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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

INTRODUÇÃO

1. NOÇÃO JURÍDICA - A noção de responsabilidade implica a ideia de resposta, termo que, por
sua vez, deriva do vocábulo verbal latino respondere, com o sentido de responder, replicar.

Alguém, o responsável, deve responder perante a ordem jurídica em virtude de algum fato
precedente;

O fato (em caráter comissivo ou omissivo) e a sua imputabilidade a alguém constituem


pressupostos inafastáveis do instituto da responsabilidade

1.1 – TIPOS DE RESPONSABILIDADE

O fato gerador da responsabilidade varia de acordo com a natureza da norma jurídica que o
contempla.

i) Ilícito penal: Ação Penal


ii) Ilícito Civil: Ação Civil
iii) Ilícito Administrativo: PAD

Regra: independência das instâncias;

Atenção!

Exemplo: Uma infração administrativa de impontualidade de um servidor causa a sua


responsabilidade administrativa, mas não implica sua responsabilidade penal, porque não foi
violada norma dessa natureza. Por outro lado, se o indivíduo causa dano a outrem, agindo com
negligência, tem responsabilidade civil, mas não penal nem administrativa, vez que sua conduta
só vulnerou norma de caráter civil.

2. RESPONSABILIDADE CIVIL - aquela que decorre da existência de um fato que atribui a


determinado indivíduo o caráter de imputabilidade dentro do direito privado.

Fundamento:

a) Art. 186 do Código Civil;


b) Art. 927 do Código Civil;

3. DANO E INDENIZAÇÃO

a) DANO: A responsabilidade civil tem como pressuposto o dano (ou prejuízo). Significa dizer
que o sujeito só é civilmente responsável se sua conduta, ou outro fato, provocar dano a
terceiro. Sem dano, inexiste responsabilidade civil.

Obs.: DANO MATERIAL X DANO MORAL

O dano material é aquele em que o fato causa efetiva lesão ao patrimônio do indivíduo atingido.
Já na noção do dano moral, o que o responsável faz é atingir a esfera interna, moral e subjetiva
do lesado, provocando-lhe, dessa maneira, alguma forma de sofrimento ou incômodo.
b) INDENIZAÇÃO: A sanção aplicável no caso de responsabilidade civil é a indenização, que se
configura como o montante pecuniário que representa a reparação dos prejuízos causados pelo
responsável.

4. SUJEITOS DO CENÁRIO - hipóteses em que o Estado (intangível) é civilmente responsável


por danos causados a terceiros.

Três sujeitos:

O ESTADO – O LESADO – O AGENTE DO ESTADO

EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO

a) 1ª fase: Sujeito é irresponsável, com regras provindas do Monarca (Teoria da


Irresponsabilidade);
b) 2ª fase: responsabilidade civil em situações pontuais, tornando-se o Estado um sujeito
responsável;
c) 3º fase: Código Civil de 1916 traz o Estado como sujeito responsável sempre que existe
conduta ilícita (responsabilidade subjetiva).

Necessários os elementos:

I) Conduta lesiva;
II) Danos;
III) Nexo Causal;
IV) Elemento Subjetivo (culpa ou dolo)
- Culpa/Dolo do agente (1º momento)
- Culpa/Dolo do serviço (culpa anônima: serviço não foi prestado ou prestado de
forma ineficiente ou de forma atrasada – 2º momento);

d) 4º fase: CF/46 – Responsabilidade Objetiva por condutas lícitas ou ilícitas;

Elementos:

I) Conduta lesiva;
II) Dano;
III) Nexo causal;

Obs.: Excludentes de responsabilidade subjetiva: basta afastar qualquer elemento.


Obs.: Excludente de Responsabilidade Objetiva: basta afastar qualquer dos elementos;

DIREITO BRASILEIRO

Regra: TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO

1. CÓDIGO CIVIL - Era o Código Civil que regulava anteriormente a responsabilidade do Estado.

a) Art. 43;

Obs.: o Código, na parte que constitui o núcleo básico da norma, passou a disciplinar o tema
em consonância com a vigente Constituição;

2. CONSTITUIÇÃO FEDERAL
a) Art. 194;

b) Art. 37, § 6º - regula a matéria - Em regra, RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO.

3. ANÁLISE DOS ELEMENTOS CONSTITUCIONAIS

O texto do art. 37, § 6º, da Constituição de 1988, apresenta três elementos que merecem
destaque: pessoas responsáveis, agentes do Estado, a duplicidade de relações jurídicas;

3.1 - PESSOAS RESPONSÁVEIS

a) as pessoas jurídicas de direito público - as pessoas componentes da federação (União,


Estados, Distrito Federal e Municípios), as autarquias e as fundações públicas de
natureza autárquica;

b) as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos - as pessoas


privadas da Administração Indireta (empresas públicas, sociedades de economia mista
e fundações públicas com personalidade de direito privado), quando se dedicam à
prestação de serviços públicos, e os concessionários e os permissionários de serviços
públicos (175, CF);

Atenção!
Art. 173, § 1º, CF - empresas públicas e as sociedades de economia mista
EXPLORADORAS DE ATIVIDADES ECONÔMICAS (responsabilidade subjetiva);

3.2 – AGENTE DO ESTADO - Dispõe o art. 37, § 6º, da CF que o Estado é civilmente responsável
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, venham a causar a terceiros.

Sua atuação se consubstancia por seus agentes, pessoas físicas capazes de manifestar
vontade real.

Todavia, como essa vontade é imputada ao Estado, cabe a este a responsabilidade civil pelos
danos causados por aqueles que o fazem presente no mundo jurídico.

3.3 – A DUPLICIDADE DE RELAÇÕES JURÍDICAS

a) relação jurídica entre o Estado e o lesado - (responsabilidade objetiva do Estado);

b) relação jurídica pertinente ao direito de regresso (teoria da responsabilidade subjetiva


ou com culpa);

Estão presentes, desse modo, no preceito constitucional, dois tipos de responsabilidade civil: a
do Estado, sujeito à responsabilidade objetiva, e a do agente estatal, sob o qual incide a
responsabilidade subjetiva ou com culpa.
APLICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

1. PRESSUPOSTO - fator culpa, então, fica desconsiderado como pressuposto da


responsabilidade objetiva.

Três pressupostos:

a) ocorrência do fato administrativo;


b) o dano;
c) o nexo causal (ou relação de causalidade) entre o fato administrativo e o dano.

Obs.: presentes os devidos pressupostos, tem o dever de indenizar o lesado pelos danos que
lhe foram causados sem que se faça necessária a investigação sobre se a conduta
administrativa foi, ou não, conduzida pelo elemento culpa.

2. ÔNUS DA PROVA

a) ao Estado só cabe defender-se provando a inexistência do fato administrativo, a inexistência


de dano ou a ausência do nexo causal entre o fato e o dano.

b) o ônus da prova incumbe a quem alega (onus probandi incumbit ei que dicit, non qui negat) -
se o autor da ação alega a existência do fato, o dano e o nexo de causalidade entre um e outro,
cabe ao Estado-réu a contraprova sobre tais alegações.

3. PARTICIPAÇÃO DO LESADO - Para que se configure a responsabilidade do Estado, é necessário


que seja verificado o comportamento do lesado no episódio que lhe provocou o dano.

a) se o lesado em nada contribuiu para o dano que lhe causou a conduta estatal, é apenas o
Estado que deve ser civilmente responsável e obrigado a reparar o dano;

b) se o lesado tiver sido o único causador de seu próprio dano (autolesão, não tendo o Estado
qualquer responsabilidade civil, eis que faltantes os pressupostos do fato administrativo e da
relação de causalidade);

c) se o lesado tenha ao menos contribuído de alguma forma para que o dano tivesse surgido (a
indenização devida pelo Estado deverá sofrer redução proporcional à extensão da conduta do
lesado que também contribuiu para o resultado danoso); é a aplicação do sistema da
compensação das culpas no direito privado.

Exemplo: acidente de trânsito em que dois veículos colidiram em cruzamento por força de
defeito no semáforo: provado que ambos trafegavam com excesso de velocidade, contribuindo
para o resultado danoso, foi-lhes assegurada indenização do Poder Público apenas pela metade
dos danos;

4. FATOS IMPREVISIVEIS - força maior e de caso fortuito.

Deve-se considerar o caráter de imprevisibilidade de que se revestem;


Considerar a exclusão da responsabilidade do Estado no caso da ocorrência desses fatos
imprevisíveis (na hipótese de caso fortuito ou força maior nem ocorreu fato imputável ao
Estado, nem fato cometido por agente estatal e, se é assim, não existe nexo de causalidade entre
qualquer ação do Estado e o dano sofrido pelo lesado) – FATOS EXCLUDENTES DA
RESPONSABILIDADE.

5. ATOS DE MULTIDÕES os danos causados ao indivíduo em decorrência exclusivamente de


tais atos não acarreta a responsabilidade civil do Estado, já que, na verdade, são tidos como
atos praticados por terceiros;

Não existe pressupostos da responsabilidade objetiva do Estado, seja pela ausência da conduta
administrativa, seja por falta de nexo causal entre atos estatais e o dano;

Atenção!

Conduta Omissiva do Estado – gera responsabilidade civil;

6. DANOS DE OBRA PÚBLICA

a) por razão natural ou imprevisível, e sem que tenha havido culpa de alguém, a obra pública
causa dano ao particular - responsabilidade objetiva do Estado;

b) por culpa do executor - responsabilidade subjetiva

c) por culpa do executor e do Poder Público - responsabilidade primária e solidária;

7. CONDUTAS OMISSIVAS

A responsabilidade objetiva do Estado se dará pela presença dos seus pressupostos – o fato
administrativo, o dano e o nexo causal. Todavia, quando a conduta estatal for omissiva, será
preciso distinguir se a omissão constitui, ou não, fato gerador da responsabilidade civil do
Estado;

- Somente quando o Estado se omitir diante do dever legal de impedir a ocorrência do dano é
que será responsável civilmente e obrigado a reparar os prejuízos;

Exemplo: professora recebeu ameaças de agressão por parte de aluno e, mais de uma vez,
avisou a direção da escola, que ficou omissa; tendo-se consumado as agressões, tem o Poder
Público responsabilidade por sua omissão.

8. RESPONSABILIDADE PRIMÁRIA E SUBSIDIÁRIA

a) A responsabilidade é primária quando atribuída diretamente à pessoa física ou à pessoa


jurídica a que pertence o agente autor do dan;

b) A responsabilidade será subsidiária quando sua configuração depender da circunstância de


o responsável primário não ter condições de reparar o dano por ele causado;
ATOS LEGILATIVOS

1. PRESSUPOSTO: obrigação do Estado de indenizar, ainda que a lei produza um dano jurídico
lícito.

a) leis inconstitucionais;

b) leis de efeito concreto;

c) omissão legislativa;

ATOS JUDICIAIS

1. PRESSUPOSTO: atos administrativos de apoio praticados no judiciário;

a) condutas dolosas;

b) condutas culposas;

REPARAÇÃO DO DANO

1. INDENIZAÇÃO: A indenização é o montante pecuniário que traduz a reparação do dano.


Corresponde à compensação pelos prejuízos oriundos do ato lesivo;

2. MEIOS DE REPARAÇÃO DO DANO: pode ser reivindicada através de dois meios - o


administrativo e o judicial;

3. PRECRIÇÃO:

a) Decreto nº 20.910/1932 – 5 anos;

O DIREITO DE REGRESSO

É assegurado ao Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o agente


responsável pelo dano, quando tenha este agido com culpa ou dolo.

a) Na via administrativa, o pagamento da indenização pelo agente será sempre resultado


de acordo entre as partes;
b) Na via judicial, frustrado o acordo, o Estado promoverá a devida ação de indenização,
que tramitará pelo procedimento comum;

PRESCRIÇÃO: à pretensão ressarcitória (ou indenizatória) do Estado, a Constituição assegura a


imprescritibilidade da ação;

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