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ADMINISTRATIVO

LEI ANTICORRUPÇÃO
SUMÁRIO

1. Introdução.................................................................................................................................................3
2. Conceito de pessoa jurídica........................................................................................................................4
3. Responsabilidade.......................................................................................................................................4
4. Atos lesivos................................................................................................................................................6
5. Competência legislativa.............................................................................................................................9
6. Acordo de leniência...................................................................................................................................9
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO................................................................................................11
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA.............................................................................................................................11
ATUALIZADO EM 19/02/20231

LEI ANTICORRUPÇÃO (Lei 12.846/2013)

1. Introdução

Algumas pessoas jurídicas, usualmente do setor privado, praticam por vezes certos atos e adotam
certas condutas contra a Administração Pública.

Em virtude dessa prática, foi editada a Lei nº 12.846, de 1º.8.2013 (vigência a partir de 2.2.2014),
denominada de Lei Anticorrupção, que dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de tais pessoas
jurídicas, quando seus atos atinjam a Administração nacional ou estrangeira.

Com tal objetivo, a lei permite a apuração da responsabilidade dessas pessoas não somente no
âmbito administrativo, como também em sede judicial. Ela também traz um avanço em relação à legislação
anterior, uma vez que prevê a responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas, ou seja, a responsabilidade que
incide independentemente de culpa ou dolo. Apenas os dirigentes ou administradores respondem
subjetivamente, mediante demonstração de sua culpabilidade.

#OLHAOGANCHO: O Código Penal, além de outras leis esparsas, já pune os crimes praticados contra a
Administração Pública, alcançando, porém, as pessoas físicas. A Lei de Improbidade Administrativa (Lei no
8.429, de 2-6-92) significou considerável avanço em termos de combate à corrupção, porém punindo
especificamente as pessoas físicas (agentes públicos e terceiros que pratiquem atos de improbidade), ainda
que determinadas penas possam também ser aplicadas a pessoas jurídicas.
Ainda merece menção a chamada Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar no 135, de 4-6-10), voltada para as
pessoas físicas, para torná-las inelegíveis. Também a Lei de Licitações (Lei no 8.666, de 21- 6-93) define ilícitos
administrativos e crimes, bem como as respectivas sanções, em matéria de licitações e contratações efetuadas
pela Administração Pública, aplicando-se as sanções administrativas tanto a pessoas físicas como às jurídicas.

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
#ATENÇÃO: A Lei 12.846/2013 NÃO trata da responsabilidade civil do Estado!!! A situação é contrária: danos
causados ao Estado por entes personificados ou não. O Estado é a vítima.

2. Conceito de pessoa jurídica

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática
de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades empresárias e às sociedades simples,
personificadas ou não, independentemente da forma de organização ou modelo societário adotado, bem
como a quaisquer fundações, associações de entidades ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham
sede, filial ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de direito, ainda que
temporariamente.

A noção de pessoa jurídica para os fins da lei é ampla. Nela se enquadram sociedades empresárias e
simples, com ou sem personalidade jurídica, com qualquer modelo de organização, bem como fundações,
associações de entidades ou pessoas e sociedades estrangeiras, com sede, filial ou representação em território
brasileiro, constituídas de fato ou de direito, mesmo que transitoriamente.

A lei alcança, como pessoas jurídicas sujeitas à responsabilização, também as resultantes de


alteração contratual, transformação, incorporação, fusão ou cisão societária (art. 4o). No caso de fusão e
incorporação, a responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação de pagamento de multa e reparação
integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções
previstas na lei, decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou incorporação, exceto no caso
de simulação ou evidente intuito de fraude, devidamente comprovados

Quanto ao sujeito passivo do ato lesivo, pode ser a Administração Pública nacional ou estrangeira;
pelo artigo 5º, §1o, consideram-se Administração Pública estrangeira os órgãos e entidades estatais ou
representações diplomáticas de país estrangeiro, de qualquer nível ou esfera de governo, bem como as
pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro; a elas se
equiparam as organizações públicas internacionais.

3. Responsabilidade
A lei adota a responsabilidade objetiva tanto no campo civil quanto no administrativo, o que implica
a desnecessidade de averiguação de culpa na prática do ato.

#REVISAQUEPASSA: a regra geral, no direito brasileiro, é a de que, no silêncio da lei, a responsabilidade é


subjetiva. É o que determina o artigo 927, parágrafo único, do Código Civil:
Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.

Contudo, o fato de a pessoa jurídica ser responsabilizada não impede a responsabilização de


dirigentes e administradores ou outros participantes do ato, mas nessa hipótese indispensável será a prova da
culpa, configurando-se, assim, caso de responsabilidade subjetiva.

#ATENÇÃO: a pessoa jurídica será responsabilizada independentemente da responsabilização individual das


pessoas naturais; os dirigentes ou administradores somente serão responsabilizados por atos ilícitos na
medida de sua culpabilidade.

A regra da responsabilidade objetiva exige, no caso da Lei no 12.846/13, que:

haja nexo de causa e efeito entre a atuação da pessoa


jurídica e o dano sofrido pela
Administração Pública;
seja praticado ato lesivo, tal como definido no artigo 5o;
o ato lesivo seja praticado por pessoas jurídicas (art. 1o,
caput);
o ato lesivo cause dano à Administração Pública, nacional ou
estrangeira.

A responsabilidade subsiste no caso de alterações supervenientes da pessoa jurídica, evitando-se que


sirvam como instrumento fraudulento de fuga da incidência.
#ATENÇÃO #EXCEÇÃO: Nos casos de fusão ou incorporação, a responsabilidade da sucessora, quanto aos atos
anteriores, limita-se à multa e à reparação integral do dano causado até o limite do patrimônio transferido, a
menos que tais alterações tenham resultado de simulação ou fraude.

#SELIGA: A lei previu a responsabilidade solidária das sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no
âmbito do respectivo contrato, das consorciadas, pela prática dos atos previstos na lei, restringindo-se tal
responsabilidade à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado.

A responsabilização ocorre na esfera administrativa e na esfera judicial; na primeira hipótese, ficam a


cargo da Administração Pública a apuração do ilícito, a aplicação das sanções e a apuração dos danos a serem
ressarcidos; se estes não forem satisfeitos, o débito será inscrito em dívida ativa, para fins de execução
judicial. Na esfera judicial, são apurados ilícitos definidos na lei (art. 19), para aplicação de sanções de natureza
civil (art. 20).

4. Atos lesivos

Quanto ao ato lesivo, o artigo 5o assim considera todos aqueles praticados pelas pessoas jurídicas,
que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios da Administração Pública
ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos:

- prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público, ou a


terceira pessoa a ele relacionada;
- comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar a prática dos
atos ilícitos previstos na Lei;
- comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular seus
reais interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados;
- no tocante a licitações e contratos: (a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou
qualquer outro expediente, o caráter competitivo de procedimento licitatório público; (b) impedir, perturbar
ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório público; (c) afastar ou procurar afastar
licitante, por meio de fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo; (d) fraudar licitação pública ou
contrato dela decorrente; (e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de
licitação pública ou celebrar contrato administrativo; (f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo
fraudulento, de modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a Administração Pública sem
autorização em lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou
(g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados com a Administração
Pública;
- dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou agentes públicos, ou
intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do sistema
financeiro nacional.

*(Atualizado em 19/02/2023) #ATENÇÃO: Cumulatividade de sanções.


Art. 30. A aplicação das sanções previstas nesta Lei não afeta os processos de responsabilização e aplicação
de penalidades decorrentes de:
I - ato de improbidade administrativa nos termos da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 ; e
II - atos ilícitos alcançados pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, ou outras normas de licitações e
contratos da administração pública, inclusive no tocante ao Regime Diferenciado de Contratações Públicas -
RDC instituído pela Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011.
Essa cumulatividade de sanções, embora prevista na lei, deve ser interpretada com muita cautela para evitar o
bis in idem, ou seja, a dupla punição pelo mesmo fato, principalmente no caso de haver afronta concomitante
à lei anticorrupção e à lei de improbidade administrativa. No caso de infrações à Lei nº 8.666, de 21-6-93 (a ser
substituída pela Lei n° 14.133/21, quando a última perder vigência) ou a outras normas sobre licitações e
contratos da administração pública, que também sejam tipificados como atos lesivos à lei anticorrupção, o
artigo 16 do Regulamento2 (Decreto nº 11.129/22) determina a apuração e julgamento conjuntos nos mesmos
autos. Nesse caso, o artigo 19, parágrafo único, do Regulamento determina que “a pessoa jurídica também
estará sujeita a sanções administrativas que tenham como efeito a restrição ao direito de participar em
licitações ou de celebrar contratos com a administração pública, a serem aplicadas no PAR” (processo
administrativo de responsabilização).

As sanções administrativas estão previstas no artigo 6o, podendo ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, de acordo com as peculiaridades do caso concreto e com a gravidade e natureza da infração
e sem prejuízo do dever de reparação integral do dano; e abrangem:
- multa, no valor de 0,1% a 20% do faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração
do processo administrativo, excluídos os tributos, a qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando for
possível sua estimação; e
- publicação extraordinária da decisão condenatória.

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Obs.: O Regulamento já faz menção à Lei 14.133/21, porém a Lei Anticorrupção permanece com a redação
desatualizada.
#SELIGA: O legislador deixou larga margem de apreciação para a Administração Pública na dosimetria da pena,
o que não significa a existência de discricionariedade administrativa. Esta somente existiria se fosse possível
cogitar de possibilidade de apreciação de oportunidade e conveniência na escolha da dosagem da pena. Na
realidade, a escolha da pena terá que ser devidamente fundamentada em uma ou mais das circunstâncias
apontadas no artigo 7o, levando em conta ainda a razoabilidade, ou seja, a adequação, a relação, a proporção
entre o ato ilícito e a pena aplicada. Por isso que o artigo 6o, § 2o, exige que a aplicação das sanções seja
precedida d manifestação jurídica elaborada pela Advocacia Pública ou pelo órgão de assistência jurídica, ou
equivalente, do ente público.

A publicação extraordinária da decisão condenatória deve ocorrer na forma de extrato de sentença,


a expensas da pessoa jurídica, em meios de comunicação de grande circulação na área da prática da infração e
de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em publicação de circulação nacional, bem como por meio de
afixação de edital, pelo prazo mínimo de trinta dias, no próprio estabelecimento ou no local de exercício da
atividade, de modo visível ao público, e no sítio eletrônico na rede mundial de computadores. O grande
objetivo é, a toda evidência, o de dar a maior publicidade à punição, tornando de todos conhecida a infração e
respectiva sanção.

#ATENÇÃO: Desconsideração da personalidade jurídica.


É possível utilizar a desconsideração da personalidade jurídica mesmo na responsabilização administrativa, é a
desconsideração da personalidade jurídica, quando utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir ou
dissimular a prática dos atos ilícitos previstos na lei ou para provocar confusão patrimonial, sendo estendidos
todos os efeitos das sanções aplicadas à pessoa jurídica aos seus administradores e sócios com poderes de
administração, observados o contraditório e a ampla defesa.

#ATENÇÃO: Não obstante as sanções previstas no artigo 6o serem de natureza administrativa, a lei prevê uma
hipótese em que elas podem ser aplicadas judicialmente: quando haja omissão das autoridade competentes
para promover a responsabilização administrativa, o Ministério Público, ao ajuíza ação para responsabilização
civil e aplicação das sanções previstas no artigo 19, pode pleitear também a aplicação das sanções previstas no
artigo 6o.

#IMPORTANTE: A prescrição para apuração das infrações, nas esferas administrativa e judicial, ocorre no
prazo de cinco anos, contados da ciência da infração ou, no caso de infração permanente ou continuada, do
dia em que tiver cessado (art. 25). A interrupção da prescrição, também nas duas esferas, ocorre com a
instauração de processo que tenha por objeto a apuração da infração (parágrafo único do artigo 25).

A ação judicial para responsabilização judicial das pessoas jurídicas segue o rito estabelecido pela Lei
da Ação Civil Pública (Lei 7.347/85), conforme previsto no artigo 20, podendo ser proposta tanto pelo
Ministério Público como pela própria pessoa jurídica política (União, Estados, Distrito Federal e Municípios),
por meio da Advocacia Pública ou outros órgãos de representação judicial.

5. Competência legislativa

Como vimos, a lei anticorrupção definiu atos considerados ilícitos tanto na esfera administrativa
como na esfera cível. As sanções também podem ser puramente administrativas (quanto ao processo de
apuração e à competência para aplicá-las) como de natureza civil, hipótese em que a apuração e o julgamento
são feitos pela via judicial, por meio da ação civil pública.

Existe controvérsia sobre a competência legislativa da matéria tratada na Lei Anticorrupção. Maria
Sylvia Zanella Di Pietro entende que quanto às sanções aplicáveis judicialmente, a competência legislativa é da
União, por força do artigo 22, I, da Constituição Federal. Em decorrência disso, as infrações que constituem
ilícito civil (e também administrativo) só podem ser definidas na legislação federal. Inclusive o dispositivo que
trata da desconsideração da personalidade jurídica insere-se em matéria de competência exclusiva da União,
com base no mesmo dispositivo constitucional.

#ATENÇÃO: para matéria de processo administrativo e definição de competências para sua realização e para
aplicação de sanções administrativas, cada ente federativo deve ter a sua própria legislação.
6. Acordo de leniência 3

De inspiração no direito norte-americano e hoje adotado em inúmeros países, o acordo de leniência


tem por objetivo permitir ao infrator, por meio de acordo com o Poder Público, colaborar na investigação de
ilícitos administrativos ou penais, favorecendo, a um tempo, o interesse público na investigação das infrações
e responsabilização dos infratores, e o interesse do próprio infrator na obtenção da extinção da punibilidade
ou redução da pena aplicável.

A lei previu esse instrumento a ser celebrado quando pessoas jurídicas responsáveis por ilícitos,
preenchendo alguns requisitos legais, colaborem efetivamente com a apuração e com o processo
administrativo, daí resultando:
a) identificação dos demais envolvidos na infração;
b) a rápida obtenção de informações e documentos comprobatórios da prática do ilícito (art. 16). Por
sua configuração, tal ajuste tem a natureza de negócio jurídico bilateral e consensual de direito público,
porquanto, além da incidência de normas específicas de direito público, dele participam o Poder Público e a
entidade infratora.

O acordo de leniência traduz negócio condicionado, submetendo-se a determinadas condições, sem


as quais não pode ser firmado. Assim, cumpre que a pessoa jurídica:
(a) seja a primeira a se manifestar sobre sua intenção de colaborar com a investigação do ilícito;
(b) interrompa sua atividade ilícita sob investigação logo após a propositura do acordo;
(c) admita sua participação no ilícito;

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*(Atualizado em 09/03/2022) #JÁCAIU! MPGO/2022, banca FGV:
Sob a influência de um esforço internacional de convergência na adoção de políticas judiciais e legislativas de combate à
corrupção, o ordenamento jurídico brasileiro vivenciou, sobretudo na última década, a construção de uma cultura
utilitarista de cooperação, diálogo e consensualidade no âmbito do poder sancionador estatal. Na seara penal, esse
processo resultou na proliferação dos famosos acordos de delação premiada. No plano da responsabilização
administrativa e civil, ele deu azo aos acordos de leniência.
Sobre o instituto do acordo de leniência, tal como positivado na Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/2013) e interpretado
pelo Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que:
A) o Ministério Público não dispõe de competência para celebrar acordos de leniência, ante o silêncio da Lei nº
12.846/2013 quanto à aptidão do Parquet para firmar tais ajustes;
B) a Lei Anticorrupção consagra a regra do first come, first served, pela qual somente uma pessoa jurídica pode
celebrar o acordo de leniência e, para isso, ela deve ser a primeira a manifestar interesse em cooperar para a apuração
do ato lesivo; (GABARITO)
C) o colaborador assume obrigação de resultado, de modo que a ulterior constatação da insuficiência da cooperação para
lastrear a condenação dos demais infratores apontados configura descumprimento do acordo de leniência;
D) independentemente dos termos ajustados no acordo de leniência, admite-se o compartilhamento das provas
produzidas consensualmente para a instrução de outras investigações não incluídas na abrangência do negócio jurídico;
E) os benefícios estipulados em acordo de leniência não são oponíveis ao Tribunal de Contas ou outros órgãos de controle
estranhos à avença nem podem limitar ou condicionar a autonomia decisória ou a atuação punitiva desses órgãos.
(d) coopere com as investigações e o processo administrativo;
(e) compareça, quando solicitada, a todos os atos processuais (art. 16, § 1º, I a III).

*(Atualizado em 19/02/2023) #ATENÇÃO: O acordo de leniência, que está regulamentado pelos artigos 32 a
55 do Decreto nº 11.129/22, não isenta a pessoa jurídica que o celebre de todas as consequências do ilícito
praticado.

A celebração do acordo isentará a pessoa jurídica da sanção de publicação extraordinária da decisão


condenatória e da proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos
ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo Poder Público, pelo prazo
mínimo de um ano e máximo de cinco anos. Além disso, reduzirá em até 2/3 (dois terços) o valor da multa
aplicável.

A colaboração do infrator na investigação pode ser levada em consideração na aplicação das sanções,
influindo sobre a dosimetria da pena de multa, já que o artigo 7o da lei, ao indicar as circunstâncias a serem
consideradas, prevê “a cooperação da pessoa jurídica para a apuração das infrações” (inciso VII).

#SELIGA: Mas o acordo de leniência não isenta a pessoa jurídica do dever de reparar integralmente o
dano!!!

Os benefícios recebidos pela pessoa jurídica, em decorrência do acordo de leniência, são estendidos
também às pessoas jurídicas que integram o mesmo grupo econômico, de fato e de direito, desde que firmem
o acordo, em conjunto, respeitadas as condições nele estabelecidas.

Embora a proposta do acordo de leniência tenha que partir da pessoa jurídica que praticou o ato
danoso, pode ocorrer que o acordo não venha a ser celebrado, porque rejeitado pela Administração Pública.
Nessa hipótese, a proposta de acordo não importará em reconhecimento da prática do ato ilícito investigado.

A proposta de acordo somente se tornará pública após a efetivação do respectivo acordo, a menos
que haja interesse das investigações e do processo administrativo em antecipar a publicidade. Essa divulgação
antes da celebração do acordo deve ser devidamente justificada.

#SELIGA:
Art. 17. A administração pública poderá também celebrar acordo de leniência com a pessoa jurídica
responsável pela prática de ilícitos previstos na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, com vistas à isenção ou
atenuação das sanções administrativas estabelecidas em seus arts. 86 a 88.

DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVO
Lei 12.846/2013 Integralmente

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Forense, 31ª edição.

FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2020.

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