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Responsabilidade Civil
Sumário
1- Responsabilidade civil: Introdução..............................................3
1.1- Responsabilidade civil e responsabilidade penal: independência e
ressalvas. ........................................................................................... 4
1.2- Responsabilidade objetiva e responsabilidade subjetiva. ................ 4
2- Atos ilícitos .................................................................................5
3- Reponsabilidade contratual e extracontratual .............................8
3.1- Causalidade Alternativa ............................................................. 9
3.2- Excludentes de responsabilidade civil ........................................ 10
3.3- Da obrigação de indenizar ....................................................... 12
3.4- Responsabilidade do incapaz (art. 928 do CC) ............................ 12
3.5- Responsabilidade dos empresários e empresas por vícios de produtos
(art. 931 do CC) ................................................................................ 13
3.6- Responsabilidade por fato de terceiros (arts 932 a 934 do CC)...... 14
3.7- Responsabilidade por fato de animal (art. 936 do CC).................. 15
3.8- Responsabilidade pelo fato de coisa inanimada (arts. 937 e 938 do
CC) 15
3.9- Responsabilidade Civil por Dívidas ............................................ 16
3.10- Responsabilidade Civil na Sucessão ........................................... 16
3.11- Dano estético ......................................................................... 17
3.12- Dano Coletivo e Dano Social .................................................... 17
3.13- Da indenização ....................................................................... 18
3.14- Responsabilidade civil no Direito do Trabalho ............................. 23
4- Questões Comentadas ...............................................................25
5- Lista de Exercícios ....................................................................52
6- Gabarito ....................................................................................67
Fato jurídico
sentido estrito
("stricto sensu") sentido amplo
fato natural ato humano
ato jurídico
ordinário extraordinário lícito ato ilícito
(em sentido (involuntário)
amplo)
ato jurídico
negócio
em sentido
jurídico
estrito
Responsabilidade Civil
Subjetiva Objetiva
• TEORIA DA CULPA (art. 186, CC): é a regra geral, por meio da qual o dever
de indenizar é decorrente da existência de culpa por parte do agente.
Relaciona-se ao elemento subjetivo. Portanto, faz-se necessária a
existência dos seguintes pressupostos: conduta humana (ação ou omissão),
nexo causal, dano e a culpa. Representa a culpa lato sensu: dolo e culpa
estricto sensu.
o Culpa lato sensu (dolo): conduta intencional do agente para
obtenção do resultado antijurídico;
o Culpa estricto sensu: negligência ou imprudência.
2- Atos ilícitos
ainda que
exclusivamente
Aquele que, por ação moral
ou omissão violar direito e
voluntária, causar dano a
negligência ou outrem
imprudência comete ato
ilícito
Obs.: O ato ilícito absoluto (art. 186, CC) é também conhecido por stricto
sensu. O ato ilícito é absoluto pois viola direitos absolutos (direitos patrimoniais
e de personalidade), sendo oponíveis erga omnes. Como consequência, gera a
responsabilidade civil de indenizar. Já o ato ilícito relativo refere-se ao direito
obrigacional, ou seja, decorre da relação obrigacional firmada entre as partes.
a deterioração ou destruição
os praticados em da coisa alheia, ou a lesão a
legítima defesa pessoa, a fim de remover
perigo iminente
Embora não constitua ato ilícito, se a pessoa lesada, ou o dono da coisa não
forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo
que sofreram.
conduta do
dano
agente, seja
patrimonial
por ação ou
ou moral
omissão
nexo de
causalidade
ressalvado direito
regressivo contra
são civilmente os causadores do
As pessoas responsáveis por dano
jurídicas de atos dos seus
direito público agentes que nessa
interno qualidade causem
danos a terceiros se houver, por
parte destes,
culpa ou dolo.
3.1-Causalidade Alternativa
Portanto, tendo em vista que a vítima não poderia ficar desamparada por
conta da impossibilidade de se determinar o real autor da ofensa sofrida, tanto
3. Estrito
Normalmente aos agentes públicos.
cumprimento do
dever legal
Ex.: Polícia.
EXCLUDENTES
4. Estado de
Necessidade "Sacrifício" de um bem jurídico em
detrimento de outro de maior valor.
Art. 188, II
5. Caso fortuito e
força maior Fato necessário, cujos efeitos não
era possível evitar ou impedir
Art. 393
6. Culpa exclusiva
da vítima Suicida se atira na frente de
automóvel
Art. 945
a deterioração ou destruição
os praticados em da coisa alheia, ou a lesão a
legítima defesa pessoa, a fim de remover
perigo iminente
Embora não constitua ato ilícito, se a pessoa lesada, ou o dono da coisa não
forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo
que sofreram.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando
as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo
os limites do indispensável para a remoção do perigo.
Quem pratica ato ilícito, causando dano a alguém, fica obrigado a reparar
o dano, na esfera civil, por meio da indenização.
nos casos
especificados em lei
OU
Haverá quando a atividade
obrigação independentemente normalmente
de reparar o de culpa desenvolvida pelo
dano autor do dano
implicar, por sua
natureza, risco
para os direitos de
outrem.
Essas pessoas (indicadas no esquema anterior), ainda que não haja culpa
de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
Nesses casos, temos responsabilidade civil objetiva, pois independe de culpa.
Obs.: Esta responsabilidade acima é também conhecida como indireta ou por
atos de terceiros. Destaca-se a orientação doutrinária representada no
Enunciado nº 451 da V Jornada de Direito Civil: “A responsabilidade civil por ato
de terceiro funda-se na responsabilidade objetiva ou independentemente de
culpa, estando superado o modelo de culpa presumida”. Assim, tem-se uma
evolução no sentido de estar superada a culpa presumida (culpa in vigilando e
culpa in eligendo) nos casos dos arts. 932 e 933 do CC acima tratados. Por fim,
devemos ter em mente que a súmula 341 do STF (“É presumida a culpa do
patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto”) mostra-se
divergente desse entendimento doutrinário.
Enunciado 451 da Jornada de Direito Civil: A responsabilidade civil por
ato de terceiro funda-se na responsabilidade objetiva ou independente de
culpa, estando superado o modelo de culpa presumida.
Prosseguido, aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver
o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for
descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz (art. 934 do CC). Em regra
geral, quem ressarcir o prejuízo causado por um terceiro tem direito à ação
regressiva para reaver o que pagou da pessoa responsável pelo prejuízo
causado.
No mais, a responsabilidade civil é independente da criminal, não se
podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu
autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal (art. 935
do CC). Ou seja, embora a responsabilidade civil seja independente da
responsabilidade criminal (cada uma será apurada em sua esfera), quando
houver decisão no juízo criminal sobre a existência do fato, ou sobre quem seja
o seu autor, essas questões não poderão ser mais discutidas na esfera civil.
responde pelo
Aquele que
dano proveniente ou forem lançadas
habitar prédio, ou
das coisas que dele em lugar indevido
parte dele
caírem
e a obrigação de
prestá-la
3.11-Dano estético
Uma diferença do dano social para o dano moral coletivo é com relação à
destinação da indenização. No dano social, a indenização deve ser revertida
para um fundo ou instituição de caridade. Já no dano moral coletivo, a
indenização é destinada às vítimas determinadas ou determináveis.
3.13-Da indenização
Responsabilidade
Ato ilícito Civil
INDENIZAÇÃO
incluirá pensão
correspondente à
importância do
Se da ofensa resultar trabalho para que se
defeito pelo qual o a indenização, inabilitou, ou da
ofendido não possa além das despesas depreciação que ele
exercer o seu ofício do tratamento e sofreu
ou profissão, ou se lucros cessantes
lhe diminua a até ao fim da
capacidade de convalescença O prejudicado, se
trabalho preferir, poderá
exigir que a
indenização seja
arbitrada e paga de
uma só vez
Obs.: Conforme o art. 398 do CC, nas obrigações provenientes de ato ilícito,
considera-se o devedor em mora, desde o momento em que praticou o
ato ilícito. Então, os juros de mora são devidos desde o momento do ato
danoso praticado e não da citação. A súmula nº 54 do STJ também aborda o
tema: “Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de
responsabilidade extracontratual”. No entanto, essa súmula do STJ não seria
aplicável no caso de dano moral, sendo os juros moratórios devidos a partir do
arbitramento da indenização, de acordo com o previsto no Art. 407 (“Ainda que
se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora que se contarão
assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de outra natureza, uma vez
que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou
acordo entre as partes”). Este é o entendimento de boa parte da doutrina.
Porém, vale ressaltar que há julgados em sentido contrário, pelo qual os juros
moratórios são devidos a partir do evento danoso mesmo em caso de dano
moral (R.Esp 1.132.866-SP, 2ª seção do STJ).
O item está Certo. Conforme art. 949 do CC, no caso de lesão ou outra ofensa
à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos
lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que
o ofendido prove haver sofrido. E, conforme art. 950 do CC, se da ofensa
resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão,
ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas
do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão
correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da
depreciação que ele sofreu.
Gabarito2: Certo
a prisão por
queixa ou
o cárcere a prisão
denúncia
privado ilegal
falsa e de
má-fé
3.14-Dano moral
Então, é isso! Acabamos a nossa parte teórica da aula de hoje. A seguir temos
as nossas questões para aprimorar o nosso aprendizado!
Bons estudos!
4- Questões Comentadas
A vítima tem três anos para pleitear em juízo os danos de ordem material e
moral decorrentes do ato criminoso.
Comentários
O item está Certo. Conforme inciso V do § 3° do art. 206 do CC, prescreve em
3 anos a pretensão de reparação civil.
Gabarito5: Certo
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos; sendo que o
inciso III do art. 932 do CC trata da responsabilidade pela reparação civil do
empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele.
A letra “d” está errada, pois, conforme art. 936 do CC, o dono, ou detentor, do
animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou
força maior.
A letra “e” está errada, pois, conforme art. 943 do CC, o direito de exigir
reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
Gabarito7: C
Comentários
Letra “e”. Apesar do ato relatado no enunciado poder ser considerado ilícito,
logo podendo ter como consequência a obrigação de reparar o dano, o tema
tem mais a ver com a Prescrição. Assim, conforme inciso V do § 3o do art. 206
do CC, prescreve em 3 anos a pretensão de reparação civil. Como o acidente
ocorreu no dia 30 de janeiro de 2013, a data da prescrição será dia 1º de
fevereiro de 2016, se dia útil. Ressalta-se que segundo a regra do art. 132 do
CC, exclui-se o dia do começo e inclui-se o do vencimento na contagem do
prazo. Assim, o prazo prescricional inicia-se no dia 31/01/2013 e termina no dia
31/01/2016. Logo, no dia 01/02/2016 opera-se a prescrição do direito de pedir
a indenização pelo acidente, se dia útil (art. 132, §1º).
Gabarito11: E
15. (FCC - Analista Judiciário - Área Judiciária – TRT 15ª - 2013) Ernesto
envolveu-se em uma briga de bar na qual desferiu socos e pontapés em
todos a seu redor, incluindo José, dono do bar, que estava longe dos
contendores e nada tinha que ver com a briga. Machucado, José ajuizou
ação de indenização contra Ernesto, o qual se defendeu alegando legítima
defesa. O pedido deverá ser julgado
a) procedente, com a responsabilização subjetiva de Ernesto, que agiu em
abuso do direito.
b) improcedente, pois a legítima defesa autoriza a prática dos atos
indispensáveis à remoção do perigo.
c) procedente, com a responsabilização objetiva de Ernesto, que agiu com dolo.
16. (FCC - Analista Judiciário - Área Judiciária – TRT 18ª - 2013) Acidente
de veículo vitimou criança de 10 anos de idade, causando-lhe danos
materiais e morais. Ao completar 18 anos, a vítima decidiu ajuizar ação de
reparação civil. Considerando-se que o acidente ocorreu sob a vigência do
Código Civil atual, tal pretensão
a) não está prescrita, pois o caso retrata hipótese de decadência.
b) está prescrita, pois já se passaram mais de 3 anos da data do fato.
c) está prescrita, pois já se passaram mais de 5 anos da data do fato.
d) não está prescrita, pois a vítima era absolutamente incapaz no momento do
fato.
e) não está prescrita, pois o fato é imprescritível.
Comentários
Letra “d”. Conforme inciso V do § 3o do art. 206 do CC, prescreve em 3 anos a
pretensão de reparação civil. No entanto, conforme inciso I do art. 198 do CC,
não corre a prescrição contra os incapazes de que trata o art. 3°. Portanto, não
está prescrita, pois a vítima era absolutamente incapaz no momento do fato.
Gabarito16: D
Comentários
O item está Certo. Conforme art. 735 do CC, a responsabilidade contratual do
transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro,
contra o qual tem ação regressiva.
Gabarito17: Certo
24. (FCC - Analista Judiciário - Área Judiciária – TRT 20ª - 2011) José foi
acusado de, dirigindo um veículo automotor, ter atropelado um pedestre e
lhe causado ferimentos. No processo criminal relativo ao fato, foi decidido
que José não foi o autor do fato, tendo a sentença criminal transitado em
julgado. Nesse caso, na esfera civil, José
II. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que
houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for
descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.
III. O direito de exigir a reparação é personalíssimo e, se não exercido em
vida, não se transmite com a herança.
É correto o que se afirma APENAS em
a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.
e) II.
Comentários
Letra “e”.
O item I está errado. Conforme art. 945 do CC, se a vítima tiver concorrido
culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em
conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
O item II está certo. Conforme art. 934 do CC, aquele que ressarcir o dano
causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou,
salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente
incapaz.
O item III está errado. Conforme art. 943 do CC, o direito de exigir reparação
e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
Gabarito29: E
Letra “c”. Conforme art. 945 do CC, se a vítima tiver concorrido culposamente
para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a
gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Gabarito30: C
Comentários
O item está Certo. Conforme art. 187 do CC, também comete ato ilícito o titular
de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. E,
conforme art. 927 do CC, aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Gabarito37: Certo
Gabarito40: D
5- Lista de Exercícios
1. (FCC - Assessor Jurídico – TCE/PI - 2014) Igor, que passa férias com
seu filho Nicolas em Teresina, devidamente habilitado, pilota um barco pelo Rio
Parnaíba, quando é surpreendido pelo jet ski de Romeu − por este mesmo
pilotado, de modo imprudente − o que causa a Igor e a Nicolas perigo iminente.
Para que estes não se machuquem gravemente, Igor colide seu barco numa
embarcação de pesca, de propriedade de Arlindo, tendo de ressarci-lo. A
conduta de Igor, nas circunstâncias, foi
a) lícita, porque não houve ação ou omissão, culpa ou nexo de causalidade
entre o ato de Igor e o dano causado a Arlindo.
b) ilícita, porque praticada sem o devido dever de cautela.
c) lícita, porque praticada em legítima defesa de outrem.
d) ilícita, porque praticada com abuso do direito.
e) lícita, uma vez que agiu de modo a afastar perigo iminente, podendo
propor ação de regresso contra o causador do perigo, no caso Romeu.
24. (FCC - Analista Judiciário - Área Judiciária – TRT 20ª - 2011) José
foi acusado de, dirigindo um veículo automotor, ter atropelado um
pedestre e lhe causado ferimentos. No processo criminal relativo ao fato,
foi decidido que José não foi o autor do fato, tendo a sentença criminal
transitado em julgado. Nesse caso, na esfera civil, José
a) só poderá vir a ser responsabilizado pelos danos morais decorrentes do
atropelamento.
b) poderá vir a ser responsabilizado pelos danos materiais e morais
decorrentes do atropelamento porque a responsabilidade civil é
independente da criminal.
c) não mais poderá ser responsabilizado pelos danos materiais e morais
decorrentes do atropelamento.
d) poderá vir a ser responsabilizado pelos danos materiais decorrentes do
atropelamento porque a sentença criminal não afastou a existência do
fato.
e) poderá vir a ser responsabilizado pelos danos morais decorrentes do
atropelamento porque a sentença criminal não afastou a existência do
fato.
Comete ato ilícito e está sujeito à reparação civil a pessoa que, sendo titular de
um direito, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu
fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
6- Gabarito