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ART.

171-A do Código Penal

Atualizações constantes em PDF pelo site da Editora Juspodivm

1. FRAUDE COM A UTILIZAÇÃO DE ATIVOS VIRTUAIS, VALORES


IMOBILIÁRIOS OU ATIVOS FINANCEIROS – ART. 171-A DO CP

Fraude com a utilização de ativos virtuais, valores mobiliários ou ativos financeiros


Art. 171-A. Organizar, gerir, ofertar ou distribuir carteiras ou intermediar operações que envolvam
ativos virtuais, valores mobiliários ou quaisquer ativos financeiros com o fim de obter vantagem ilícita,
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro
meio fraudulento.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.”

1.1. Introdução
O novo tipo penal foi incluído no Código Penal com a publicação da Lei
14.478/22, publicada em 22.12.22, com previsão de vacatio legis de 180 dias, de forma
que somente passará a ser efetivamente concebido como crime a conduta prevista após a
fluência do referido prazo, isto é, 20.06.2023.
O delito, típico da moderna criminalidade que envolve as novas modalidades de
negociação por meio de ativos virtuais, como as criptomoedas, trilha a linha da tutela do
indivíduo não habituado ao mercado financeiros que acaba sendo induzido a obter
lucros exorbitantes e irreais diante das promessas de golpistas, especialmente diante da
grande valorização que os ativos virtuais alcançaram nos anos que antecederam a edição
da Lei 14.478/22. Vale destacar, todavia, que o novo tipo penal não abrange somente os
ativos virtuais, alcançando outras espécies de ativos financeiros.
O bem jurídico tutelado no crime de fraude com a utilização de ativos virtuais,
valores mobiliários ou ativos financeiros é o patrimônio, especialmente tutelado em
razão da prática de atos de engodo por parte do sujeito ativo no ambiente de operações
envolvendo ativos virtuais, valores mobiliários ou quaisquer ativos financeiros. O delito
tem por escopo, portanto, a repressão de fraudes contra o patrimônio relacionadas ao
mercado financeiro, tratado no contexto, de forma não estrita.

1.2. Sujeitos do crime


O crime de fraude com a utilização de ativos virtuais, valores mobiliários ou
ativos financeiros é comum e, portanto, pode ser praticado por qualquer pessoa. O
sujeito passivo, igualmente, pode ser qualquer pessoa.
É perfeitamente possível a dupla subjetividade passiva no crime fraude com a
utilização de ativos virtuais, valores mobiliários ou ativos financeiros, como na
hipótese em que a vítima do engodo é uma e aquela que sofre o prejuízo outra.

1.3. Estrutura do tipo penal


A arquitetura do crime de fraude com a utilização de ativos virtuais, valores
mobiliários ou ativos financeiros, previsto no art. 171-A do CP, é formada pelos verbos
nucleares organizar, gerir, ofertar, distribuir ou intermediar; pelas elementares
objetivas carteiras, para si ou para outrem; pelas elementares normativas operações
que envolvam ativos virtuais, valores mobiliários, quaisquer ativos financeiros,
vantagem ilícita, em prejuízo alheio e induzindo ou mantendo em erro, mediante
artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento; e pelo especial fim a agir com o fim
de.
Verbos Nucleares
•Organizar
•Gerir
•Ofertar
•Distribuir ou
•Intermediar

Elementares objetivas
•Carteiras

Elementares normativas
•Operações que envolvam ativos virtuais, valores mobiliários ou quaisquer ativos
financeiros
•Vantagem ilícita
•Em prejuízo alheio
•induzindo ou mantendo em erro
•Mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento

Elementares subjetivas e especial fim de agir


•Dolo
•Doutrinariamente se exige o especil fim de agir da obtenção de vantagem ilícita
patrimonial - com o fim de.

A estrutura, todavia, não se resume aos elementos revelados pela leitura literal,
pois também traz a estrutura basilar finalista, composta na sua integralidade pela
conduta, resultado, nexo de causalidade e tipicidade.
O tipo penal vale-se dos verbos nucleares organizar (estruturar, planejar, formar),
gerir (administrar, controlar, gerenciar), ofertar (disponibilizar, oferecer, expor),
distribuir (difundir, disseminar, entregar, lançar) carteiras ou intermediar (mediar,
intervir) em operações relacionadas a ativos virtuais, valores mobiliários ou quaisquer
ativos financeiros com o fim de obter vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento.
Do contexto da Lei 14.478/22, que inseriu o dispositivo no Código Penal, extrai-
se que não basta que o agente realize as condutas descritas no tipo penal para o delito
esteja caracterizado, vez que a interpretação sistêmica do dispositivo caminha na linha
da realização da atividade criminosa no contexto de gestão financeira do patrimônio
alheio, ainda que sem vínculos formais associados a uma pessoa jurídica.
Assim, o agente que não realiza uma atividade típica de gestão, organização,
oferta ou distribuição de carteiras de investimentos, ou intermedeia operações ativos
financeiros, mas tão somente pratica uma fraude em uma negociação de ativos virtuais,
não realiza o tipo penal previsto no art. 171-A do CP, mas tão somente dá vazão à
incidência do crime de estelionato (art. 171, caput, CP) ou outros previstos na Lei
7.492/86. Parece-nos exigível, portanto, que a origem da fraude tenha por âncora, em
compreensão lato sensu, a ideia de gestão patrimonial, ainda que não formal.
Nesse sentido, entendemos que a compreensão do novo tipo penal passa pela
irradiação normativa do art. 1º da Lei 7.492/86, a ser captada como vetor interpretativo,
de sorte que a fraude, prevista no art. 171-A do CP, tenha, por premissa na origem, a
compreensão, fundada no induzimento ou manutenção em erro por parte da vítima, de
que o estelionatário amolda-se à figura, ainda que equiparada, de instituição financeira.
Referida conclusão guarda relevância para a questão relacionada à competência
para julgamento do delito. Rogério Sanches, em primeiras linhas sobre o novo tipo
penal1, destaca que:
A partir da edição da Lei 14.478/22, a tendência deve ser a
fixação da competência na Justiça Federal. Isso porque as
características desse crime (atividade dedicada à gestão
financeira) impõem que o sujeito ativo ao menos se organize na
forma de uma instituição financeira, ainda que informalmente.
Não obstante a fraude com a utilização de ativos tenha sido
inserida entre os crimes patrimoniais, a constituição do tipo
penal nos leva a concluir que o patrimônio é tutelado juntamente
com o sistema financeiro, que sem dúvida é vulnerável a atos
fraudulentos cometidos na gestão de carteiras e na
intermediação de operações de quaisquer ativos financeiros. É
patente o interesse da União nesses casos, inclusive no tocante
aos ativos virtuais, tanto que a Lei 14.478/22 dispõe que as
prestadoras de serviços desses ativos somente poderão operar
mediante prévia autorização de órgão ou entidade da
Administração Pública federal. Ainda que não seja possível
sustentar a existência de um efetivo controle de ativos como as
criptomoedas, quando se trata de entidades ou indivíduos que
lidam com a gestão de patrimônio o interesse federal é tão

1
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2022/12/27/fraude-com-a-utilizacao-de-ativos-virtuais-
valores-mobiliarios-ou-ativos-financeiros-lei-14-478-22-breves-comentarios/. Acesso em 15.01.23, as
19h.
presente quanto na operação de instituições financeiras
tradicionais.
Não obstante a compreensão da lógica do raciocínio e partirmos igualmente da
premissa do art. 1º da Lei 7.492/862 como vetor interpretativo, não partilhamos, por
completo, da mesma solução jurídica no tocante à competência para julgamento do
delito.
Primeiro, porque se fosse essa a intenção real do legislador, não haveria razões
para se posicionar o delito no Código Penal, como uma nova forma de estelionato e,
portanto, crime patrimonial, pois bastaria ao legislador ter inserido a nova figura típica
contra crime contra o sistema financeiro nacional, previsto na Lei 7.492/86, alterada,
inclusive, pela Lei 14.478/22.
Em segundo elemento argumentativo, assinalamos a existência de distinção entre
o agente que se enquadra em alguns dos modelos equiparados previstos no
parágrafo único do art. 1º da Lei 7.492/86 – pessoa jurídica que capte ou administre
seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de
terceiros (I) e pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo,
ainda que de forma eventual (II) – e o indivíduo que tão somente confere,
fraudulentamente, ares de agente que atua no mercado de gestão de recursos
financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou custódia, emissão,
distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários,
seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança.
Em síntese, há que se diferenciar o estelionatário, que arquiteta o golpe contra as
vítimas valendo-se de fraude ab initio, do “agente financeiro” que atua de forma regular
no mercado e, valendo-se dessa condição, pratica uma fraude. No primeiro caso, há, na
origem, uma fraude nitidamente voltada para lesão de potencial consumidores, não
atraindo, por si só, a competência da Justiça Federal, pois se trata, tão somente, de uma
nova modalidade de fraude. No segundo caso, pelo menos em tese, o crime tem origem

2
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público ou
privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou
estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores
mobiliários.
Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira: (Vide Lei nº 14.478, de 2022)
I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de
poupança, ou recursos de terceiros;
II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de forma
eventual.
na conduta de um agente regulado e autorizado pelo Estado, de forma que se afigura
possível a atração da competência da Justiça Federal, por revelar interesse da União em
razão do necessário compliance que norteia as atividades praticadas pelas instituições
financeiras, ainda que equiparadas. Não obstante, o fato da conduta não ter sido prevista
como crime na Lei 7.492/86, mas no Código Penal, revela, para nós, uma tendência
primária de fixação da competência da Justiça Estadual, seguindo-se o modelo da
decisão proferida pelo STJ, no julgamento do CC 170.392/SP, DJe 16.06.2020, ainda
que os ativos virtuais tenham sido minimamente regulados pela Lei 14.478/22, com a
necessidade de autorização estatal para que as empresas prestadoras de serviços operem
ativos virtuais:
"A operação envolvendo compra ou venda de criptomoedas não
encontra regulação no ordenamento jurídico pátrio, pois as
moedas virtuais não são tidas pelo Banco Central do Brasil
(BCB) como moeda, nem são consideradas como valor
mobiliário pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), não
caracterizando sua negociação, por si só, os crimes tipificados
nos arts. 7º, II, e 11, ambos da Lei n. 7.492/1986, nem mesmo o
delito previsto no art. 27-E da Lei n. 6.385/1976" (CC
161.123/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR,
TERCEIRA SEÇÃO, DJe 5/12/2018). Conforme jurisprudência
desta Corte Superior de Justiça, "a captação de recursos
decorrente de 'pirâmide financeira' não se enquadra no conceito
de 'atividade financeira', para fins da incidência da Lei n.
7.492/1986, amoldando-se mais ao delito previsto no art. 2º, IX,
da Lei 1.521/1951 (crime contra a economia popular) (CC
146.153/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO, DJe 17/5/2016). Na espécie,
o Juízo Estadual suscitado discordou da capitulação jurídica de
estelionato, mas deixou de verificar a prática, em tese, de crime
contra a economia popular, cuja apuração compete à Justiça
Estadual nos termos da Súmula 498 do Supremo Tribunal
Federal – STF. Ademais, ao declinar da competência, o Juízo
suscitado não demonstrou especificidades do caso que
revelassem conduta típica praticada em prejuízo a bens, serviços
ou interesse da União. Em resumo, diante da ausência de
elementos que revelem ter havido evasão de divisas ou lavagem
de dinheiro em detrimento a interesses da União, os autos devem
permanecer na Justiça Estadual. Conflito conhecido para,
considerando o atual estágio das investigações documentado no
presente incidente, declarar a competência do Juízo de Direito
da 2ª Vara Criminal de Jundiaí, o suscitado.
Em terceiro e último elemento de argumentação, destacamos que a fraude pode
ser praticada apenas contra uma vítima, de forma que a potencialidade lesiva, ampla por
natureza, pode se materializar em dano a apenas uma pessoa, circunstância incapaz, por
si só, de permitir a aplicação do atributo de crime contra o sistema financeiro nacional.
Não obstante, conforme anteriormente destacamos, apesar da tendência inicial de
fixação da competência da Justiça Estadual, as peculiaridades do caso concreto (sujeito
ativo, extensão, regulação e etc) podem ensejar a competência da Justiça Federal, sendo
necessário, para fins de análise da competência, a busca por eventual prejuízo a bens,
serviços ou interesse da União, perfeitamente possível de ser verificado em algumas
condutas, conforme se extrai do julgamento abaixo transcrito:
Configura o crime contra o Sistema Financeiro do art. 6.º da Lei
7.492/1986 – e não estelionato, do art. 171 do CP – a falsa
promessa de compra de valores mobiliários feita por falsos
representantes de investidores estrangeiros para induzir
investidores internacionais a transferir antecipadamente valores
que diziam ser devidos para a realização das operações. Não
obstante a aparente semelhança com o delito de estelionato
(‘Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro
mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento’),
entre eles há clara distinção. O delito do art. 6.º da Lei
7.492/1986 (‘Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou
repartição pública competente, relativamente a operação ou
situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a
falsamente’) constitui crime formal, e não material (não é
necessária a ocorrência de resultado, eventual prejuízo
econômico caracteriza mero exaurimento); não prevê o especial
fim de agir do sujeito ativo (‘para si ou para outrem’); não exige,
como elemento obrigatório, o meio fraudulento (artifício, ardil
etc.), apenas a prestação de informação falsa ou omissão de
informação verdadeira. Ademais, eventual conflito aparente de
normas penais resolve-se pelo critério da especialidade do delito
contra o Sistema Financeiro (art. 6.º da Lei 7.492/1986) em
relação ao estelionato (art. 171 do CP). Por fim, a conduta em
análise, configura dano ao Sistema Financeiro Nacional, pois
abalada a confiança inerente às relações negociais no mercado
mobiliário, induzindo em erro investidores que acreditaram na
existência e na legitimidade de quem se apresentou como
instituição financeira” REsp 1.405.989/SP, rel. originário Min.
Sebastião Reis Júnior, rel. para o acórdão Min. Nefi Cordeiro, 6ª
Turma, j. 18.08.2015.
Superada a divergente e intrincada questão da competência, ainda passível de
definição pelos tribunais pátrios, necessário se faz analisarmos as demais elementares
típicas pelo fato do tipo penal trazer em seu contexto normas penais em branco.
A elementar carteiras, de natureza objetiva, representa o conjunto de ativos, isto
é, a reunião dos ativos e investimentos realizados.
A definição de ativos virtuais, em verdadeira interpretação autêntica, foi trazida
pelo art. 3º da própria Lei 14.478/22: “Para os efeitos desta Lei, considera-se ativo
virtual a representação digital de valor que pode ser negociada ou transferida por meios
eletrônicos e utilizada para realização de pagamentos ou com propósito de
investimento(...)”. As criptomoedas, como Bitcon, Ethereum, Tether, entre outras,
portanto, amoldam-se à definição legal de ativos virtuais, sendo abrangidas pelo novo
tipo penal.
Os incisos do art. 3º da Lei 14.478/22, por vez, previram, expressamente, as
hipóteses de impossibilidade de caracterização de tais ativos como virtuais,
vejamos: (I) moeda nacional e moedas estrangeiras; (II) moeda eletrônica, nos termos
da Lei nº 12.865, de 9 de outubro de 2013; (III) instrumentos que provejam ao seu
titular acesso a produtos ou serviços especificados ou a benefício proveniente desses
produtos ou serviços, a exemplo de pontos e recompensas de programas de fidelidade; e
(IV) representações de ativos cuja emissão, escrituração, negociação ou liquidação
esteja prevista em lei ou regulamento, a exemplo de valores mobiliários e de ativos
financeiros.
O parágrafo único do art. 3º, por sua vez, dispôs que “competirá a órgão ou
entidade da Administração Pública federal definido em ato do Poder Executivo
estabelecer quais serão os ativos financeiros regulados, para fins desta Lei”. O
dispositivo, aparentemente inofensivo para fins penais, traz em seu conteúdo dois
pontos dignos de registro.
O primeiro, relaciona-se à possibilidade de transformação do tipo penal do art.
171-A do CP em norma penal em branco ao quadrado, pois o complemento normativo,
originariamente buscado na Lei 14.478/22, pode vir a exigir nova complementação no
mencionado ato do Poder Executivo.
O segundo, relacionado à tipicidade e competência, também guarda pertinência
com o aludido ato do Poder Executivo, porquanto a depender da regulamentação, a
conduta pode vir a se amoldar a algum tipo penal previsto na Lei 7.492/86 (art. 2º, 5º 7º,
17, entre outros, por exemplo), atraindo, obrigatoriamente, a competência da Justiça
Federal. Tal compreensão reforça, para nós, a ideia de que o legislador, como o art. 171-
A do CP, teve por escopo primário atingir o estelionatário próprio, isto é, aquele que,
desde o início, visa fraudar não o sistema financeiro em si, mas a coletividade.
Os valores mobiliários, outra elementar normativa, receberam regulamentação
legal pela Lei 6.385/76. Segundo o art. 2º da aludida lei, são valores mobiliários: (I)
ações, debêntures e bônus de subscrição; (II) cupons, direitos, recibos de subscrição e
certificados de desdobramento relativos aos valores mobiliários referidos na alínea
anterior; (III) certificados de depósito de valores mobiliários; (IV) cédulas de
debêntures; (V) cotas de fundos de investimento em valores mobiliários ou de clubes de
investimento em quaisquer ativos; (VI) notas comerciais (título de crédito não
conversível em ações, de livre negociação, representativo de promessa de pagamento
em dinheiro, emitido exclusivamente sob a forma escritural por meio de instituições
autorizadas a prestar o serviço de escrituração pela Comissão de Valores Mobiliários –
art. 45 da Lei 14.195/21); (VII) contratos futuros, de opções e outros derivativos, cujos
ativos subjacentes sejam valores mobiliários; (VIII) outros contratos derivativos,
independentemente dos ativos subjacentes; e (IX) quando ofertados publicamente,
quaisquer outros títulos ou contratos de investimento coletivo, que gerem direito de
participação, de parceria ou de remuneração, inclusive resultante de prestação de
serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do empreendedor ou de terceiros.
Além desses, os Certificados de Recebíveis, previstos no art. 20 da Lei 14.430/22,
por força do §1º do mesmo artigo, quando ofertados publicamente ou admitidos à
negociação em mercado regulamentado de valores mobiliários, são considerados valores
mobiliários.
Por sua vez, o art. 2º, §1º, da Lei 6385/76, expressamente assinala que não são
considerados valores mobiliários os títulos da dívida pública federal, estadual ou
municipal (I) e os títulos cambiais de responsabilidade de instituição financeira, exceto
as debêntures (II).
Em outra elementar normativa, desta feita de cunho aberto e genérico, reveladora
da possibilidade de aplicação da interpretação analógica, o legislador previu as operação
que envolvam quaisquer ativos financeiros, como NFTs (tokens não intercambiáveis),
moedas, depósitos bancários, títulos públicos, e outros que não se incluam nas
definições específicas acima apontadas, como os CDBs (certificados de depósito
bancário), LCI (letras de câmbio imobiliário) e LCA (letras de câmbio do agronegócio),
CDA (certificado de depósito agropecuário e o WA (warrant agropecuários).
Ainda na seara das elementares normativas, por vantagem ilícita há que se
compreender qualquer espécie de vantagem não devida e não somente a econômica, vez
que o legislador não restringiu a natureza da vantagem à espécie econômica como no
crime de extorsão (art. 158 do CP). O prejuízo, ao contrário, por se tratar de crime
contra o patrimônio, assim como destacamos nos comentários relacionados ao crime de
estelionato, deve ser econômico.
O tipo penal valeu-se da previsão do artifício (simulação ou dissimulação) e ardil
(trama, astúcia), utilizando ainda a fórmula genérica qualquer outro meio fraudulento
como forma de contemplar a fraude em sentido amplo.
A fraude praticada precisa ser capaz de enganar a vítima, não se admitindo a
configuração do delito quando o meio utilizado for absolutamente inidôneo para tal fim.
O meio eleito, ardil, artifício ou fraude precisa ser capaz de induzir ou manter a vítima
em erro. Induzir significa levá-la, conduzi-la ao erro, à falsa percepção da realidade.
Manter significa não alertar a vítima que já se encontra em erro, aproveitando-se da
situação fática.
No que toca à conduta, o crime pode ser praticado por ação ou omissão, vez que a
manutenção em erro pode ser derivada de conduta omissiva, especialmente quando o
agente tiver o dever de agir para impedir o resultado.
O crime pode ser praticado sob a modalidade dolo direto e deve contemplar
todas as elementares típicas, não se admitindo a modalidade culposa. Não entendemos
como possível o dolo eventual porque a decisão contrária ao bem jurídico pressupõe o
conhecimento de todas as elementares típicas e do fim especial de agir relacionado à
obtenção da vantagem ilícita.
Não obstante parcela da doutrina caracterizar o delito como formal, entendemos
que consumação do crime de fraude com a utilização de ativos virtuais, valores
mobiliários ou ativos financeiros, ocorre quando a vítima experimenta o prejuízo,
sendo, portanto, crime material, conforme explicação no tópico seguinte.
A solução do nexo de causalidade pela teoria da imputação objetiva não diverge
da doutrina tradicional. O agente que gere carteira de ativos virtual, com o fim de obter
vantagem ilícita, induzindo a vítima em erro mediante fraude, cria um risco
juridicamente desaprovado para o bem jurídico patrimônio da vítima. Por sua vez,
o risco criado com a violação da norma materializa-se no resultado prejuízo alheio,
sendo certo que esse se encontra dentro do alcance do tipo, porquanto se trata de crime
contra o patrimônio.
Por fim, a estrutura do tipo penal completa-se com a tipicidade, expressamente
consignada no art. 171-A do Código Penal.

1.4. Consumação e tentativa


A redação típica é confusa, admitindo a compreensão de que se trata de crime
formal. À guisa de exemplo, Rogério Sanches, em primeira leitura sobre o tipo penal,
entendeu por ser o crime formal3:
Diferentemente do que ocorre no estelionato, crime de duplo
resultado que se consuma após a efetiva obtenção de vantagem
indevida correspondente a um prejuízo para a vítima, a fraude
com ativos financeiros dispensa a vantagem e a correlata lesão
patrimonial. Isso porque, como já adiantamos no item anterior,
neste crime a obtenção da vantagem é um elemento que anima o
agente, não uma parte da conduta. Basta a operação fraudulenta
para que o crime se consume, independentemente da obtenção
de lucro e da provocação de prejuízos.
De fato, o delito, diferentemente do estelionato, que pressupõe o duplo resultado –

3
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2022/12/27/fraude-com-a-utilizacao-de-ativos-virtuais-
valores-mobiliarios-ou-ativos-financeiros-lei-14-478-22-breves-comentarios/. Acesso em 15.01.23, as
19h.
vantagem ilícita, em prejuízo alheio –, vale-se de fórmula distinta, contentando-se com
a caracterização do prejuízo alheio. Enquanto no gênero estelionato, previsto no art. 171
do CP, o legislador exige que o indivíduo obtenha vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
o novo delito parece prestigiar, em primeiro momento, o desvalor da ação ao se valer da
fórmula organizar, gerir, ofertar ou distribuir carteiras ou intermediar operações que
envolvam ativos virtuais, valores mobiliários ou quaisquer ativos financeiros, com o
fim de obter vantagem ilícita, que induza ou mantenha em erro a vítima mediante
meio fraudulento sem exigir, para configuração delitiva, que o agente venha a,
efetivamente, obter a vantagem ilícita.
Apesar do tipo penal não exigir a obtenção da vantagem ilícita, contentando-se
com o fim especial por parte do agente, ao contrário de Sanches, entendemos que o
delito ainda preserva a estrutura material ao exigir o prejuízo alheio.
Retomando as considerações de Rogério Sanches sobre o tema, as quais, de
antemão, pedimos vênia pelas discordâncias parciais, destacamos que o autor, ao
analisar a questão relacionada à voluntariedade da conduta, registrou, adequadamente,
ser o dolo elemento motor subjetivo. Em sequência, e nesse ponto reside o prelúdio
das divergências a serem apontadas, o autor destaca que:
Além disso, há um elemento subjetivo específico: a finalidade
de obter vantagem ilícita, em prejuízo alheio. Nota-se que a
conduta distintiva do estelionato se transforma, na fraude com
ativos financeiros, em finalidade especial.
Não obstante o escólio acima, em pura interpretação gramatical, não há como se
afastar da regra de que a expressão “em prejuízo alheio”, locução adverbial de modo,
prevista entre vírgulas, conecta-se aos verbos nucleares, agregando-lhes um sentido
que não pode ser desconsiderado, pois além de não existirem palavras inúteis na lei,
nos tipos penais, em especial, exige-se a satisfação plena das elementares típicas
para configuração da tipicidade. Logo, temos que, gramaticalmente, a conduta
nuclear base de organizar, gerir, ofertar ou distribuir carteiras ou intermediar
operações que envolvam ativos virtuais, valores mobiliários ou quaisquer ativos
financeiros, conecta-se à locução adverbial de consequência “em prejuízo alheio”,
revelando, pelo menos sob essa lógica, a necessidade do resultado naturalístico.
Em sentido literal, a separação por vírgulas das elementares com o fim de obter
vantagem ilícita e prejuízo alheio evidencia apenas uma finalidade expressa, a de
obter a vantagem ilícita, sendo gramaticalmente equivocada a interpretação de que o
prejuízo alheio seja uma mera complementação da finalidade específica. Não nos
parece haver dúvidas, pelo recorte entre vírgulas e não emprego de modelo diverso (e
causar prejuízo alheio; ou causar prejuízo alheio), que a elementar em prejuízo alheio
revela a necessidade de produção do resultado naturalístico.
Frise-se, por oportuno, que o legislador, ao preservar parte da estrutura do crime
de estelionato – induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou
qualquer outro meio fraudulento –, nitidamente assinalou que a conduta nuclear
também deve ser conjugada com a fraude hábil a induzir ou manter a vítima em
erro.
A indução ou manutenção em erro mediante fraude não pode ser dissociada das
condutas nucleares, residindo, nesse ponto, nossa maior crítica ao dispositivo legal,
que coloca diversas condutas típicas, distintas, em um único cesto.
Na modalidade de intermediar operações que envolvam ativos virtuais, com o
fim de obter vantagem ilícita, induzindo a vítima em erro, mediante fraude, por
exemplo, não há qualquer crítica à previsão típica, pois a intermediação pressupõe um
comportamento da vítima, levada a erro pela fraude.
Entretanto, as condutas de organizar e ofertar carteiras que envolvam ativos
virtuais não necessariamente pressupõem um comportamento da vítima, colocando a
parte final do dispositivo, relacionada ao induzimento ou manutenção de alguém em
erro, mediante fraude, no limbo. Isso porque, ainda que exista fraude na oferta, por
exemplo, não necessariamente essa induzirá alguém ao erro e ao consequente
prejuízo. Se o tipo penal tivesse preservado a lógica do fim especial relacionado à
obtenção de vantagem ilícita, valendo-se da expressão “com o fim de induzir ou
manter alguém erro”, poderíamos trabalhar com a hipótese de crime formal, porque a
elementar “em prejuízo alheio” não teria qualquer razão de existir, uma vez que a
redação típica seria voltada para a punição de condutas objetivas com o escopo de
logro.
Nessa esteira, não nos parece que o legislador tenha repetido, no art. 171-A do
CP, a elementar – em prejuízo alheio – de forma aleatória e sem razão, de modo que
não se exige a obtenção da vantagem ilícita pelo agente criminoso, mas se exige,
para fins de consumação, o prejuízo alheio. Parece-nos complexo conferir um
caráter formal ao tipo penal quando o próprio legislador exigiu a realização de um
resultado material, o prejuízo alheio. Assim, o delito restará consumado quando a
vítima experimentar o prejuízo, sendo desnecessário, para fins de consumação, que o
agente obtenha a vantagem ilícita.
A análise comparativa com o crime de estelionato ainda nos fornece mais
parâmetros para a conclusão.
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem Art. 171-A. Organizar, gerir, ofertar ou distribuir
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo carteiras ou intermediar operações que envolvam
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou ativos virtuais, valores mobiliários ou quaisquer
qualquer outro meio fraudulento. ativos financeiros com o fim de obter vantagem
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício,
ardil ou qualquer outro meio fraudulento.

Não há divergência quanto ao fato de que o crime de estelionato pressupõe o


resultado duplo, obtenção da vantagem ilícita e o prejuízo alheio. Isso porque o verbo
nuclear obter é por demais claro quanto à necessidade do resultado. Ocorre que não
podemos nos olvidar da natureza dolosa do delito, que contempla, na origem da conduta
obter, o conhecimento e a vontade quanto aos possíveis resultados. Logo, por essência,
ainda que o tipo penal não tenha se valido da fórmula “com o fim de”, parece-nos
inquestionável o fato de que o agente que obtém, dolosamente, a vantagem ilícita, não
somente conhecia os possíveis resultados de seu comportamento, mas também os
desejava. Assim, aquele que obtém vantagem ilícita, dolosamente, age,
necessariamente, com o fim de obter, ou não estaremos diante de dolo, de forma que,
implicitamente, a elementar com o fim de, prevista expressamente no art. 171-A do CP,
também integra o crime de estelionato na estrutura do dolo, pois o conhecimento de
todas as elementares típicas é pressuposto marcante desse.
De tal sorte, não nos parece equivocada a compreensão de que o crime de fraude
com a utilização de ativos virtuais, valores mobiliários ou ativos financeiros é uma
forma especial de se praticar o estelionato, com menor grau de rigor para fins de
consumação, pois enquanto no art. 171, CP, exige-se a obtenção da vantagem ilícita e
o prejuízo alheio, no art. 171-A do CP o legislador afastou a necessidade da obtenção
da vantagem ilícita do agente, contentando-se com finalidade específica e a realização
do prejuízo alheio.
Diante das considerações acima, entendemos que o crime de fraude com a
utilização de ativos virtuais, valores mobiliários ou ativos financeiros é material, de
modo que o resultado é naturalístico.
Nesse sentido, entendemos que a tentativa é possível em razão da possibilidade de
fracionamento do iter criminis.

1.5. Ação penal


A ação penal no crime de fraude com a utilização de ativos virtuais, valores
mobiliários ou ativos financeiros é pública incondicionada.

1.6. Conflito aparente de normas


a) Art. 171-A do CP x art. 2º da Lei 7.492/86: Art. 2º Imprimir, reproduzir ou,
de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem autorização escrita da sociedade
emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou valor
mobiliário: Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. Parágrafo único.
Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir
prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo. O delito
em questão, apesar da tipicidade distinta, pode ser praticado em conjunto com o crime
previsto no art. 171-A do CP. A análise das condutas típicas sugere a possibilidade de
sua prática como meio para realização do crime (art. 171-A, CP).
b) Art. 171-A do CP x art. 4º da Lei 7.492/86: Art. 4º Gerir fraudulentamente
instituição financeira: Pena – Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa. Apesar da
proximidade típica, os delitos não se confundem, vez que o tipo previsto na lei especial
é mais amplo do que o previsto no Código Penal e não exige a realização de prejuízo
alheio, além de atrair a normatização específica relacionada à gestão das instituições
financeiras, com a observância de normas do Banco Central e etc.
c) Art. 171-A do CP x art. 6º da Lei 7.492/86: Art. 6º Induzir ou manter em erro,
sócio, investidor ou repartição pública competente, relativamente a operação ou situação
financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente: Pena – Reclusão, de 2
(dois) a 6 (seis) anos, e multa. O crime previsto na lei especial possui grande
proximidade com o delito previsto no Código Penal em razão da expressão “induzir ou
manter em erro”. Entretanto, os crimes não se confundem, pois o crime do art. 6º da Lei
7.492/86 descreve, de forma fechada, o modelo de fraude, a ser praticada por meio de
sonegação de informação ou prestação de informação falsa. Não obstante, pela
proximidade típica, é possível que o delito venha a ser praticado em conjunto com o art.
171-A do CP, funcionando, em determinados casos, como crime meio.
d) Art. 171-A do CP x art. 7º da Lei 7.492/86: Art. 7º Emitir, oferecer ou
negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários: I – falsos ou falsificados; II
– sem registro prévio de emissão junto à autoridade competente, em condições
divergentes das constantes do registro ou irregularmente registrados; III – sem lastro ou
garantia suficientes, nos termos da legislação; IV – sem autorização prévia da
autoridade competente, quando legalmente exigida: Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8
(oito) anos, e multa. O delito em questão, apesar da tipicidade distinta, pode ser
praticado em conjunto com o crime previsto no art. 171-A do CP. A análise das
condutas típicas sugere a possibilidade de sua prática como meio para realização do
crime (art. 171-A, CP).
e) Art. 171-A x art. 9º da Lei 7.492/86: Art. 9º Fraudar a fiscalização ou o
investidor, inserindo ou fazendo inserir, em documento comprobatório de investimento
em títulos ou valores mobiliários, declaração falsa ou diversa da que dele deveria
constar: Pena – Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. O delito, apesar da
tipicidade distinta, pode ser praticado em conjunto com o crime previsto no art. 171-A
do CP. A análise das condutas típicas sugere a possibilidade de sua prática como meio
para realização do crime (art. 171-A, CP).
f) Art. 171-A do CP x art. 16 da Lei 7.492/86: Art. 16. Fazer operar, sem a
devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração (Vetado) falsa,
instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. O delito, apesar da tipicidade
distinta, pode ser praticado em conjunto com o crime previsto no art. 171-A do CP. A
análise das condutas típicas sugere a possibilidade de sua prática como meio para
realização do crime (art. 171-A, CP).
g) Art. 171-A do CP x art. 2º, inciso IX, da Lei 1.521/51: IX - obter ou tentar
obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas
mediante especulações ou processos fraudulentos ("bola de neve", "cadeias",
"pichardismo" e quaisquer outros equivalentes). A distinção entre os delitos reside na
abertura típica relacionada ao sujeito passivo e possibilidade de consumação tão
somente com a tentativa de obtenção de ganhos ilícitos. Enquanto o crime previsto no
art. 171-A do Código Penal tutela o patrimônio, que pode ser individual, o crime de
contra a economia popular exige, para sua caracterização, que o alvo da conduta seja a
coletividade.
1.7. Você não pode deixar de saber - peculiaridades de provas
✓ A fraude bilateral não afasta o delito de fraude com a utilização de ativos
virtuais, valores mobiliários ou ativos financeiros.

1.7.1. Caso sob a luz da teoria da imputação objetiva


Vejamos um caso com solução pela teoria da imputação objetiva:
a) O agente que gere carteira de ativos virtual, com o fim de obter vantagem
ilícita, induzindo a vítima em erro mediante fraude, cria um risco juridicamente
desaprovado para o bem jurídico patrimônio da vítima. Por sua vez, o risco criado
com a violação da norma materializa-se no resultado prejuízo alheio, sendo certo que
esse se encontra dentro do alcance do tipo, porquanto se trata de crime contra o
patrimônio.

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