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Ato Administrativo

Os atos da administração não podem ser confundidos com atos


administrativos. Os atos da administração tem sentido amplo e indica todo e
qualquer ato que se origine dos inúmeros órgãos que compõem o sistema
administrativo de qualquer dos poderes.
No direito privado, é um ato de vontade que tem efeitos no mundo jurídico,
como modificar, extinguir, transferir, etc., direitos.
Espécie de ato jurídico.
Conceito: manifestação ou declaração da Administração Pública, nesta
qualidade, ou de particulares, no exercício de prerrogativas públicas, que tenha
por fim imediato a produção de efeitos jurídicos determinados, em
conformidade com o interesse público e sob regime predominante de direito
público. (Marcelo Alexandrino e Vicente de Paulo).
Ou seja...
- Administração Pública (típica): direta, indireta, função administrativa;
- Particulares: com prerrogativas públicas (serviço público);
- Fim: produção de efeitos jurídicos (extinção, modificação, declaração);
- Interesse Público;
- Direito Público;

1. Elementos do Ato Administrativo


São pressupostos de validade do Ato Administrativo:
a) Competência:
Círculo definido por lei dentro do qual os agentes podem exercer legitimamente
sua atividade.
Elemento vinculado (a lei estabelece);
É a delimitação legal da atribuição a órgãos e agentes públicos; delimitação
dada por lei; se o ato não for praticado por agente competente, não será válido;
É possível que haja deslocamento de competência.
Deslocamento de competência: (compatibilidade de funções)
 Delegação – para outro praticar; ex.: carta precatória.
O agente transfere a outro, normalmente de plano hierárquico inferior, funções
que originariamente lhe são atribuídas.
 Avocação – pegar para si; hierarquia/subordinação; o órgão precisa ser
superior para tomar o ato para si;
A autoridade hierarquicamente superior atrai para a sua esfera decisória a
prática de ato da competência natural de agente com menor hierarquia.
b) Finalidade:
É aquilo que se pretende com a prática do ato; é o elemento pelo qual todo ato
administrativo deve estar dirigido ao interesse público.
Elemento vinculado;
 Aspecto genérico – interesse público; não pode mudar;
 Aspecto específico – pode variar de acordo com o ato; ex.:
desapropriação;

c) Forma:
Elemento vinculado;
É o meio de exteriorização do ato; como se apresenta;
Ex.: licença para dirigir – exteriorização através da CNH;
Em regra, escrito. Pode ser feito por sinais.
d) Motivo
Pode ser vinculado ou discricionário;
Situação de fato ou de direito que gera a vontade do agente quando pratica o
ato administrativo.
São as circunstâncias, situações ou acontecimentos que levam a
Administração a praticar o ato; a motivação do agente para praticar o ato.
Motivo ≠ motivação.
Motivo (fato); motivação (justificativa – acontecimento);
Quando justifica, vincula.
**Teoria dos motivos determinantes; é possível anular o ato se a justificativa
não for verdadeira;
e) Objeto
Pode ser vinculado ou discricionário;
Conteúdo. É a efetiva transformação que o ato produz no mundo jurídico; é a
alteração no mundo jurídico que o ato administrativo se propõe a processar;
Pode o objeto do ato administrativo consistir na aquisição, resguardo,
transferência, extinção ou declaração de direitos.
Ex.: o objeto de uma licença para construção tem por objeto permitir que o
interessado possa edificar de forma legítima; o objeto de uma multa é punir o
transgressor de norma administrativa.

Ex.: multa de trânsito (sanção de polícia):


 Competência (agente competente);
 Finalidade (interesse público);
 Forma (escrita);
 Motivo (transgressão);
 Objeto (punir);

2. Atributos do Ato Administrativo:


São as prerrogativas do Ato Administrativo decorrentes do princípio da
supremacia do interesse público sobre o interesse privado.
a) Presunção de legitimidade e legalidade dos atos administrativos.
São presumidos verdadeiros e legais (relativo); admite prova em contrário do
interessado;
b) Imperatividade.
Os atos administrativos são dotados de força coercitiva, ou seja, são de
observação e cumprimento obrigatórios.
Decorre do poder de império.
c) Autoexecutoriedade.
A Administração não precisa de autorização do Poder Judiciário para prática de
seus atos administrativos.
d) Tipicidade:
O Ato Administrativo deve corresponder a uma previsão legal.

Extinção do Ato Administrativo


Retirar o ato do mundo administrativo para que não produza mais os efeitos.
1. Extinção Natural:
Decorre do cumprimento normal dos efeitos do ato.
Prazo ou Objeto;
Ex.: obter uma licença para construir uma casa, o ato será extinto quando a
casa estiver pronta.
2. Extinção precoce:
a) Renúncia – o interessado no ato renuncia.

b) Extinção subjetiva (desaparecimento da pessoa do ato) / extinção


objetiva (desaparecimento do objeto);

c) Retirada do ato:

 Anulação: desfazimento do ato em virtude do vício de legalidade.


 Revogação: por razões de conveniência e oportunidade, a
administração pública promove a retirada do ato;
 Cassação: quando o beneficiário de determinado ato descumpre
condições que permitem a manutenção do ato e seus efeitos. Tem
caráter sancionatório;
 Caducidade: perda dos efeitos jurídicos em virtude de norma jurídica
superveniente, contrária aquele que respaldava a prática do ato.
 Derrubada: Um ato é praticado para extinguir os efeitos de outro ato
praticado anteriormente.

ANULAÇÃO REVOGAÇÃ CASSAÇÃO CADUCIDAD DERRUBAD


O E A
Vício de O Ato nasce Ocorre quando Não há vício Um ato novo
origem; ex.: legal; não há há uma de origem. extingue os
ato praticado vício de ilegalidade Decorre de efeitos do ato
por agente origem; nova superveniente uma anterior; não
incompetente análise de decorrente do ilegalidade há vício de
. mérito descumpriment superveniente origem; não
conforme o dos requisitos , em virtude há ilegalidade
conveniência do ato pode de legislação supervenient
e parte do posterior. e; ex.: ato de
oportunidade. beneficiário. nomeação x
Ex.: CNH. exoneração.
Efeitos Efeitos não Efeitos não Efeitos não Efeitos Ex
retroativos - retrativos – retroativos retroativos nunc
“ex tunc” “ex nunc”
A A Administração Administração Administraçã
Administraçã Administraçã pode pode o pode
o Pública o pode
pode anular revogar seus
seus próprios atos
atos
(autotutela)
Poder Pode Poder Poder
judiciário Judiciário não Judiciário pode Judiciário
pode anular pode pode
adentrar no
mérito
administrativo
, sob pena de
ferir o
princípio da
separação
dos poderes.

Responsabilidade Civil
É aquela que decorre da existência de um fato que atribui a determinado
indivíduo o caráter de imputabilidade dentro do direito privado; tem como
pressuposto o dano;

1. Quanto à espécie:
 Contratual
 Extracontratual

2. Quanto à presença de culpa: (dolo/culpa)


 Subjetiva (regra)
 Objetiva

 Responsabilidade Civil
 Responsabilidade Penal
 Responsabilidade Administrativa

Responsabilidade Civil do Estado


Art. 37º, § 6º, CRFB.
Responsabilidade Objetiva – dispensa a verificação do fator culpa em
relação ao fato danoso; incide em decorrência de fatos lícitos ou ilícitos,
bastando que o interessado comprove a relação causal entre o fato e o dano
(teoria do risco administrativo).
Responsabilidade Subjetiva – o elemento culpa precisa se fazer presente,
sendo indispensável para ensejar o dever do Estado de reparar o dano.

 Condutas comissivas – responsabilidade objetiva.


Quando o fato administrativo é comissivo, podem os danos ser gerados por
conduta culposa ou não. A responsabilidade objetiva do Estado se dará pela
presença dos seus pressupostos – fato administrativo, dano e nexo causal.

 Condutas omissivas – responsabilidade subjetiva.


Precisa demonstrar; regra.
Quando a conduta estatal for omissiva, será preciso distinguir se a omissão
constitui, ou não, fato gerador da responsabilidade civil do Estado.

Elementos objetivos da Responsabilidade Objetiva:


a) Conduta estatal – conduta no exercício das funções;
b) Dano ao particular;
c) Nexo de Causalidade (demonstrar que a conduta causou o dano);
Obs.: Não há elementos subjetivos da responsabilidade objetiva.
Não importa se a conduta estatal foi lícita ou ilícita.

Teorias
Teoria do Risco Administrativo: (regra)
As atividades desenvolvidas pelo Estado são de risco, e se causar dano devem
ser reparadas.
Se houver participação total do lesado, o Estado não será responsável.
Se houver participação parcial do lesado, o Estado será responsável apenas no
que concerne a sua obrigação de indenizar.
Esta teoria admite excludente de responsabilidade, nos seguintes casos
(rompe o nexo de causalidade):
i. Caso fortuito ou força maior.
ii. Culpa exclusiva da vítima.
iii. Ato praticado por terceiro.
Observações:
 Atos multitudinários – eventos provocados por multidão incidem sobre
casos de omissão específicos.
 Omissão específica – casos de falha no serviço.
 Culpa concorrente – se o dano não ocorrer somente por culpa do
agente, mas também por culpa da vítima, não exclui a responsabilidade
do Estado; prejuízo dividido; não há excludente.
(exceção):
Teoria do Risco Integral:
A responsabilidade sequer depende de nexo causal e ocorre até mesmo
quando a culpa é da própria vítima.
O particular não deve suportar o dano da coletividade, mas não se fala em
excludente de responsabilidade.
a) Risco Ambiental
b) Danos Nucleares
Divergência: Casos de custódia:
Ex.: Pessoas presas – o estado responderá dependendo do caso
concreto.

Pessoa Jurídica
 De direito publico:
Entes federativos da Administração Indireta, autarquias, F. P. Autárquicas.
 De direito privado (prestadores de serviço público):
Administração indireta (fundações públicas governamentais);
Empresa Pública / Sociedade de Economia Mista (verificar se prestam serviço
público); (exceto quando exploram atividade econômica).
 Particulares:
Depende de contrato administrativo; ex.: empresa de ônibus.

Ação Regressiva
Estado em face do agente causador do dano; Deve-se demonstrar que houve
conduta culposa ou dolosa (responsabilidade civil subjetiva).
Controle da Administração Pública
É poder como o dever que a própria Administração (ou outro poder) tem de
vigiar, orientar e corrigir sua atuação administrativa.
É exercitável em todos e por todos os poderes.
Conjunto de mecanismos jurídicos e administrativos por meio dos quais se
exerce o poder de fiscalização e de revisão da atividade administrativa em
qualquer das esferas do Poder.
Objetivo: garantir que a atividade administrativa seja desenvolvida em
conformidade com as normas e com os princípios administrativos.
Poder Executivo (função típica);
Poder Judiciário e legislativo (função atípica)
Possibilidade de um poder exercer controle sobre os outros.
Classificação
1. Conforme a origem:

A) Interno: é aquele exercido pela entidade ou órgão responsável pela


atividade controlada, no âmbito da sua própria estrutura (art. 74, CRFB);
o órgão exerce dentro de sua esfera;
B) Externo: ocorre quando um poder exerce o controle sobre os atos
administrativos praticados por outro poder. Ex.: apreciação de contas do
executivo e judiciário, pelo poder legislativo;
C) Externo Popular: ocorre quando o controle é realizado pelos
administrados.

2. Conforme o momento do exercício:

A) Prévio: antes de cada ato ser praticado (art. V, CF); é exercido antes de
consumar-se a conduta administrativa; tem natureza preventiva;
B) Concomitante: fiscalização da execução de um contrato administrativo,
durante o ato. Ex.: execução de uma obra; é aquele se processa à
medida que vai se desenvolvendo a conduta administrativa;
C) Posterior: a administração anula um ato praticado pela própria, ou
judiciário anula o ato praticado pela administração (posterior e externo);
tem por objeto a revisão de atos já praticados, seja para confirmar ou
corrigir; as ações judiciais são instrumentos de controle posterior dos
atos administrativos: primeiro o ato é praticado e somente depois é que
o Judiciário aprecia sua legalidade, por exemplo.

3. Conforme o aspecto controlado:


A) Controle de legalidade: verifica-se se o ato foi praticado dentro da
legalidade (posterior / interno ou externo); o órgão controlador faz o
confronto entre a conduta administrativa e uma norma jurídica vigente e
eficaz, que pode estar na CF, na lei ou em ato administrativo impositivo.
B) Controle de mérito: quando a lei confere margem de escolha para a
prática do ato; se consuma pela verificação da conveniência e
oportunidade da conduta administrativa; neste controle, nada se
questiona sobre a legalidade da conduta; verifica-se apenas se uma
conduta anterior merecer prosseguir ou deve ser revista;

Judiciário anula um ato discricionário por ser ilegal.

4. Conforme a amplitude

A) Hierárquico: decorre do poder hierárquico / ocorre dentro de uma


mesma pessoa (mérito ou legalidade);
B) Finalístico: administração direta exerce sobre a indireta, verificando a
finalidade específica;

Intervenção do Estado na propriedade privada

Considera-se intervenção do Estado na propriedade toda e qualquer atividade


estatal que, amparada em lei, tenha por fim ajustar a propriedade aos inúmeros
fatores exigidos pela função social a que está condicionada.

A intervenção ocorre graças ao princípio da supremacia do interesse público


sobre o interesse privado.

Formas interventivas:

1. Intervenção restritiva (branda)

É aquela em que o Estado impõe restrições e condicionamentos ao uso da


propriedade, sem, no entanto, retira-la de seu dono. O dono não pode utiliza-la
ao seu exclusivo critério e deve se subordinar às imposições do Poder Público.

Não perde a propriedade para o poder público, apenas sofre restrição;

Tipos:

a) Limitação administrativa: limita a propriedade de forma geral, não


atingindo uma propriedade específica; não gera indenização;

São determinações de caráter geral, através das quais o Poder Público impõe
a proprietários indeterminados obrigações positivas, negativas ou permissivas,
para o fim de condicionar as propriedades ao atendimento da função social.
Ex.: obrigação que impõe a limpeza de terrenos, proibição de construir além de
determinado número de pavimentos;

 Atos de caráter geral


 Definitivos
 Ausência de indenização

b) Servidão administrativa: sempre recai sobre bens imóveis; tem


natureza não temporária; é instruída por acordo ou decisão judicial;
caberá indenização de acordo com a restrição do imóvel;

É o direito real público que autoriza o Poder Público a usar a propriedade


imóvel para permitir execução de obras e serviços de interesse coletivo.

 Natureza jurídica é a de direito real;


 Incide sobre bem imóvel
 Tem caráter de definitividade;
 A indenização é prévia e condicionada (neste caso só se houver
prejuízo)
 Só se constitui através de acordo ou decisão judicial

c) Tombamento: recai sobre bens móveis e imóveis, com o objetivo de


proteção do patrimônio histórico, cultural, científico e paisagístico; em
regra, não cabe indenização; pode haver incentivos ficais para o
imóvel tombado; cria obrigações para o proprietário (art. 216, CF);

O Poder público tenta proteger o patrimônio cultural.

d) Requisição administrativa (art. 5º, XXVI, CF): em caso de perigo


iminente, o poder público pode intervir na sua propriedade;
indenização posterior ao uso, em caso de dano;

O Estado utiliza bens móveis, imóveis e serviços particulares em situação de


perigo público iminente.

O proprietário somente fará jus a indenização se a atividade estatal lhe tiver


provocado danos.

 Direito pessoal da administração


 Perigo iminente como pressuposto
 Bens imóveis /móveis
 Transitoriedade
 Indenização posterior (dano)

e) Ocupação temporária administrativa: recai sobre bens imóveis que


precisam ser utilizados para realização de obras e serviços; tem
natureza temporária; caberá indenização posterior se houver dano;
situação de menor duração;
 Direito de caráter não real
 Propriedade imóvel
 Transitoriedade
 Indenização varia de acordo com a modalidade de ocupação

2. Intervenção supressiva (drástica)

É aquela em que o Estado, valendo-se da supremacia que possui em relação


aos indivíduos, transfere coercitivamente para si a propriedade de terceiro, em
virtude de algum interesse público previsto na lei.

O indivíduo perde a sua propriedade; gera transferência da propriedade


particular para a pública;

Desapropriação; natureza não temporária.

A desapropriação é o procedimento de direito público pelo qual o Poder Público


transfere para si a propriedade de terceiro, por razões de utilidade pública ou
interesse social, normalmente mediante o pagamento de indenização.

Tipo:

a) Desapropriação ordinária (art. 5º, XXIV, CF):


 Necessidade pública
 Utilidade pública
 Interesse público

Justa e prévia indenização em dinheiro; leva em conta o valor venal;

b) Desapropriação Especial: (desapropriação sancionatória)

Prevista para os casos de descumprimento da função social.

 Urbana (art. 182, § 4ª, III, CF)


Competência: municípios;
Indenização: título de dívida pública, em até 10 anos;
Inobservância de plano diretor aprovador por lei;

§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no
plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão


previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
 Rural (art. 184, CF)
Competência: união;
Indenização: título da dívida agrária, em até 20 anos;
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e
justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor
real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e
cuja utilização será definida em lei.

 Expropriação (art. 243, CF)


Natureza jurídica de confisco;
Não há indenização;
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho
escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a
programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem
prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no
art. 5º.

**Desapropriação confiscatória – retira a propriedade do particular e não paga


nada.

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