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UNIRG – UNIVERSIDADE DE GURUPI

CURSO DE GRADUAÇÃO DE DIREITO

GISELE BARCELOS FACHINE

CRIMES DO COLARINHO BRANCO

GURUPI
2023
UNIRG – UNIVERSIDADE DE GURUPI
MATÉRIA: Direito Penal V PERÍODO: 8º Noturno
PROFESSOR: Dr. Diego Avelino Gomes
ACADÊMICA: GISELE BARCELOS FACHINE
DATA: 13/05/2023

CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL – LEI Nº 7.492/86

Os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (SFN), ficaram conhecidos como


crimes do colarinho branco, pois quem os pratica são em regras pessoas com alto poder
aquisitivo, responsáveis por instituições financeiras. Nos termos da CF, art. 192, o
sistema financeiro deve promover o desenvolvimento equilibrado do país e servir aos
interesses da coletividade, assim, tal lei visa coibir aqueles que prejudicam o sistema
financeiro por imprudência ou por benefício próprio e de terceiros.

O Sistema Financeiro Nacional é o “conjunto de órgãos que regulamenta, fiscaliza


e executa as operações necessárias à circulação da moeda e do crédito na economia”.

A Lei dos Crimes de Colarinho Branco considera vários os tipos de instituiçãos.


As instituições financeiras típicas são aquelas que realizam a atividade de captação,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros, independentemente se utilizam
recursos próprios junto aos recursos de terceiros, mantêm a natureza de instituição
financeira.

Além delas, são instituições financeiras as empresas que se dedicam à custódia,


emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores
mobiliários. Estas são chamadas instituições financeiras no mercado de valores
imobiliários.

Os últimos tipos, são as instituições financeiras por equiparação, são elas aquelas
pessoas jurídicas que captem ou administrem seguros, câmbios, consórcios, capitalização
ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros e a pessoa natural que exerça
quaisquer dessas atividades, ainda que de forma eventual.
A jurisprudência ainda pacifica que são instituições financeiras os doleiros,
empresas de previdência privada, operadoras de planos de saúde, agiotas e Estados
membros, mas que não não assim consideradas as empresas de faturamento mercantil, as
instituições financeiras estrangeiras e as empresas simples de crédito.

A Lei estabelece 16 tipos de crimes financeiros, detalhados a seguir:

Os tipos objetivos são:

 Art. 2º Fabricação não autorizada de papel representativo de valor


mobiliário. Pena — reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. Equipara-se a
este quem imprime quem fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir prospecto ou
material de propaganda relativo aos papéis referidos no artigo anterior. Tais
crimes são dolosos, não havendo forma culposa e consumam-se com a mera
impressão ou fabricação, independente de ser posto em circulação ou distribuição,
não sendo necessário que haja concreto prejuízo para terceiros.
 Art. 3º Divulgação de Informação Falsa ou Prejudicialmente Incompleta.
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Trata-se de crime comum,
apenas doloso e de mera conduta, ou seja, consuma-se com a simples divulgação,
independentemente de qualquer resultado.
 Art. 4º Gestão Fraudulenta. Pena — reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e
multa. É crime próprio, pois só pode ser praticado por quem é responsável pela
gestão da instituição, rol elencado no art. 25 desta lei. Não se caracteriza com a
prática de um só ato, é preciso que haja pluralidade ou habitualidade de atos que
consumação do delito, que é apenas doloso. É crime formal e de perigo, ou seja,
é desnecessária a ocorrência de dano para consumação e equipara-se a ele a gestão
temerária, que é aquela caracterizada por ser excessivamente impetuosa e
arriscada.
 Art. 5º Apropriação Indébita e Desvio e Negociação Não Autorizada. Também
só pode ser praticado por um dos agentes elencados no art. 25 desta lei. Quando
se negocia sem autorização bem que está em sua posse por ser gestor da instituição
ou se apropria dele indevidamente. É crime instantâneo, que consuma-se no
momento da apropriação e consiste em forma especial de apropriação indébita.
 Art. 6º Sonegação de Informação ou Prestação de Informação Falsa. Pena —
reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Crime próprio, que também só pode
ser praticado pelas pessoas do art. 25. Não prevê forma culposa, porém o dolo,
independente de finalidade específica e consuma-se com a indução ou
manutenção do erro da vítima.
 Art. 7º Emissão, Oferecimento ou Negociação Irregular de Títulos ou Valores
Mobiliários. Pena — reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. É crime próprio
aos gestores da instituição.
 Art. 8º Exigência de Remuneração em Desacordo com a Legislação. Pena —
reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Crime comum, praticável por
qualquer pessoa que atue na instituição. Só caracterizará tal crime se a exigência
se der em desacordo com a legislação e a consumação se dá com a exigência,
independentemente do efetivo pagamento.
 Art. 9º Falsidade em Título. Pena — reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e
multa. Trata-se de uma forma especial de falsidade ideológica, sendo necessário
o dolo genérico; O crime consuma-se com a mera inserção de informação falsa,
independentemente de prejuízo.
 Art. 10 Falsidade em Demonstrativos Contábeis. Pena — reclusão, de 1 (um)
a 5 (cinco) anos, e multa. Diferencia-se da falsidade anterior, pois não se refere a
qualquer documento, mas aos demonstrativos contábeis, que demonstram o
desenvolvimento da instituição. É crime próprio, aplicável apenas os
mencionados no art. 25, que consuma-se com a formalização demonstrativo
contábil falso, independente de prejuízo ou proveito.
 Art. 11. Contabilidade Paralela. Ocorre quando se mantém ou movimenta
recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação: Pena —
reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. É crime próprio às pessoas do art.
25 e trata-se de norma penal em branco, pois refere-se à contabilidade exigida pela
legislação. Apenas doloso, mas não se exige finalidade específica. É crime
alternativo, mas sendo as duas modalidades praticadas, configura crime único.
 Art. 12. Omissão de Informação. Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
e multa. Busca evitar a corrida bancária e crise sistêmica gerada por omissão da
situação da instituição. Trata-se de crime próprio ao ex-administrador da
instituição financeira, omissivo e doloso, que consuma-se com o término do prazo
legal para a entrega das informações.
 Art. 13. Desvio de Bens. Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Complementa regra prevista em lei extravagante, que determina que os
administradores das instituições financeiras em intervenção, em liquidação
extrajudicial ou em falência, ficarão com todos os seus bens indisponíveis não
podendo, por qualquer forma, direta ou indireta, aliená-los ou onerá-los, até
apuração e liquidação final de suas responsabilidades. Equipara-se a este crime a
conduta do interventor, do liquidante ou do síndico que se apropriarem de bem ou
desviá-lo em proveito próprio ou alheio.
 Art. 14. Falsidade em Declaração de Crédito ou Reclamação. Pena —
reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. Equipara-se a este delito o ex-
administrador ou falido que reconhecer, como verdadeiro, crédito que não o seja.
É uma modalidade específica do crime de falso, que tem por objetivo a obtenção
de vantagem pecuniária em detrimento dos credores legítimos. Para consumar-se,
basta a mera apresentação da declaração ou reclamação falsa, ou seu
reconhecimento pelo ex-administrador.
 Art. 15. Falsa Manifestação. Pena — reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e
multa. Penaliza qualquer manifestação falsa acerca de intervenção, liquidação
extrajudicial ou falência de instituição financeira feita pelo interventor ou
liquidante, por isso, trata-se de crime próprio. É modalidade especial de falsidade
ideológica, que consuma-se com a mera manifestação falsa, seja escrita ou oral.
 Art. 16. Operação sem Autorização. Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
anos, e multa. Deve-se explicar que a atividade no sistema financeiro é livre à
iniciativa priva, no entanto, depende de autorização governamental, por isso a
tipificação de tal conduta. É crime de perigo abstrato e mera conduta, sendo
desnecessária a ocorrência de efetivo prejuízo a terceiro. É crime comum e doloso.

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