a dignidade da


pessoa humana, calcado no art. 1º, III, da Constituição Federal. Esse princípio visa
proteger o ser humano e resguardar a sua dignidade. Pode-se encontrar o seu teor no
conjunto de normas que protegem direitos existenciais das pessoas, principalmente das
minorias. É um princípio tão relevante que é tratado como o princípio dos princípios da
responsabilidade civil.
Outro princípio é o da solidariedade social, que estimula o dever de proteção que os
cidadãos tem para com o outro, buscando a valorização da sua saúde, bem-estar e
qualidade de vida. Ele está explícito no art. 3º, I, da Constituição Federal, sendo um
objetivo da República Federativa do Brasil a constituição de uma sociedade solidária.

5ª) Formule um conceito de abuso de direito e sua relação com a responsabilidade civil.
Fundamente sua resposta. (2 pontos - Resposta de 05 a 10 linhas - Fonte Arial 12).

Conforme o art. 187 do Código Civil, abuso de direito é quando um titular de direito
o exerce excedendo os limites firmados pela sua finalidade econômica ou social, da boa-
fé e dos bons costumes. É, em outras palavras, um ato naturalmente lícito, que se torna
ilícito mediante o meio exagerado em que esse ato foi praticado, que fere o ordenamento
jurídico.
No mesmo sentido, Gagliano (2017, p. 184) conceitua abuso de direito como a
extrapolação dos limites racionais do exercício do direito. A sua relação com a
responsabilidade civil é que caso se pratique um abuso de direito, e disso resulte dano a
outrem, o agente deverá reparar o dano causado, consoante o art. 927 código civil. A
responsabilidade, nesse caso, é objetiva, não sendo relevante a análise da culpa.

BIBLIOGRAFIA

GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil:
responsabilidade civil. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2017.

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