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FORMAÇÃO

Branqueamento
de Capitais
BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

PROGRAMA

1 – Enquadramento legal e referenciais normativos


2 – Deveres gerais das entidades obrigadas
3 – Principais indicadores de suspeição de BC/FT no sector imobiliário
4 – Beneficiário Efetivo – principais obrigações
5 – Declarações e procedimentos obrigatórios
BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Lei n.º 83/2017, de 18 de agosto

Branqueamento
de capitais
Lei n.º 89/2017, de 21 de agosto Lei n.º 67/98, de 26 de Outubro

Beneficiário Proteção de
Efetivo dados

SUJEITO

Pagamento em Ações
numerário Nominativas
Lei 15/2017, de 3 de maio
Lei n.º 92/2017, de 22 de agosto
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

ENQUADRAMENTO LEGAL NACIONAL E ANTECEDENTES

No âmbito do programa de luta contra o branqueamento de capitais e


financiamento ao terrorismo, foi aprovada a Lei n.º 25/2008, de 5 de Junho,
que estabelecia medidas de natureza preventiva e repressiva de combate
ao branqueamento de vantagens de proveniência ilícita e FT, transpondo a
Directiva 2005/60/CE do Parlamento Europeu e do Conselho e a Directiva
2006/70/CE, criando ainda o tipo de crime de financiamento do terrorismo.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

ENQUADRAMENTO LEGAL NACIONAL E ANTECEDENTES

Com vista a aumentar a eficácia do combate ao BC/FT, a União


Europeia aprovou um pacote de medidas legislativas - Directiva 2015/849
do PE e da Comissão, de 20 de Maio de 2015, relativa à prevenção da
utilização do sistema financeiro para efeitos de BC/FT, alterando os
anteriores regulamentos.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Assim, a 4.ª Directiva sobre BC/FT :


 Visa apertar a luta contra os crimes fiscais e o FT;
 Que sejam criados e mantidos registos centrais em todos os países de UE
sobre os beneficiários efectivos de sociedades, fundações, trusts e outras
entidades;
 Que os Estados Membros assegurem o armazenamento dessas
informações num registo situado fora das sociedades, podendo utilizar uma
base de dados central;
 Que as informações contidas nesse registo central possam ser
consultadas, sem restrições, pelas autoridades competentes e pelas
unidades de informação financeira, pelas entidades obrigadas, no âmbito
das medidas de diligência quanto à clientela e por quaisquer entidades ou
organizações que possam provar um interesse legitimo.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS
O branqueamento de capitais é a transformação dos fundos e
proventos resultantes de atividades ilícitas/criminosas, em capitais
reutilizáveis nos termos da lei, dissimulando a sua origem ilegal e/ou o
proprietário real, legitimando os ganhos ilícitos,dando-lhes uma aparência
de legalidade.
O branqueamento de capitais constitui crime, nos termos do artigo
368.º-A do Código Penal (CP), punível com pena de prisão de 2 a 12 anos.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

O PROCESSO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

O processo básico de transformação de produtos ilícitos em valores ou


bens aparentemente legais, engloba três fases distintas e sucessivas:

Processo de
Transformação

Colocação de
Circulação Integração
Fundos

Justificação Investimento
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1. COLOCAÇÃO DOS FUNDOS:


Os bens / rendimentos são colocados nos circuitos financeiros e não
financeiros;

Objectivo: Depositar os produtos do crime, geralmente em numerário,


numa conta bancária ou no estrangeiro, trocar por moeda
estrangeira de valor mais elevado, transformar em
mercadorias, diamantes, barras de ouro, entre outros.

2. CIRCULAÇÃO:
Os bens e rendimentos são objeto de múltiplas e repetidas operações.

Objectivo: dissimular a origem criminosa, apagando (branqueando) os


vestígios da sua proveniência e propriedade;
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

3. INTEGRAÇÃO:
Os bens e rendimentos, depois de reciclados, são reintroduzidos nos circuitos
económicos legítimos (por exemplo, através da sua utilização na aquisição de
bens e serviços).
Justificação: O objectivo é criar uma origem aparentemente legal, através de:
 Transações comerciais com o próprio (ficcionando fontes de
rendimento, mais-valias ou empréstimos de retorno);
 Dissimulando a posse e /ou propriedade dos bens, ou
 Utilizando os produtos do crime em transações com terceiros.
Investimento: Utilização dos produtos do crime em proveito próprio, através de:
 Depósitos em cofre: numerário ou dinheiro ;
 Consumo: despesas diárias, joias, veículos, embarcações, obras
de arte;
 Investimentos: bens imobiliários, acções, valores mobiliários, etc.
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FONTE: Centro de Política Fiscal e Administração (Centre for Tax Policy and Administration) sobre crimes fiscais e
branqueamento de capitais - www.oecd.org/ctp/taxcrimes
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Um dos objectivos dos autores de um crime fiscal, assim como dos


sujeitos envolvidos em diversas outras actividades criminosas, é disfarçar a
origem do “dinheiro sujo”, convertê-lo e “branqueá-lo” de forma a dificultar a
identificação da sua origem.
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O crime de branqueamento – previsto e punido pelo artigo 368.º-A do


Código Penal – consiste na:

a) Conversão, transferência, auxílio ou facilitação de alguma operação de


conversão ou transferência de vantagens – obtidas por si ou por terceiro, directa ou
indirectamente – provenientes da prática de um determinado conjunto de ilícitos
criminais (crimes precedentes), com o objetivo de dissimular a origem ilícita dessas
vantagens, ou de evitar que o autor ou participante dessas infrações seja
criminalmente perseguido ou submetido a uma reação criminal;

b) Ocultação ou dissimulação da verdadeira natureza, origem, localização,


disposição, movimentação ou titularidade das vantagens provenientes da prática de
crimes precedentes, ou dos correspondentes direitos.
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No contexto da actual Lei n.º 83/2017, de 18 de Agosto, o conceito


de BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS abrange:
a) As condutas previstas e punidas pelo artigo 368.º-A do Código Penal;
b) A aquisição, a detenção ou a utilização de bens, com conhecimento,
no momento da sua receção, de que os mesmos provêm de uma atividade
criminosa ou da participação numa atividade dessa natureza;
c) A participação num dos atos a que se referem as alíneas anteriores,
a associação para praticar o referido ato, a tentativa e a cumplicidade na
sua prática, bem como o facto de facilitar a sua execução ou de
aconselhar alguém a praticá-lo.

2 CRIMES
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

CRIMES DE BRANQUEAMENTO
• Lenocínio;
• Abuso sexual de crianças ou de menores dependentes;
• Extorsão;
• Tráfico de estupefacientes e substâncias psicotrópicas;
• Tráfico de armas;
• Tráfico de órgãos ou tecidos humanos;
• Tráfico de espécies protegidas;
• Fraude fiscal;
• Tráfico de influência;
• Corrupção;
• Peculato;
• Participação económica em negócio;
• Administração danosa em unidade económica do sector público;
• Fraude na obtenção ou desvio de subsídio, subvenção ou crédito;
• Infrações económico-financeiras cometidas de forma organizada, com recurso à tecnologia
informática;
• Infrações económico-financeiras de dimensão internacional ou transnacional;
• Venda, circulação ou ocultação de produtos ou artigos contrafeitos;
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Quais são as entidades NÃO FINANCEIRAS sujeitas ao


cumprimento dos deveres preventivos do BCFT?

O artigo 4º da Lei n.º 83/2017, de 18 de Agosto diz que:


“Estão sujeitas ao cumprimento daqueles deveres as seguintes entidades
não financeiras que exerçam atividade em território nacional:
(entre outros)
 Entidades que exerçam qualquer actividade imobiliária:
 mediação imobiliária;
 Compra, venda, compra para revenda ou permuta de imóveis;
 Arrendamento;
Promoção imobiliária.
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 Auditores, contabilistas certificados e consultores fiscais;


 Prestadores de serviços a sociedades, a outras pessoas colectivas
ou a centros de interesses colectivos sem personalidade jurídica (ex:
condomínios);
 Operadores económicos que exerçam a actividade de leiloeira;
 Advogados, solicitadores, notários e outros profissionais
independentes da área jurídica, constituídos em sociedade ou em
prática individual, quando intervenham OU assistam, por conta de um
cliente ou noutras circunstâncias, em:
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 operações de compra e venda de bens imóveis,


estabelecimentos comerciais ou participações sociais;
 operações de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros
ativos pertencentes a clientes;
 operações de abertura e gestão de contas bancárias, de
poupança ou de valores mobiliários;
 operações de alienação e aquisição de direitos sobre praticantes de
atividades desportivas profissionais;
 outras operações financeiras ou imobiliárias, em representação ou
em assistência do cliente;
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 operações de criação, constituição, exploração ou gestão de


empresas, sociedades, outras pessoas coletivas ou centros de
interesses coletivos (ex: condomínios) sem personalidade jurídica,
que envolvam:
 a realização das contribuições e entradas de qualquer tipo para o
efeito necessárias;
 a constituição de sociedades, de outras pessoas coletivas ou de
centros de interesses coletivos sem personalidade jurídica;
 o fornecimento – a sociedades, a outras pessoas coletivas ou a
centros de interesses coletivos sem personalidade jurídica – de
sedes sociais, de endereços comerciais, administrativos ou
postais ou de outros serviços relacionados;
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

 o desempenho de funções de administrador, secretário, sócio ou


associado de uma sociedade ou de outra pessoa coletiva, bem como
a execução das diligências necessárias para que outra pessoa atue
dessa forma;
 o desempenho de funções de administrador fiduciário (trustee) e a
intervenção como acionista fiduciário por conta de outra pessoa
(nominee shareholder);
 a prestação de outros serviços conexos de representação, gestão e
administração a sociedades, a outras pessoas coletivas ou a centros
de interesses coletivos sem personalidade jurídica;
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Obrigações decorrentes da Lei n.º 83/2017, de 18 de agosto

DEVERES
DEVERES EM CASO
GERAIS DE
SUSPEITA

1. Dever de identificação 6. Dever de


e diligência comunicação
2. Dever de 7. Dever de abstenção
conservação 8. Dever de recusa
3. Dever de controlo 9. Dever de colaboração
4. Dever de exame 10. Dever de não
5. Dever de formação divulgação
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Obrigações decorrentes da Lei n.º 83/2017, de 18 de agosto

DEVERES GERAIS
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1. DEVER DE IDENTIFICAÇÃO E DILIGÊNCIA


(artigos 23º a 42º, 68º e 69º, Anexo II e Anexo III)

Os Solicitadores devem assegurar que conhecem a identidade do


cliente, quer ele seja pessoa singular ou coletiva ou um centro de interesses
coletivos sem personalidade jurídica, através da recolha dos vários
elementos identificativos exigidos por Lei:
 antes de iniciarem relações de negócio;
 Quando efectuarem qualquer transação ocasional:
de montante igual ou superior a € 15.000, independentemente da transação
ser realizada através de uma única operação ou de várias operações
aparentemente relacionadas entre si;
de transferência de fundos de montante superior a € 1.000.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

«Relação de negócio», qualquer relação de natureza empresarial, profissional ou comercial


entre as entidades obrigadas e os seus clientes, que, no momento em que se estabelece, seja ou
se preveja vir a ser duradoura, tendencialmente estável e continuada no tempo,
independentemente do número de operações individuais que integrem ou venham a integrar o
quadro relacional estabelecido;

«Transação ocasional», qualquer transação efetuada pelas entidades obrigadas fora do


âmbito de uma relação de negócio já estabelecida, caracterizando-se, designadamente, pelo seu
caráter expectável de pontualidade;

«Transferência de fundos», qualquer operação realizada pelo menos parcialmente por


meios eletrónicos por conta de um ordenante através de um prestador de serviços de pagamento,
com vista a colocar os fundos à disposição de um beneficiário através de um prestador de
serviços de pagamento, independentemente de o ordenante e o beneficiário serem a mesma
pessoa e independentemente de o prestador de serviços de pagamento do ordenante e o do
beneficiário serem idênticos, incluindo:
a)As transferências a crédito;
b) Os débitos diretos;
c) Os envios de fundos;
d) As transferências realizadas através da utilização de cartões de pagamento, instrumentos
de moeda eletrónica, telemóveis ou outros dispositivos digitais ou informáticos pré-pagos
ou pós-pagos com características semelhantes.
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Estas obrigações aplicam-se ainda sempre que:

 Existam dúvidas sobre a veracidade ou a adequação dos dados de


identificação previamente obtidos;

 Se suspeite que as operações, independentemente do seu valor


possam estar relacionadas com o branqueamento de capitais ou
com o financiamento do terrorismo;
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INDICADORES DE OPERAÇÕES SUSPEITAS DE BC/FT


(meramente indicativos)
Para bens imóveis

1. Compra e venda de prédios sempre que exista fundada suspeita


que o preço real é superior ao declarado;
2. Transmissões sucessivas do mesmo bem, em período não
superior a 2 meses, com diferença entre valores superior a 10%.
3. Diferenças evidentes entre o valor de mercado dos bens e o valor
declarado, ou entre o VPT e o valor declarado (superior ou
inferior), superiores a 50%.
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INDICADORES DE OPERAÇÕES SUSPEITAS


(meramente indicativos)

4. Transmissões de direitos reais ou outros negócios efetuados por


pessoas jurídicas com sede em «paraísos fiscais».
5. Operações realizadas em nome de indivíduos menores, de
incapazes ou de pessoas com evidentes indícios de não possuírem
capacidade económica e financeira para a realização do negócio
em causa;
6. Negócios em que existam sérios indícios de que os clientes não
atuam por conta própria;
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INDICADORES DE OPERAÇÕES SUSPEITAS


(meramente indicativos)

7. Operações que se iniciam em nome de determinada pessoa e que


se formalizam em nome de outra (venda ou transmissão da
titularidade da compra ou opção de compra de um imóvel,
operações de reserva de imóveis em fase de construção e em que
se subrogam em terceiros os direitos, etc.);
8. Várias operações em que participa o mesmo interveniente ou que
sejam realizadas pelo mesmo grupo de pessoas (laços familiares
ou profissionais, mesma nacionalidade, com coincidência de
domicílio ou de representantes, etc.);
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

INDICADORES DE OPERAÇÕES SUSPEITAS


(meramente indicativos)

9. Operações que recaem sobre os mesmos bens ou direitos,


verificados num curto espaço de tempo, em que há uma diminuição
significativa do preço de venda relativamente ao preço pago;
10. Operações em que os intervenientes não demonstram interesse
pelas características dos bens (qualidade de construção, situação,
prazos de entrega, etc.), e
11. não mostram interesse em obter um preço melhor – pretendem
apenas realizar o negócio o mais rapidamente possível;
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

12. Operações em que intervenham pessoas com domicílio


desconhecido ou de mera correspondência (caixa postal, sedes e
escritórios partilhados, etc.) ou em que se levantem suspeitas
sobre a veracidade dos dados fornecidos;
13. Concessão de empréstimos hipotecários entre particulares de valor
superior a 50.000€.
14. Operações em que se obtiveram empréstimos com garantias
constituídas por numerário ou que estas se encontrem depositadas
no estrangeiro;
15. Operações em que o comprador assume dívidas
consideravelmente superiores ao valor do bem adquirido;
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

16. Operações em que intervenham pessoas politicamente expostas ou


sociedades detidas por estas, nos termos do artigo 39.º;
17. Operações em que intervenham pessoas coletivas de constituição
recente, em que o negócio em causa envolva montantes elevados
não compatíveis com o património da mesma;
18. Operações em que os pagamentos são realizados por um terceiro,
sem qualquer ligação aparente com o cliente, incluindo o
pagamento de taxas e impostos;
19. Cliente que evita, realizar ou completar operações em seu nome e
solicita a um profissional independente que o faça;
20. Clientes que solicitam serviços com vista a ocultar o beneficiário
efetivo, para que este último não possa ser identificado pelas
autoridades competentes;
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

INDICADORES DE OPERAÇÕES SUSPEITAS


(meramente indicativos)
Sociedades

1. Constituição de três ou mais sociedades comerciais no mesmo dia,


ou mais de três sociedades num mês, quando pelo menos um dos
sócios destas seja a mesma pessoa singular ou coletiva, e algum
dos sócios ou membros dos órgãos de administração sejam não
residentes em Portugal, em especial, se residirem em países,
territórios e regiões com regimes de tributação privilegiada,
vulgarmente designados como «paraísos fiscais».
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

2. Constituição, simultânea ou sucessiva, de três ou mais sociedades


comerciais com sede no mesmo local.
3. Mudanças de sede sucessivas, em períodos inferiores a 2 meses,
especialmente, se tiverem lugar mudanças de sede
transfronteiriças.
4. Entradas na constituição de sociedades ou em aumento de
capital, em numerário, efetuadas por sócios menores de idade ou
incapazes, excetuadas as sociedades de caráter familiar.
5. Nomeação como administradores de pessoas residentes em
«paraísos fiscais».
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

6. Nomeação do mesmo administrador em três ou mais sociedades.


7. Designação de residentes em «paraísos fiscais» como mandatários
de pessoas singulares ou coletivas nacionais, sempre que os
poderes conferidos sejam de tal forma amplos que permitam a sua
substituição integral e genérica na realização de negócios.
8. Negócios celebrados por sociedades que tenham sido dissolvidas e
tenham regressado à atividade.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Dever de identificação e diligência


• Denominação
Pessoa singular

Pessoa colectiva
• Fotografia
• Objecto
• Nome completo
• Morada sede social (sucursal/est.
• Assinatura
Estável /principais locais de
• Data de Nascimento actividade)
• Nacionalidade (CC) • NIPC ou equivalente (estrangeiro)
• Outras nacionalidades • ID titulares de participações no capital
• NIF ou equivalente (estrangeiro) e nos direitos de voto de valor igual
• Profissão e entidade patronal ou superior a 5%

• Endereço completo da HPP e se • ID dos órgãos de administração


equivalente/outros com poderes
diverso, do domicílio fiscal
gestão
• Naturalidade
• País de constituição
• Código CAE ou o semelhante

REPRESENTANTES DOS CLIENTES: comprovativo da representação


PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

COMPROVAÇÃO DOS ELEMENTOS IDENTIFICATIVOS

Pessoas Singulares

a) Utilização eletrónica do cartão de cidadão com recurso à plataforma


de interoperabilidade da administração pública, após autorização do titular
dos documentos ou do respetivo representante – Lei n.º7/2007, de 05 de
Fevereiro e art.º 8 da Lei n.º 32/2017, de 01 de Junho;

b) Chave Móvel Digital;


c) Plataformas de interoperabilidade entre sistemas de informação
emitidos por serviços públicos - www.iap.gov.pt;
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

2. Não sendo possível utilizar um dos meios mencionados, a


comprovação é efetuada mediante:
a) Reprodução do original dos documentos de identificação, em
suporte físico ou eletrónico - Lei n.º7/2007, de 05 de Fevereiro e art.º 8 da Lei n.º

32/2017, de 01 de Junho;

b) Cópia certificada dos mesmos;


c) Acesso à respetiva informação eletrónica com valor equivalente,
designadamente através:
 do recurso a dispositivos que confiram certificação qualificada,
nos termos a definir por regulamentação;
 da recolha e verificação dos dados eletrónicos junto das
entidades competentes responsáveis pela sua gestão.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Nos termos do art.º 8.º (Norma Transitória) da Lei n.º 32/2017, de


1 de Junho, a partir de 31 de dezembro de 2017, o cartão de cidadão
é o único documento de identificação dos cidadãos nacionais,
residentes em Portugal ou no estrangeiro, a partir dos 20 dias após o
registo de nascimento.

Esta norma prevalece sobre todas as normas gerais e


especiais que a contrariem – nº5
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Dever de identificação e diligência (artigos 23º a 42º, 68º e 69º, Anexo II e Anexo III)
Segundo o disposto no artigo 23º da Lei n.º 83/2017, de 18 de agosto,
os solicitadores quando estabeleçam relações de negócio, devem assegurar
o conhecimento da identidade do cliente, quer seja pessoa singular, quer
seja pessoa coletiva, ou um centro de interesses coletivos sem
personalidade jurídica, através de vários elementos identificativos,
explicitamente exigidos pela Lei.

Lei n.º 32/2017 de 1 de junho


PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Lei n.º 32/2017 de 1 de junho


Artigo 8.º
Norma transitória
1 — A partir de 31 de dezembro de 2017, o cartão de cidadão é o único
documento de identificação dos cidadãos referidos no n.º 1 do artigo 3.º da
Lei n.º 7/2007, de 5 de fevereiro, na redação dada pela presente lei, sem
prejuízo do disposto no n.º 3.
2 — O disposto no número anterior não se aplica aos bilhetes de
identidade que se encontrem válidos naquela data.

5 — O disposto nos números anteriores prevalece sobre todas as
normas gerais e especiais que o contrariem
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

documento de identificação dos cidadãos

Verificação de identidade

Artigo 48.º CN
Verificação da identidade
1 - A verificação da identidade dos outorgantes pode ser feita por alguma das seguintes formas:
a) Pelo conhecimento pessoal do notário;
b) Pela exibição do bilhete de identidade, de documento equivalente ou da carta de condução,
se tiverem sido emitidos pela autoridade competente de um dos países da União Europeia;
c) Pela exibição do passaporte;
d) Pela declaração de dois abonadores cuja identidade o notário tenha verificado por uma das
formas previstas nas alíneas anteriores, consignando-se expressamente qual o meio de
identificação usado.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Lei n.º 7/2007, de 05 de Fevereiro


Artigo 3.º
Titulares
1 - A obtenção do cartão de cidadão é obrigatória para todos os cidadãos
nacionais, residentes em Portugal ou no estrangeiro, a partir dos 20 dias
após o registo do nascimento.

Redação dada pela Lei n.º 32/2017 de 1 de junho

Lei n.º 7/2007, de 05 de Fevereiro


Artigo 3.º
Titulares
1 - A obtenção do cartão de cidadão é obrigatória para todos os cidadãos
nacionais, residentes em Portugal ou no estrangeiro, a partir dos 6 anos de
idade ou logo que a sua apresentação seja exigida para o relacionamento
com algum serviço público.

Redação original
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

A
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

B
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

COMPROVAÇÃO DOS ELEMENTOS IDENTIFICATIVOS

Pessoas Colectivas / Condomínios

 Cartão de pessoa colectiva;


 Certidão do registo comercial, ou
 sendo sociedade com sede social no estrangeiros, por documento
equivalente, que comprove os elemento identificativos obrigatórios.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

COMPROVAÇÃO DOS ELEMENTOS IDENTIFICATIVOS

Pessoas Colectivas / Condomínios

A comprovação destes elementos e dos titulares de participações no


capital e nos direitos de voto de valor igual ou superior a 5% e dos
órgãos de administração ou equivalente ou dos quadros superiores
com poderes de gestão é efectuada, nos através da:
a) Plataformas de interoperabilidade entre sistemas de informação
emitidos por serviços públicos, ou
b) Reprodução do original dos documentos de identificação, em
suporte físico ou eletrónico / Cópia certificada / Acesso à respetiva
informação eletrónica com valor equivalente.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

COMPROVAÇÃO DOS ELEMENTOS IDENTIFICATIVOS

Procedimentos Complementares

 Obtenção de informação sobre a natureza, objeto e finalidade da


relação de negócio – art.º 27º e 50º n.º1 b)
 Obtenção de informação sobre a origem e destino dos fundos
movimentados (relação de negócio), ou
 Tratando-se de transação ocasional, quando o perfil de risco ou as
características da operação o justifiquem.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

ADEQUAÇÃO AO GRAU DE RISCO


Na análise de risco devemos assegurar que os cenários de maior risco
beneficiem de controlo acrescido, nomeadamente, as seguintes situações :

Em razão do local Em razão do cliente Em razão do serviço


• Pessoas politicamente expostas •O solicitador age como intermediário
(nacionais e internacionais); financeiro, recebe e transmite fundos
por contas controladas por ele;
• Entidades cujo beneficiário
efectivo não pode ser identificado; •Serviços que visam ocultar o
beneficiário efectivo às autoridades
• Países sujeitos a sanções, • Organismos sem fim lucrativo e competentes;
organismos de caridade que não •Serviços requeridos pelo cliente pelos
embargos ou medidas sejam monitorados ou quais o solicitador não tem
similares; supervisionados; competência;
• Uso de intermediários financeiros •Transferência de propriedade entre
• Países, territórios e regiões não supervisionados; partes num período anormalmente
• Clientes que requerem serviços de curto;
com regimes de tributação
forma não convencional; •Pagamentos por terceiros não
privilegiada. conhecidos e pagamento dos
• Clientes que têm negócios com
honorários em numerário;
utilização intensiva de numerário;
•Clientes que propõem pagar
• Clientes que não têm moradas ou honorários suplementares quando o
têm várias moradas. serviço não exige reforço de
pagamento.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

C
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

D
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Em que momento devemos proceder à verificação da identidade


dos clientes e dos respetivos representantes?

Em regra, a comprovação da identidade deve ter lugar ANTES do


estabelecimento da relação de negócio ou da realização de qualquer
transação ocasional.
No caso específico das relações de negócio, admite-se que,
excecionalmente, a comprovação da identidade seja completada após o
início das mesmas desde que se verifiquem cumulativamente os
seguintes pressupostos:
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

a) Ser necessário para não interromper o normal desenrolar do


negócio;
b) Não ser o adiamento da comprovação vedado por norma legal ou
regulamentar aplicável à atividade da entidade obrigada;
c) Apresentar a situação em causa um risco reduzido de BC/FT,
identificado como tal pela entidade obrigada;

Quando procedam ao adiamento da comprovação dos elementos


identificativos dos seus clientes ou dos respetivos representantes, devem
completar os procedimentos de verificação da identidade no mais curto
prazo possível.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

2. DEVER DE CONSERVAÇÃO
(art.º 51º e art.º 169º,oo))

O Solicitador está obrigado a conservar por SETE ANOS:

 as cópias, registos ou dados eletrónicos extraídos de todos os


documentos que obtenham ou lhes sejam disponibilizados pelos
seus clientes ou quaisquer outras pessoas, no âmbito dos
procedimentos de identificação e diligência previstos na LBCFT;

 a documentação dos processos ou ficheiros relativos a clientes ou


suas contas, incluindo a correspondência comercial enviada;

 quaisquer documentos, registos e análises, de foro interno ou


externo, que formalizem o cumprimento da LBCFT.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

CONTADOS: do momento em que a identificação do cliente se


processou ou, no caso das relações de negócio, após o termo das mesmas.

Os elementos sujeitos ao dever de conservação devem ser:


a) Guardados em suporte duradouro, com preferência por meios de
suporte eletrónicos;
b) Arquivados em condições que permitam a sua adequada
conservação e fácil localização, bem como o imediato acesso aos mesmos,
sempre que solicitados pela Unidade de Informação Financeira, pelas
autoridades judiciárias, policiais e setoriais e ainda pela Autoridade
Tributária e Aduaneira.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

CONTRAORDENAÇÃO:

Nos termos do artigo 169º, alínea oo), constitui contraordenação a não


conservação dos documentos, registos, dados eletrónicos e outros
elementos ou a sua conservação de forma inadequada ou incompleta,
puníveis com coimas:
Pessoas singulares € 2.500,00 a € 1.000.000,00
Pessoas Colectiva € 5.000,00 a € 1.000.000,00

excepto SOLICITADORES, advogados, notários e CC


PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

3. DEVER DE CONTROLO
(art.º 14º a 19.º)
O solicitador deve definir e assegurar a “aplicação efectiva de políticas e
procedimentos internos que se mostrem adequados ao cumprimento dos
deveres que lhe são impostos”, através de procedimentos especificados.

Em suma, o dever de controlo visa, especificamente, a exigir do solicitador a


identificação e avaliação dos riscos concretos de branqueamento de
capitais e de financiamento de terrorismo, que poderiam ser suscitados
no contexto da sua actividade profissional
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Desenvolvimento de Definição de
Definição de um procedimentos e de programas
modelo de Controle em matéria de formação
gestão de risco de contínua dos
aceitação de clientes colaboradores.

Designação do Desenvolvimento de
Instituição de
responsável pelo políticas
processos formais de
controlo do e procedimentos em
captação, tratamento e
cumprimento das matéria
arquivo da informação
normas de BC/FT de protecção de dados
pessoais
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

4. DEVER DE EXAME
(art.º 52º)
Consiste no dever de os solicitadores analisarem com especial cuidado
e atenção – de acordo com a sua experiência profissional – quaisquer
condutas, atividades ou operações cujos elementos caracterizadores as
tornem suscetíveis de poderem estar relacionadas com fundos ou outros
bens que provenham de atividades criminosas ou que estejam relacionados
com o financiamento do terrorismo.

Esta suspeição não pressupõe a existência de qualquer documentação


confirmativa.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Se detectarem operações suspeitas e decidirem não proceder às


comunicações obrigatórias, devem fazer constar de documento ou registo
escrito:
• os fundamentos da decisão de não comunicação, incluindo os motivos que
sustentam a inexistência de fatores concretos de suspeição;
• a referência a quaisquer eventuais contactos informais que, no decurso
daquele exame, tenham sido estabelecidos com a Unidade de Informação
Financeira e com as autoridades judiciárias e policiais, com indicação das
respetivas datas e dos meios de comunicação utilizados, e
b) Conservar os resultados do dever de exame durante sete anos (art. 51º),
colocando-os, em permanência, à disposição das autoridades setoriais.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Elementos caraterizadores das condutas, atividades ou operações a ter


em consideração:

• A natureza, a finalidade, a frequência, a complexidade, a invulgaridade e a


atipicidade da conduta, da atividade ou das operações;
• A aparente inexistência de um objetivo económico ou de um fim lícito;
• Os montantes, a origem e o destino dos fundos movimentados;
• O local de origem e de destino das operações;
• Os meios de pagamento utilizados;
• A natureza, a atividade, o padrão operativo, a situação económico-financeira
e o perfil dos intervenientes;
• O tipo de transação, produto, estrutura societária ou centro de interesses
coletivos sem personalidade jurídica que possa favorecer o anonimato.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

5. DEVER DE FORMAÇÃO
(art.º 55º , 75.º e 90.º)
Adopção de medidas que proporcionem aos Solicitadores, trabalhadores /
colaboradores, com funções relevantes para a prevenção do BC/FT, um
conhecimento adequado das obrigações decorrentes da LBCFT e da
respetiva regulamentação, através da realização de ações específicas e
regulares de formação, habilitando-os a reconhecer operações que
possam estar relacionadas com o BC/FT e a atuar de acordo com o
quadro normativo vigente.
Compete à Ordens Profissionais assegurarem acções de formação
necessárias para garantir o cumprimento da LBCFT.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

ORDENS PROFISSIONAIS

Em rigor, as ordens profissionais não integram o conceito de


“autoridade setorial”. Todavia, a Lei considera-as equiparadas às
autoridades setoriais com responsabilidades na prevenção do BCFT,
conferindo-lhes os mesmos poderes (com ressalva das especificidades em
matéria de regime sancionatório).
Enquanto autoridades de fiscalização no domínio da prevenção do
BCFT, as ordens profissionais devem (entre outras obrigações):
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

a) Dispor de recursos financeiros, humanos e técnicos adequados para


o desempenho de tais funções;
b) Incluir na sua estrutura orgânica unidades especificamente
dedicadas a assegurar o cumprimento das normas preventivas do BCFT;
c) Preparar e manter atualizados dados estatísticos relativos às
profissões que regulam, de modo a permitir identificar, avaliar e mitigar os
riscos de BCFT existentes no contexto das mesmas;
d) Assegurar que são ministradas as ações necessárias para garantir o
cumprimento, por parte dos respetivos membros, do dever de formação;
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

e) Elaborar um relatório anual detalhado das atividades levadas a cabo


para assegurar o cumprimento das obrigações que lhes cabem enquanto
autoridades fiscalizadoras, remetendo-o, até ao dia 31 de março do ano
seguinte a que respeita, ao membro do Governo que exerce os respetivos
poderes de tutela, em conformidade com o artigo 45.º da Lei n.º 2/2013, de
10 de janeiro;
f) Dar conhecimento às demais entidades competentes – através
da Comissão de Coordenação das Políticas de Prevenção e Combate ao
Branqueamento de Capitais e ao Financiamento do Terrorismo – do relatório
anual referido na alínea anterior.
No exercício das suas funções de tutela, os membros do Governo competentes elaboram e executam

planos anuais de inspeções especificamente dedicados a aferir o cumprimento das obrigações que cabem às
ordens profissionais em matéria de prevenção do BC/FT.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

No âmbito da prevenção do BCFT, a verificação do cumprimento dos


deveres e obrigações legais, compete:
Banco de Portugal, relativamente às pessoas singulares e coletivas
que atuem em Portugal na qualidade de agentes ou de distribuidores de
instituições de pagamento ou de instituições de moeda eletrónica;
Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, relativamente
às entidades gestoras de plataformas de financiamento colaborativo nas
modalidades de capital e por empréstimo;
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, relativamente


às entidades gestoras de plataformas de financiamento colaborativo nas
modalidades de donativo e com recompensa; às organizações sem fins
lucrativos.
IMPIC, IP, relativamente às entidades que exerçam qualquer actividade
imobiliária.
OTOC, relativamenteàs entidades que exerçam qualquer actividade
imobiliária.
OA, relativamente aos advogados.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

OSAE, relativamente aos solicitadores.

Membro do Governo responsável pela área da justiça e IRN,


relativamente aos notários.

IRN, IP, relativamente aos conservadores e oficiais dos registos.

À Inspeção-Geral dos Serviços de Justiça compete verificar o


cumprimento, pelo Instituto dos Registos e do Notariado, das funções que
lhe estão cometidas nesta matéria, podendo a mesma realizar as ações
inspetivas que para o efeito considere relevantes.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Obrigações decorrentes da Lei n.º 83/2017, de 18 de agosto

DEVERES EM
CASO DE
SUSPEITA
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

6. DEVER DE COMUNICAÇÃO (artigos 43º a 46º, 56º e 79º)

A Lei distingue duas situações no âmbito do exercício da solicitadoria.


Informações obtidas no
âmbito da defesa ou
representação desse
cliente antes, durante ou
depois de processos
judiciais
Informações obtidas no
Informações obtidas a
decurso da apreciação da
respeito de processos
situação jurídica de
judiciais
cliente

ISENÇÃO
DA OBRIGAÇÃO
DE
COMUNICAÇÃO
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

2.ª Situação

Preparação ou realização de - Compra e venda de imóveis


transacções para seus clientes
no
- Gestão de dinheiro, títulos
âmbito, nomeadamente, das ou outros activos do cliente
seguintes actividades:
- Gestão de contas bancárias,
poupanças ou valores
mobiliários pelo Cliente
SUJEIÇÃO
AO DEVER DE - Criação, operação ou gestão
de pessoas jurídicas ou
COMUNICAÇÃO acordos e compra e venda de
sociedades
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

No caso específico dos solicitadores o cumprimento do dever de


comunicação de operações suspeitas, é assegurado através de um
procedimento próprio em duas fases:

Reenvio, pelo Bastonário, das


Envio das informações
informações relevantes de
relevantes, pelos solicitadores
imediato e sem qualquer tipo
ao Bastonário da OSAE
de filtragem à UIF e ao DCIAP
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

7. DEVER DE ABSTENÇÃO (artigos 47º a 49º e 56º)

Os Solicitadores devem abster-se de executar qualquer operação ou


conjunto de operações, presentes ou futuras, que saibam ou que suspeitem
poder estar associadas a fundos ou outros bens provenientes ou
relacionados com a prática de atividades criminosas ou com o BCFT.
Os solicitadores devem, de imediato proceder à comunicação nos
termos anteriormente referidos.
Se o solicitador, dolosamente, “auxiliar ou facilitar operações de
conversão ou transferência de vantagens” incorre, ele próprio, no
crime de branqueamento de capitais, previsto e punido no Código
Penal.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Podem os solicitadores deixar de prestar a informação devida,


invocando o segredo profissional?
Não. Devem disponibilizar todas as informações, todos os documentos
e os demais elementos necessários, ainda que sujeitas a qualquer dever de
segredo, imposto por via legislativa, regulamentar ou contratual.
Nos termos da lei, a disponibilização de boa-fé daquelas informações,
documentos e elementos:
 não constitui violação de qualquer dever de segredo imposto por
via legislativa, regulamentar ou contratual;
 não implica responsabilidade de qualquer tipo para quem presta
a informação.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

8. DEVER DE RECUSA (artigo 50º)

Os solicitadores recusam iniciar relações de negócio, realizar


transações ocasionais ou efetuar outras operações quando não
obtenham:
a) Os elementos identificativos e os respetivos meios comprovativos do
cliente, do seu representante e do beneficiário efetivo, incluindo a
informação para a aferição da qualidade de beneficiário efetivo e da
estrutura de propriedade e de controlo do cliente; ou
b) As informação complementares previstas no artigo 27.º da LBCFT
sobre a natureza, o objeto e a finalidade da relação de negócio.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Se relações de negócio já estiverem estabelecidas, o solicitador deve


pôr termo as mesmas e analisar as razões para a não obtenção dos
elementos / informação e, sempre que se verifiquem os pressupostos,
efetuar a comunicação de operação suspeita prevista na LBCFT.
Deve ainda:
a) Fazer constar de documento ou de registo escrito:
– as conclusões que sustentem e fundamentem a sua recusa e a
decisão de pôr termo à relação de negócio ou não realizar a
transação ocasional;
b) Conservar os documentos ou registos por 7 anos – art.º 51º.

O exercício deste dever, desde que exercido de boa-fé, não


importa qualquer responsabilidade para o Solicitador.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

9. DEVER DE COLABORAÇÃO (artigos 53º e 56.º)

Consiste no dever das entidades obrigadas prestarem, toda a


colaboração que lhes for requerida pelo Departamento Central de
Investigação e Ação Penal (DCIAP), pela Unidade de Informação
Financeira (UIF), pelas demais autoridades judiciárias e policiais,
autoridades setoriais e pela Autoridade Tributária e Aduaneira.

O solicitador deve nomeadamente, responder aos pedidos formulados


pelas ditas entidades, conceder o acesso directo às informações e
apresentar os documentos e registos solicitados) .
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Este dever passa em primeiro lugar pela ORDEM e só posteriormente


poderá haver lugar à intervenção do solicitador.
Também aqui, devem os solicitadores disponibilizar todas as
informações, todos os documentos e os demais elementos necessários ao
integral cumprimento deste dever, ainda que sujeitos a qualquer dever de
segredo, imposto por via legislativa, regulamentar ou contratual.
Nos termos da lei, a disponibilização de boa-fé daquelas informações,
documentos e elementos:
 não constitui violação de qualquer dever de segredo imposto por
via legislativa, regulamentar ou contratual;
 não implica responsabilidade de qualquer tipo para quem presta a
informação.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

No âmbito do dever de colaboração previsto no artigo 53.º, comunicam


ao bastonário da sua ordem profissional, no prazo fixado para o efeito,
as informações solicitadas, cabendo àquela ordem a transmissão das
informações ao DCIAP e à Unidade de Informação Financeira,
imediatamente e sem filtragem.

DOIS PROCEDIMENTOS COMPLEMENTARES


PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS


Envio das informações relevantes,
pelos advogados e solicitadores
ao Bastonário da Ordem dos
Advogados e ao Bastonário da
Ordem dos Solicitadores e dos
Agentes de Execução,


Reenvio, pelos referidos
Bastonários, das informações
relevantes - de imediato e sem
qualquer tipo de filtragem - à UIF
e ao DCIAP, através dos canais
de comunicação descritos em 1.
[artigo 79.º, n.º 2, alínea a)]
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Dever de comunicação das autoridades sectoriais

Nos termos do artigo 104.º da LBCFT, sempre que as autoridades


setoriais, no exercício de quaisquer funções, tenham conhecimento ou
suspeitem de factos suscetíveis de estarem relacionados com atividades
criminosas de que provenham fundos ou outros bens ou com o
financiamento do terrorismo, devem participá-los imediatamente
ao Departamento Central de Investigação Penal e à Unidade de
Informação Financeira, caso a comunicação ainda não tenha sido
realizada.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Dever de exercício de uma supervisão/fiscalização baseada no


risco
De acordo com o artigo 8º da Lei n.º 83/2017, de 18 de agosto, as
autoridades setoriais responsáveis por supervisionar/fiscalizar o conjunto de
pessoas coletivas, atividades e profissões sobre as quais recai a obrigação
de dar cumprimento aos deveres preventivos do BCFT previstos na lei e na
regulamentação que a concretiza devem definir os parâmetros da sua
atuação em função dos riscos de Branqueamento de Capitais e
Financiamento do Terrorismo existentes (supervisão/fiscalização baseada
no risco).
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

10. DEVER DE NÃO DIVULGAÇÃO (artigos 54º ,80.º e 157.º)

Consiste no dever do solicitador e dos seus colaboradores, sempre que


colaborarem ou comunicarem factos no âmbito das obrigações normativas
relativas ao combate ao BCFT, não poderem avisar o cliente em causa,
nem terceiros, que se está a revelar informações a seu respeito, nem que
existe uma investigação a decorrer sobre ele.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Não constitui violação do dever de não divulgação a transmissão das


informações previstas na pergunta anterior:
• às autoridades setoriais, no âmbito das respetivas atribuições legais;
• às autoridades judiciárias e policiais, no âmbito de procedimentos
criminais ou de quaisquer outras competências legais;
• à Autoridade Tributária e Aduaneira, no âmbito de procedimento de
inspeção tributária e aduaneira.
• às entidades pertencentes à mesma categoria profissional;
• às entidades sujeitas a obrigações equivalentes no que se refere ao
segredo profissional.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

O BENEFICIÁRIO EFETIVO
A Lei n.º 89/2017 de 21 de agosto, que aprova o regime jurídico do
Registo Central do Beneficiário Efetivo, procede à transposição para a
ordem jurídica portuguesa o capítulo III da Diretiva (UE) n.º 2015/849 do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de maio de 2015, relativa à
prevenção da utilização do sistema financeiro para efeitos de
branqueamento de capitais ou de financiamento do terrorismo, introduzindo
igualmente alterações em vários diplomas legais portugueses, entrando em
vigor no dia 19 de novembro de 2017.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

A principal novidade trazida por esta lei é a da criação do Registo


Central do Beneficiário Efetivo (RCBE), ao qual estão sujeitas, entre
outras, as sociedades civis e comerciais, associações, cooperativas,
fundações, representações permanentes de pessoas coletivas
internacionais (e.g. sucursais), instrumentos de gestão fiduciária registados
na Zona Franca da Madeira (trusts), sucursais financeiras exteriores
registadas na Zona Franca da Madeira e, dentro de certas condições, os
fundos fiduciários e os outros centros de interesses coletivos sem
personalidade jurídica (condomínios)* com uma estrutura ou funções
similares.
* condomínios de prédios constituídos em PH, com VPT global > € 2.000.000,00 e detenção por um proprietário

de + de 50% do prédio
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

A base de dados do RCBE, gerida pelo IRN, IP tem por finalidade


organizar e manter atualizada a informação relativa à pessoa ou às pessoas
singulares que detêm, de forma directa, indireta ou através de terceiro, a
propriedade ou o controlo efetivo das entidades atrás indicadas, com vista
ao reforço da transparência nas relações comerciais e ao cumprimento dos
deveres em matéria de prevenção e combate ao BCFT.

Propriedade directa: detentor de 25% das participações sociais, ou


25% das acções + 1.

Propriedade indirecta: 25% das participações sociais ou 25% das acções + 1


detidas por uma sociedade comercial
que está sob o controlo de
uma pessoa singular
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Para efeitos de Branqueamento de capitais, o beneficiário efetivo é definido pelo


artigo 30º, da Lei 89/2017 de 21 de Agosto, sendo:
a) A pessoa ou pessoas singulares que, em última instância, detêm a propriedade ou
o controlo, direto ou indireto, de uma percentagem suficiente de ações ou dos
direitos de voto ou de participação no capital de uma pessoa coletiva;
b) A pessoa ou pessoas singulares que exercem controlo por outros meios sobre
essa pessoa coletiva;
c) A pessoa ou pessoas singulares que detêm a direção de topo, se, depois de
esgotados todos os meios possíveis e na condição de não haver motivos de
suspeita:
i) Não tiver sido identificada nenhuma pessoa nos termos das alíneas
anteriores; ou
ii) Subsistirem dúvidas de que a pessoa ou pessoas identificadas sejam os
beneficiários efetivos.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Para efeitos de aferição da qualidade de beneficiário efetivo de uma


entidade societária – e sem prejuízo da verificação de quaisquer outros
indicadores de controlo relevantes – constitui:
a) Um indício de propriedade direta a detenção, por uma pessoa
singular, de participações representativas de mais de 25 % do capital social
do cliente;
b) Um indício de propriedade indireta a detenção de participações
representativas de mais de 25 % do capital social do cliente por:
– uma entidade societária que esteja sob o controlo de uma ou várias
pessoas singulares; ou
– várias entidades societárias que estejam sob o controlo da mesma
pessoa ou das mesmas pessoas singulares.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Consideram-se beneficiários efetivos dos fundos fiduciários (trusts):


a) O fundador (settlor);
b) O administrador ou administradores fiduciários (trustees) de fundos
fiduciários;
c) O curador, se aplicável;
d) Os beneficiários ou, se os mesmos não tiverem sido ainda
determinados, a categoria de pessoas em cujo interesse principal o fundo
fiduciário (trust) foi constituído ou exerce a sua atividade;
e) Qualquer outra pessoa singular que detenha o controlo final do
fundo fiduciário (trust) através de participação direta ou indireta ou através
de outros meios.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

O que é um trust?
A palavra “trust” (fideicomisso) significa a custódia e administração de
bens, interesses ou valores de terceiros. Trata-se de qualquer tipo de
negócio jurídico que consista na entrega de um bem ou um valor a uma
pessoa (fiduciário) para que seja administrado em favor do depositante ou
de outra pessoa por ele indicada (beneficiário).
Os trusts podem ser utilizados para investimento, constituindo uma
entidade jurídica independente e autónoma, devendo os seus “sócios”
(trustees) observar não apenas determinada divisão dos seus activos, mas
também um conjunto de deveres fiduciários entre si.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Todas as entidades sujeitas ao RCBE terão o dever de declarar, através


de um formulário eletrónico a ser definido por portaria, informação
suficiente, exata e atual sobre os seus beneficiários efetivos, todas as
circunstâncias indiciadoras dessa qualidade e a informação sobre o
interesse económico nelas detido, o que implica a identificação de:

• titulares do capital social de sociedades comerciais, com


discriminação das respetivas participações sociais;
• gerentes, administradores, ou de quem exerça a gestão ou a
administração da entidade sujeita ao RCBE; e
• os beneficiários efetivos (existem ainda informações específicas
que deverão ser prestados conforme a entidade em causa).
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

MOMENTO DA DECLARAÇÃO (art.º 12º a 15.º)

 Registo da constituição da sociedade – despacho irn


 Primeira inscrição no FCPC
 30 dias – após atribuição do NIF
 Anualmente – até ao dia 15/07 (IES)
 1 Mês – Após a cessação do motivo que excluiu a entidade da obrigação
 30 dias – sempre que ocorre qualquer alteração
 Sempre que pratique um ato – no caso de sociedades estrangeiras que
desenvolvam em Portugal atos ocasionais;
 No momento da dissolução, extinção, cessação de facto ou direito,
relativamente a todas as alterações ocorridas quanto aos beneficiários
efetivos.

Dentro do Prazo: Gratuito // Fora do prazo: € 35,00


PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

COMO DECLARAR (art.º 11º a 18.º)

 Através do preenchimento e submissão de um formulário eletrónico


(a definir em portaria)
OU
 Num serviço de registo, através do preenchimento eletrónico assistido,
conjuntamente com o pedido de registo comercial ou inscrição de
qualquer facto no FCPC – custo: € 15,00

Registo no RCBE Validação da declaração Conclusão Comunicação


(entidade sujeita (data da declaração) (email fornecido)
+ elementos obrigatórios)
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

ACESSOS

Será disponibilizada publicamente, em página eletrónica, a seguinte


informação sobre os beneficiários efetivos das entidades societárias e
demais pessoas coletivas que estejam sujeitas ao RCBE:
 Relativamente à entidade, o NIPC ou o NIF atribuído em Portugal
pelas autoridades competentes e, tratando-se de entidade
estrangeira, o NIF emitido pela autoridade competente da
respetiva jurisdição, a firma ou denominação, a natureza jurídica,
a sede, o CAE, o identificador único de entidades jurídicas (Legal
Entity Identifier), quando aplicável, e o endereço eletrónico
institucional;
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

 Relativamente aos beneficiários efetivos, o nome, o mês e o ano do


nascimento, a nacionalidade, o país da residência e o interesse
económico detido.
3 Níveis de Acesso:

 Acesso Público: Elementos essenciais dos beneficiários efectivos


(gratuito)
 Acesso Intermédio: para as entidades obrigadas
 Acesso Máximo: para as entidades judiciárias, policiais, sectoriais e
AT (gratuito)

Podem ser extraídas informações e certidões


PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

O acesso à informação sobre o beneficiário efetivo pode ser total ou


parcialmente limitado quando se verifique que a sua divulgação é suscetível
de expor a pessoa assim identificada ao risco de fraude, rapto, extorsão,
violência ou intimidação, ou se o beneficiário efetivo for menor ou incapaz.

O incumprimento por parte das entidades sujeitas ao RCBE de


manutenção de um registo interno atualizado dos elementos de identificação
dos detentores diretos ou indiretos do seu capital social e do controlo efetivo
da entidade constitui contraordenação punível com coima de € 1.000,00 a
€ 50.000,00.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Sem prejuízo de outras proibições legalmente previstas, enquanto não


se verificar o cumprimento das obrigações declarativas e de retificação
previstas no presente regime, é vedado às respetivas entidades:

a) Distribuir lucros do exercício ou fazer adiantamentos sobre lucros no


decurso do exercício;
b) Celebrar contratos de fornecimentos, empreitadas de obras públicas ou
aquisição de serviços e bens com o Estado, regiões autónomas,
institutos públicos, autarquias locais e instituições particulares de
solidariedade social maioritariamente financiadas pelo Orçamento do
Estado, bem como renovar o prazo dos contratos já existentes;
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

c) Concorrer à concessão de serviços públicos;


d) Admitir à negociação em mercado regulamentado instrumentos
financeiros representativos do seu capital social ou nele convertíveis;
e) Lançar ofertas públicas de distribuição de quaisquer instrumentos
financeiros por si emitidos;
f) Beneficiar dos apoios de fundos europeus estruturais e de investimento
e públicos;
g) Intervir como parte em qualquer negócio que tenha por objeto a
transmissão da propriedade, a título oneroso ou gratuito, ou a
constituição, aquisição ou alienação de quaisquer outros direitos reais de
gozo ou de garantia sobre quaisquer bens imóveis.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

A falta de cumprimento das obrigações declarativas ou a falta de


apresentação de justificação que as dispense após o decurso do prazo
estipulado para o efeito, nos termos do n.º 2 do artigo 26.º, implica a
publicitação no RCBE da situação de incumprimento pela entidade sujeita
na página eletrónica prevista no artigo 19.º

Para o efeito do disposto na alínea g) do n.º 1, o titulador procede à


consulta do RCBE, fazendo constar do documento de recusa de titulação
essa circunstância.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Como proceder à identificação dos beneficiários efetivos?


Tal como os clientes e os respetivos representantes, também os
beneficiários efetivos devem ser identificados pelas entidades obrigadas.
A) ELEMENTOS IDENTIFICATIVOS
As entidades obrigadas recolhem, pelo menos, os seguintes elementos
identificativos dos beneficiários efetivos:
• Fotografia
• Nome completo;
• Assinatura;
• Data de nascimento;
• Nacionalidade constante do documento de identificação;
• Tipo, número, data de validade e entidade emitente do documento de identificação;
• Número de identificação fiscal ou, quando não disponha de número de identificação
fiscal, o número equivalente emitido por autoridade estrangeira competente;
• Profissão e entidade patronal, quando existam;
• Endereço completo da residência permanente e, quando diverso, do domicílio fiscal;
• Naturalidade;
• Outras nacionalidades não constantes do documento de identificação.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

B) MEIOS COMPROVATIVOS
A comprovação dos elementos identificativos dos beneficiários efetivos
deve ser efetuada com base em documentos, dados ou informações de
fonte independente e credível, sem prejuízo de:
a) A comprovação poder ser efetuada através de declaração emitida
pelo cliente da entidade obrigada ou por quem legalmente o represente;
b) A comprovação dever ser efetuada nos precisos termos do artigo
25.º da LBCFT, sempre que:
• o cliente, os seus beneficiários efetivos, a relação de negócio ou a operação representem um risco
acrescido de BC/FT;
• o beneficiário efetivo do cliente seja uma pessoa singular que integre a respetiva direção de topo, nos
termos previstos na alínea c) do n.º 1 do artigo 30.º da LBCFT;
• o beneficiário efetivo do cliente seja um administrador fiduciário (trustee) ou exerça função similar em
fundos fiduciários explícitos (express trusts) ou em centros de interesses coletivos sem personalidade
jurídica com estrutura ou funções análogas;
• tal seja determinado por regulamentação setorial ou por decisão das autoridades setoriais competentes.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

C) MOMENTO DA VERIFICAÇÃO DA IDENTIDADE


Quanto ao momento em que procedem à verificação da identidade do
beneficiário efetivo, as entidades obrigadas devem aplicar, com as
necessárias adaptações, o disposto no artigo 26.º da LBCFT (sem prejuízo
do disposto no n.º 2 do artigo 31.º da LBCFT).
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Qual a informação sobre beneficiários efetivos deve ser prestada?


1. As pessoas coletivas que estabeleçam/mantenham relações de
negócio ou realizem transações ocasionais com as entidades obrigadas
devem disponibilizar-lhes, em tempo útil:
a) Informação sobre o seu proprietário legal ou titular formal;
b) Informações suficientes, exatas e atuais sobre os seus beneficiários
efetivos;
c) Dados detalhados sobre a natureza do controlo exercido pelo
beneficiário efetivo e os interesses económicos subjacentes;
d) Os demais documentos, dados e informações necessários ao
cumprimento, pelas entidades obrigadas, do disposto nos artigos 29.º a 34.º
da LBCFT.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

2. As pessoas que, perante as entidades obrigadas, atuam na


qualidade de administradores fiduciários (trustees), ou exercem função
similar em fundos fiduciários explícitos (express trusts) ou em centros de
interesses coletivos sem personalidade jurídica com estrutura ou funções
análogas, devem:
a) Facultar o respetivo estatuto às entidades obrigadas;
b) Disponibilizar às mesmas, em tempo útil, os seguintes elementos
referentes ao fundo fiduciário ou ao centro de interesses coletivos sem
personalidade jurídica:
• informações suficientes, exatas e atuais sobre os seus beneficiários efetivos;
• dados detalhados sobre a natureza do controlo exercido pelo beneficiário efetivo e os interesses
económicos subjacentes;
• os demais documentos, dados e informações necessários ao cumprimento, pelas entidades obrigadas,
do disposto nos artigos 29.º a 34.º da LBCFT;
• a prova das informações constantes de registo central de beneficiários efetivos ou de outro mecanismo
equivalente, nas situações previstas no n.º 3 do artigo 34.º da LBCFT.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Quais os procedimentos a que os solicitadores devem adotar


relativamente à informação sobre o beneficiários efetivos constante no
RCBE?
A) Quando o cliente esteja obrigado a registar os seus beneficiários efetivos
em território nacional:
a) Consultar as informações constantes do RCBE.
b) Realizar essas consultas com periodicidade adequada aos riscos concretos
identificados e, pelo menos, sempre que efetuem, atualizem ou repitam os
procedimentos de identificação e diligência previstos na LBCFT.
c) Fazer depender o estabelecimento/prosseguimento da relação de negócio,
ou a realização da transação ocasional, da verificação do cumprimento da obrigação
de registo no RCBE.
d) Comunicar imediatamente ao Instituto de Registos e do Notariado, nos
termos a estabelecer por este Instituto:
– quaisquer desconformidades entre a informação constante do RCBE e a
informação obtida no âmbito do cumprimento dos deveres previstos na
LBCFT;
– quaisquer outras omissões, inexatidões ou desatualizações que detetem no
RCBE.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

B) Quando o cliente não esteja obrigado a registar os seus


beneficiários efetivos em território nacional: o solicitador, sempre que
aplicável, obtem do cliente as informações constantes de registo central de
beneficiários efetivos ou de mecanismo equivalente estabelecido noutras
jurisdições, quando o acesso pelas entidades obrigadas a tais mecanismos
não seja possível ou não possa ser efetuado em tempo útil.

Em qualquer caso, a realização de consultas e diligências relativamente


à informação sobre beneficiários efetivos constante do RCBE ou de
registo/mecanismo equivalente não dispensa as entidades obrigadas de
executarem os demais procedimentos de identificação e
diligência definidos na LBCFT.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

O solicitador deve manter um registo escrito de todas as ações


destinadas a dar cumprimento ao disposto artigos 29.º a 34.º da LBCFT,
incluindo de quaisquer meios utilizados para aferir a qualidade de
beneficiário efetivo, de acordo com os critérios de aferição constantes do
artigo 31.º daquela Lei.
Devem conservar esse registo nos termos previstos no artigo 51.º da
LBCFT, sete anos, colocando-o, em permanência, à disposição das
autoridades.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

O solicitador deve manter um registo escrito de todas as ações


destinadas a dar cumprimento ao disposto artigos 29.º a 34.º da LBCFT,
incluindo de quaisquer meios utilizados para aferir a qualidade de
beneficiário efetivo, de acordo com os critérios de aferição constantes do
artigo 31.º daquela Lei.
Devem conservar esse registo nos termos previstos no artigo 51.º da
LBCFT, sete anos, colocando-o, em permanência, à disposição das
autoridades.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

DECLARAÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS EFETIVOS

DECLARANTE:
BRUNO FILIPE ALVES TEIXEIRA, NIF. 111 222 222, casado no regime da comunhão de adquiridos com Sara Catarina Duarte Martins,
NIF. 333 444 555, portador do Cartão de Cidadão n.º 12123575 8 ZY8, emitido pelos Serviços de Identificação Civil da República
Portuguesa, válido até 27/09/2020, natural da freguesia de Tamel S. (Veríssimo), concelho de Barcelos, onde reside na Rua José Romão,
n.º 75, com o código postal 4750-723

ENTIDADE:
CONCEITO ANIMAL, LDA.” N.I.P.C. 500 123 456, sociedade comercial por quotas, com o Capital Social de €10.000,00 (dez mil euros),
Código de Actividade Económica Principal 47761 e Códigos de Actividades Económicas Secundário 01470, sede social na Rua do
Cruzeiro, n. º 248, 4750-723 Tamel S. (Veríssimo), Barcelos, Portugal,

BENEFICIÁRIOS EFETIVOS E TITULARES DO CAPITAL SOCIAL:


a) BRUNO FILIPE ALVES TEIXEIRA, NIF. 111 222 222, casado no regime da comunhão de adquiridos com Sara Catarina Duarte
Martins, NIF. 244 795 800, portador do Cartão de Cidadão n.º 12123575 8 ZY8, emitido pelos Serviços de Identificação Civil da República
Portuguesa, válido até 27/09/2020, natural da freguesia de Tamel S. (Veríssimo), concelho de Barcelos, onde reside na Rua S. José, n.º
75, com o código postal 4750-333, com uma quota no valor de € 5.000,00, correspondente a 50% do capital social, sendo seu sócio
gerente;
b) SARA CATARINA DUARTE MARTINS, NIF. 333 444 555, casada no regime da comunhão de adquiridos com Bruno Filipe Alves
Teixeira, NIF. 229 487 122, portadora do Cartão de Cidadão n.º 135433384 0 ZY5, emitido pelos Serviços de Identificação Civil da
República Portuguesa, válido até 13/04/2019, natural da freguesia de Tamel S. (Veríssimo), concelho de Barcelos, onde reside na Rua S.
José, n.º 75, com o código postal 4750-333, com uma quota no valor de € 5.000,00, correspondente a 50% do capital social, sendo sua
sócia.
Barcelos, 4 de janeiro de 2018
O Declarante:
____________________________________________________
(Bruno Filipe Alves Teixeira)
C.C. nº ___________________________, válido até ____/____/______
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

RECONHECIMENTO DE ASSINATURA
Eu ………………………………….., Solicitador(a) com Cédula Profissional número …….., com escritório sito em ………………………….,
reconheço as assinaturas supras de:
a) Bruno ……………, feita pelo próprio perante mim, cuja identidade verifiquei pelo Cartão de Cidadão n.º ……………………..,
emitido pelos Serviços de Identificação Civil da República Portuguesa, válido até ……………….;
b) Sara ……………, feita pela própria perante mim, cuja identidade verifiquei pelo Cartão de Cidadão n.º …………………..,
emitido pelos Serviços de Identificação Civil da República Portuguesa, válido até ………………;
NÃO FOI POSSIVEL DAR CUMPRIMENTO À ALINE e) DO N.º 1 DO ARTIGO 173º DO CÓDIGO DO NOTARIADO, verificação do
cumprimento das obrigações declarativas e de rectificação para efeitos do Registo Central do Beneficiário Efetivo,
em virtude da falta de publicação da regulamentação, para o efeito, no prazo previsto no artigo 23º da Lei n.º 89/2017 de
21 de agosto. Sendo que as partes apresentaram declaração, que arquivo no meu escritório, indicando como
BENEFICIÁRIOS EFECTIVOS DA SOCIEDADE:
a) BRUNO …………, NIF. ……………., casado no regime da comunhão de adquiridos com Sara ………………., NIF. ……………,
portador do Cartão de Cidadão n.º ………………., emitido pelos Serviços de Identificação Civil da República Portuguesa, válido
até …………….., natural da freguesia de ………………., concelho de …………….., onde reside na Rua ……………, com o código postal
………., com uma quota no valor de € 5.000,00, correspondente a 50% do capital social, sendo seu sócio gerenente;
b) SARA ……………, NIF. ………………, casada no regime da comunhão de adquiridos com Bruno ……….., NIF. ……………., portadora
do Cartão de Cidadão Cidadão n.º ………………., emitido pelos Serviços de Identificação Civil da República Portuguesa, válido
até …………….., natural da freguesia de ………………., concelho de …………….., onde reside na Rua ……………, com o código postal
………., com uma quota no valor de € 5.000,00, correspondente a 50% do capital social, sendo sua sócia. --------------------

Reconhecimento feito nos termos do art. 38º do D-L n.º 76-A/2006, de 29 de Março e Portaria n.º 657-B/2006, de 29 de
Junho. Registo n.º 2492903. Pode verificar a validade deste documentos em, www.solicitador.org, na opção “Validação de
documentos”.
LOCAL, 4 de janeiro de 2018
____________________________________
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

RECONHECIMENTO DE ASSINATURA

Reconheço a assinatura na folha anexa de ………., feita na minha presença pelo próprio, pessoa cuja
identidade verifiquei pela exibição do Cartão de Cidadão, número …………., válido até ……………, emitido
pela República Portuguesa. __________________________________________
Certifico que o interveniente, supra referido, na qualidade em que subscreve o Pacto Social em anexo,
manifestou a sua vontade em constituir a sociedade e que na qualidade de único sócio e gerente,
declarou ser o único detentor do controlo efectivo da sociedade. ________
Declarou ainda o interveniente que pretende que se adite os CAE’s ……; …….. e ……… como CAE’s
secundários, pela ordem de preferência
indicada._____________________________________________________

O(A) Solicitador(a),
_____________________________________________
Executado a: 15/01/2018
Registado em: 15/01/2018
N.º de Registo:

Pode verificar a validade deste documento acedendo à página de internet www.solicitador.org na opção
"Validação de documento”
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

CONVERSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS AO PORTADOR EM


VALORES MOBILIÁRIOS NOMINATIVOS
No passado dia 4 de Maio entrou em vigor a Lei n.º 15/2017. de 3 de
Maio, que proíbe a emissão de valores mobiliários ao portador, embora não
tenha um preâmbulo que permita contextualizar a sua razão de ser,
assumimos que tenha por enquadramento as actuais recomendações
internacionais para que os estados procurem garantir maior transparência
no que respeita à determinação dos reais detentores de participações em
sociedades, como forma de combate ao branqueamento de capitais e
terrorismo financeiro.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

PROIBIÇÃO DE NOVAS ACÇÕES AO PORTADOR


O artigo 1.º da Lei proíbe a emissão de quaisquer novas acções ao
portador e cria um regime transitório destinado à conversão, em
nominativos, de acções ao portador existentes à data da sua entrada em
vigor.
O artigo 2.º da Lei estabelece que as acções ao portador terão que ser
convertidas em acções nominativas no prazo de 6 meses a partir da sua
data de entrada em vigor, sob pena de, após aquela data, não serem
permitidas novas transmissões de acções ao portador e de os direitos de
participação em distribuições de resultados associados a essas mesmas
acções ficarem suspensos.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

CONVERSÃO DE ACÇÕES AO PORTADOR EXISTENTES EM


ACÇÕES NOMINATIVAS
O método efectivo de conversão, em nominativas, das acções ao
portador existentes à data de entrada da Lei em vigor é remetido para
regulamentação a publicar pelo Governo no prazo de 120 dias a contar da
referida data (4 de Maio), sendo que a Lei não nos presta quaisquer
indicações que permitam aferir a visão do legislador sobre a forma como o
processo deverá ser realizado.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

CONSEQUÊNCIAS DA NÃO CONVERSÃO EM ACÇÕES


NOMINATIVAS
Ao contrário de outros países em que a não conversão de acções ao
portador em acções nominativas tem consequências bastante duras, tais
como os casos da Irlanda – em que no prazo de 18 meses após a entrada
em vigor de lei irlandesa equivalente, o Ministério das Finanças passa a ser
o accionista – ou do Reino Unido – no prazo de 9 meses a empresa deverá
solicitar ao tribunal uma ordem de cancelamento de tais acções – em
Portugal, a não conversão no prazo prescrito implica a proibição de
novas transmissões de acções bem como a suspensão do direito a
participar em distribuição de resultados associados a essas mesmas
acções.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Neste sentido, o artigo 7.º, determina que os titulares dos valores


mobiliários ao portador, não convertidos após o período transitório, apenas
poderão solicitar o registo a seu favor e, no caso dos valores mobiliários ao
portador titulados, a atualização ou a entrega de novos títulos refletindo a
conversão. Ainda estabelece-se que o montante correspondente aos
dividendos, juros ou quaisquer outros rendimentos cujo pagamento se
encontre suspenso deverá ser depositado em conta aberta em nome do
emitente (sendo apenas admissível deduzir ao seu saldo o valor dos custos
de manutenção da conta). Este montante será entregue, com base em
instruções do emitente, aos titulares dos valores mobiliários aquando da
respetiva conversão, no entanto, caso o montante vença juros, os mesmos
revertem para o emitente.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

SE NÃO CONVERSÃO AS ACÇÕES?

Não é possível identificar o beneficiário efetivo

Consequencias - é vedado às respetivas entidades:


a) Distribuir lucros do exercício ou fazer adiantamentos sobre lucros no decurso do exercício;
b) Celebrar contratos de fornecimentos, empreitadas de obras públicas ou aquisição de serviços e bens com o Estado, regiões
autónomas, institutos públicos, autarquias locais e instituições particulares de solidariedade social maioritariamente
financiadas pelo Orçamento do Estado, bem como renovar o prazo dos contratos já existentes;
c) Concorrer à concessão de serviços públicos;
d) Admitir à negociação em mercado regulamentado instrumentos financeiros representativos do seu capital social ou nele
convertíveis;
e) Lançar ofertas públicas de distribuição de quaisquer instrumentos financeiros por si emitidos;
f) Beneficiar dos apoios de fundos europeus estruturais e de investimento e públicos;
g) Intervir como parte em qualquer negócio que tenha por objeto a transmissão da propriedade, a título oneroso ou gratuito, ou a
constituição, aquisição ou alienação de quaisquer outros direitos reais de gozo ou de garantia sobre quaisquer bens imóveis.

MAS AINDA NÃO HÁ PORTARIA!


PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

PROIBIÇÃO DE PAGAMENTO EM NUMERÁRIO

Com a publicação da Lei n.º 92/2017, de 22 de agosto, que aprovou as


alterações à Lei Geral Tributária e ao Regime Geral das Infrações
Tributárias, que entrou em vigor no dia 23 de agosto, foi instituída a
proibição de pagar ou receber em numerário, em transações de qualquer
natureza, efetuadas por pessoas singulares residentes em território nacional
que envolvam montantes iguais ou superiores a € 3.000, elevando-se esse
limite para € 10.000 no caso de pessoas singulares não residentes.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Enquadrada num pacote mais amplo de medidas de combate ao


branqueamento de capitais, cujos normativos devem ser objeto de
articulação com as normas em análise, a Lei n.º 92/2017 pretende impor
limites ao recurso aos pagamentos em numerário como forma de ocultar a
identidade dos intervenientes na transação, bem como a circulação de
fluxos económicos elevados na economia paralela.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Até à publicação desta lei, a Lei Geral Tributária determinava que os


pagamentos respeitantes a faturas ou documentos equivalentes de valor
igual ou superior a € 1.000 deveriam ser efetuados através de meio de
pagamento que permitisse a identificação do respetivo destinatário
(designadamente, a transferência bancária, o cheque nominativo ou o débito
direto), não sendo, porém, claro se tal norma apenas se aplicava a
operações efetuadas entre sujeitos passivos de IRC e sujeitos passivos de
IRS que dispusessem ou devessem dispor de contabilidade organizada ou
se também abrangia os pagamentos efetuados por consumidores finais a
estas entidades.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Com a entrada em vigor das novas normas, as pessoas singulares -


residentes ou não residentes - passam a ter, respetivamente, os limites de €
3.000 e de € 10.000 para pagamentos efetuados em numerário, desde que
os mesmos não atuem na qualidade de empresários ou comerciantes, caso
em que, a verificar-se, será aplicado o limite de € 1.000.
Note-se ainda que estas disposições não são aplicáveis nas
operações com entidades financeiras, cujo objeto legal seja a receção de
depósitos, a prestação de serviços de pagamento, a emissão de moeda
eletrónica ou a realização de operações de câmbio manual, nos
pagamentos decorrentes de decisões judiciais e em situações
excecionadas em lei especial.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

OBJETO SUJEITO LIMITE


pessoas singulares € 2.999,99
residentes
pagamentos e
recebimentos em pessoas singulares não
residentes e não sejam
numerário empresários ou € 9.999,99
comerciante

sujeitos passivos de IRC


e sujeitos passivos de IRS
que dispusessem ou
devessem dispor de
contabilidade organizada € 999,99
independentemente de
Pagamentos de serem residentes ou não
impostos
€ 500,00
Universal
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Limitação pagamento em numerário:

- parece-me que só é possível aceitar até 2.999,99 / 9.999,99 e 999,99 €


respectivamente – a lei diz “que envolvam montantes iguais ou superiores a
3.000,00 / 10.000 e 1.000.

- O nº 2 diz que os pagamentos realizados pelos sujeitos passivos do artº


63C (IRC e IRS com contabilidade organizada) – significa isto que podem
receber ?

- Aumentos de capital com entradas em numerário e constituições de


sociedade com capital superior a €2.999,99 ?
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Em matéria sancionatória, a Lei n.º 92/2017, de 22 de agosto comporta


alterações ao Regime Geral das Infrações Tributárias, punindo com
contraordenação a realização de transações em numerário que excedam
os limites legalmente previstos.
A moldura sancionatória prevê a aplicação de coima a fixar entre €
180,00 e € 4.500,00 para as pessoas singulares e entre € 360,00 e €
9.000,00 para as pessoas coletivas, sanção esta que anteriormente apenas
era aplicável quando a realização do pagamento fosse efetuada por meios
diferentes dos legalmente previstos e que passa a aplicar-se aos
intervenientes nas transações em numerário.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

O artigo 169.º da Lei n.º 83/2017, de 18 de Agosto, prevê uma lista de


factos ilícitos que constituem contraordenações.
A Lei prevê explicitamente as coimas aplicadas em função da categoria
do agente (entidade financeira/não-financeira, pessoa singular/pessoa
colectiva).
O solicitador está excluído do disposto relativo às coimas aplicáveis às
entidades não financeiras, e não se integra em mais nenhuma alínea do
disposto relativo às coimas.
PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Segundo, alinea d) do artigo 170º refere o seguinte:

“Quando a infração for praticada no âmbito da atividade de outra


entidade não financeira, com exceção dos contabilistas certificados, dos
advogados, dos solicitadores e dos notários:
i) Com coima de (euro) 5 000 a (euro) 1 000 000, se o agente for uma
pessoa coletiva ou entidade equiparada a pessoa coletiva;
ii) Com coima de (euro) 2 500 a (euro) 1 000 000, se o agente for uma
pessoa singular.”

“A Ordem dos Advogados não vai sancionar os advogados que não


comuniquem situações suspeitas de branqueamento de capitais com que se
deparem.” afirmou o bastonário Guilherme Figueiredo em razão da
sobreposição desta obrigação com o dever de sigilo profissional.
Obrigada pela
vossa presença!
Delfim Costa

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