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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE – FURG

Faculdade de Direito – Curso de Direito

Direito Contratual e Responsabilidade Civil

NOME: Renan Batista Porciuncula MATRÍCULA: 147633

A Responsabilidade Civil do Advogado

Importantíssima atividade no que diz respeito a tentativa de estabelecimento harmonioso dos


conflitos oriundos das relações interpessoais nas mais diversas sociedades, a advocacia, por meio do
advogado, tem papel fundamental no desenrolar de tais demandas, considerando sua obrigatória e
prévia capacitação postulatória, e conhecimento jurídico pertinente à área de atuação.

Nessa entoada, o papel desempenhado pelo advogado no exercício de sua função é revestido
de notória responsabilidade para com seus atos, tendo em vista estar, através de instrumento de
mandato outorgado, lidando com os interesses de seus clientes, devendo atuar com grande
profissionalismo e ética para não prejudicá-los.

Logo, adentraremos a análise da responsabilidade civil na prática advocatícia.

Derivada de um ato ilícito, a Responsabilidade Civil tem origem no descumprimento de uma


obrigação, na conduta em desacordo com determinada cláusula estabelecida em contrato ou na
inobservância, por um indivíduo, de um preceito normativo regulamentador da vida. Gerando,
assim, a obrigação de reparação do dano causado, conforme preceitua Maria Helena Diniz.

A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano
moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por
pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição
legal. (1984, p. 40)

Nesse sentido, vislumbrando a esplêndida conceituação supracitada, se o advogado, no


exercício de suas práticas laborais, enquadrar-se nos elementos elencados na definição da
Responsabilidade Civil subjetiva (dano; a culpa e o nexo causal), a qual veremos a seguir, estará
sujeito a indenizar a quem ocasionou lesão.

Nesse diapasão, Wanessa Mota Freitas Fortes explicíta que:

“A responsabilidade civil do advogado decorre da culpa e tem fundamento na


responsabilidade civil subjetiva. A responsabilidade civil do advogado exige que se
comprove a efetiva culpa, quando no exercício da profissão, para que se pretenda qualquer
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tipo de ressarcimento originado de sua conduta. Em razão da sua obrigação ser de meio e
não de resultado, deve ter ele a garantia de estar isento de responsabilidade no caso de ter
procedido com todo o cuidado, diligência e competência.”

Tão logo, conforme mencionado, o advogado está sujeito a responsabilidade civil subjetiva,
ou seja, exige que se comprove a efetiva culpa, quando no exercício da profissão, para que se
pretenda qualquer tipo de ressarcimento originado de sua conduta. Dentre tais condutas, pode-se
dizer que incorre em responsabilidade civil o advogado que, imprudentemente, não segue as
recomendações do seu cliente, não lhe pede instruções para as seguir, descumpre prazos passíveis
de danos, entre outras.

Em relação a legislação, os dispositivos que se enquadram em tal definição temos:

Art. 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187, CC. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.

Art. 927, CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Ademais, a atividade da advocacia encontra-se positivada através da Lei 8906/94, que é o


estatuto da advocacia e da OAB, destacando em seu art. 32, que o advogado é totalmente
responsável pelos seus atos que praticar, no exercício de sua profissão, com dolo ou culpa, e impõe,
também, no art. 33, a aplicação obrigatória na questão preceitos estabelecidos no Código de Ética e
Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil, cujos deveres estão expresso no artigo 2º, parágrafo
único.

Art. 32. O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional, praticar com
dolo ou culpa.

Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado será solidariamente responsável


com seu cliente, desde que coligado com este para lesar a parte contrária, o que será
apurado em ação própria.

Art. 33. O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres consignados no Código


de Ética e Disciplina.

Parágrafo único. O Código de Ética e Disciplina regula os deveres do advogado para com
a comunidade, o cliente, o outro profissional e, ainda, a publicidade, a recusa do
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patrocínio, o dever de assistência jurídica, o dever geral de urbanidade e os respectivos


procedimentos disciplinares.

Cumpre ressaltar, ainda, que dentre as demais exceções de responsabilidade existentes, a


Constituição Federal, em seu art. 133, garante ao advogado imunidade por seus atos e
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. Dispondo, também, o art. 2º, § 3º, da já
mencionada Lei 8906/94 que no exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e
manifestações, nos limites desta lei, reiterando o já afirmava a Carta Magna.

Art. 133, CF. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por
seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

Art. 2º, Lei 8906/94. O advogado é indispensável à administração da justiça.

§ 3º. No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, nos
limites desta lei.

Dessa forma, pelo breve exposto, e considerando a expansão e importância deste tema,
notório se faz compreender da importância do tema responsabilidade civil de modo geral, tendo em
vista que, diante da vida em sociedade, toda e qualquer ação deve estar em consonância com o que
está estabelecido no ordenamento jurídico, ou não ultrapassar o que nele encontra-se disposto.
Logo, fazendo alusão a atividade advocatícia, temos que a análise das práticas de seus
profissionais decorre tamanha importância, considerando, ainda, a crescente demanda por
resoluções de conflitos através destes, e a responsabilidade que carregam. Decorrendo, portanto, a
importância da legislação especial, aliados, para isso, o rigor dos tribunais quanto a prática antiética
da profissão, prezando sempre pelos princípios da honra e boa-fé.

Referências:

DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1984.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
Lei 8.906/94 – Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil.

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